segunda-feira, outubro 11, 2010

JOSIAS DE SOUZA

Dilma faz campanha no Santuário de Nossa Senhora

BLOG DO JOSIAS DE SOUZA
FOLHA ONLINE

  Joel Silva/FolhaEm tempos de eleição, a religiosidade aflora. É quando se descobre que a política está infestada de ateus.

Por sorte, é muito fácil identificar os heréticos. Estão todos nas coligações adversárias.

Nesta segunda (11), Dilma Rousseff foi ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida (SP).

Participou da missa das 9h. Percorreu o santuário. Foi ao recanto onde se encontra a imagem da santa padroeira do Brasil.

Depois, em entrevista, justificou o tom azedo que utilizara na noite da véspera, no debate com o antogonista José Serra.

"Esperavam o quê? Que eu não defendesse as minhas posições? Que eu não apresentasse as minhas propostas?...”

“...Que eu não criticasse a visão estratégica dele? Mas o debate é para isso".

Explicou as razões que a levaram a inquirir Serra sobre a tática do boato:

"Eu sempre me recusei a baixar o nível do debate. Passei quase três meses sendo acusada da quebra de sigilo fiscal...”

“...E hoje está claro que quem quebrou o sigilo fiscal foi um esquema mercantilista e corrupto dentro da Fazenda por razões não eleitorais e não políticas..."

"...Eu passei muito tempo calada sobre essas acusações, o tamanho que tinha tomado essa central organizada de boatos...”

“...Eu resolvi tornar isso algo público e compartilhar. Eu não fui na internet e não disse na forma de boato".

Durante a missa, Dilma absteve-se de comungar. Por quê? "Eu prefiro ter essa manifestação –até pode ser uma questão minha— mais recatada".

Questionada sobre sua devoção religiosa, a candidata abespinhou-se:

"Acho que ninguém tem o direito de dizer qual é a minha crença, quem pode julgar sobre crenças e religiões é Deus".

Insinuou que o câncer a aproximou do Padre Eterno: "Eu tive um processo recente e este processo me fez retomar várias coisas que estavam já dentro de mim...”

“...Essas questões dizem respeito a mim e eu não autorizo, não legitimo ninguém a julgar minha crença. Acho que isso é o cúmulo do preconceito".

Na semana passada, Dilma já havia levado sua candidatura para passear num templo religioso, no Rio.

Parece ter dificuldade para virar a página que escreve a crônica da sucessão de 2010 com caligrafia beata.

O diabo é que o histórico da ex-Dilma desautoriza a pose de vítima da candidata. 

Em matéria de religiosidade, a pupila de Lula vem se revelando uma ginasta sem futuro.

Em 2007, durante sabatina na Folha, perguntou-se à então chefe da Casa Civil se acreditava em Deus.

E Dilma: "Eu me equilibro nesta questão. Será que há? Será que não há?"

Em 2009, numa entrevista à revista "Marie Claire", Dilma declarou que não praticava religião nenhuma.

Permitiu-se brincar: "Balançou o avião, a gente faz uma rezinha".

Em fevererio de 2010, já na pele de pré-candidata, Dilma foi inquirida pela “Época”: Uma religião específica, a senhora não tem?

Soou peremptória: "Não, mas respeito".

Decorridos três meses, em maio, já convertida em candidata, Dilma falou à “IstoÉ”. Perguntou-se se era católica.

Dilma deu um salto mortal: “Sou, antes de tudo, cristã. Num segundo momento, católica".

Nesta segunda-feira, a candidata escora a “conversão” no câncer. Agora, é católica de frequentar a missa. Mas não comunga.

O melhor que Dilma tem a fazer é dar um triplo mortal carpado em direção a outro tema.

Primeiro porque a agenda carola não a socorre. Segundo porque o evangelho de uma pessoa que se dispõe a presidir o país deveria ser outro.

