quarta-feira, outubro 20, 2010

NORDESTE - SERRA VIRA EM ALAGOAS

Serra fica à frente pela primeira vez
GAZETA DE ALAGOAS - 20/10/10

A disputa  pela faixa presidencial sofre uma reviravolta em Alagoas, de acordo com a primeira pesquisa Gape realizada no Estado neste segundo turno das eleições. Durante todo o primeiro turno, todas as pesquisas divulgadas em Alagoas mostraram a candidata do presidente Lula (PT), Dilma Rousseff (PT), à frente do tucano José Serra (PSDB). Mas agora o jogo foi invertido.
Segundo os números da pesquisa Gape, neste segundo turno quem está na frente é o candidato José Serra. Ele aparece com 47% dos votos dos alagoanos, contra 43% somados pela ex-ministra Dilma Rousseff. 
A diferença é de quatro pontos percentuais. Desta forma, considerando a variação permitida pela margem de erro, de três pontos percentuais para mais ou para menos, na corrida presidencial em Alagoas também seria correto afirmar que foi registrado empate técnico entre os candidatos à Presidência da República.

ROBERTO DaMATTA

Aqui não tem criados

Roberto DaMatta
O Globo - 20/10/2010

Como as chuvas de verão, a bênção paterna e o beijo de amor, eu volto ao meio-oeste americano. Aqui — meus amigos acostumados à conexão LeblonNew York City — não há a variedade babilônica da Grande Maçã nem aquele estranho (e falso) sentimento de que todo mundo é cosmopolita — essa máscara que as grandes cidades fingem.

Pois nessa Champaign-Urbana, Illinois, Estados Unidos, entre imensos milharais e campos de soja, os nativos estão enraizados e não temem confessar que Chicago é a sua mais longínqua fronteira existencial. Como uma vez me disse uma amiga daqui do lado, de South Bend, Indiana: “Eu jamais pensei em sair dos Estados Unidos. Por que? Ora, porque everything is here! (porque tudo está aqui).” A mesma resposta de minha amada e saudosa mãe quando falava de sua idealizada Manaus do Teatro Amazonas, do Clube Ideal e do Alto de Nazareth, onde o universo revestido pelo ouro que recobre grande parte do nosso passado parecia perfeito mesmo quando o que se viveu foi impensável.

O tempo, como sabem melhor os ibéricos, como o padre Vieira, Fernando Pessoa e Eça de Queiroz, é o remédio para tudo. Sobretudo para as nossas mais profundas feridas, porque na sua passagem e na sua majestática indife-rença ele lixa a alma e faz com que os vales e as montanhas de sofrimento, ressentimento, rejeição e frustração tornem-se planícies. “Amanhã — como disse Clark Gable em ‘E o vento levou...’ — será outro dia!” O problema é ter paciência e esperar. Só amor — esse grandioso amor humano — fica como alento, oásis e ponte.

Aqui há uma calma de ruas seguras e vazias; uma melancolia que cai das árvores e remete àquelas músicas outonais que falam do milagre das folhas virando chamas. Imagino se Cole Porter, nascido em Peru, Indiana, bem no meio dessas planuras, não carregava no coração esse cheiro de outono quando fez aquelas músicas que eu sempre canto com lágrimas nos olhos: “Everytime we say goodbye, I die a little/ Everytime we say goodbye, I wonder why a little...” — todas as vezes que nos despedimos, eu morro um pouco; todas as vezes que nos despedimos, eu me surpreendo um pouco
Quantas vezes morremos e matamos, como ocorre nas disputas eleitorais que acendem as velhas paixões e revivem suas mentiras como a de que, um dia, com o salvador (e agora perseguido das elites) Lula, o Brasil vai estar pronto e acabado. Ou na sua dura verdade que toda democracia precisa ser construída todo dia. Estou seguro de que a grande maioria descobriu que popularidade, ressentimento, agressão às instituições liberais e corrupção permanente pulverizam votos.

A velha fórmula demagógica de entregar o Brasil a uma tomadora de conta — a supermãe do sistema — não funciona.

Numa democracia todos são importantes, acima de tudo o conjunto dos seus cidadãos comuns e ativos, e não um bando de comodistas que precisam de cuidadores. Quem quer entregar o país para uma candidata inventada por um presidente que se pensa dono de todas as verdades?
Voltei aos Estados Unidos e fico por muito pouco tempo. A velha familiaridade com o estilo de vida ressurge automaticamente dentro mim. Ela traz de volta o respeito pelos outros como moeda corrente. E, tal como ocorreu com Alexis de Tocqueville, vejo nessa preocupação com o próximo o outro lado de um individualismo que sempre me assombrou. Quanto mais forte o individualismo, mais solidão, menos relações e, no entanto — eis o que Tocqueville foi o primeiro a descobrir — mais associacionismo e institucionalização. Tal como a santidade precisa de pecado, a igualdade e o individualismo necessitam os seus contrários, como notava o gênio aristocrático desse francês não lido no Brasil porque sempre foi considerado um reacionário pelo nosso radicalismo chique e acadêmico. Com isso, a América é local onde obedecer as regras é tomado como algo positivo e inteligente, não como sinal de inferioridade ou burrice como no Brasil.

Ontem, por exemplo, um jovem me cedeu passagem na porta de uma loja, reverente para com um “old professor”.

Assim que cheguei fui convidado para o tal “lunch” que em nenhuma hipótese pode ser comparado ao nosso “almoço”. Pois, em primeiro lugar, aqui temos muito a escolher e isso confunde; depois porque todos servem em bandejas e isso me deixa inseguro (como caminhar equilibrando tanta coisa?); em terceiro lugar porque, ao morder um sanduíche de “tuna salad”, ouço dentro de mim uma voz repetindo: isso não pode ser “comida”!; e, finalmente, depois que comemos, somos obrigados pela etiqueta indisputável e indiscutível do local a — eis a ofensa para o meu lado brasileirinho — levarmos os nossos restos para o lixo! A igualdade tem preço. Um preço alto para quem foi criado com criados, para quem adora mordomias. Pois nesta Illinois que não conheceu nenhuma execrável escravidão, cada um é seu próprio dono e mordomo. Temos, pois, a obrigação de levar nossos restos para o lixo. Esse é um aspecto do liberalismo pouco visto e falado no Brasil e, no entanto, crítico para sua existência. Aqui, reitero, não tem criados.
É duro limpar o nosso lixo, como é complicado enxergar a nossa arrogância e os nossos erros. Em tempos de jornada eleitoral, porém, como na viagem que nos torna peregrinos e dependentes das mãos dos amigos locais, definem-se sinceridades, mentiras e competências. E, para provar que as seis famílias donas de jornal não me controlam, faço questão de declarar: para mim, não há dúvida que Serra é, de longe, o melhor. O resto, amigos, como dizia aquele bardo inglês, é silêncio...

JOSÉ SIMÃO

Ereções! FALTA MUITO, TIO?
JOSÉ SIMÃO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/10/10


Minas Urgente! Eu já disse que Minas Gerais tem três coisas ruins: não tem mar, Telemar e Itamar! Rarará!



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República.
E a França? "Liberté, Egalité e FUMACÊ"! Fumaça de carro incendiado, fumaça de bomba de gás! E o Sarkozy fez a ameaça: "Ou vocês param de incendiar carro ou eu trago a Dilma e o Serra. Ou vocês param de incendiar carro ou eu trago a Ana Maria Braga!". Rarará!
Tá dando um São João fora de época na França! E o Eramos6 tá chamando o segundo turno de segundo TRANSTURNO. Transturno físico e mental. Falta muito para acabar o transturno? FALTA MUITO, TIO? Rarará!
E ontem anunciei: "Madonna abandona Jesus". Para não interferir na eleição brasileira? Errado. Madonna abandona Jesus para ficar com o Serra. O Jesus tupiniquim! Rarará. E a Dilma precisava ir de peignoir ao "Jornal Nacional"? Só faltaram os bobs!
E não é "Jornal Nacional", é JOGRAL NACIONAL. A Fátima e o Bonner, cada um fala uma palavra: "Arrastão". "No túnel." "Rebouças." "Agora!" "No jornal." "Nacional." Uma coisa bem espontânea!
E tá correndo na internet que a Dilma não pode ser presidente porque ela é búlgara. Eu já disse que ela não é búlgara. Ela é PITTBÚLGARA! Rarará!
E o Serra Vampiro de Cristo lançou mais um plano: o Terror Saúde. "Quero que cada médico convença cinco pacientes a votar em mim." Já imaginou? "Ou vota no Serra ou não tem alta." "Ou vota no Serra ou nada de receita de Rivotril." Rarará! Terrorismo na saúde!
E o chargista Lute revela que o Lula tá detestando o horário de verão: perdeu uma hora de mandato! Rarará! E a apuração do segundo transturno vai ser no Vaticano com fumacinha branca saindo da chaminé. Seguida de uma sessão de desencapetamento. Rarará!
Minas Urgente! Minas vai ter de se decidir: ou quer mar ou quer Serra. Minas quer mar ou quer Serra? E a Dilma vai ter de mudar de nome pra DilMar! Dilmar Rouqueijo!
Eu já disse que Minas só tem três coisas ruins: não tem mar, Telemar e Itamar! E a melhor definição de Minas: um monte de montanhas com um monte de gente dando adeus!
E eu viajei pelo interior de Minas e vi um motel chamado Motel Itamar. Rarará! A situação tá ficando psicodélica! Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

É isso que o PT quer?

EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 20/10/2010
O enfraquecimento da economia venezuelana, em boa parte devido à política de estatização que o governo socialista de Hugo Chávez intensificou nos últimos anos, é um exemplo do que poderia acontecer com a economia brasileira se fossem transformadas em política de governo as teses antiprivatistas defendidas por militantes do PT e que vêm marcando a propaganda eleitoral da candidata Dilma Rousseff.
É contínua, e em alguns casos avassaladora, a perda de eficiência das empresas cujo controle foi transferido para o governo bolivariano de Chávez, que só em raras situações ressarciu adequadamente os antigos controladores. O mau desempenho da grande maioria das empresas estatizadas contribui para manter a atividade econômica do país no atoleiro e os preços em alta - a Venezuela tem o pior desempenho econômico da região desde o início da crise mundial.
A produção da siderúrgica Sidor, antes controlada pelo grupo argentino Techint, caiu 28% desde sua estatização em 2008, de acordo com reportagem do jornal Valor. A fabricante de alumínio Venalum, que gerou lucro de US$ 60 milhões no último ano sob controle privado (2005), agora estatal só gera prejuízos. A Bauxilum, que quando privada chegou a produzir 5,6 milhões de toneladas de bauxita por ano, em 2010, como estatal, só produzirá 3 milhões. No campo, dos 350 mil hectares desapropriados pelo governo em 2009, só 9,4 mil hectares estão sendo cultivados - ou seja, 97,3% continuam improdutivos, de acordo com um instituto de pesquisa privado.
Num curto, mas denso balanço da situação de seu país em 2009, o presidente da Federação das Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela, Noel Álvarez, afirmou: "O ano termina com um colapso nos serviços públicos de água, luz, transporte e infraestrutura viária, uma queda na produção, um aumento no desemprego, intervenções em propriedades rurais e expropriação de empresa e aumento da insegurança pessoal e jurídica."
Era, na época, o retrato de um país cujas bases econômicas vinham sendo solapadas por uma política populista destinada a garantir a perpetuidade do caudilho no poder. Em 2010, essa política foi intensificada e, com a apertada vitória da situação na eleição de setembro - Chávez perdeu a maioria de dois terços necessária para a aprovação de mudanças legislativas importantes -, foi estendida com mais vigor para outras áreas, especialmente a de alimentos, politicamente muito sensível. Inversamente proporcionais ao avanço do Estado venezuelano sobre a economia, os resultados globais são cada vez piores.
Em 2010, só até agosto, as desapropriações do governo chavista atingiram 174 empresas privadas, a maior parte das quais pertence ao setor de fornecimento da indústria de petróleo e gás. Mas - como dissemos - a onda atual inclui também empresas da área de produção e distribuição de alimentos.
A explicação do governo para a ampliação da intervenção também nessa área foi a necessidade de evitar o desabastecimento, em razão da retenção indevida de estoques. Pode ser mera coincidência, mas o fato é que, em meados do ano, milhares de toneladas de alimentos importados pelo governo apodreceram nos contêineres parados nos portos controlados pelo Estado bolivariano, o que afetou a popularidade do caudilho e de seu partido.
Para os empresários atingidos pelas desapropriações, receber a indenização devida é uma espécie de loteria. Em alguns casos, o pagamento equivaleu aos valores de mercado. Mas, de 44 empresas associadas à Câmara Americana de Comércio, que foram desapropriadas, apenas 9 admitiram que receberam o pagamento adequado.
Essa política estatizante, além de reduzir investimentos públicos em áreas como saúde, educação e segurança pública - pois, quando paga, o governo desvia recursos para áreas em que o setor privado é mais eficiente -, gera insegurança jurídica. Temerosa, também a iniciativa privada deixa de investir, o que retarda a recuperação da economia. É sobre isso que conviria aos eleitores brasileiros refletir.

MERVAL PEREIRA

A máquina em campanha 
Merval Pereira 

O Globo - 20/10/2010

Mais grave do que terem colocado o nome do diretor de “Tropa de elite 2”, José Padilha, num manifesto a favor da candidatura Dilma Rousseff à Presidência da República sem sua autorização é o fato de que dirigentes da Agência Nacional de Cinema (Ancine) atuaram fortemente para que pessoas ligadas à indústria assinassem o documento. Há indicações de que vários outros cineastas e atores, muitos inscritos à revelia, foram procurados por funcionários da Ancine na tentativa de engrossar a lista dos apoiadores da candidatura oficial.

Criada em 2001, a Agência Nacional do Cinema é uma agência reguladora que tem como atribuições, segundo a definição oficial, “o fomento, a regulação e a fiscalização do mercado do cinema e do audiovisual no Brasil”.

A Ancine, por sinal, foi uma das responsáveis pela escolha dos jurados que definiram o filme “Lula, o filho do Brasil” como o representante brasileiro ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Esse é um dos exemplos mais visíveis da utilização da máquina pública na campanha eleitoral de maneira despudorada, a começar pelo próprio presidente da República, que, na reta final da campanha — e com a disputa demonstrando estar mais difícil do que imaginavam seus estrategistas —, já não se incomoda de gravar participações nos programas de propaganda eleitoral no horário do expediente oficial.

E utiliza prédios públicos, como o Palácio da Alvorada, para reuniões políticas com os coordenadores da campanha da candidata oficial.

Seguindo o exemplo de seu chefe, também os ministros de Estado já não tentam disfarçar a campanha que fazem, misturando suas funções de Estado com as de cabo eleitoral da candidata oficial.

No lançamento do programa de saúde da candidatura oficial, a foto dos ministros da Saúde, José Gomes Temporão, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ao lado do candidato a vicepresidente da chapa oficial, Michel Temer, os três ostentando uma camiseta com propaganda de Dilma Rousseff, é o exemplo da falta de pudor que domina o primeiro escalão governamental.

Da mesma maneira, funcionários de vários escalões das empresas estatais estão sendo estimulados, ou diretamente ou pela leniência de seus chefes imediatos, a fazer campanha usando o e-mail das próprias empresas.

Funcionários da Petrobras estão distribuindo mensagens com propaganda eleitoral a favor de Lula e Dilma, ou mesmo repassando informações caluniosas contra o candidato do PSDB.

Um deles tem o seguinte aviso, todo em caixa alta: “UMA GRANDE VERDADE!!!! REPASSE ESTE EMAIL PRA TODOS E NÃO VAMOS DEIXAR A ONDA VERMELHA (PT) PARAR DE CRESCER POR TODO PAÍS!!!!” A despreocupação é tamanha que já não escondem a identificação. As mensagens têm nome, telefone, cargo.

Entre as muitas mensagens que circulam, uma é da Gerência Setorial de Serviços de Segurança Patrimonial de Escritórios da Petrobras e tem a seguinte identificação: Serviço de Infraestrutura e Segurança Patrimonial. Regional Sudeste.

Serviços Compartilhados.

CQAY.

Outro é da Eletrobras, do Departamento de Contratações — DAC Divisão de Suprimentos — DACS.

‘Não é o momento’

O ex-deputado federal e candidato ao Senado pelo PPS nas eleições de outubro Marcelo Cerqueira teve atuação intensa contra o processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce.

Patrocinou ação popular promovida por Barbosa Lima Sobrinho, ações civis públicas em nome de diversas associações, inclusive a dos Empregados da Vale (Aval) e ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Ordem dos Advogados do Brasil por seu Conselho Federal.

Após longa batalha judicial, e realizado o leilão, atuou em ação, em nome da Aval, no sentido de estabelecer que o controle da Vale ainda era da União Federal, direta e indiretamente, através das ações em posse da União Federal, do BNDES, do BNDESpar e de fundos de pensão das empresas estatais.

