quarta-feira, dezembro 01, 2010

MÔNICA BERGAMO

SINERGIA 
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/12/10

Autor de "Poder S.A.", que vendeu mais de 15 mil exemplares, Beto Ribeiro lança nesta semana "Eu Odeio Meu Chefe", seu terceiro livro satirizando práticas e expressões do mundo corporativo. Na nova obra, dá dicas de como irritar o patrão, por exemplo, mandando a ele vários e-mails por dia. Roteirista de TV, ele pretende transformar "Poder S.A." em seriado em 2011. 

A VOLTA DOS BILHÕES O projeto que autoriza a repatriação de bilhões de dólares enviados ilegalmente por brasileiros ao exterior recebeu parecer favorável na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e pode ser votado até o fim do ano no Senado. O autor do projeto, senador Delcídio Amaral (PT-MS), tem reunião marcada nesta semana com Antonio Palocci Filho (PT-SP), coordenador da equipe de transição de Dilma Rousseff (PT), para discutir a questão. "Vamos trabalhar para votar até dezembro", diz ele. 

NO PASSADO O andamento do projeto está sendo acompanhado com lupa por escritórios de advocacia criminal. Eles têm dezenas de clientes investigados por terem dinheiro não declarado no exterior -só na última leva, mais de cem foram flagrados com contas secretas no Israel Discount Bank (NY). A proposta do Senado anistia o dono do dinheiro do crime de evasão de divisas e do pagamento de 27% de imposto -que cai para até 5%, caso os recursos voltem ao país para investimentos em infraestrutura. 

TAPETE VERDE O ex-presidente americano Bill Clinton e o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, devem vir a SP em maio de 2011 para a reunião do C40, na qual líderes de 40 cidades do mundo discutirão mudanças climáticas. O tema será a emissão de gases poluentes. O diretor-executivo do grupo, Simon Reddy, está na capital para acertar os detalhes do encontro. 

QUÉRCIA & EDIR A decisão da TV Brasil de Campinas, do ex-governador Orestes Quércia, de trocar o SBT pela Record, nada tem a ver com a crise do banco Pan Americano, de Silvio Santos. Quércia já abrira negociação com a emissora do bispo Edir Macedo há meses. 

DO CONTRA E uma das explicações para a demissão de Luiz Sandoval da presidência do Grupo Silvio Santos foi a oposição frontal dele à decisão do empresário e apresentador de processar todos os ex-executivos do PanAmericano. 

GRANDES NEGÓCIOS Dois nomes são ventilados no Sebrae como possíveis sucessores de Paulo Okamotto, que deve deixar a presidência da agência: o ministro do Turismo, Luiz Barretto, e o presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações), Alexandre Teixeira. A eleição é neste mês. 

NOSSA SENHORA O cardeal arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, deve ir à pré-estreia do filme "Aparecida - O Milagre", de Tizuka Yamasaki, amanhã, no shopping Cidade Jardim. O evento está sendo organizado pela produtora do longa, Gláucia Camargos, e por socialites paulistanas que são devotas da santa, como Silvia Aquino e Rosangela Lyra. 

NOITADA BOAO empresário Ricardo Amaral reuniu em "Vaudeville" suas memórias das noites do Rio, São Paulo, Nova York e Paris, onde fundou casas noturnas. O livro foi lançado anteontem na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, com a presença da modelo Marcelle Bittar e do empresário Arthur Briquet, entre outros.

FESTA EM CHOQUE A galeria de arte Choque Cultural, de Mariana Martins, Baixo Ribeiro e Eduardo Saretta, comemorou seis anos com festa no restaurante Dalva e Dito. Os artistas Felipe Ehrenberg, do México, e Zevs, da França, curtiram a noite, nos Jardins.

BARULHO POR NADA Expulso do PPS por ter apoiado a presidenciável Dilma Rousseff enquanto o partido se aliou a José Serra (PSDB), o prefeito de Jaguariúna (SP),Gustavo Reis, não conseguiu levar a petista à vitória na cidade. Lá, o tucano teve 14.562 votos, contra 8.876 de Dilma. O presidente estadual do PT, Edinho Silva, ligou para Reis para manifestar solidariedade. 

CAPETA O grupo Demônios da Garoa, que já tem mais de 60 anos na estrada, receberá a Ordem do Mérito Cultural das mãos do presidente Lula e do ministro Juca Ferreira (Cultura), amanhã, no Theatro Municipal do Rio. 
No total, 40 personalidades brasileiras serão agraciadas pelo governo. 

CURTO-CIRCUITO
Patricia Broggi lança amanhã, a partir das 19h, o livro "Falando de Grana - Um Guia para Pais" (Panda Books), na Livraria da Vila do Itaim. 

Pedro Lourenço faz desfile hoje, às 20h, na Daslu. 

Walcyr Carrasco ganha festa de aniversário, hoje, na casa de Gabriel Chalita. 

A MTV apresenta hoje, às 9h, para convidados, a pesquisa "Dossiê Universo Jovem 5". 

Lalo Amaral faz hoje festa de sua empresa, Think 3, na casa de Marcelo Faisal. 

A designer Juliana Toledo lança hoje sua coleção de joias, Perline, em Moema. 

Rebecca Parker Brienen, autora do livro "Albert Eckhout - Visões do Paraíso Selvagem", faz palestra hoje, às 18h30, na Livraria da Travessa do shopping Leblon, no Rio. 

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

ROBERTO DaMATTA

O outro lado da moeda

Roberto da Matta
O Estado de S.Paulo - 01/12/¹0



Assisto consternado à guerra do Rio. A peste, quando vira crise, pode ser contida, mas ela - como muito bem têm enfatizado as autoridades do Rio de Janeiro - não acaba, pois o primitivismo do desumano acompanha a humanidade em qualquer tempo e lugar. E a peste brasileira tem como traço principal a absoluta ausência de ter a coragem de pensar o futuro com bom senso, sem o aval malandro das utopias fáceis que definem o populismo. Essas utopias que aplacam a preguiça porque é duro construir instituições e honrar as leis. Preferimos o reagir ao prevenir. Estou vendo ao vivo e em cores como somos tocados por "ordem e progresso", mas também pelo realista: "É ilegal, e daí?" Faço votos para que a bandeira prevaleça.
Como revelei faz tempo, o decidir não decidir conduziu a um estabelecimento excepcional do ambíguo como um valor em nossa sociedade. Vivemos o igual no desigual. Fizemos a aliança da hierarquia com o individualismo igualitário movido a competição eleitoral, mas sem partidos políticos responsáveis. Essa sacanagem que inventa os "caras" - essas superpessoas -, que dentro ou fora do governo fazem o que querem. Se eles nada fazem, além de serem condescendentes consigo mesmos, por que deveríamos romper a corrente? Aliás, eis a pergunta que está nos tiros: como distinguir nessa corrente os elos podres (como corajosamente denunciou Luiz Eduardo Soares) e os aros perfeitos?
Há uma programada estupefação. Logo teremos a perplexidade dos automóveis pilotados por loucos, sem ruas para circular, e a dos políticos com alta responsabilidade, mas sem projetos, e tocados exclusivamente pela gana de permanecer no poder. A crise que vejo na televisão obriga a tomar uma atitude. O gigante continua adormecido, mas - vejo isso na fala das autoridades estaduais (as federais sumiram!) - começa a se mexer.

