Alguns policiais
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 18/02/11
Numa piada antiga, levemente retocada, Deus conta ao arcanjo Gabriel seus planos para a Terra (na época, ainda em fase de anteprojeto). Resumindo, ele enumera as aflições com que grande parte do planeta teria de conviver: nevascas, terremotos, vulcões, desertos áridos etc. E Gabriel palpita: "Mestre, nada de ruim para o Brasil? Isso é justo?" Ao que respondeu o Criador: "Calma, rapaz. Espera só para ver a polícia que vou botar lá."
Como em quase toda anedota, a graça exige uma generalização injusta. Por acaso e circunstância, no momento ela não parece tão injusta como deveria ser, pelo menos no caso do Rio. Num intervalo de poucos anos, repete-se aqui a revelação de que, alguns policiais importantes (qualquer generalização seria injusta) estariam há algum tempo de mãos dadas com bandidos - e sob investigação da Polícia Federal.
Poucos anos atrás, ao longo da administração conjugal Garotinho/Rosinha, a Polícia Civil esteve entregue ao delegado Álvaro Lins, que só deixou o cargo para se eleger deputado estadual. Perdeu o mandato quando investigações da Polícia Federal levaram à sua condenação por um leque de crimes: corrupção, lavagem de dinheiro, extorsão, contrabando. A pena é de 28 anos de prisão. Como tem à sua disposição o vasto leque de recursos que o sistema penal brasileiro põe ao alcance de quem roubou o suficiente para pagar a bons advogados, começará a cumprir a pena sabe-se lá quando.
Esse precedente deveria ter efeito didático. Digamos que teve, ensinando a muitos policiais pelo menos os riscos - se não o dever - de se portarem como bandidos. Mas a lição, pelo visto, não chegou ao delegado Allan Turnowski, que foi apanhado (melhor dizendo, grampeado) avisando a um subordinado que a Polícia Federal estava investigando os policiais do Rio, acusados, entre outras coisas, de envolvimento com milícias que exploram favelas. Além disso, que já é bastante grave, Turnowski é acusado - apenas acusado - de receber suborno de contrabandistas e da máfia dos caça-níqueis.
É evidente que o estado tem bons policiais de sobra. Qualquer generalização, a partir do aparente mau exemplo de Turnowski, seria cruel injustiça. Por outro lado, é meio difícil entender que ele tenha saído sob elogios do secretário de Segurança, José Beltrame, e do governador Sérgio Cabral, o qual, por lamentável acaso, não estava no Rio quando a crise pegou fogo.
Como em quase toda anedota, a graça exige uma generalização injusta. Por acaso e circunstância, no momento ela não parece tão injusta como deveria ser, pelo menos no caso do Rio. Num intervalo de poucos anos, repete-se aqui a revelação de que, alguns policiais importantes (qualquer generalização seria injusta) estariam há algum tempo de mãos dadas com bandidos - e sob investigação da Polícia Federal.
Poucos anos atrás, ao longo da administração conjugal Garotinho/Rosinha, a Polícia Civil esteve entregue ao delegado Álvaro Lins, que só deixou o cargo para se eleger deputado estadual. Perdeu o mandato quando investigações da Polícia Federal levaram à sua condenação por um leque de crimes: corrupção, lavagem de dinheiro, extorsão, contrabando. A pena é de 28 anos de prisão. Como tem à sua disposição o vasto leque de recursos que o sistema penal brasileiro põe ao alcance de quem roubou o suficiente para pagar a bons advogados, começará a cumprir a pena sabe-se lá quando.
Esse precedente deveria ter efeito didático. Digamos que teve, ensinando a muitos policiais pelo menos os riscos - se não o dever - de se portarem como bandidos. Mas a lição, pelo visto, não chegou ao delegado Allan Turnowski, que foi apanhado (melhor dizendo, grampeado) avisando a um subordinado que a Polícia Federal estava investigando os policiais do Rio, acusados, entre outras coisas, de envolvimento com milícias que exploram favelas. Além disso, que já é bastante grave, Turnowski é acusado - apenas acusado - de receber suborno de contrabandistas e da máfia dos caça-níqueis.
É evidente que o estado tem bons policiais de sobra. Qualquer generalização, a partir do aparente mau exemplo de Turnowski, seria cruel injustiça. Por outro lado, é meio difícil entender que ele tenha saído sob elogios do secretário de Segurança, José Beltrame, e do governador Sérgio Cabral, o qual, por lamentável acaso, não estava no Rio quando a crise pegou fogo.
Cuidado ao acusar pessoas sem pro vas fundamentadas, isso pode lhe custar um processo.
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