Como o PT, à época, fez dura campanha contra a privatização, inclusive copromovendo ato público com ampla participação, Marcelo Cerqueira, instalada a equipe de transição do governo eleito Lula, telefonou a seu amigo Luiz Eduardo Soares e narrou-lhe o caso, defendendo a tese de que o “controle” da Vale permanecia direta e indiretamente com a União Federal.

Dizendo que tal assunto estaria afeto a Dilma Rousseff, então responsável pelo setor no grupo de transição, Luiz Eduardo passoulhe o telefone.

Depois de ouvir toda a história sobre o “controle” da Vale ainda estar com o governo, Dilma agradeceu “fraternalmente” a informação, mas ponderou: “Não é o momento, Marcelo.” Oito anos depois, o momento não surgiu, apesar de todas as críticas do PT às privatizações. Ao contrário, o PT está tentando, através dos fundos de pensão, assumir a presidência da Vale.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Faturamento do setor de cartões sobe 20% em 2010 
Maria Cristina Frias 
Folha de S.Paulo - 20/10/2010

O faturamento do setor de cartões de crédito deverá ter alta de 20,27%, ao atingir R$ 534 bilhões até o final de dezembro de 2010, segundo Paulo Caffarelli, presidente da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). No ano passado, foi de R$ 444 bilhões.
O número de transações com o "dinheiro de plástico" deverá fechar o ano com crescimento de 16,8%, segundo estimativa da Abecs para o acumulado de 2010 até dezembro.
Neste ano, foram 7,1 bilhões de transações ante 6,1 bilhões registradas em 2009.
Os números do setor serão divulgados por Caffarelli, que é também vice-presidente do Banco do Brasil, hoje, no 5º Congresso Brasileiro de Meios Eletrônicos de Pagamento, promovido pela Abecs e pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
A entidade vai entregar ainda nesta semana uma carta de intenções ao Ministério da Justiça em que assume três compromissos, entre eles, o de não enviar cartões a clientes que não solicitaram o "dinheiro de plástico".
Segundo a Abecs, a carta menciona também a obrigação dos bancos de enviar cópia do contrato da relação entre o cliente e a instituição.
Quanto aos juros cobrados, o banco deverá "colocar de forma bem transparente a taxa incidente, caso o cliente opte pelo crédito rotativo", diz Caffarelli.
A expectativa da associação, de acordo com Caffarelli, é que o governo padronize as tarifas cobradas pelos bancos emissores em seus cartões de pagamento.
Devem sobrar entre 10 e 15 taxas das 45 hoje praticadas pelas instituições.

GUERRA DE PREÇOS
O preço de um iPad equipado com Wi-Fi e 16 gigabytes de memória pode variar mais de US$ 200 de país para país, segundo levantamento da "The Economist".
O valor mais alto é o cobrado na Alemanha, seguida pela França, onde o computador custa cerca de US$ 700, somados os impostos.
Apesar de contribuírem para o aumento no custo do produto para o consumidor, os impostos não são o único fator para a variação dos preços entre países.
Na Suíça, a menor competição entre varejistas é que eleva o valor do produto, segundo a publicação.
No México, o aparelho é vendido mais barato para se adequar ao poder aquisitivo da população.
Porém, como os iPads são montados na China, os consumidores de Hong Kong são os que conseguem os menores valores: US$ 500. Os Estados Unidos ocupam o penúltimo lugar no ranking.
Se a renda do país for levada em consideração, é em Luxemburgo que se obtém o melhor negócio. Um iPad no país custa o equivalente a 0,8% do PIB per capita local.

ASTRO REI
O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida impulsiona o mercado de aquecedores solares.
A Soletrol já forneceu cerca de 10 mil equipamentos das 25 mil unidades contratadas pela Caixa Econômica Federal para serem usadas nas casas para as famílias com renda de zero a três salários mínimos.
"O aquecedor solar é uma grande alavanca social. O dinheiro que a pessoa deixa de gastar com a energia elétrica entra como uma renda extra", diz Luís Augusto Mazzon, presidente da Soletrol.
A empresa planeja a construção de uma nova fábrica que vai triplicar a capacidade de produção atual.
"Estamos esperando a confirmação do governo para a inclusão dos aquecedores no Minha Casa, Minha Vida 2 e a consolidação das contratações feitas na primeira fase do programa", afirma Mazzon.
"Após a finalização da fase dos projetos, vamos buscar recursos no BNDES."
O parque industrial vai receber investimentos de R$ 10 milhões e produzirá exclusivamente equipamentos adequados para as habitações populares.
Devido ao aumento da demanda, a empresa concluiu há 30 dias a construção de um centro logístico ao lado da fábrica, localizada em São Manuel (SP).

CNI CRIA GRUPO DE DEBATE
A CNI vai lançar amanhã um grupo de debates, o Observatório da Indústria.
O objetivo é criar um espaço de reflexão e discussão sobre as tendências e possíveis trajetórias de longo prazo do setor industrial.
No primeiro encontro, os temas debatidos serão economia de baixo carbono e novos padrões industriais.
O grupo será composto por membros permanentes, que terão a tarefa de propor à CNI os temas a serem discutidos.
O coordenador-geral será Rafael Lucchesi, diretor de operações da CNI. Os resultados farão parte de uma publicação trimestral.

Tríceps e... O Sindicato dos Clubes de SP anuncia hoje uma linha de crédito especial para aquisição de equipamentos de ginástica para academias de clubes. O financiamento foi aberto por meio de convênio com a Abimaq.

...bíceps A associação vai disponibilizar crédito da Nossa Caixa Desenvolvimento com taxa de 0,65% ao mês, prazo de até 60 meses, com 12 meses de carência. Pelo acordo, os equipamentos de "fitness" a serem adquiridos deverão ser fornecidos pelas indústrias ligadas à entidade.

Investimento... O faturamento do setor de capitalização no país cresceu 19,4% neste ano. A receita atingiu R$ 7,7 bilhões no acumulado de janeiro a agosto, segundo a FenaCap (Federação Nacional de Capitalização).

...e sorte "É uma prova de que o setor está mais maduro e que as empresas estão entendendo quais as principais necessidades de seus clientes", diz Helio Portocarrero, diretor executivo da federação.

No ar A Webjet começa a operar voos para Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC) e Ribeirão Preto (SP) ainda neste ano. Para atender a demanda, três novas aeronaves Boeing-737/300 serão incorporadas à frota em 2011.

DORA KRAMER

Reclamações ao bispo 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 20/10/2010

A campanha de Dilma Rousseff faz de conta que descobriu um grande escândalo: a dona da gráfica onde foram impressos panfletos que reproduzem críticas de uma seccional da CNBB à candidata do PT é irmã de um dos coordenadores da campanha de José Serra e também é filiada ao PSDB.
"É indiscutível a relação política da proprietária da gráfica com o PSDB. Os fatos são graves e temos indícios veementes de onde vem a central de calúnias e boatos para atingir nossa candidatura", declarou em entrevista especialmente convocada, um dos coordenadores da campanha do PT, José Eduardo Martins Cardozo.
Deixemos de lado o fato de ter sido identificado o autor da encomenda à gráfica - Kelmon Luiz de Souza, presidente de uma ONG de ultradireita - e imaginemos que a tucana dona do estabelecimento tivesse mandado imprimir os panfletos por iniciativa partidária.
Teria incorrido em ato, no mínimo, antiético ao se apropriar do texto de alguém para atingir outrem. Teria também infringido a lei no tocante a propaganda negativa.
Mas não teria nada a ver com o que realmente incomoda os correligionários de Dilma: a oposição ativa de padres, bispos e pastores.

O PT com toda razão reclama é do prejuízo provocado pelo conteúdo dos panfletos, que lembra a posição do Plano Nacional de Direitos Humanos, assinado por Dilma, em favor da descriminalização do aborto e recomenda voto "somente em candidatos contrários à descriminalização do aborto".

Portanto, essa "central de calúnias e boatos" não está localizada na gráfica, mas no Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que assina o texto, de resto distribuído no último dia 12 em Aparecida durante a celebração do dia da Padroeira do Brasil.

A briga do PT de verdade seria com a CNBB, com o Regional 1 da entidade, com padres e ditos pastores que pregam contra sua candidata aos fiéis. Isso se um partido que concorre a eleições pudesse arrumar uma briga com a Igreja; católica, protestante, pentecostal, seja qual for.

A dona da gráfica entra nessa história como Pilatos no Credo, circunstancialmente.

Por que o PT não reage diretamente contra os autores das pregações? Porque seria pior.

Como não pode reclamar abertamente a quem de direito, o partido infla artificialmente a "gravidade dos fatos", a fim de chamar atenção para a mesma questão e ainda enquadrar a contrariedade de alguns setores religiosos (há outros satisfeitos e apaziguados) no setor de calúnias político-partidárias.