Quando a cara briga com a coroa, de que lado fica a moeda? Se o corpo recusa a alma, para onde vai a consciência? Seria possível um mundo onde o Bem dominasse absolutamente o Mal? Num mundo sem morte, onde estaria a força claudicante, mas maravilhosa, da vida que sabe do seu implacável parceiro?
Fomos acordados pelos bandidos que reagem à perda de seus territórios. Vemos um drama de bandidos e mocinhos e não mais os desfiles de carnavais e o ensolarado das praias cuja norma se resume em tudo permitir. A favela (hoje "comunidade", pois nós adoramos os eufemismos que douram os venenos), que ficava pertinho do céu e um dia desceria para ensinar os da praia a ginga perfeita do samba, baixou na forma do tráfico de drogas. Qual era o destino de tanta cocaína e maconha? Essa é uma pergunta que dói, mas não pode calar
Quem inventou a malandragem como um estilo de navegação social? Como uma maneira de pertencer que não fere frontalmente a lei, mas - em compensação - não se sente obrigada a segui-la porque, afinal, o malandro está sempre em cima do muro: ficando para ver como é que fica? Quem merece ser herói de uma novela? O babaca que quer ser professor (ensinando porque não sabe como se faz); o artista genial (e por isso mesmo justificadamente descalibrado); ou o homem de negócios movido a ambição e a superconsumismo que não hesita em enganar e mentir para ficar rico. Que modelos a serem seguidos estamos apresentando para nós mesmos a todo o momento? Quem pode dizer que é branco, negro ou índio numa sociedade na qual o casamento com o "outro" (a negra escrava e a índia a ser dizimada ou convertida) foi um método de uma colonização relacional e, depois, de uma desigualdade vivida como o ar que se respira?
Se você fica assombrado quando um pobre devolve uma mala cheia de dólares, pois esse cara só pode ser um otário; se você considera babacas os que seguem a lei; se você tem dúvida se mentir é humano ou se o humano é uma mentira; se você acha que é preciso tocar fogo no Brasil para reformar a polícia, separando-a definitivamente dos bandidos; se você acredita que a igualdade e a liberdade, bem como a democracia liberal, são ardis burgueses; se você imagina que a tentativa de erradicar a miséria é uma sedução dos esquerdistas comedores de fetos, então você não entende nada.
Porque todos os ideais são causas perdidas. Como a comiseração e o amor, eles têm de ser inventados e descobertos a cada dia. Por isso, eles exigem algo precioso e desconhecido dos governantes brasileiros: a capacidade de dizer não primeiro a si mesmos e depois aos outros. Pois o mais importante no jogo entre liberdade e igualdade é descobrir o limite que concilia o privilégio com o dever. Aí está a chave da democracia liberal que se faz e refaz a cada dia.
Se não fôssemos tão esquecidos, não estaríamos vivendo esta tempestade de confrontos. A vergonha não está só nos bandidos - abomináveis, sem dúvida. A vergonha é deixar que as pessoas virem bandidos e que bandidos não sejam presos. É ter um Estado incestuoso porque "come" indiscriminadamente os nossos recursos. É estar sujeito a um sistema público que precisa de uma crise para repensar o tempo perdido. Tempo que todos queremos ver recuperado. 

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A 'reforma ministerial'
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 01/12/2010

Nunca se deve subestimar o gosto do presidente Lula pelo som da própria voz. Ainda assim, é improvável que neste seu derradeiro mês no Planalto ele ainda tenha tempo de proferir uma falsidade comparável às suas reiteradas garantias de que não indica nomes para Dilma Rousseff porque o futuro Ministério tem de ter "a cara" dela. Teria se a sucessora tivesse barba e bigode. De fato, o que se desenrola em Brasília nas últimas semanas, à vista do País, é menos a constituição de um novo Gabinete, de acordo com as preferências pessoais e os compromissos políticos de um líder em vias de assumir a Presidência, do que outra reforma ministerial do governo Lula.
Foi ele, afinal, quem manteve nos seus lugares - por enquanto - o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o titular da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Dilma também fez a vontade de Lula trazendo o antecessor de Mantega, Antonio Palocci, para a Casa Civil, o coração do poder. Nesse caso, aliás, pode-se falar em indicações em sequência. Foi Lula quem instalou o ex-ministro na cúpula da campanha da sua apadrinhada, de onde ele desalojou o amigo mais próximo da candidata, Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte. Passada a eleição, nada mais natural que Palocci conduzisse a transição de governo.
A lista continua. Por escolha do presidente, ficará no Planalto, porém em outra sala, o seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, transferido para a Secretaria-Geral da Presidência. Ainda graças a Lula, sairá do Planalto, em direção à Esplanada, a assessora Miriam Belchior, promovida a ministra do Planejamento - cujo titular, Paulo Bernardo, deverá por sua vez migrar para as Comunicações. Lula ainda se movimenta para manter no governo, embora não mais no Banco Central, o atual presidente Henrique Meirelles. Na montagem da coligação dilmista, Lula tentou emplacar o seu nome como vice, mas o PMDB exigiu Michel Temer.
Agora, com o aval do patrono de Dilma, Meirelles ocuparia o futuro (e cobiçado) Ministério dos Portos e Aeroportos. Lula também aconselhou a sua pupila a conservar Nelson Jobim na Defesa e Marco Aurélio Garcia como assessor internacional. Teria feito o mesmo por Carlos Luppi no Trabalho e por Sérgio Gabrielli na Petrobrás. Em relação a todos eles, as preferências do presidente ou nem precisavam ser enunciadas ou foram transmitidas com relativa discrição. Caso excepcional é o do ministro da Educação, Fernando Haddad, cujo cargo, vorazmente disputado pela companheirada paulista, parecia fadado a mudar de mãos, depois dos sucessivos fiascos do Enem.
Os políticos petistas não gostam do acadêmico Haddad porque ele não lhes dá a atenção de que se julgam merecedores. Mas o presidente gosta de sua atuação - a ponto de transformar três eventos da área do ensino, anteontem, em comícios de campanha ministerial. Foi no primeiro deles que Lula deu o seu show de hipocrisia ao negar de pés juntos que interferira na montagem do Ministério. O que, aliás, vem repetindo todos os dias, desde que a formação do Ministério de Dilma passou a ocupar lugar predominante no noticiário político, recorrendo, como sempre, às metáforas futebolísticas tipo "o técnico tem de ter liberdade para mudar seu time".
Já se escreveu que jamais um presidente brasileiro interferiu tanto na composição da equipe do sucessor. Mas a verdade é que a presente conjuntura é única na história da democracia brasileira. Antes de 1964, só um presidente (Vargas) viu eleger-se quem apoiava (Dutra). Depois da ditadura, Sarney herdou o governo que Tancredo montara, Itamar completou o mandato de Collor, com a glória do lançamento do Real, Fernando Henrique e Lula foram os seus próprios sucessores. Para completar o ineditismo, elege-se presidente uma figura que nunca disputou um mandato, carente de base política própria, escolhida, construída e conduzida à vitória por seu mentor.
Mesmo que Lula fosse honesto ao falar em "rei morto, rei posto", seria apenas natural que Dilma Rousseff fosse bater à sua porta na hora de escalar o seu time. O Brasil terá quatro anos para saber até onde irá essa dependência.

ILIMAR FRANCO

Marilene Ramos 
ILIMAR FRANCO 
O GLOBO - 01/12/10

Com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes 


O PT do Rio está indicando a secretária estadual Marilene Ramos para o Ministério do Meio Ambiente. Seu nome foi apresentado no sábado, em São Paulo, ao presidente do PT e integrante da transição, José Eduardo Dutra. A indicação petista recebeu o aval do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), no encontro deste com a presidente eleita, Dilma Rousseff, na noite de segunda-feira. O martelo não está batido, mas ela corre na frente. 

O PT à procura de mulheres O nome de Marilene surgiu na reunião da tendência Construindo um novo Brasil, quando Dutra cobrou da delegação petista do Rio nomes de mulheres para integrar o Ministério. Mas há no partido outras demandas. O ex-ministro Carlos Minc, que reassume a Secretaria estadual do Meio Ambiente em janeiro, quer manter a atual ministra Izabella Teixeira. Ela tem o apoio do Ibama, mas enfrenta resistências na bancada petista no Congresso. O Senador eleito Jorge Viana (AC) é uma espécie de azarão. Seu nome consta de documento entregue a Dutra pelo secretário de Meio Ambiente do PT, Júlio Barbosa. 

Companheirada A Senadora eleita Marta Suplicy (PT-SP) participou, ontem à noite, de reunião com a bancada do PMDB no Senado. A petista quer se enturmar com os aliados. O Senador eleito pelo Rio Lindberg Farias (PT) já tinha feito o mesmo. 

Pixotada Hoje deveria começar a funcionar, conforme prometido pela Mesa do Senado, o novo ponto eletrônico da Casa. Ocorre que a máquina que fez a captação das digitais dos funcionários não se comunica com o sistema do Prodasen. 

Vou ser o ministro da eucaristia. Essa pasta cresceu muito na campanha" - Aloizio Mercadante, Senador (PT-SP), cotado para o Ministério Dilma Rousseff 

ME DÊ MOTIVO. Os líderes dos partidos na Câmara se reuniram ontem com o vice-presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), para tratar da agenda. O petista Jilmar Tato (SP) aprovou o cancelamento da comissão geral para debater a guerra cambial no mundo. Seu argumento: com a TAM proibida de vender passagens, vários convidados não poderão viajar a Brasília. O líder tucano João Almeida (foto), da Bahia, então bradou: "Está estabelecido o caos aéreo". 