FALTAM 5 MILHÕES

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Os dias depois
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J. R. GUZZO

Gente que fica
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RUY CASTRO

Instrumento do amor 
Ruy Castro
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/10/10

Outro dia, na ponte aérea, fui parado no raio-X do Santos-Dumont por estar ‘portando’ um cortador de unhas. A senhora da esteira não perdoou: ou eu voltava ao balcão e despachava o instrumento pontiagudo ou teria de despejá-lo numa caixa destinada a objetos proibidos de entrar em aviões. Para não perder o voo, preferi me desfazer dele. E olhe que era um trim de estimação.
Pois, na sexta última, voltou a acontecer, só que em Congonhas. Desta vez, o objeto que eu ‘portava’ era uma caixa de madeira de 36cm x 39cm, contendo um motor, dois pequenos alto-falantes, um prato giratório, uma haste equipada com um microestilete de diamante, um pino central e várias roldanas e polias. Além de botões de liga-desliga, próprios, talvez, para disparos automáticos, inclusive um chamado de ‘automático’.
Ao ver a caranguejola – tão bem embalada por meus amigos Mercia e Mario Gabbay, que tinham me presenteado com ela –, as duas jovens do raio-X fizeram a esteira ir e voltar enquanto discutiam a finalidade do objeto. O qual poderia ser tudo, desde um instrumento de tortura até uma bomba-relógio ou uma máquina para fins imorais.
Então, perguntaram-me o que era. Respondi: “É um toca-discos Philips, modelo 243, de fabricação alemã. Tem amplificação própria, seu prato gira a 33, 45 e 78 rpm, e é equipado com uma cápsula contendo uma agulha para discos de vinilite e outra para discos de cera de carnaúba e guta-percha”.
As moças nem piscaram. Insisti: “Eu sei, parece arma de terrorista. Mas é um instrumento do amor. Os pais de vocês já namoraram muito ao som desse equipamento”.
Ao ouvir a palavra equipamento, elas respiraram e soltaram a esteira, liberando meu subversivo toca-discos. No qual, desde sábado tenho tocado 78s de Stan Kenton, Lionel Hampton e Spike Jones, fazendo o maior barulho a horas mortas.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Cabo de Guerra 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 11/10/2010

Rebuliço na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Um grupo de alunos e professores organizaram, na manhã de sexta-feira, o Ato por Dilma Presidente. Propaganda eleitoral, segundo a Constituição, é proibida em prédios públicos. O Centro Acadêmico XI de Agosto e o diretor da escola, Antonio Magalhães Gomes Filho, esclarecem que não apoiaram o encontro.
Por outro lado, notórios professores da casa, que fomentaram o ato, dizem que, por não haver a presença de políticos, estariam apenas exercendo seu direito de cátedra.
Mais cultura
A antiga casa da O2 filmes, em frente ao parque Villa-Lobos, se transformará em museu. O Instituto de Cultura Contemporânea surge para abrigar ações culturais e filantrópicas.
Formigueiro
Onde durante anos funcionou a Cooperativa Agrícola de Cotia, no Largo da Batata, SP, surgirá um novo shopping. Com a revitalização da região e o gigantesco fluxo de pessoas que circula por ali, uma incorporadora média planeja o lançamento da "pré-locação" de lojas.
Eu e Deus
Líder da igreja que mais cresce no Brasil, a Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago gravou vídeo com sua biografia. Será distribuído gratuitamente.
Estetoscópio
Desembarcou na Jordânia comitiva do Hospital Sírio-Libanês para fazer um diagnóstico do atual sistema de saúde do país e ajudar na implantar um novo. Na caravana, em parceria com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Riad Yunis e Paulo Chap Chap.


Adriana e Romeu Trussardi Neto têm planos ambiciosos. Depois de abrirem a primeira loja da Trousseau há quase 20 anos, quando ainda eram recém-casados, eles preparam voo mais alto. Negociam com parceiros na Europa e nos EUA para produzir lá fora. Pretendem vender, a partir de 2011, roupas de cama e banho nos centros sofisticados de Milão, Paris e NY. "Há muito tempo estamos planejamos este salto e chegou a hora", explica Romeu. O fôlego do casal vai mais longe. Começa também a tirar do papel uma linha voltada exclusivamente para hotéis.