Desvia-se do foco e não atinge o alvo.

Berlinda. A liberalidade com que os institutos de pesquisas transitam entre clientes, candidatos e vice-versa está minando a credibilidade das pesquisas. Talvez mais até que a discrepância entre os números das amostras e os resultados das urnas.

Logo ganharão voz ativa os que defendem a tese de que institutos não podem trabalhar ao mesmo tempo para campanhas e para veículos de comunicação.

Entes votantes. O deputado Chico Alencar discorda do texto de ontem sobre o "voto crítico" do PSOL em Dilma Rousseff, que considerava o adjetivo vazio e dispensável.

Escreve o deputado: "Meu entendimento é outro. O voto vai além do gesto de teclar: pode significar adesão acrítica, expectativa, composição da base parlamentar e até participação na futura administração. O nosso voto "crítico" sinaliza o contrário: independência total e cobrança imediata, dentro dos pontos programáticos que defendemos inclusive ética e transparência republicanas."

Alencar aproveita para criticar a neutralidade de Marina Silva e do PV. Para ele, "declarar voto é obrigação". O caráter secreto existe, aponta Chico Alencar, para proteger o indivíduo. "Marina é ente político. No 2.º turno seria natural ela declarar que votará em branco ou nulo, se for o caso. Não revelar nada é estranho para quem falou tanto em "posições claras" no 1.º turno."

ANCELMO GÓIS

Mão fechada 
Ancelmo Góis 

 O Globo - 20/10/2010

O que se diz nos caixas de campanha é que a Vale tem sido sovina, este ano, na distribuição de dinheiro aos candidatos.

Em 2006, a empresa derramou R$ 25,7 milhões nas campanhas.

Lula, que passou o segundo turno criticando a privatização da mineradora, recebeu a maior doação (R$ 4,3 milhões).

Veja que curioso...

A Vale foi privatizada em 1997 — ano também da abertura do setor de petróleo. Ainda assim, em 1998, FH foi reeleito presidente no primeiro turno.

Aliás, FH ganhou eleições mesmo sendo ateu, depois de ter assumido que já havia fumado maconha e sem nunca ter feito qualquer acordo com igrejas sobre a questão do aborto.

Fora da lei

A Polícia Federal destacou dois delegados para fazer um novo levantamento sobre caçaníqueis no Rio.

Desconfia que haja uma nova geração de bicheiros investindo no negócio.

Dilma beijoqueira

Eufórica com a presença de Oscar Niemeyer, 102 anos, a seu lado, no Teatro Casa Grande, no Rio, segunda, Dilma foi fofa com dona Vera Lúcia, mulher dele: — Espero que a senhora não fique com ciúme. Mas eu dei quatro beijos na careca dele.

No mais...

A participação de gente como Niemeyer, Beth Carvalho (apesar de adoentada), Chico Buarque e Leonardo Boff no ato de apoio a Dilma mexeu com artistas e intelectuais que estavam distantes da campanha petista.

Um mimo para Paul

Acredite. Paul McCartney, que, pela terceira vez, fará shows no Brasil, ficou, na primeira vinda ao país, em 1990, amiguinho de... Collor.

O ex-beatle chegou a ganhar um presente do então presidente.

‘Down no society’

Eder Meneghine, o decorador, foi barrado outro dia na entrada no Itanhangá, o clube grã-fino da Barra, no Rio.

Tinha uma reunião ali com a designer Dulce Goettems, herdeira dos relógios Technos, mas, na entrada, avisaram a ela que Eder estava vetado.

É que...

Há 13 anos, o decorador promoveu ali a festa de debutante da filha de um bicheiro não autorizada pelo clube e só realizada por força de uma liminar.

Foi a explicação dada pela funcionária, que teria sido orientada pela direção.

Só Jesus salva

Trabalhadores credores do Aerus, fundo de previdência da finada Varig, já sem fé nos poderes terrenos, decidiram recorrer aos céus para tentar receber.

Encomendaram para sábado, às 9h, na Ordem Terceira do Carmo, no Rio, missa para orar juntos. Amém.

Ameaça em Sepetiba

Sabe o projeto de revitalização da Praia de Sepetiba, no Rio, assunto ontem aqui na coluna? No início da intervenção, algumas pessoas procuraram a Odebrecht com o aviso de que caberia ao deputado Jorge Babu (chefe político da região, não reeleito este ano) indicar os trabalhadores da obra. A empresa não aceitou a chantagem.

Outra...

Mês passado, um grupo que atuava em Sepetiba na campanha do deputado Carlos Minc, secretário do Ambiente no início das obras, foi agredido por estranhos que estavam num carro sem placa.

O caso foi parar na polícia.

Eu apoio

Pesquisa da UFRJ mostra que a Operação Lei Seca mudou o comportamento do carioca.

No início das blitzes, 12% dos motoristas se negavam a soprar o bafômetro. Um ano depois, o índice caiu para 5%. Agora, só 1,4% se recusa a fazer o teste.

Grande hotel

O empresário Carlos Werneck, do Hotel Marina, está interessado na compra do antigo imóvel do Scala, no Leblon.

Calma, gente

O tempo quase fechou, ontem, numa agência do Bradesco, em Copacabana. Uma senhora com tudo em cima entrou na fila dos idosos e não gostou dos olhares de reprovação.

Irritada, começou a gritar: — Estão me olhando torto por quê?! Eu sou gostosa porque malho! Passei dos 60, mas não fico fazendo crochê, não!

CELSO MING

Eficácia duvidosa 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 20/10/2010

A segunda rodada de providências destinadas a estancar a valorização do real (mergulho das cotações do dólar no câmbio interno) parece mais consistente do que a decidida há 17 dias. Mas tampouco será capaz de inverter a tendência à baixa do dólar.


Em algumas semanas, o Fed (banco central dos Estados Unidos) provavelmente estará colocando nos mercados mais um caminhão de dólares, a ser lançado por meio de operações denominadas afrouxamento quantitativo. Trata-se da recompra de títulos do Tesouro americano pelo Fed, com moeda emitida, supostamente para derrubar os juros de longo prazo e, assim, favorecer a retomada do crédito, do consumo, da produção e do emprego. O efeito colateral será mais uma enxurrada de dólares que tomará o rumo dos países emergentes, inclusive do Brasil.

A primeira reação à decisão tomada segunda-feira pelo ministro Guido Mantega foi de alta do dólar tanto no mercado à vista como no a prazo. Mas, como das outras vezes, é improvável que tenha eficácia. O impacto inicial tende a perder força.

No câmbio à vista, a decisão foi aumentar de 4% para 6% o IOF na entrada de moeda estrangeira destinada a aplicações em renda fixa. Com isso, ficam desestimuladas as operações de arbitragem com juros (carry trade), onde o interessado toma por empréstimo recursos em moeda estrangeira para interná-los no Brasil e, assim, ganhar com os juros mais altos que ainda prevalecem aqui. Se paga um pedágio de 6%, enfrenta uma inflação de 4,5% a 6% ao ano e ainda tem de pagar os juros externos, as operações de até 180 dias ficam inviabilizadas. E podem ficar inviabilizadas as de prazo maior, dependendo de como evoluirão os juros aqui no Brasil.

É uma decisão que tem duas limitações. A primeira é a de que não impede as arbitragens feitas com o dólar que deveria sair e que agora deixará de sair, segmento que também contribui para a valorização do real. A segunda é a de que, se for mesmo do interesse do investidor, sempre haverá jeito de tirar proveito dos juros muito mais altos que prevalecem no País.


No mercado futuro, o governo aumentou de 0,38% para 6,0% o IOF que incide nas operações feitas por estrangeiros destinadas a cobrir a margem de garantia. O pressuposto é duvidoso. É o de que as cotações do câmbio à vista são, em grande parte, formadas no câmbio futuro. Se for relevante, essa medida estará produzindo um efeito indesejado, que é encarecer as operações de hedge no comércio exterior e nos Investimentos Estrangeiros Diretos. (O hedge é um recurso destinado a livrar quem trabalha com moeda estrangeira do risco de variação cambial.) Como são indispensáveis, muito provavelmente essas operações passarão agora a ser desviadas para o exterior, o que enfraquece a Bolsa brasileira nesse segmento. Parece mais provável que essa decisão seja irrelevante para o efeito buscado.


Em todo o caso, ações táticas dessa natureza podem ter lá sua função numa guerra cambial e num ambiente de alto risco para o aparecimento de bolhas, como segunda-feira denunciou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.