Cidades, o ministério mais cobiçado O PP quer manter. O PT, o PMDB e o PSB querem para si. A transição elegeu a pasta das Cidades como a que mais desperta a cobiça dos aliados. Atribuem o interesse ao orçamento da pasta e às eleições municipais daqui a dois anos. O PMDB, que também deve ficar com a Saúde, tem preferência. Se o partido optar por Cidades, ele terá ainda outras três pastas. Se optar por quatro pastas, para atender a deputados e Senadores, o partido não terá Cidades. 

Fazendo um pente-fino Os deputados petistas Antonio Palocci e José Eduardo Cardozo, integrantes da transição, estão percorrendo os ministérios para complementar as informações de temas sensíveis, que constam dos relatórios enviados por cada pasta para a equipe que articula o novo governo. Para não criar marola, José Eduardo não fez a visita ao Ministério da Justiça, sua provável pasta no governo Dilma. Quem se reuniu com o ministro Luiz Paulo Barreto foi Palocci. 

DESPEDIDA. O Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) faz hoje seu discurso de despedida do Senado. Ele não se reelegeu. 

ESTREIA. A futura ministra do Planejamento, Miriam Belchior, marcou para dia 9 entrevista em que fará o último balanço do PAC do governo Lula. Será o primeiro depois das eleições, o anterior foi em junho. 

FORA DE ORDEM. Os formandos a aspirantes a oficial da Aman (Agulhas Negras) deste ano integram a turma General Emílio Garrastazu Médici.

RUY CASTRO

Modelos a imitar
RUY CASTRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/12/10

RIO DE JANEIRO - Na quarta-feira passada, bastavam um litro de gasolina e um fósforo para que um jovem candidato a marginal criasse um fato espetacular no Rio -o incêndio de um carro é sempre um espetáculo dramático- e o visse reproduzido nos jornais e TVs de toda parte. Já, no sábado, um menino de 8 anos foi baleado na perna pelos traficantes do Jacarezinho por se recusar a queimar um carro para eles.
Algo aconteceu entre os dois fatos. No meio da semana, ainda prevalecia o mito do marginal como herói, insubmisso à "covardia" da lei e do poder constituído, como dito num panfleto anônimo que circulou pela internet. Poucos dias depois, aos olhos das crianças das comunidades dos morros cariocas, os heróis passaram a ser a PM, a Polícia Civil e os fuzileiros navais, varejando cada viela e se arriscando a ser alvejados por inimigos -estes, sim, covardes- de tocaia.
As imagens dos bandidos espavoridos fugindo da Vila Cruzeiro rumo ao Alemão e, no domingo, sendo procurados pela lei em suas casas, debaixo da cama, escondidos na caixa d'água respirando pelo canudinho, ou entrando pelos esgotos do PAC, também podem ter marcado esses meninos para sempre. Eles agora têm novos modelos a imitar -melhores que o traficante Zeu, assassino de Tim Lopes, que urinou nas calças ao se entregar.
Até há pouco, não faltavam garotos para manter as quadrilhas funcionando. À medida que os mais velhos iam caindo, uma nova geração tomava seu lugar. Tal cadeia pode ter se quebrado. Não seria má ideia usar essa mão de obra, subitamente ociosa, na reforma física de suas próprias comunidades.
Enquanto isto, há muito o que fazer longe dos morros. Como, por exemplo, uma reforma judiciária, que mantenha presos os bandidos condenados. E uma melhora nos salários da polícia do Rio, para que ela, agora admirada, deixe de ser o primo pobre da nação.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Gerson tem pinto no lixo! 
José Simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/12/10


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E as manchetes bombásticas do dia. Manchete do Sensacionalista: "Falta de maconha faz crescer procura por orégano e erva-mate nos supermercados do Rio". E boldo e carqueja.
Já tem gente fumando até bosta de cavalo. Rarará!
Manchete do Comentando: "Bope diz que não vai ter amigo oculto no Alemão porque todos serão encontrados". E enviados para o Paraná! Rarará!
Manchete do Eramos6: "Barrichello sente inveja do Bope pela queda do Alemão". Fluminense invade Morro do Timão e conta com a ajuda do Bope: Batalhão de Operações do Palmeiras Entregando!
E a TAM, hein? TAM quer dizer TEMOS ASSENTO A MENOS!
Saí de Salvador para chegar a São Paulo às 22h. Cheguei a Campinas à meia-noite. Ninguém é mais dono do seu destino! "Mas eu quero chegar a São Paulo às 22h". "Não, o senhor vai chegar a Campinas à meia-noite". Mas eu não quero! E entrei na sala de embarque e a supervisora me perguntou: "Qual o seu destino, senhor?". "O MEU DESTINO É SOFRER!" Rarará.
No Natal do ano passado, eu fiquei na lista de espera. Em 18º lugar! Mas nem o Rubinho fica no 18º lugar! Rarará!
E a Anac proibiu overbooking! Essa é a definição de overbooking: dois corpos ocupando o mesmo lugar ao mesmo tempo. É um desafio às leis da física! Tão desafiando as leis da física.
Daqui a pouco a gente viaja em pé! Na vertical. Mas a gente já está viajando na vertical! Por que você acha que só eles servem sanduíche e barra de cereal? Para comer na vertical. Você fecha os braços e fica com a barrinha para cima e para baixo. Para cima e para baixo eu vou!
E o segredo do Gerson em "Passione"? Gosta de sexo sujo! Passa dez meses para descobrir que ele gosta de sexo sujo! Ele e 99% da população que faz sexo! Rarará!
Xixi de traveca serve? Já sei, ele tem o pinto no lixo. Gerson tem o pinto no lixo! Ele gosta de passione o rodo nos banheirões da vida!
E o Corinthians? O Timão continua em primeiro lugar. No Enem. Primeiro lugar no Enem 2010: Enem Brasileirão, Enem estádio, Enem título internacional, Enem porra nenhuma. Rarará. O Roubrasileirão!
Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MERVAL PEREIRA

Juizados especiais 
Merval Pereira 

O Globo - 01/12/2010

Embora a Polícia Militar tenha agido com rapidez e criado uma ouvidoria para receber as queixas dos moradores da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, por eventuais abusos de poder durante a operação de retomada daqueles territórios, talvez essa não seja a melhor maneira de endereçar a questão, devido ao histórico de violência que marca a relação daquelas comunidades com as forças policiais.

A operação atual quebrou esse paradigma, mesmo que existam relatos de pessoas que tiveram suas casas ocupadas com violência ou sofreram prejuízos nas ações policiais.

É inegável que tudo indica que a atitude das autoridades não dá margem a que excessos que tenham acontecido possam ser minimizados ou escondidos da população.

Mas, para continuar quebrando paradigmas e for talecendo a confiança dos cidadãos na atuação das forças militares, talvez fosse preferível que juizados especiais fossem instalados naquelas comunidades.

A vereadora Andrea Gouvêa Vieira, do PSDB do Rio, já havia feito essa sugestão quando a OAB instalou um posto avançado na Vila Cruzeiro, há dois anos.

Os moradores se queixavam da ação truculenta dos policiais e diziam que, para tentar falar alguma coisa contra alguém, no caso em que suas casas eram invadidas e seus objetos, quebrados ou mesmo roubados por policiais, só tinham o vizinho como interlocutor.

A vereadora do PSDB diz que é muito difícil aos moradores dessas áreas acessar o sistema judiciário , e fez uma comparação com a criação dos tribunais especiais nos aeroportos, quando houve o caos aéreo, e que continuam em operação até hoje.

Ela sugeriu à O A B que, para resolver os conflitos ali na Vila Cruzeiro, o melhor seria fazer o mesmo, para que a solução fosse mais ágil, dando mais proteção às comunidades.

Até hoje nada foi feito , e Andrea Gouvêa Vieira acha que este seria o melhor momento para retomar a ideia, para garantir que essa solidariedade entre as forças policiais e a população daquelas localidades não se enfraqueça.

Também Paulo Roberto Mello Cunha, promotor de Justiça há 9 anos, titular do Tribunal do Júri da cidade de São Gonçalo, com especialização em segurança pública e pós-graduação em políticas públicas de Justiça Criminal e segurança pela Universidade Federal Fluminense, reconhece que, desde que o governo do estado começou a implantar uma política de presença constante das forças policiais nas comunidades dominadas pelo tráfico, atendendo ao anseio de vários estudiosos da área da segurança pública, um fenômeno importante vem ocorrendo: a normalização das relações dessas comunidades com o restante da cidade do Rio.

“Sem dúvida, as operações no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão tiveram como marcas distintivas a ausência da bravata guerreira que promete mortes e sangue como sucedâneos da segurança pública nas áreas ‘normais’ da cidade”, diz o promotor.