Responsabilidade social

Equipe do Ministério da Saúde desembarca em Porto Príncipe, dia 25, para missão nobre. Treinará 2 mil agentes comunitários e 500 técnicos da ilha. O objetivo é ajudar o Haiti a montar uma rede básica de saúde.
Tesouradas do bem. Wanderley Nunes e mais 40 profissionais cortarão as madeixas de 400 pessoas no projeto Verdescola, em São Sebastião. Amanhã.
O Ateliê Oral dá exemplo de solidariedade. Atenderá de graça 80 idosos do Projeto Velho Amigo. Amanhã.
O Consulado da Mulher, ação social da Cônsul, ajudará mulheres de baixa renda do Guarujá a montar uma lavanderia solidária.
O Itaú Unibanco avisa: distribuirá 8 milhões de livros infantis pelo seu site.
O Extra preparou surpresa para os pequenos atendidos pela CEI Pingo de Gente: um caminhão carregado de brinquedos e produtos de higiene. Com entrega no Dia da Criança.
A Alcoa promove, em outubro, Mês Mundial de Serviços Comunitários. Seus funcionários participam de maratona de ações voluntárias.
A Drogaria São Paulo em sintonia com o meio ambiente. Está distribuindo coletores de pilhas para os clientes.
A Fundação Cafu comemora. Ganhou apoiador de peso: a Esser Incorporações.
O Spoleto fechou parceria com o GRAACC. Incentivará a doação de créditos da Nota Fiscal Paulista para o tratamento de jovens com câncer.


Detalhes nem tão pequenos...
1. Não ladram nem mordem. Só enfeitam a casa do decorador.
2. Os pertences bem protegidos pelo abraço de um urso. Ecológico, que fique bem claro.
3. O som da festa em loja nos Jardins não era gospel. Mesmo assim, estava bem guardado.
4. Cenário pronto para a pianista da família Zogbi.
5. Na festa tinha gente dando uma mãozinha: "Tomara que não caia". Deu certo.
6.Ela nem se importou com o vaivém dos convidados. Apenas relaxou em seu banho de lua.

MÔNICA BERGAMO

A atriz Fernanda Souza
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/10/10

Fernanda Souza, a Thaísa da novela "Ti-Ti-Ti", é a capa da revista "Corpo a Corpo" que chega às bancas hoje. A atriz conta que mantém a forma correndo na praia "com um cinturão que me liga a um elástico, na outra extremidade. Enquanto eu puxo para um lado, ele vai para a direção contrária". O corte de Fernanda, assinado por Marco Antonio di Biaggi, foi um dos mais procurados pelos telespectadores na Globo em setembro.

VIDA LONGA A TIRIRICA
A investida do Ministério Público para provar que Tiririca é analfabeto e cassar seu mandato de deputado está gerando surpreendente indignação em políticos de oposição à coligação que o elegeu. Um deles, o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), pensou até em escrever e divulgar texto com o título "Em Defesa do Mandato de Tiririca". "Ele disputou, ganhou. Se o povo quer votar em um analfabeto, qual é o problema? Se quer votar em um palhaço, qual é o problema? Querem tirar o mandato do Tiririca no tapetão."

JOGO JOGADO
Madeira, que não se reelegeu, defende mudanças na legislação eleitoral e diz que vai se integrar a organizações que defendem o voto distrital. "Mas o Tiririca jogou dentro das regras do jogo." Sobre o fato de a Constituição não permitir a eleição de analfabetos, ele diz: "A Constituição está errada. Isso tem que ser mudado".

ELES LÁ, EU CÁ
O promotor Maurício Lopes, autor das denúncias contra Tiririca, diz que "pouco me importa a opinião de deputados. Se eles quiserem, que mudem a Constituição. Não farei esse debate. Eu não sou deputado nem eles são juízes e promotores".