Essas escaramuças contra a excessiva valorização do real não dispensam ação mais profunda. No caso, o problema maior é a diferença entre juros externos (baixíssimos) e internos (altíssimos). Isso significa que é preciso derrubar os juros internos, o que, por sua vez, exige mais equilíbrio das contas públicas para que a dívida possa ser rebaixada.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Em que pé? 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 20/10/2010

E o novo Estádio do Corinthians para a Copa de 2014, como anda? Alberto Goldman não quer mais saber do problema. "O Estado de São Paulo fez sua parte e os projetos de infraestrutura estão encaminhados", avisa o governador.
A CBF, por sua vez, não demonstra maiores preocupações. Trabalha em conjunto com o time e acredita que, logo depois da eleição, o processo deslanchará.


Desespero
Guido Mantega teve sorte no timing do anúncio do novo aumento do IOF na entrada de investimentos estrangeiros e no mercado futuro. É que, coincidentemente, ontem, um dia após a divulgação da medida, o dólar se valorizou no... mundo inteiro.
E assim, quebrando o termômetro em lugar de tratar a causa, a medida pareceu surtir efeito. O buraco, entretanto, está mais abaixo. Ou seria acima? O problema é global.

Fortalecimento
Manuel Felix Cintra Neto e Ney Castro Alves estão acertando a fusão da Associação Nacional das Corretoras com a Associação das Empresas Distribuidoras de Valores.

Nos trinques
Dona Marisa está em São Paulo. Para cortar suas madeixas com Wanderley Nunes, participar de nova rodada de compromissos ao lado de Dilma e pensar na mudança.

Tenta desenhar esquema para acomodar pertences e presentes somados nos últimos oito anos. No apartamento de São Bernardo do Campo e no futuro Instituto de Lula.

Escolhas
Pensando nos viciados da Cracolândia, José Gregori, secretário de Direitos Humanos da Prefeitura, estuda propor nova legislação para quem toma drogas: quer a introdução de internação compulsória.
Ou seja, o dependente químico não precisaria dar sua autorização para tratamento, como acontece hoje.

Palheta
Celso Lafer anuncia hoje, na Fundação Fapesp, detalhes sobre a restauração dos dois painéis Guerra e Paz, de Cândido Portinari.

Expostas na sede da ONU, chegam em dezembro e serão recuperadas para depois integrarem tour pelos estados.

Burrocracia
Os servidores da Secretaria de Controle Urbano estão sem celular funcional, sendo obrigados a usar seus próprios aparelhos durante o expediente. Isso porque o jurídico do Contru cancelou o contrato com a Vivo motivado pela inclusão do nome da empresa no Cadin - Cadastro de Inadimplência. De onde, segundo informa a Vivo, já saiu.

A secretaria estuda agora se reativará o contrato original ou abrirá nova licitação.

Até lá, pagará as contas dos celulares de seus funcionários?

Mi maior
Osesp e Orquestra Sinfônica Municipal de SP trocam figurinhas, pela primeira vez, sobre as respectivas programações em 2011. Arthur Nestrovski e Alex Klein querem evitar sobreposições.

Abarrotado
Dilma recebeu mais de 5 mil denúncias sobre mensagens e vídeos na internet considerados ofensivos à candidata.
Os advogados que cuidam da campanha estão soterrados.

Nuvens
Quem consulta o site da Casa Civil para conhecer um pouco da história de Carlos Eduardo Esteves Lima, ministro interino da pasta, fica a ver navios.
O espaço dedicado à biografia do substituto de Erenice Guerra está simplesmente em branco. E rompendo a tradição, não são mais divulgadas audiências e reuniões do titular da casa.


Na frente

Pedro Assumpção escolheu trazer show do Eminem em São Paulo para debutar com sua GEO Eventos. Dia 5 de novembro, no Jockey.

Roberto Carlos encomendou terno de Ricardo Almeida. Para o show só para mulheres, em novembro, no Anhembi.

Juca Ferreira comparecerá hoje à entrega do prêmio O Melhor da Arquitetura 2010. No Memorial da América Latina.

Copacabana Club faz apresentação de indie hoje, na Gant Session. No Baretto.
Abre hoje, na Galeria Sergio Caribé, mostra de Antonio Hélio Cabral.

Daniella Liu Herzog inaugura, hoje, individual no Dconcept.

Site novo de Vinicius de Moraes entra hoje no ar.

Confusão em Cumbica. Depois de tumulto em um voo da Gol, com destino ao Recife, a Polícia Federal foi acionada e chegou ao avião... uma hora depois. Explicação: muito trabalho para poucos agentes.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Castelo no ar
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/10/10

Embora aposte nos dividendos eleitorais do caso Paulo Preto, pedra no sapato de José Serra, a campanha de Dilma Rousseff teme ressuscitar o assunto Castelo de Areia, operação que atinge o ex-diretor da Dersa e outros tucanos, mas tem também potencial de dano para a aliança PT-PMDB. Dois exemplos: Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci e diretor da Eletronorte, é citado no relatório da PF, e o nome do vice Michel Temer apareceria em planilha apreendida na casa de executivo da Camargo Corrêa.
Na tentativa de evitar retaliações, emissários foram enviados ao QG serrista para dizer que Paulo Preto sumirá do programa de TV. Ontem, isso aconteceu.
Ops! - Os encarregados de tentar acalmar a campanha de Serra esqueceram de combinar ‘com os russos’. Embora ausente do programa de Dilma, o caso Paulo Preto segue no ar em inserção da campanha petista. Suspenso pelo TSE, o comercial incorporou o termo ‘suposto’ à acusação de caixa-dois.
Inseticida - A sede do TSE, em Brasília, permaneceu fechada na noite de segunda para dedetização.
Amigo de fé... - O evento de premiação de Paulo Preto como ‘Engenheiro do Ano’ dissipa qualquer dúvida sobre seu trânsito no tucanato. Além de Aloysio Nunes, que lhe atribuiu o êxito das obras viárias de Serra, o presidente da Assembleia, Barros Munhoz, discursou emocionado: ‘É de gente da sua têmpera que o Brasil precisa’.
...irmão camarada - Na ocasião, ‘PP’ foi às lágrimas ao falar de Aloysio, então chefe da Casa Civil. ‘Sinto o maior orgulho de ter esse ícone da política como amigo’.
Pique-pique - O QG dilmista quer aproveitar o aniversário de Lula, que completa 65 anos na próxima quarta, 27 de outubro, para acrescentar uma dose de emoção à campanha. Até agora, porém, ninguém se mexeu. Estão todos à espera de um sinal da primeira-dama, Marisa Letícia.
Sessão coruja - Apesar do cansaço e da insatisfação com o horário, Dilma deve ir ao debate da próxima segunda, às 23h, na Record. Isso se a emissora confirmar hoje as regras acertadas previamente, entre elas a que impede perguntas de jornalistas.
Cronômetro - A despeito de acreditar que Dilma não reagiu adequadamente às críticas de Ciro Gomes (PSB) ao PMDB mencionadas no ‘Jornal Nacional’, a cúpula do partido contemporizou, argumentando que seria necessário ‘mais tempo’ para uma resposta completa.
Espólio verde - Depois de a viúva de Chico Mendes, Ilzamar Mendes, declarar apoio a Serra, petistas se apressaram em convidar a filha mais velha do ativista, Ângela Mendes, para o evento que reunirá Dilma e ambientalistas hoje em Brasília.
Vaivém 1 - Hubert Al­que­res, diretor da Imprensa Oficial de SP, e Nina Ranieri, secretária-adjunta de Ensino Superior, lideram a bolsa de apostas para assumir a Educa­ção no governo Alckmin.
Vaivém 2 - Paulo Barbosa (PSDB), segundo mais votado para a Assembleia, chegou a ser cogitado para a pasta. Sua cotação caiu em razão do elo com Gabriel Chalita (PSB), de quem foi adjunto.
Por conta própria - Ao lado do correligionário Paulinho da Força (PDT), o ministro Carlos Lupi (Trabalho) pilota hoje reunião com líderes das centrais sindicais para discutir o reajuste do salário mínimo. O encontro provocou saia justa no governo. O ministro da Previdência e a equipe econômica de nada sabiam e não participarão. 
Tiroteio
Nos debates, Dilma Rousseff é o verdadeiro Vant: Veículo Aéreo Não Tripulado.
DO DEPUTADO JUTAHY JÚNIOR (PSDB-BA), utilizando a imagem desse instrumento de patrulhamento de fronteiras frequentemente citado pela candidata petista para criticar o desempenho dela nos confrontos com Serra.
Contraponto
Meus sentimentos
O presidente do DEM, Rodrigo Maia, assistiu à entrevista de Dilma Rousseff na bancada do ‘Jornal Nacional’, anteontem, na companhia de correligionários e de aliados do PSDB. Quando William Bonner mencionou os ataques de Ciro Gomes (PSB) ao PMDB, e a petista, em sua resposta, não fez nenhum esforço para defender o partido de seu vice, Maia brincou:
- Vou mandar torpedos de solidariedade agora mesmo para o Temer e para o Moreira...
Em tempo: Moreira Franco é sogro de Maia.