Ele destaca que “ a preocupação com o atendimento médico de feridos, sejam moradores, policiais, ou mesmo criminosos , trouxe a ideia de que a polícia não é um exército combatente, mas uma instituição que presta um serviço público em prol da sociedade como um todo”.

No entanto, ressalta Paulo Roberto Mello Cunha, alguns hábitos permanecem arraigados, citando como exemplo a ausência de mandado judicial para realizar buscas nas residências do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha.

Ele acha que a ausência da ordem judicial dificilmente é suprida pela autorização do morador ou pelo estado de flagrante delito.

O problema, lembra ele, é que há várias casas fechadas e abandonadas, para as quais, portanto, não há “morador” a autorizar a entrada da polícia.

Quanto ao “estado de flagrante delito”, o promotor destaca que são cerca de 600 bandidos para 30.000 casas, “o que torna a proporção de casas em flagrante delito ínfima”.

De fato, diz ele, “é o hábito de tratar aquela comunidade como território além — ou aquém — do ordenamento jurídico soberano do Brasil que faz com que pareça dispensável a participação do Ministério Público e do Poder Judiciário na atuação policial”.

Mesmo constatando que a mudança na concepção do que deve ser a segurança pública parece irreversível, “ainda se faz preciso ‘constitucionalizar ’ a atuação das forças policiais em toda a sua extensão”, ressalta Paulo Roberto Mello Cunha, afirmando que seria essencial que fossem montados “mecanismos de controle in loco da conduta dos agentes”, e a utilização de mandados de busca e apreensão, mesmo que coletivos, o que permanece bastante controverso na doutrina e na jurisprudência.

Com isso, ele diz que promotores de Justiça e juízes se aproximariam da realidade e das dificuldades da atuação policial; a eventual responsabilização dequem realiza a busca ou qualquer outra medida seria possível, e a atuação das forças policiais teria respaldo judicial.

MÍRIAM LEITÃO

Lula 3, a presença 
Miriam Leitão 

 Globo - 01/12/2010 

A presença do presidente Lula no Ministério do governo Dilma Rousseff está sendo maior do que se previa. Ninguém duvidava que a interferência do presidente seria grande, mas começa a passar da conta e das cotas. Até agora, dos indicados e dos em cogitação, só não foi ministro, ou ligado ao governo Lula, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.

Pimentel é escolha pessoal da presidente, os dois têm uma longa relação de amizade, e está cotado para o Ministério do Desenvolvimento, mas os outros escolhidos têm relação mais estreita com o presidente que está saindo do que com a presidente que está entrando.

A permanência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, como ficou público, foi pedido do presidente Lula. Miriam Belchior, quadro do PT do ABC, tem ligações muito mais antigas com o presidente do que com a presidente eleita. O assessor especial, Marco Aurélio Garcia, é o mesmo que conduziu a indigesta política externa, sendo o poder atrás da cadeira de chanceler durante os últimos oito anos.

O ministro Antonio Palocci evidentemente tem ligações históricas com Lula. Durante a formação do governo, em 2002, foi ele quem chamou Dilma para o escritório de transição. Mas depois os dois divergiram publicamente quando ela foi para a Casa Civil. A reaproximação aconteceu durante a campanha, quando ele se tornou uma peça-chave. Mas Palocci é mais ligado a Lula que a Dilma. O mesmo se diga de Paulo Bernardo, que assumirá o Ministério das Comunicações. Na Secretaria- Geral da Presidência estará Gilberto Carvalho, que, como todos sabem, é leal servidor de Lula. O ministro da Defesa, pelo visto, permanecerá sendo o mesmo Nelson Jobim. Ontem, o presidente continuou sua campanha para manter Fernando Haddad na Educação e foi bem explícito: “Não estou satisfeito porque Haddad ainda não foi confirmado.” A superdose de lulismo no Ministério está fazendo com que esse governo se pareça um terceiro mandato. Está definitivamente faltando dilmismo no governo Dilma.

O país está cheio de ineditismos. O presidente Lula mesmo faltando 31 dias para sair do governo ainda não se enfraqueceu. Os americanos usam a expressão “pato manco” para um presidente em vias de deixar o cargo, após a eleição do sucessor. No Brasil, a brincadeira que se faz é que no final nem o garçom do Palácio do Planalto serve mais o cafezinho. Um dos fatos inéditos é que Lula preservou sua força mesmo neste finalzinho de governo, e pela nomeação de um ministério com a sua cara, mais do que com a cara da própria presidente, ele extrapola seu mandato. Não pode “desencarnar”, para usar uma expressão do próprio presidente, quem faz tanta questão de manter tudo à sua imagem e semelhança no mandato subsequente ao seu.

De novo, até agora só mesmo o avião que o presidente Lula quer comprar para os deslocamentos da presidente. Apesar de ter comprado o AeroLula em 2005, agora está em vias de se iniciar os procedimentos para a compra de outro avião.

Havia duas certezas sobre Dilma: de que ela seria muito influenciada pelo presidente Lula; e de que sua forte personalidade no entanto a faria imprimir sua marca mesmo aceitando a influência do atual presidente. Só a primeira certeza se confirmou até o momento.

E daqui para diante há pouca chance de que isso aconteça, porque ontem começaram as negociações com o PMDB para a indicação dos ministérios do partido. A conversa sintomaticamente foi com o vice-presidente, Michel Temer, e com o ex-presidente José Sarney. Um dos nomes cogitados é o de Edson Lobão para o Ministério das Minas e Energia. Ele foi do governo Lula, aceitou de bom grado o comando da então ministra-chefe da Casa Civil, que continuou mandando no Ministério das Minas e Energia, mas todo mundo sabe qual é a sua primeira lealdade: José Sarney. Para a Saúde, vai um escolhido de Sérgio Cabral, o Sérgio Cortes.

Outro ineditismo é que essa é a primeira vez desde a redemocratização que há um vice-presidente forte. O Sarney não teve vice, porque ele mesmo foi o vice que assumiu. O ex-presidente Collor teve um vice com o qual se desentendeu mas que não teve, a não ser quando Collor estava caindo, força para mobilização de bancadas. O vice do ex-presidente Fernando Henrique foi o discreto, suave, e completamente adaptado à sombra, Marco Maciel. O vice do presidente Lula é um empresário de sucesso, mas um político neófito sem um partido importante a respaldá-lo.

Agora é diferente. Michel Temer fez sua demonstração de força ao organizar o “blocão”. Foi uma reação à decisão de Dilma de passar o primeiro dia reunido apenas com petistas. Temer não será um vice apagado como os outros.

É da natureza da cadeira de presidente fortalecer quem se senta nela, por isso a expectativa é que em algum momento a presidente Dilma Rousseff demonstre ter as rédeas de seu próprio governo. Acontecerá ao longo do mandato, mas quando ela reduzir a presença extravagante das pessoas de confiança estrita do presidente Lula em seu governo.