LIÇÕES DE RUTH
Da socióloga e ex-primeira-dama Ruth Cardoso, mulher de Fernando Henrique Cardoso, morta em 2008, respondendo a uma pergunta sobre o aborto feita a ela no programa "Roda Viva", em 1999: "Eu acho que se deve garantir o direito às mulheres de usarem ou não essa possibilidade. Isso é um direito que as mulheres têm, mas não uma imposição".

LIBRIANOS EM FESTA

A estilista Lethicia Bronstein Pompeu e Marcos Campos, um dos donos da boate Disco, decidiram comemorar seus aniversários reunindo amigos no bar Número, nos Jardins. Entre a turma que passou pelo local para cumprimentar os aniversariantes estavam os empresários Carlos Rodenburg e Marcus Elias.

DESCANSO ADIADO
O segundo turno pegou o cabeleireiro Celso Kamura, de Dilma Rousseff (PT), de surpresa. Ele teve que cancelar uma viagem a Paris. E algumas clientes do salão estão sendo encaminhadas a assistentes quando Kamura tem que se dedicar à petista.

SINTONIZANDO
Gilberto Gil será a estrela da festa de dez anos da rádio carioca MPB FM, no dia 13, no teatro Tom Jobim, no Rio. Erasmo Carlos, Lenine, Maria Gadú e Zeca Pagodinho subirão ao palco com Gil.

FRANCÊS MODERNINHO
Zevs (pronuncia-se Zeus), o artista de rua francês que faz intervenções em fachadas de lojas e outdoors, vem ao Brasil em novembro para o evento "Pense Moda", na Faap. Ele já foi preso por desenhar um logo estilizado da Chanel em uma loja Giorgio Armani de Hong Kong.

NO RANCHO FUNDO
André Ristum dirigirá a parte ficcional do docudrama sobre os 40 anos de carreira da dupla Chitãozinho & Xororó, especial de fim de ano da TV Record.

ALÔ, ANOS 80

Fernando Altério, da T4F, recebeu convidados em seu camarote no Estádio do Morumbi durante a apresentação do cantor Bon Jovi. O apresentador Marcos Mion levou a mulher para ver o show.

CURTO-CIRCUITO

O espetáculo musical "Gypsy" tem sessão especial hoje, às 21h, e amanhã, às 17h, no teatro Alfa. Classificação etária: dez anos.

O grupo Belle & Sebastian se apresenta no dia 10 de novembro, a partir das 22h, no Via Funchal. Classificação etária: 14 anos.

Os Trovadores Urbanos farão hoje, às 17h, na rua Aimberê, em Pinheiros, sarau em homenagem a Cartola. As sessões são limitadas a 30 pessoas. Inscrições pelo telefone 0/xx/11/ 2595-0100.

O clube Hot Hot abriga hoje a festa "DJ Marky in Session", à meia-noite. 18 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

ANTES DEPOIS - REVISTA VEJA

ANTES DEPOIS
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RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Pé quebrado 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 11/10/2010

O QG de Dilma Rousseff se preocupa com a situação da campanha em Minas Gerais. Sabe que, para administrar a vantagem da petista sobre José Serra, é fundamental garantir que o tucano não avance substancialmente no segundo colégio eleitoral do país, onde ela venceu por larga margem no primeiro turno.
Ocorre que, não obstante o resultado de Dilma, o exército lulista foi dizimado em Minas. Frustrado na disputa pelo governo, Hélio Costa (PMDB) é um poço de mágoas. E os petistas Patrus Ananias e Fernando Pimentel não param de brigar. Já do lado do PSDB, os vitoriosos Aécio Neves e Antonio Anastasia não se sentem mais tão impedidos de pedir votos para Serra.

Então tá A profusão de menções religiosas na propaganda de Dilma representa uma inflexão no pensamento de João Santana. De início, o marqueteiro resistiu à pressão de políticos da campanha para levar ao programa de TV um dos assuntos que morderam o calcanhar da candidata petista na reta final do primeiro turno.


Matemática Em reuniões noturnas no Palácio dos Bandeirantes, o governador Alberto Goldman (PSDB) analisa com prefeitos aliados de cidades com mais de 200 mil habitantes o mapa da votação de Serra em São Paulo e lhes repassa a meta: elevar a vantagem do tucano sobre Dilma no Estado de três para dez pontos percentuais.