ANDRÉ MELONI NASSAR

Terras agrícolas na alça de mira
André Meloni Nassar 
O Estado de S.Paulo - 20/10/10


Com a subida dos preços das commodities agrícolas em 2008 e 2009, voltou à ordem do dia o tema da segurança alimentar, ou seja, da exposição de países consumidores e importadores à elevação dos preços dos alimentos e do receio da sujeição aos interesses dos países produtores que passaram a adotar políticas de restrição às exportações. A reação de diversos governos de países que se julgavam expostos a esta nova fonte de "insegurança" alimentar foi anunciar o interesse em investir em compra de terras. Nasceu, assim, a expressão "arresto de terras agrícolas" (farmland grab), como reação aos efeitos negativos que essa maior procura por terra traria aos países com terra disponível.

O tema não ganhou grande visibilidade aqui, no Brasil, porque não vivemos problemas de segurança alimentar e os investimentos estrangeiros em curso no País não são voltados para esse modelo de mitigar a insegurança alimentar de países compradores. No entanto, embora o arresto de terras nunca tivesse ocorrido no País, o medo da perda de soberania fez o Estado brasileiro decidir por voltar a discriminar entre controle local ou estrangeiro de empresas brasileiras na compra de terras. A pergunta que se coloca aqui é: o que seria melhor para a sociedade brasileira, restringir - ou até mesmo impedir - a compra de terras agrícolas por estrangeiros ou criar instituições e impor exigências que levem os estrangeiros a transferir parte dos seus ganhos para as comunidades locais e o Estado brasileiro?

Interpretando os dados do estudo do Banco Mundial Rising Global Interest in Farmland: Can it Yield Sustainable and Equitable Benefits? (Interesse Global Crescente em Terra Agrícolas: Pode ele Trazer Benefícios Equitativos e Sustentáveis? - em tradução livre), chego à conclusão de que a segunda alternativa é a melhor para a sociedade brasileira.

O primeiro elemento que dá suporte a essa conclusão é a análise sobre disponibilidade de terra para agricultura. Utilizando uma metodologia bastante defensável, baseada em sensoriamento remoto, critérios de aptidão (presença de chuva, permitindo uma agricultura sem irrigação) e combinação com dados secundários, o estudo estima a área disponível por país para expansão da produção, separando-a em áreas ocupadas com florestas e não ocupadas com florestas. Como era de esperar, o estudo recomenda a expansão em áreas aptas e disponíveis não ocupadas com florestas.

Dentre os 40 países analisados, Sudão (46 milhões de hectares) e Brasil (45 milhões de hectares) dividem o primeiro lugar em disponibilidade de terras aptas para agricultura, não cultivadas e não ocupadas com florestas. Em grandes regiões, a África subsaariana está em primeiro lugar, seguida da América Latina e do Caribe e, em terceiro lugar (mas com 60% menos) vem a Europa do Leste.

O estudo faz ainda uma análise por atividade agrícola com ênfase em milho, soja, trigo, cana-de-açúcar e dendê. Detalhando a análise por país e atividade agrícola, observa-se que o Brasil é o país com mais área disponível no mundo para soja e cana-de-açúcar e o segundo no milho. No total destas atividades, o Brasil encabeça a lista dos países com 41 milhões de hectares. Países como Rússia e Ucrânia, juntos, têm montantes semelhantes aos do Brasil, mas com aptidão concentrada em trigo e, portanto, com menor flexibilidade do que o caso brasileiro.

O segundo elemento é a tipologia proposta pelo estudo, que classifica os países cruzando duas informações: montantes de terra disponível e lacuna de produtividade (produtividade atual dividida pela produtividade potencial). Países com mais elevados montantes de terra e menor lacuna de produtividade - dado que maior lacuna indica menor nível tecnológico e, consequentemente, demanda mais investimentos - seriam aqueles com maior capacidade de atrair investimentos e mais preparados para "tirar proveito" desses investimentos. Como regra geral, os países da América Latina estão no grupo de maior disponibilidade e menor lacuna de produtividade. Os da Europa do Leste estão no grupo de menor disponibilidade e maior lacuna de produtividade. Já os africanos estão no grupo de elevada disponibilidade e maior lacuna de produtividade.

Por fim, o terceiro elemento considerado no estudo é o cruzamento de três variáveis: lacuna de produtividade, razão entre área utilizada para agricultura e área disponível e uma medida de tamanho médio da área cultivada. Países como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai têm a menor lacuna, maior razão e maior tamanho médio, indicando que têm setores agrícolas mais estruturados e consolidados do que os demais países analisados.

Esses três elementos indicam que a propensão dos investidores a apostar no Brasil é elevada, porque o País tem o ativo procurado em abundância; que, atualmente, o Brasil é um dos lugares preferidos para investir, porque resultará na melhor combinação entre valorização do capital e rentabilidade da produção; que existe uma janela de oportunidade que não durará para sempre, porque, no futuro, os países africanos serão preferidos.

O Brasil já se protege nos setores de telecomunicações e financeiro, apenas para tomar dois exemplos, obrigando o investidor estrangeiro a prestar serviços no País e permanecer aqui. Da mesma forma, podem ser criadas medidas que obriguem o investidor em terra a gerar renda e emprego, não concentrar a posse da terra, cumprir, acima da média do setor, suas obrigações ambientais e promover transferência de tecnologia para produtores menos preparados. Com incentivos corretos, o investidor estrangeiro pode se transformar em exemplo para o setor agrícola. São empresas expostas a um risco reputacional não existente no produtor pessoa física individual. O País deveria ter esse personagem como aliado, em vez de tratá-lo como persona non grata.

DIRETOR-GERAL DO ICONE. 

MÍRIAM LEITÃO

Falsas verdades
MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 20/10/10

Ficar repondo os fatos é cansativo, mas é inevitável para quem tem por dever de ofício acompanhar o dia a dia da economia brasileira há três décadas. O que o PT tem dito sobre dívida externa brasileira, por exemplo, é falso, mas parece verdade. O governo anterior de fato pegou um empréstimo no FMI, mas 80% dele foram deixados para ser sacados no governo Lula.

A dívida externa deixada pelos militares foi renegociada por Pedro Malan no começo dos anos 90. Durante as crises cambiais, houve novos socorros do Fundo ao Brasil e a todos os países que enfrentaram esses terremotos.

Em 2002, o cenário foi perturbado pela incerteza política sobre o que seria o governo Lula. A dúvida havia sido alimentada pelo próprio então candidato Lula durante todos os anos em que fez propostas econômicas amalucadas, em que ameaçava um arrasa-quarteirão na famosa frase "contra tudo isso que está aí."

Os detalhes do programa do PT eram ainda piores: não pagamento da dívida externa e interna, ou de uma tal auditoria. Nada disso foi jamais feito, mas naquele momento o governo Fernando Henrique precisou vender títulos indexados ao dólar para o mercado interno e pegar um empréstimo no FMI. Foi esse clima de incerteza que elevou o dólar e por isso a dívida subiu; os investidores tiraram dinheiro do país, as linhas de crédito encurtaram. O objetivo do empréstimo era ter um colchão que permitisseuma transição tranquila para o novo governo.

Na crise de 2008, em poucos meses o dólar subiu de R$ 1,55 para R$ 2,44, as linhas externas de crédito sumiram, o Banco Central precisou oferecer dólares das reservas ao mercado financeiro e empresas foram salvas com empréstimos do BNDES ou Banco do Brasil. Isso poderia ter ensinado ao governo Lula que ventos mudam às vezes, não por culpa do governo. A crise que Lula enfrentou veio de fora, a de FHC naquele final foi motivada pela incerteza da transição.

As autoridades do governo FHC tiveram que garantir que o novo governo respeitaria os contratos e pagaria a dívida. Uma parte pequena foi sacada naquele momento e as outras parcelas foram deixadas para serem sacadas pelo governo Lula, caso ele tivesse dificuldades no início.

Ele teve sim, mas a atuação firme da dupla Palocci e Meirelles afastou os fantasmas que haviam sido invocados pelo próprio PT. Depois que ficou claro que as ideias de centralização cambial, suspensão do pagamento de dívida, fim das metas de inflação e da Lei de Responsabilidade Fiscal não eram para valer, a situação se acalmou. Palocci-Meirelles deixaram claro que não aceitariam a alta da inflação. Na Fazenda, foram elevadas as metas de superávit primário, e no Banco Central, as taxas de juros. Isso era o oposto do receituário defendido em sucessivas campanhas. Mas foi pela firmeza dos dois, e essas escolhas, que a inflação que havia subido de 6% para 12% voltou a cair.