DORA KRAMER

Encarnado
Dora Kramer
O Estado de S. Paulo - 01/12/2010

Provoca espanto, suscita comentários, dá margem a piadas a insistência do presidente Luiz Inácio da Silva em afirmar que não tem ingerência sobre a formação do governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, em contraposição ao anúncio de um ministério quase idêntico ao de Lula.
O presidente já emplacou o ministro da Fazenda, a ministra do Planejamento, o chefe da Casa Civil, o secretário-geral da Presidência, o assessor para Assuntos Internacionais, o ministro das Relações Institucionais, o ministro da Defesa.
Abriu caminho para a indicação do secretário estadual do Rio na Saúde e está prestes a emplacar o titular da pasta da Educação; o mesmo Fernando Haddad que tão brilhantemente presidiu os trabalhos das últimas duas edições do Exame Nacional do Ensino Médio.
A cada indicação anunciada e confirmada, Lula menciona um nome aqui e outro ali que gostaria de ver no ministério.
E não há razão para espanto nem para disse-me-disse. No enunciado da questão acertemos de vez: a coerência não é o forte do presidente Lula. Logo, quando ele diz uma coisa e faz outra não é surpresa alguma.
Na realidade parece mesmo é que ele quer acentuar sua ascendência sobre a sucessora fazendo de conta que a verdade é o oposto.
A rigor nem precisaria, já que a campanha eleitoral foi sustentada na simetria de procedimentos. Quando Lula demonstra que influi, nada faz que possa contrariar os eleitores de Dilma Rousseff, pois não por outro motivo votaram nela.
Lula também: não por outra razão, que não a certeza absoluta na fidelidade de Dilma, a escolheu como candidata a sucessora ungida pela vontade de um só e transferida por meios e modos que não cabe aqui discutir à maioria do eleitorado.
Se pretendesse realmente "desencarnar" da Presidência como discursa, Lula não teria tido a necessidade de impor ao PT uma candidata. Teria deixado que o partido escolhesse alguém entre os muitos quadros disponíveis entre parlamentares e governadores.
Uma falácia das boas é a que discorre sobre o deserto de possibilidades de candidaturas. O que não havia no partido era alguém que se encaixasse tão perfeitamente no perfil pretendido por Lula para derrubar a escrita das criaturas que se voltam contra os criadores na política.
Cota é cota. A direção do PMDB deixa patente: Sergio Côrtes na Saúde é crédito na conta do governador Sérgio Cabral.
Indicações partidárias legítimas só as que contemplarem quadros indicados por consenso.
Cenografia. Jader Barbalho fez um gesto político ao renunciar ao mandato de deputado que acaba em dois meses.
Não obstante inócuo. O argumento de que vive uma situação "extravagante" por ter mandato de deputado e ao mesmo tempo ser considerado inelegível para senador é um sofisma.
Em 2006, quando foi eleito deputado, não havia a Lei da Ficha Limpa.
Tampouco é verossímil a versão sobre a manobra para devolver processos que transitam no Supremo à primeira instância porque isso ocorrerá de qualquer modo a partir de fevereiro.
Colateral. O ex-prefeito do Rio Cesar Maia alerta para um problema já ocorrido em morros ocupados pela polícia em outras ocasiões: a população de início apoia, mas com o passar do tempo fica contra porque a ausência do tráfico reduz a circulação de dinheiro, afetando o comércio e o emprego locais.
Tem jeito? Tem: o poder público investir pesado na economia doméstica de cada uma das regiões ocupadas.
A boca pequeníssima corre que em várias favelas onde estão instaladas Unidades de Polícia Pacificadora o tráfico continua funcionando como comércio, embora não mais como meio de dominação do território e da população.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

A conferir 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 01/12/2010

Quem conhece Jorge Gerdau ou Abilio Diniz sabe que convidar um deles para ocupar algum ministério no governo Dilma seria somente uma maneira de prestigiá-los. Há tempos, ambos procuram deixar claro que não têm intenção de morar em Brasília.

Agora, Gerdau sentado na cadeira da presidência do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social é hipótese viável. Tem tudo a ver com a bandeira de gestão içada pelo empresário.

Confirmado
Dilma "gastou" saliva em convencer Sérgio Cabral para liberar seu secretário Sérgio Cortês que assume o cargo de ministro da Saúde. A amigos, o governador contou ontem que chegou a pensar em mantê-lo de tanta falta que fará.
Braços abertos

José Júnior é incansável na sua luta a favor da paz. O coordenador do AfroReggae espera um ok de Sérgio Cabral para produzir grande show de música gospel. Dia 18, no Complexo do Alemão.
Na moita

Questionado se os traficantes do Rio podem fugir para São Paulo, Luiz Roberto de Godoy, delegado da Polícia Federal - que lançou, anteontem, o livro Crime Organizado e Seu Tratamento Jurídico Penal - é categórico. "Nada impede que eles migrem para o Estado. Mas não acredito que atuem aqui", opinou. Por que? O delegado diz que o PCC não permitiria.

Na moita 2
Apesar do poder bélico, Godoy considera as facções cariocas amadoras. "Brigar de frente com o Estado a ponto de praticar atentados é péssimo para o negócio das drogas", pondera.
Diz que o PCC, depois de desarmado, agora atua no anonimato, mantendo estrutura empresarial.

Lances do bem
O leilão em prol do Instituto Guga Kuerten, anteontem, na Pinacoteca arrecadou cerca de R$ 1,1 milhão do R$1,5 milhão necessário para sustentar as crianças ano que vem. Vendeu-se de tudo, de vinho a aulas com Guga.
Eleita a aquisição mais "romântica", a compra de vestido de noiva da grife Emanuelle Junqueira por Armando Lebeis. Para casar de novo com Balia, sua mulher.

Portas fechadas
O prédio é público e a USP tem direito de fazer o que quiser. No entanto, o mercado de arte estranhou a decisão de João Grandino Rodas de desalojar o acervo do Instituto de Arte Contemporânea. O reitor da USP pediu de volta o espaço cedido pela universidade em 2001. O convênio vence em janeiro e o IAC recebeu notificação de que não será renovado. Rodas quer abrigar ali a coleção do Banco Santos.

A lamúria entre os amantes da arte é grande. E pode ser traduzida em duas perguntas: por que a USP/MAC não usa para tanto o espaço de 40 mil m² do ex-Detran, que o Estado cedeu? A coleção de Edemar Cid Ferreira não cabe em outro lugar dentro do latifúndio da USP no Ibirapuera, como o próprio MAC?

Para eles, a justificativa do fim do convênio - depois de sete anos e R$ 5 milhões de investimento levantados para restaurar o espaço - não faz sentido.

Pré- aplauso
Bráulio Mantovani e Fernando Meirelles já têm missão para o ano que vem. Tirarão do baú um projeto antigo: o de adaptar Grande Sertão: Veredas para o cinema. Bráulio, aliás, lança hoje seu primeiro romance, Perácio-Relato Psicótico, na Livraria da Vila da Lorena.

Tempo na amizade
Juca Ferreira tem recebido apoio da classe artística para ficar no cargo de ministro da Cultura. Anteontem, foi a vez de José Roberto Walker na organização de mais uma edição do #FicaJuca, no Banana da Terra.

O senhor fica no MinC?
Se depender da área cultural, eu estou bem. Mas a presidenta tem que se sentir confortável para escolher.

Volta para o PV?
Como suspendi minha filiação até meados do ano que vem, há tempo para refletir. Tenho razões para querer voltar: militei 23 anos e sou a cara do PV. Mas tenho motivos para achar que já esgotei.

Quais?
O PV tem se atraído por práticas tradicionais. Filiou o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, que não tem vínculos ideológicos. Lançou para governador da Bahia o Luiz Bassuma, negação de todo o programa do partido. O PV está mais pragmático e menos programático.

Sua relação com Fernando Gabeira está abalada?
Não, mas achei que ele reagiu mal quando manifestei minha opinião sobre a maneira que tratavam o governo Lula. Gabeira não quis discutir o assunto.
Mas vocês foram amigos...
Somos. Mas estamos dando um tempo na amizade. Sua grosseria me surpreendeu. Ele é sempre tão elegante. Daí me disse que eu estava chamando aquela discussão porque queria manter o meu "carguinho". Muito chulo para a imagem dele.

Saudades de quando eram alinhados ideologicamente?
Não. Me desloco no tempo com muita naturalidade.

E como está a amizade com o Alfredo Sirkis?
Também é amigo, mas ele é mais... na época que trabalhávamos juntos, botei nele um apelido amigável: "general Jaruzelski", aquele polonês "brabão", que usava óculos de fundo de garrafa. Era brincadeira, mas reflete sua personalidade forte, para ser eufemista.

E vai dar o apelido de Jaruzelski para Dilma também?
Não (risos).

Ela tem fama de general...
Tem. Eu diria que não totalmente sem razão. Imagine uma mulher comandar um ambiente masculino como o da política. É preciso ter um nível de... mas a relação sempre foi muito boa.

E se não ficar com o MinC?
Não sei. Em janeiro nasce o Rafael, meu terceiro filho.