Mais verde Para embalar a corte de Serra ao eleitorado de Marina Silva (PV), o governo tucano turbinará as inaugurações "ambientalmente corretas" até o final deste mês. Programas como o do ônibus a álcool ganharão mais visibilidade.

Enquanto isso O PT de São Paulo assiste com alguma preocupação aos movimentos do campo adversário. A campanha de Dilma no Estado só começou a dar sinais de voltar a funcionar no final da primeira semana do segundo turno.

Pensando bem Observação de um veterano do Congresso: o bordão "pior do que tá não fica", com o qual o campeão de votos Tiririca (PR-SP) causou tanto furor, é menos pessimista que o de Ulysses Guimarães, segundo quem "cada nova legislatura é pior do que a anterior".

Cabeça... Na disputa de bastidores que travam pela presidência da Câmara em 2011, tanto o PMDB quanto o PT já articulam reforços para suas respectivas fileiras. Em movimentação com origem no Rio, o partido de Michel Temer negocia com o PSC a formação de um bloco de 95 deputados federais.

...a cabeça Em resposta, o PT sinaliza a intenção de atrair o PRB do vice-presidente José Alencar para um bloco que teria 96 deputados. Quase sempre, a maior bancada elege o presidente.

Conexões Decidido a se candidatar à sucessão de Michel Temer, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) espera contar com a ajuda do amigo Aécio Neves (PSDB-MG), recém-eleito senador, para angariar apoio entre os deputados tucanos.

Gritaria As declarações de Eliana Calmon, nova corregedora do CNJ, sobre um caso de corrupção na Justiça paulista provocaram reações iradas de magistrados do Estado -e de outros também.

Missão de paz Nesta quinta-feira, Calmon recebe o presidente da associação dos magistrados paulistas, que divulgou nota contra as manifestações da ministra. A entidade quer convidá-la para uma videoconferência, ainda neste mês, na tentativa de aparar arestas.

tiroteio


"É impressionante como o pessoal da direção do PT não atende telefone. Falta material de campanha, e não atendem. Não dá pra ganhar eleição assim."
DO PETISTA LINDBERG FARIAS, recém-eleito senador pelo Rio de Janeiro, relatando dificuldades para trabalhar por Dilma Rousseff neste segundo turno.

contraponto

Fazer o quê?


Coordenador da campanha reeleitoral do irmão Cid ao governo do Ceará, Ciro Gomes (PSB) era puro entusiasmo na festa da vitória, em Fortaleza. Disse que sentia "dor" apenas quanto à derrota de seu padrinho político, Tasso Jereissati (PSDB), que não conseguiu renovar o mandato de senador.
Ao ser lembrado de que, em 2011, tanto ele como Tasso estarão sem mandato, o deputado filosofou:
-É assim mesmo: o tempo passa, o tempo voa. Só a Luiza Brunet continua numa boa...

MARCO ANTONIO ROCHA

O Brasil tem de buscar seu lugar ao sol
Marco Antonio Rocha
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/10/10


Mas talvez... talvez, desta vez, pode ser que o novo governo se sinta estimulado a levar o Brasil para um lugar ao sol, que o destaque no mundo. Afinal, aponta-se tanto este país como sendo "quase" uma bola da vez (a China é a bola), que é o caso de pensar que podemos jogar na 1.ª divisão.

Vários governantes brasileiros encenaram alguns passinhos, na esperança de nos colocar no salão de baile dos ricos, dos que decidem. Todos foram barrados na porta. A última tentativa foi de Lula. Animado com sua própria escalada pessoal, de abóbora a Cinderela, e acusando seus antecessores por terem complexo de vira-lata, pôs-se a viajar para todo o lado, externando, em tom professoral, aos chefes de Estados, seus conselhos, suas experiências de negociador como líder sindical no ABC paulista, admoestando uns, recriminando outros, adulando a terceiros. Nada granjeou para o Brasil que o Brasil já não tivesse, mas levantou poeira, atraiu atenção e algum respeito.