Foi uma história de um país maduro e inteligente, que provou, naquela transição, que um governo de oposição era capaz de arquivar seu antigo programa para manter o que havia sido conquistado no anterior; em que um governo que perde eleição negocia um empréstimo para ser sacado pelo novo presidente. No reducionismo do seu antes/depois, o atual governo emburrece o debate, falsifica os fatos, pega retalhos da história para tecer uma mentira.

Ninguém com um mínimo de honestidade intelectual conseguirá tirar do ex-presidente Fernando Henrique o mérito de ter começado a estabilização comoministro no governo Itamar Franco, e consolidado nos seus dois mandatos. Por ser bem sucedido, o plano chacoalhou toda a economia, quebrou os bancos, criou desafios que o governo FHC teve que enfrentar num contexto de crise externa.

Foi mais fácil para o governo Lula fazer a colheita. Ele encontrou a terra arada, e sementes germinando. Poderia ter destruído tudo, se ouvisse alguns dos seus conselheiros, mas teve o mérito de ouvir os conselhos certos. O país ganhou e pôde passar para suas outras tarefas como a da inclusão social. Mas aí de novo é incontornável em qualquer série histórica ver que a primeira grande queda da pobreza aconteceu entre o final do governo Itamar e o começo do governo Fernando Henrique como resultado do controle da inflação. Como é fácil constatar que uma nova grande queda do percentual de pobres aconteceu no governo Lula. A formação da nova classe média brasileira ocorreu em duas etapas. Todos os dados de patamar de consumo trazem essa história.

Tudo isso não deveria estar em debate por ser matéria vencida, vitória conquistada, etapa cumprida. O Brasil deveria estar pensando em como enfrentar problemas futuros de curto e longo prazo. O dólar derrete e isso afeta a produção brasileira num contexto internacional que tira cada vez mais força da moeda americana. A carga tributária aumentou quase dez pontos percentuais do PIB no período dos governos FHC e Lula, a população envelhece e as mudanças que os dois propuseram na previdência foram esvaziadas pelo Congresso. Como enfrentar isso? Ninguém diz, porque o debate está dominado por falsas questões. 

ROBERTO JEFFERSON

O vale-tudo de Dilma
Roberto Jefferson
BRASIL ECONÔMICO - 20/10/10


O jornalista e historiador Phillip Knightley, após pesquisar o trabalho dos correspondentes de guerra, conclui que, nos conflitos militares, a primeira vítima é sempre a verdade. Nas disputas eleitorais também, por mais indispensáveis que sejam. Na atual campanha presidencial, a verdade foi fulminada em várias ocasiões, mas em nenhuma ocorreu um morticínio como nas pesquisas eleitorais. Emmeio ao "fogo amigo", a campanha da candidata petista parecia avançar sem grande resistência, até que se tornou claro que a vitória já no primeiro turno não estava assegurada.

Com a popularidade nas alturas e sentindo-se invencível, Lula tomou a possibilidade de um segundo turno como uma afronta pessoal, apesar de tudo indicar que seria vencido por sua criatura política. Esquecendo que o Lula vencedor era o "Lulinha Paz e Amor", incorporou o "João Ferrador", personagem do Jornal do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nos anos 1970 cujo bordão era "Hoje eu não tô bom!" Deixou os afagos de lado, decidido a passar o trator por cima de todos que surgissem pelo caminho, destilando ódios e distribuindo insultos e ameaças. Consumada a vitória com sabor de derrota, engatou marcha à ré. Qual Lula atuará publicamente neste final de campanha ainda não está claro,mas uma coisa é certa: contra o Lula, só o Lula.

Se os excessos de Lula ajudaram a levar a eleição para o segundo turno, agora a oposição vai ter de mostrar seus acertos. O que falta ao Serra para suplantar o Dilma-Lula? Teria de dar mais ênfase ao governo de FHC, mostrando, por exemplo, que as privatizações trouxeram benefícios ao Brasil; dizer que na verdade as estatais não são do povo, como querem fazer crer Lula e o PT, mas dos sindicatos e dos partidos políticos e estão na origem da corrupção que estarrece o país.

Muito da popularidade de Lula e o que vinha sustentando a eleição de Dilma é o Bolsa Família (ela recebeu 46,91% dos votos válidos em todo o país, mas em dez estados-oito deles no Nordeste, ultrapassou a marca de 50%, suficiente para vencer já no primeiro turno. Desses dez, nove fazem parte da lista de dez estados com maior abrangência do Bolsa Família", segundo O Globo). De onde se conclui que o primeiro grito não é o da urna, mas do estômago. O voto começa no tripeiro, depois vêm razão e emoção.

Serra precisa insistir ainda em falar sobre o 13º para os beneficiários do Bolsa Família, no aumento de 10% para os aposentados, enfim, dar à cobra o veneno da cobra. O problema é que se Lula tem seu lado "João Ferrador", Serra tem sua parte Ciro Gomes, com sua capacidade incomparável para detonar a própria candidatura.

A campanha para o segundo turno trouxe um Serra renovado. Até seu programa melhorou.

Como uma eleição que vai ser definida nos descontos e os dois times têm jogadores que não resistem à tentação de chutar o adversário na pequena área e na frente do juiz, tudo é possível.O certo é que entramos na fase do vale-tudo-e nisso Dilma conta comum craque.

Se os excessos de Lula ajudaram a levar a eleição para o segundo turno, agora a oposição vai ter de mostrar seus acertos

ALOÍSIO DE TOLEDO CÉSAR

Em dúvidas o calote
Aloísio de Toledo César 
O Estado de S.Paulo - 20/10/10


Uma esperança se acendeu no coração de milhares de brasileiros credores de precatórios judiciais com a divulgação do parecer do procurador-geral da República, Geraldo Murgel, pela inconstitucionalidade da chamada Emenda do Calote, aquela que prorrogou por mais 15 anos o prazo para os pagamentos determinados pelo Judiciário, estabelecendo complicadas regras.

Anteriormente, duas emendas constitucionais já haviam violado os direitos dos credores, ao ampliarem, primeiro, para oito anos e, depois, para mais dez anos o prazo para esses pagamentos. Se persistir a Emenda do Calote, o atraso nos pagamentos em muitos casos poderá levar a até 33 anos de espera.

Entre os precatórios no Estado de São Paulo, há alguns que representam verdadeiro estelionato, porque resultaram de valores estabelecidos em perícias judiciais altamente suspeitas. É o caso, por exemplo, de certas demandas envolvendo áreas localizadas na Serra do Mar. Algumas, mas não todas.

A existência dessas anomalias foi propagada propositadamente pelos governadores e prefeitos. O erro está em que os credores de precatórios são em grande maioria pessoas que litigaram durante décadas para reconhecimento de seus créditos alimentares (salários, pensões em atraso) ou que foram desapropriadas sem nada receber em pagamento (praticamente um confisco, que a Constituição proíbe).

Ainda no Estado de São Paulo, é importante destacar o comportamento do governador eleito, Geraldo Alckmin, o qual, ao assumir esse mesmo cargo em decorrência da morte de Mário Covas, imediatamente começou a pagar os precatórios, cuja fila estava parada havia seis anos. O ex-governador Mário Covas, que conquistou tanta estima e admiração, tinha em relação aos precatórios judiciais uma visão bastante pessoal. Ele se mostrava convencido de que os precatórios envolviam bandalheiras e por isso se mostrou relutante em pagá-los, assumindo a atitude de quitar somente as dívidas que contraía.

Com isso, somando-se 6% de juros moratórios, mais 12% de juros compensatórios ao ano, os valores dos precatórios devidos pelo Estado de São Paulo naquele período subiram a limites assustadores. É nesse ponto que a conduta de Geraldo Alckmin se tornou marcante, porque resolveu enfrentar o problema, dando início aos pagamentos pela ordem cronológica.

Seu sucessor, José Serra, teve o mesmo comportamento e com isso muitos precatórios que haviam sido parcelados em dez anos se encontram parcialmente quitados, restando, variando de caso para caso, parcelas pendentes. Mesmo esses precatórios que haviam sido parcelados estão agora sob a ameaça de novo parcelamento, de até 15 anos.

A Prefeitura de São Paulo também vinha quitando com regularidade os precatórios, porém nos últimos meses, alterando essa linha de conduta, começou a criar incidentes processuais, com o claro propósito de protelar os pagamentos. O prefeito parece ter aprendido a velha tática dos advogados de ganhar tempo empurrando os processos com a barriga.