SÉRGIO AMAD COSTA

Urge desonerar a folha
Sérgio Amad Costa
O Estado de S. Paulo - 01/12/2010
É mais do que sabido que as empresas gastam praticamente o dobro do valor pelo qual seu profissional foi contratado, quando se levam em conta todos os encargos trabalhistas e previdenciários.
As empresas também não gastam apenas com salários diretos e seus respectivos encargos trabalhistas e previdenciários. Várias, corretamente preocupadas com a qualidade de vida de seus profissionais, concedem benefícios que oneram ainda mais a folha salarial. Portanto, o custo do emprego acaba sendo elevadíssimo no País.
Por esse exagero, muito se tem falado sobre a necessidade de desonerar a folha salarial das empresas, reduzindo tais encargos. Porém nada de prático tem sido feito sobre isso. Dois motivos explicam a inércia para a solução deste problema. Um é político e o outro é técnico.
No âmbito político, entra governo, sai governo e todos anunciam que vão dar cabo do problema. Entretanto, terminam por empurrar com a barriga o elevado custo do emprego. Recuam diante das críticas dos demagogos, que lutam para manter os encargos trabalhistas e previdenciários do jeito que estão.
Quanto ao lado técnico, ele é complexo, o que explica também a dificuldade em solucionar a questão. Cada centavo que integra esses encargos tem um destino importante para a sociedade, indo desde a Previdência, passando por saúde, educação, proteção e aprendizagem do trabalhador e chegando até o campo da reforma agrária.
O fato é que os recursos são importantes e o embate técnico para reduzir os encargos é sempre o mesmo: quem vai pagar a conta. Há várias propostas sobre o assunto, porém, em tese, três são as que estão sendo mais difundidas.
A primeira sustenta que parte dos encargos seja paga pela sociedade como um todo. Extinguem-se da folha salarial os 20% para o INSS; os 2,5% para o salário-educação; os 2% do seguro acidente do trabalho; e as porcentagens destinadas ao chamado Sistema S (Senac, Sesi, Senai, Sest, Sesc, entre outros). Essa parcela seria, agora, arrecadada mediante uma contribuição sobre a movimentação financeira: uma porcentagem sobre os lançamentos bancários. Não há perda para os que recebem os recursos financeiros. Altera-se apenas a fonte de arrecadação. Tal tese é defendida pelo argumento de que a questão da geração de empregos é tão importante para o País que por isso ela deve ser socializada. Todos devem colaborar e não apenas as empresas.
A segunda proposta sugere transferir para o faturamento da empresa a parte que se destina à contribuição previdenciária da folha de pagamento. Difícil de ser defensável, em razão dos cálculos. A contribuição ao INSS (20%) incide sobre várias despesas da folha salarial, o que dificulta encontrar uma alíquota ideal sobre o faturamento que garanta a receita necessária para o INSS.
Além dessa dificuldade, tal proposta gera injustiça entre setores empresariais. Os que são intensivos em tecnologia e utilizam pouca mão de obra vão ser penalizados. Verão dobrar ou triplicar sua despesa com a Previdência Social à medida que ela deixa de ser medida pela folha e passa a sê-lo pelo faturamento.
Finalmente, a terceira proposta, novamente apresentada nestes dias, é a de reduzir de 20% para 14% o valor da contribuição previdenciária e extinguir os 2,5% do salário-educação. Trata-se de proposta tímida e não está claro quem vai pagar essa conta. Como dizem sabiamente por aí, não existe almoço grátis. De qualquer forma, é mais uma proposta.
O fato é que os encargos são muito elevados, limitando tanto a criação de empregos formais quanto a competitividade das empresas diante da economia internacional. Há que se admitir que a solução para essa questão não é simples. Porém as propostas técnicas estão aí. Infelizmente, no entanto, o embate político não permite e, creio eu, não permitirá pelo menos no curto prazo evoluirmos nessa questão. Oxalá esteja eu, nessa crença, equivocado.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Elas por elas 
Renata Lo Prete

 Folha de S.Paulo - 01/12/2010

Além da escolha de Miriam Belchior (Planejamento) e da manutenção de Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Dilma Rousseff planeja instalar pelo menos outas quatro mulheres em secretarias com status de ministério: Maria do Rosário (PT-RS) é cotada para Direitos Humanos, Ideli Salvatti (PT-SC) para a Pesca e Iriny Lopes para a secretaria das Mulheres. A presidente eleita ainda busca opção para a pasta da Igualdade Racial. Gostaria de indicar uma mulher negra.
No conjunto, esses nomes podem despertar reação das siglas aliadas, incomodadas com o tamanho do PT no governo -Rosário, Idely e Iriny são petistas. O fato, porém, é que essas pastas já estão com o partido.

Tudo para ele A cúpula do PMDB se ressente do canal direto de Sérgio Cabral com Lula e Dilma. O governador do Rio indicou "seu" ministro (Sérgio Côrtes, para a Saúde) sem dar a menor satisfação a Michel Temer e antes de o partido equacionar a participação na Esplanada.

#prontofalei No retorno da Guiana, a bordo do avião presidencial, Lula disse, numa referência indireta a Moreira Franco (PMDB-RJ), que Dilma não deveria colocar no primeiro escalão um desafeto de Cabral.

Caixa postal Padrinho de Moreira, Temer telefonou na sexta para Cabral. Até a tarde de ontem, o governador não ligara de volta.

Composição Tudo caminha para que Orlando Silva continue ministro do Esporte, além de comandar a Autoridade Olímpica. Já o presidente da nova empresa que irá gerir os recursos destinados aos Jogos de 2016 será escolhido fora dos quadros do PC do B e com a participação de Sérgio Cabral.

Ocasião No entorno de Dilma, os insatisfeitos com a manutenção de Nelson Jobim na Defesa viram nas revelações do Wikileaks, algo embaraçosas para o ministro, nova chance para tirá-lo do circuito. Mas a turma de Lula entrou rapidamente em campo para reduzir danos.

Até O Conselhão fará amanhã a última reunião da era Lula, com atuais e ex-conselheiros, além dos 17 ministros do colegiado. Além de homenagem ao presidente, espera-se que Guido Mantega (Fazenda) anuncie desoneração de impostos.

SOS 1 A ressurreição do projeto que permite a hospitais públicos geridos por OSs cobrarem pelo atendimento de pacientes de planos privados foi avalizada pela equipe de Geraldo Alckmin, que teme a explosão do custeio da saúde em São Paulo.

SOS 2 Proposta de teor similar foi aprovada na Assembleia em 2009 e vetada por José Serra, então pré-candidato à Presidência. O tucano preferiu evitar embate com a oposição e o Ministério Público, que alegava inconstitucionalidade do texto.

Na pressão O presidente do TJ-SP, Antonio Carlos Viana Santos, apelou ontem, em reunião do colégio de líderes do Legislativo, pela aprovação de emendas que reajustem o Orçamento de 2011 para o Judiciário. O pedido é de R$ 12 bilhões, contra os R$ 5,6 bi ofertados pelo governo. Deputados devem propor saída intermediária.

Recordar... Renato Caporali, novo chefe de gabinete da presidência da CNI (Confederação Nacional da Indústria), é réu no processo do mensalão mineiro.

...é viver Então funcionário do governo do tucano Eduardo Azeredo, Caporali assinou cheques relativos a eventos que, segundo a denúncia do Ministério Público, não existiram, servindo para justificar o caixa dois operado por Marcos Valério.

Visita à Folha Guillermo Quintero, presidente da BP (British Petroleum) Brasil Ltda., visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Cleber Martins, assessor de imprensa, e Milena Herdeiro, consultora de comunicação.

tiroteio

"É uma nova tentativa de lotear os serviços da saúde, um "apartheid hospitalar". Os pobres serão discriminados."
DA DEPUTADA ESTADUAL BETH SAHÃO (PT), sobre o projeto enviado pelo governo de SP que permite aos hospitais públicos administrados por OSs cobrarem pelo atendimento de pacientes que usam planos privados.

contraponto

Salto ornamental


Quando o barco que trazia a bordo Lula e Dilma saía da eclusa de Tucuruí, inaugurada ontem, o presidente e sua sucessora foram para a proa tirar fotos. Ele brincou:
-Agora, Dilma dará um mergulho!
Ela riu e emendou:
-E o senhor também. Até para a gente poder dizer que "nunca antes na história deste país se mergulhou tão bem".

CELSO MING

Apoteose da gastança 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 01/12/2010

Ontem, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, fez uma advertência: "Não é inteligente brincar com a inflação." E, no entanto, foi o que o governo fez ao longo de 2010, ao puxar as despesas públicas às raias da irresponsabilidade e, depois, enfeitar as contas.

O relatório do Banco Central sobre o desempenho da política fiscal mostrou ontem o pior resultado em outubro desde 2005. Ainda assim, o superávit primário (que exclui despesas com juros) foi a R$ 9,7 bilhões só porque o governo forçou certos lançamentos, mais ou menos como a Argentina trabalha hoje com os dados de inflação.

A mais clamorosa forçada foi a exclusão dos investimentos da Eletrobrás para arrancar resultados. Alguns leitores pediram que esse assunto fosse mais bem explicado. Por que essa exclusão maquia as contas? Até recentemente, os investimentos das estatais não eram considerados despesas para efeito de elaboração desses cálculos. Fácil entender por quê. Todo superávit é receita menos despesa. Se uma despesa fica artificialmente mais baixa, o superávit aumenta. (A necessidade de fazer superávit tem a função de destinar uma sobra de arrecadação para amortizar a dívida pública.)