Com o passar do tempo a cartolagem mundial viu que ele não era de nada: apenas um ex-operário que chega a presidente da República - palmas pra ele é o que basta! -, e estamos falados; assim como Obama, primeiro negro que chega à Casa Branca. Nos dois casos, nada demais. Como estadistas, aprendizes que bombaram no fundamental. Se Lula viajar, depois de deixar o governo, os dignatários que visitar vão recebê-lo com: "Vige, lá vem o Lula com aquele lero-lero de novo..."

Mas tudo indica que, desta vez, pode haver condições para um governante brasileiro ser ouvido com mais atenção.

É que nos dois últimos governos - de FHC e de Lula - foram criadas duas plataformas de lançamento que talvez o Brasil possa aproveitar para o seu grande salto à frente, sem o risco do fracasso do outro, o Grande Salto à Frente do camarada Mao Zédong, entre 1958 e 1963, cujo resultado mais espantoso foi a morte, pela fome, de milhões de chineses (o número final total jamais foi estabelecido, mas varia entre 42 milhões e 60 milhões).

As duas plataformas foram: no caso de FHC, a arrumação das contas, com o corolário da Lei de Responsabilidade Fiscal, a estabilidade monetária com o controle do monstro que infernizava o Brasil, a inflação, e o regime de metas na administração da economia. No caso de Lula foi a implantação de uma política de rendas, o Bolsa-Família, a criação do Minha Casa, Minha Vida, com o consequente fortalecimento e ampliação do mercado interno, cuja derivada é a recuperação, na cabeça do povo, da fé em dias melhores - fator que os economistas não sabem como medir, mas que sem dúvida exerce grande influência na dinâmica da formação do PIB.

As duas políticas foram, pode-se dizer, parte de um mesmo processo de racionalização da administração pública e de amadurecimento da vida política no Brasil. Não haveria a segunda sem ter havido a primeira, por mais que os militantes do PT pensem e digam o contrário.

Mas, a partir dessas plataformas - cujo pano de fundo é uma administração conservadora da economia, sem lances exóticos de nenhuma espécie - que garantem certa tranquilidade na frente interna, a inserção do Brasil entre os players internacionais exigirá, agora, outras armas, claramente delineadas e objetivamente conduzidas.

Antes de mais nada, uma estratégia de governo bem definida para o assalto ao lugar ao sol. A China sabe aonde quer chegar, já definiu como fazer, fortalece-se internamente para isso e se movimenta no exterior com o objetivo em mente. A Índia também já traçou sua estratégia para onde quer chegar, e como. Dos famosos e sempre citados Brics, ao que parece, Brasil e Rússia dançam ao sabor dos ventos sem saber direito aonde querem chegar. Nenhum dos dois tem plano estratégico delineado sobre o que pretendem no mundo e do mundo. Para isso, não basta ter "desenvolvimento sustentável", como proclamam os políticos brasileiros. Isso é gíria de político amador. Desenvolvimento sustentável para fazer o que com ele? Essa é que é a indagação fundamental, pois o que um país espera do seu desenvolvimento é força política - a finalidade do desenvolvimento é influir na Política Internacional.

Já o setor privado brasileiro - indústrias, comércio, finanças, agronegócio - precisa ser informado da estratégia, participar da sua elaboração, engajar-se nela e mergulhar firme no mundão de Deus. É imprescindível que tenhamos não uma ou duas, mas várias multinacionais brasileiras, aqui sediadas, batendo caixa no mercado mundial e disputando espaço com competidores. É humilhante ver motoristas brasileiros transitando em carros coreanos, quando há 20/30 anos a Coreia exportava gente esfomeada para cá. As empresas brasileiras precisam se qualificar para entrar no baile, com produtos de ponta, design de ponta, tecnologias de ponta.