Não pagar os precatórios é bastante confortável para o administrador público, porque o dinheiro que sobeja pode ser aplicado em obras, que atendem a maior número de pessoas e apresentam resposta eleitoral mais vantajosa. Essa visão equivocada e egoísta torna inútil o trabalho do Judiciário e estabelece enorme instabilidade nas relações jurídicas.

Grande parte dos credores culpa os juízes pela demora nos pagamentos, sem se dar conta de que a decisão judicial é descumprida pelo administrador público, não pelo Judiciário.

Na votação da Emenda do Calote o presidente Lula teve participação, ao determinar que suas lideranças no Congresso Nacional se manifestassem a favor. Ninguém ficou vermelho na hora da votação e muitos até fingiram que estavam fazendo um favor ao País.

O parecer do procurador-geral da República, objeto de editoriais de vários jornais, inclusive do Estado, concluiu pela inconstitucionalidade da lei, por não ter sido obedecido na sua tramitação o devido processo legal legislativo, mas entendeu também ter havido inconstitucionalidade parcial do artigo 97 do Ato das Disposições Transitórias, introduzido pela emenda.

Se for esse também o entendimento do Supremo Tribunal Federal ao julgar a Adin, a declaração de inconstitucionalidade obrigará os governantes interessados a novo esforço perante a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, agora com nova composição. Daí a esperança dos credores logrados.

A inconstitucionalidade apontada pelo procurador-geral, e que já havia sido suscitada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), consiste em não ter sido cumprida pelo Senado a compulsória realização da votação em dois turnos, conforme prevê o artigo 60, parágrafo 2.º, da Constituição federal. O Regimento Interno do Senado, no seu artigo 262, também exige que entre uma votação e outra ocorra um interstício de cinco dias úteis, que não foi cumprido. Ou seja, está de plena conformidade com o que dispõe a Constituição.

No caso, as duas votações no Senado ocorreram no mesmo dia, com apenas horas entre uma e outra - isso porque havia pressa de atender aos anseios de governantes pouco escrupulosos. Tal desvio no curso da votação representa vício insuperável, bem apontado na ação direta de inconstitucionalidade proposta pela OAB. Como houve violação não apenas do Regimento Interno do Senado, mas também da Constituição federal no artigo que exige a votação em dois turnos, dificilmente serão encontrados argumentos para justificar tal inconstitucionalidade.

Enfim, há mesmo esperança de que a Emenda do Calote, pelo desrespeito consagrado aos credores, tenha o destino que merece: os arquivos.

DESEMBARGADOR APOSENTADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Não foi um erro, foi safadeza, falta de respeito pelas instituições” 
SENADOR SERGIO GUERRA (PSDB) E A PESQUISA VOX POPULI DE VITÓRIA DE DILMA NO 1º TURNO

SARNEY DESISTE DA REELEIÇÃO: ‘JÁ DEI MINHA COTA’ 
O senador José Sarney (PMDB-AP), que se recupera em Brasília, disse ontem a esta coluna que não disputará a reeleição à presidência do Senado. “Já dei a minha cota”, afirmou, com a voz ainda um pouco debilitada. Ele retornará ao trabalho nesta quarta ou amanhã “para que vejam que continuo vivo”, brincou. Sobre a arritmia que provocou seus dezoito dias de internação, Sarney admitiu: “tomei um susto danado”.

OUTRO DO PMDB 
Com a desistência de Sarney, o PMDB, como partido de maior bancada, indicará o futuro presidente do Senado. É a praxe. 

DOIS NOMES 
Entre os senadores são “candidatos naturais” à presidência dois ex-ocupantes do cargo: Garibaldi Alves (RN) e Renan Calheiros 
(AL).

AÉCIO QUER 
O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) tentará repetir sua proeza na Câmara, quando se elegeu presidente mesmo sendo um “outside”.

MOVIMENTO 
Em Brasília desde domingo, José Sarney não para de receber amigos preocupados com a sua saúde. Mas agora ele parece bem melhor.

ASSESSOR DE ERENICE TEM BOQUINHA EM FURNAS 
Acusado de extorquir políticos na Casa Civil do Palácio do Planalto, Vladimir Muskatirovic, chefe da gabinete da ex-ministra Erenice Guerra, não ganhou apenas a boquinha no conselho de administração da bilionária Norte Energia, que vai implantar a hidrelétrica de Belo Monte. Ele também é do conselho de Furnas Centrais Elétricas, igualmente indicado pela Casa Civil que foi chefiada por Dilma Rousseff.

A LÍNGUA MUDA 
A polêmica em Portugal é a ofensiva publicitária do chá gelado Nestea, para incluir no dicionário a palavra “Mudasti”, slogan do refrigerante.

GOLAÇO DO COI 
A ex-presidente da Embratur Jeanine Pires vai cuidar da área de promoção das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

ROUSSEFF NO ES 
Guilherme Rousseff não é mais servidor da Polícia Federal. Ele atua na Procuradoria Geral do Estado do Espírito Santo desde maio de 2009.

COMO NOS ANOS 70 
Vai sair caro o factóide encomendado por Lula à Petrobras, dia 28, às vésperas da eleição. Usará helicópteros e apoio de navios da Marinha na visita ao campo petrolífero de Tupi, em ritmo de “Pra frente,Brasil”.

SÓ O COMEÇO 
O factóide de Lula, dia 28, tenta também ofuscar um escândalo que só começa: envolve Valter Cardeal, diretor da Eletrobrás e amigo de Dilma em suposta fraude de 157 milhões de euros em banco alemão. 

À BEIRA DE UM ATAQUE 
O ex-jornalista Franklin Martins, ministro da Propaganda, anda muito desanimado. É que, se Dilma perder, ele terá um ataque de nervos; se vencer também: ela deixou claro que prefere não tê-lo em seu governo.

DESFILE NO TUCA 
O ato de juristas favoráveis a Dilma Rousseff, no Tuca (célebre teatro da PUC-SP), foi organizado para virar autêntico desfile de candidatos a ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga de Eros Grau.

EU, NÃO 
Lula convidou Ciro Gomes para integrar a coordenação da campanha de Dilma, mas só o queria na tarefa de atacar José Serra. Demorou, mas a ficha caiu: Ciro não se sentiu bem no papel.

PAULISTAS BESTAS 
A frase publicada no blog da Dilma foi retirada do ar, mas o jornalista Carlos Brickman a capturou. Era uma referência ao rival José Serra: “Zé Pedágio pensa que os nordestinos são ‘bestas’ como os paulistas”.

DOIS SÉCULOS 
Segunda (25), a partir das 18 horas, a Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP promoverá o lançamento do livro Dois séculos de Justiça, de Flávio Bierrenbach, ministro aposentado do Superior Tribunal Militar e ilustre ex-aluno do Largo de São Francisco.

MILTON PITONISA 
O jornalista Milton Neves acertou na mosca, ontem, quando previu o placar de 2x0 no grande jogo Real Madrid x Milan. Foi ele quem criou palpites sobre resultados de jogos importantes, na rádio BandNews FM.

HERANÇA MALDITA 
Eleição vai, eleição vem, e Lula e FHC se enfrentam de novo. 

PODER SEM PUDOR
O JOVEM CANDIDATO 
Em 1974, plena ditadura, quando o MDB mineiro decidiu lançar como candidato ao Senado o desconhecido prefeito de Juiz de Fora, Itamar Franco, a maior raposa do partido, deputado Tancredo Neves, foi à cidade conhecê-lo melhor, acompanhando-o em uma viagem de campanha. A certa altura, quando a comitiva passava junto a um quartel do Exército, Itamar disparou:?
- Deputado, o senhor tem visitado muito os quartéis??
Tancredo sentiu a estocada, mas em segundos se recuperou com uma resposta que lembraria durante anos:?
- Tenho sim, meu filho. Tenho ido aos quartéis para visitar os presos políticos, jamais para cortejar os generais.?
Itamar passou o resto da viagem em silêncio.

QUARTA NOS JORNAIS

Globo: Lula não cumpriu principal promessa para a Cultura

Folha: PF liga quebra de sigilo fiscal de tucano à pré-campanha de Dilma

Estadão: Dólar sobe 1,32%, mas mercado prevê fôlego curto para alta do IOF

JB: Prefeitura vai tirar vans do Centro

Correio: Partidos nanicos vão fatiar Câmara do DF

Valor: IOF eleva dólar e protege real por tempo limitado

Estado de Minas: Operação estoura venda de remédios falsos em 45 países

Jornal do Commercio: Biológicas destrona Medicina na UPE

Zero Hora: Estudo do TCE expõe deficiências da Educação Infantil nos municípios