E por que os investimentos de empresas estatais não entravam na conta e agora passaram a entrar? É que uma boa parte deles não passava de despesa pura e simples e, em muitos casos, de péssima qualidade. Há quem argumente que investir em petróleo é quase sempre uma coisa boa e, portanto, não deve ser considerado gasto. Não é verdade. Lembram-se da estatal Paulipetro, do então governador Paulo Maluf, que pretendia encontrar petróleo no interior de São Paulo? Até hoje Maluf considera o dinheiro ali enterrado um grande investimento. Mas a gente sabe que não passou de maracutaia, como dizia o então metalúrgico Lula. E, cá entre nós, nem mesmo a Petrobrás investe bem sempre. Quanto à Eletrobrás, todos sabemos que um bom pedaço dos investimentos vem carimbado com suspeição. Qualquer projeto de hidrelétrica começa avaliado em uma fração do seu custo real. É um inchaço quase sempre pouco edificante e, portanto, despesa improdutiva.

É por essas e semelhantes razões que, durante o governo Fernando Henrique, os tais investimentos das estatais foram considerados despesas.

Nos primeiros anos de administração, o governo Lula levou mais a sério o compromisso de criar o superávit primário, que em 2008 e 2009 foi de 3,8% do PIB e, neste, baixará para 3,1% do PIB. Esses dois últimos anos foram de apoteose da gastança, porque o objetivo era azeitar o jogo eleitoral. As despesas do governo cresceram em 2010 nada menos que 17%. E o superávit prometido, de 3,1% do PIB, só será entregue porque o governo fez a mágica já exposta com os resultados da Eletrobrás e usou as receitas da capitalização da Petrobrás para turbinar as contas.

A nova presidente, eleita em boa parte graças ao emprego do lubrificante especial, avisa que vai colocar em marcha um forte ajuste das contas públicas. É o reconhecimento de que os resultados fiscais estão maquiados. Se o superávit primário de 3,1% do PIB fosse verdadeiro, não seria preciso apertar os cintos. Enfim, em 2010, o governo não foi inteligente como sugeriu Coutinho. Brincou com a inflação.

Aí está o desgaste a que os Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) estão submetendo o euro.

Equilíbrio ilusório
A dívida líquida está à altura de 40,5% do PIB, número só aparentemente baixo. Quando o Banco Central (BC) compra dólares para suas reservas, emite títulos. Do ponto de vista da dívida líquida, essas emissões não aparecem porque no outro prato da balança há os créditos em dólares. O problema está em que o BC pagará pela dívida juros de quase 11% ao ano, enquanto as reservas não renderão mais que 3%.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Vestuário deve concluir neste mês novas normas de medidas masculinas 
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 01/12/2010

As indústrias brasileiras de vestuário devem concluir neste mês as novas normas de medidas para as roupas masculinas.
A expectativa da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário) é que a norma se torne obrigatória ainda no primeiro trimestre de 2011.
"Abandonamos o padrão de numeração. Vamos usar as medidas do corpo no lugar da medida da roupa", afirma Roberto Chadad, presidente da Abravest.
Na etiqueta de um terno, por exemplo, o consumidor encontrará medidas como a circunferência da cintura, do quadril, o tamanho da manga, entre outras.
Com a nova norma, o consumidor irá economizar tempo na hora da compra. "Quanto mais informação estiver inserida na etiqueta, melhor e mais rápida será realizada a venda. Vai evitar o troca-troca de roupa", diz.
O padrão de normas também facilitará a compra de roupas pela internet, além de incrementar as exportações brasileiras, que poderão atender diferentes padrões mundiais, de acordo com a Abravest.
"Será uma estratégia da indústria nacional para combater os produtos chineses, que são baratos, porém de má qualidade", diz Chadad.
No próximo dia 15, o setor se reúne para ratificar o que já foi acordado até agora e fechar a tabela com as medidas propostas por empresários e profissionais da cadeia.
Após a reunião, o projeto será enviado para consulta pública das indústrias.
Após os 60 dias de análise, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) deverá publicar um edital com as normas.
Nos três primeiros anos, as referências P, M e G ainda estarão nas etiquetas das roupas, mas serão abandonadas a partir do quarto ano, segundo Chadad.

Consumidor vê melhora na economia global

A situação econômica global se recuperou em outubro na avaliação de consumidores. O estado atual da economia foi considerado muito bom e bom para 42% dos entrevistados, dois pontos percentuais acima de setembro.
O estudo, feito pela Ipsos em 24 países, consultou 19.197 cidadãos. "Apesar de lenta, há recuperação. Há correlação com a alta da intenção de compra e a segurança no emprego", diz Paulo Cidade, diretor da Ipsos.
No Brasil, a avaliação subiu oito pontos, em que 66% dos entrevistados consideraram a situação econômica boa. "A eleição favoreceu. Foram debatidas formas de melhorar a economia. Não houve, como em outros anos, risco de piora da situação."
Na Europa, a confiança está baixa. Na França e na Espanha, só 10% consideram a situação econômica boa.

O EMPREGO É NOSSO
Empresas multinacionais enfrentam um desafio: conciliar a concentração de lucros que, em muitos casos, se mantêm em países desenvolvidos, com o fato de o crescimento estar em emergentes.
A análise é de James Allen, sócio-líder global da área de estratégia da consultoria Bain & Company.
Para Allen, a recuperação das economias desenvolvidas não trará crescimento suficiente de empregos. Oportunidades estarão nos países em desenvolvimento.
Com relação ao Brasil, o consultor observa que as empresas têm lutado por seus mercados. "Nos anos 90, dizia-se que as marcas locais morreriam com a chegada das estrangeiras. Não foi o que ocorreu, como se viu no setor bancário", diz.
O consultor afirma ver um grande risco para o país. "Deixar de cortar gastos públicos e enfrentar problemas como os que a Europa tem."

PORTAL PARA A CHINA
Desembarca na segunda-feira em São Paulo uma delegação de 22 executivos de Hong Kong para propor que a cidade seja a porta de entrada para negócios e operações financeiras do Brasil na China e no sul da Ásia.
Líder da missão, Christopher Jackson, diretor-executivo da Hong Kong Trade Development Council, afirma que a cidade hoje funciona como uma "intérprete cultural" da China.
Segundo ele, há interesse nas indústrias de alimentos, bebidas, moda e saúde.
"Há intenção de companhias de logística e de comércio em fazer fusões de operações no Brasil", afirma.
Além de "baixos impostos, fluência no inglês e forte sistema legal, Hong Kong é uma influência para os consumidores chineses", afirma.
A cidade mantém fortes laços com países como Vietnã e Indonésia, diz Jackson.

Piso O setor de cerâmica de revestimento do Estado de São Paulo deve fechar 2010 com faturamento superior a R$ 3 bilhões, segundo a Aspacer (associação do setor). No primeiro semestre, foi de R$ 1,7 bilhão.

Hospedagem A Rede Slaviero Hotéis, do Paraná, acaba de inaugurar uma unidade na cidade de Palhoça (SC) com investimento de R$ 15 milhões. Para 2011, a rede prepara unidade de R$ 8 milhões no Balneário Camboriú.

Crédito imobiliário Os clientes da BM Sua Casa poderão emitir uma carta de crédito durante a simulação do financiamento desejado. A emissão é feita nas lojas da empresa e pelo site.

Timão A CVC fechou contrato com o Corinthians para realizar, em fevereiro, o Cruzeiro do Timão. O roteiro sairá de Santos e visitará Itajaí (SC) e São Francisco do Sul (SC). A empresa ampliou a oferta de cruzeiros temáticos para estudantes, motociclistas, idosos e amantes de moda e música.

Engenharia Preocupados com a escassez de engenheiros no Brasil e a necessidade de adaptar o currículo, profissionais se encontram nesta sexta para discutir a atividade. O encontro será no Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo.

Consórcio A Racon Consórcios, que atua com imóveis, caminhões e automóveis, finaliza seu plano de expansão com a primeira loja em solo paulista, em Santo André. Com a abertura de franqueados em Goiânia, Belém e outras cidades, a empresou chegou a R$ 220 milhões em créditos comercializados.

Brasileiros falam 28% mais ao celular, diz consultoria

Os brasileiros estão cada vez mais grudados no celular. No terceiro trimestre, os usuários gastaram, em média, 113 minutos por mês ao telefone, segundo levantamento da consultoria Teleco.
Esse número revela um aumento de 28,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
"O crescimento é reflexo da estratégia das empresas em oferecerem promoções de minutos, de chamadas gratuitas e de ligações dentro da própria operadora", afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
Na TIM, o aumento no período foi de 36,7%. A Vivo registrou alta de 29,2%, seguida pela Claro (16,3%).
"Como a receita média mensal por usuário não cresceu no terceiro trimestre, significa que, pelo mesmo preço, as pessoas estão falando mais", diz Tude.

ANCELMO GÓIS

Balanço da guerra Ancelmo Góis
O Globo - 01/12/2010


Um levantamento em poder de Eduardo Paes mostra que, nos dias de combates na Vila Cruzeiro e no Morro do Alemão, caiu em 25% o número de passageiros nos ônibus municipais. O carioca se refugiou em casa, na TV, no telefone e nas mídias sociais, trocando informações.

Você está bem?...
A TIM, operadora de celular, comparou os mesmos dias da semana anterior ao período de 23 a 26 de novembro, quando o bicho pegava no Rio. O tráfego de voz cresceu 21%, e o de dados, mais de 12%.

Meu filho, se cuida...
Com imagens de guerra na TV, o telefone do morador da cidade que tem parente ou amigo fora do Rio não parou de tocar. Todos queriam saber se estava tudo bem e se o ente querido corria perigo, como disse ontem no GLOBO Luciano Huck, cuja família vive em São Paulo.

Aliás...
Só falta ocorrer um “baby boom” daqui a nove meses.

Crime e castigo
O 1º Tribunal do Júri do Rio marcou para segunda, dia 6, às 13h, o julgamento de Eduardo Luís Paixão, o Duda 2D, preso agora no Morro do Alemão. Duda, 37 anos, é acusado de ter matado e esquartejado duas pessoas em 1996. No Alemão, era contador do tráfico.

Franz Liszt
Nelson Freire, nosso mais famoso pianista, grava no início de 2011, na Suíça, um CD com obras do húngaro Franz Liszt.

Mestre do texto
O saudoso coleguinha Armando Nogueira vai ser lembrado amanhã com uma homenagem póstuma do ministro da Cultura, Juca Ferreira. Será agraciado, in memoriam, com a Ordem do Mérito Cultural. Merece.

Rock da aranha
A ONG Fala Bicho denunciou o reality show “A Fazenda”, da TV Record, à Polícia Federal. Diz que a participante Janaína matou no programa uma aranha de 15cm, bicho silvestre protegido pelas leis.

Dever de casa
Antônio Patriota, cotado para ministro das Relações Exteriores de Dilma, tem feito aulas de mandarim, o idioma chinês, às segundas de manhã.

O outro lado
O empresário Luiz Rubião, acusado pela Chemtech, do grupo Siemens, de “se apropriar de informações” da empresa, que ele dirigiu no passado, diz que vendeu a companhia há oito anos e só criou a Radix após ter encerrado o prazo previsto na cláusula de não competição. Rubião acusa a Siemens de querer afastar a concorrência.

Chávez no Fla
A PDVSA, estatal do petróleo da Venezuela de Hugo Chávez “de cadeia”, está de namoro com o Flamengo. O patrocínio valeria para 2011, já de olho em outras ações aqui até a Copa de 2014.

Oito ou 80
Fernanda Montenegro vai declamar poemas de Ferreira Gullar na abertura da exposição “Gullar 8 e 80”, dia 17, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.

Reeleição
Dia 9 agora, Marcos Vilaça será reconduzido à Presidência da ABL por mais um ano.

Acabou em samba
A Unidos da Tijuca, campeã do carnaval, foi contratada pela CBF para encerrar a premiação dos craques do Brasileiro, segunda, no Municipal do Rio. Haverá até apresentação da badalada comissão de frente do enredo “Segredo”, que levantou a Sapucaí no desfile passado.

Martinho eterno
Martinho da Vila vai ganhar uma estátua de bronze, em tamanho natural, na sua terra, Duas Barras, RJ, esculpida por Ique (veja o modelo, desenhado pelo chargista). F i c a r á n o Mirante do Vale Encantado, na entrada da cidade, e será i n a u g u r a d a com festa em 12 de fevereiro de 2011, dia do aniversário do grande sambista.

ROLF KUNTZ

Rumo à política do Saci?
Rolf Kuntz 


O Estado de S.Paulo - 01/12/10
Não há como disfarçar. O novo governo terá de cortar severamente os gastos menos produtivos, se não quiser perder o controle das contas públicas e quebrar uma das pernas da estabilidade econômica. As outras duas são o regime de metas de inflação e o câmbio flutuante. Também o sistema de metas não está muito seguro, apesar das promessas da presidente eleita, Dilma Rousseff, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Se ele tentar, de fato, usar o núcleo da inflação ou qualquer índice expurgado como orientação principal da política, o sistema de contenção de preços irá para o brejo. Sem disciplina fiscal e sem o controle de inflação em vigor desde 1999, a política econômica do Brasil passará a ter como símbolo o Saci, pelo menos até a perna restante ser arrebentada por algum ataque "desenvolvimentista".
Os números divulgados nesta semana confirmam a grave deterioração das contas públicas - perceptível apesar do esforço de maquiagem dos números. O resultado primário do governo central caiu de R$ 26 bilhões em setembro para R$ 7,7 bilhões em outubro, segundo o relatório mensal divulgado na segunda-feira pelo Tesouro.
Em setembro o ganho líquido de R$ 31,9 bilhões proporcionado - magicamente - pela capitalização da Petrobrás permitiu converter um déficit primário de R$ 5,9 bilhões num superávit de R$ 26 bilhões. Sem essa maravilha da contabilidade criativa, os números do mês passado ficaram bem menos brilhantes.
De toda forma, aquela receita mais que extraordinária continuou inflando as contas. Graças a isso, o superávit primário do governo central até outubro chegou a R$ 63,3 bilhões. Apesar do truque, ficou ainda muito distante do valor fixado para o ano, R$ 76,3 bilhões. Se o padrão normal se repetir, dificilmente a diferença de R$ 13 bilhões será coberta no bimestre final.
Ontem, o Banco Central (BC) divulgou as contas de todo o setor público. Nessas contas, o resultado primário é calculado não pela diferença entre receitas e despesas não financeiras, mas pela necessidade de financiamento. Por essa fórmula, o superávit primário do governo central ficou em R$ 7,2 bilhões.
O resultado consolidado do setor público - incluídos os três níveis de governo - chegou a R$ 9,7 bilhões. O acumulado alcançou R$ 86,7 bilhões até outubro e R$ 99,1 bilhões em 12 meses, soma equivalente a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB). À primeira vista, não parece tão difícil chegar neste ano a 3,1% do PIB (a meta de 3,3% foi abandonada depois da exclusão das contas da Eletrobrás). Mas essa impressão é ilusória.
Para avaliar a situação com um mínimo de realismo, é preciso excluir do resultado os R$ 31,9 bilhões proporcionados pela forma de contabilizar a capitalização da Petrobrás, já explicada em vários artigos e reportagens. Esse foi apenas mais um truque. O governo tem recorrido a outros expedientes para dar uma aparência melhor às suas contas. Isso estimulou economistas do setor privado a montar cálculos próprios. Segundo estudo recente do Banco Santander, o resultado primário do governo federal nos 12 meses até setembro - oficialmente, 2,3% do PIB - fica reduzido a 0,6%, quando se eliminam truques contábeis e receitas não fiscais.
O Banco Itaú também elaborou contas próprias, baseadas no conceito do "resultado primário recorrente" - sem o fluxo de receitas atípicas, cada vez maior a partir de 2009. Por esse critério, o resultado primário do setor público nos 12 meses até agosto cai de 2% - dado oficial - para 1,5% do PIB.
O problema não é apenas de precisão contábil. O cuidado com os números é importante para a credibilidade do governo, mas isso não é tudo. O exame crítico das contas não mostra somente a imprecisão ou a tentativa de maquiagem, mas a real e dramática deterioração das finanças públicas.
Essa deterioração é causada pelo descontrolado aumento da gastança, refletido principalmente na expansão das despesas com pessoal e com outros itens de custeio. Neste ano, a folha consumiu, até outubro, 9,4% mais que um ano antes, em termos nominais. Pode parecer um crescimento modesto. Mas de janeiro a outubro de 2009 o gasto com pessoal foi 18,4% maior que o de igual período de 2008, apesar da crise. E o inchaço havia começado vários anos antes.
Receitas extraordinárias - quando não resultam da criatividade contábil - podem ser muito úteis, mas é preciso avaliar as finanças públicas pela evolução dos gastos e receitas propriamente fiscais. Por esse critério, o quadro é muito ruim e a presidente eleita dará uma demonstração de seriedade se pensar no assunto.
JORNALISTA