As universidades brasileiras, públicas e privadas, têm de ir buscar, onde houver, os melhores mestres, os melhores especialistas, os melhores pesquisadores, a peso de ouro se for necessário, com dinheiro a fundo perdido do governo. Essa história de exigir diploma em escola brasileira para dar aula no Brasil é uma das grandes idiotices a serem vencidas. E é preciso criar bolsas generosas para que os estudantes brasileiros mais qualificados estudem e se diplomem nas melhores universidades do mundo.

Sem essas três coisas, pelo menos, não chegaremos aonde já merecíamos estar. E ficamos apenas com esses programas políticos de síndico de condomínio, desfiados ao longo da campanha eleitoral.

RAUL VELLOSO

Gastos e juros em ascensão
RAUL VELLOSO
O GLOBO - 11/10/10



Sem entrar no seu mérito específico, algo que exigiria uma outra coluna, a evolução dos gastos não financeiros da União desde 1997 mostra uma incrível regularidade: com a honrosa exceção de 2003, quando o então ministro Palocci promoveu um expressivo ajuste, e de 1999, primeiro ano após a queda do regime de câmbio quase fixo e pós acordo com o FMI, os gastos só crescem. Mais do que isso: crescem a taxas cada vez mais elevadas. E o crescimento das despesas que acaba de ser divulgado para 2010 só perdeu para 1998, último ano de descontrole fiscal da fase pré-câmbio flexível.

A outra observação relevante é de que, com exceção dos atípicos 1999 e 2003, em todos os anos do período analisado os gastos cresceram a taxas acima das calculadas para o Produto Interno Bruto (PIB). (Os gastos foram deflacionados pelo índice de inflação adotado na política de metas, o IPCA, e a projeção do crescimento real do PIB em 2010 é a última divulgada no Boletim Focus, do Banco Central - BC.) É claro que no auge da crise de falta de demanda, em 2009, esse aumento superior ao do PIB seria justificável.

Mas isso mostra como, em geral, o peso dos gastos públicos tem subido em relação à demanda agregada total. Entre 1997 e 2010, pelos dados acima, os gastos terão crescido, em termos reais, 135,6%, e o PIB real, 49,3% (ou seja, nesse período os gastos terão crescido quase três vezes mais que o PIB). Dado que a proporção dos gastos correntes - super-rígidos no Brasil - é muito elevada, isso revela, ao final, quão difícil é a tarefa do BC, que não conta com ajuda da política fiscal no combate à inflação e no combate aos déficits externos (quando há secura de capitais externos), tendo de arcar com o ônus político de subir os juros sempre que detecta pressões indesejáveis.

Por mais que, em vários anos, a receita da União tenha crescido acima do crescimento do PIB, o descontrole dos gastos do Tesouro Nacional a partir de 2009 (gastos esses obviamente influenciados pela campanha eleitoral e turbinados pelos novos e gigantescos subsídios de crédito concedidos pelo BNDES) terminará produzindo um aumento sistemático da razão entre a dívida pública e o PIB, trazendo de volta, desnecessariamente, as velhas preocupações com insolvência pública. A subida da razão dívida líquida-PIB ainda não mostrou sua face, porque o PIB em 2010 está crescendo temporariamente acima de sua taxa sustentável.

Nesse contexto, e como já se foram oito meses de resultados fiscais divulgados pelas autoridades, o cumprimento da meta de superávit primário (excedente de caixa antes de pagar juros) global de 3,3% do PIB para 2010, por caminhos convencionais, tende a não se materializar.

A não ser que se crie alguma solução atípica para aproximar, no final do processo, os resultados observados da meta, correndo o risco de abalar a credibilidade da gestão fiscal construída com tanto sacrifício a partir de 1998, quando se deu a crise da Rússia.

Desde o final do ano passado o superávit total vem "rodando" ao redor de 2% do PIB, com cerca de 65% do resultado gerado pelo governo central.

Se este assumir a responsabilidade de cumprir a meta de superávit primário de 3,3% do PIB este ano, ou seja, de fazer o ajuste requerido para tal, ele terá de dobrar seu atual superávit de 1,3% do PIB, considerandose os últimos doze meses, para fechar a brecha existente. Para isso, o seu superávit específico terá de fechar o ano em R$ 91,9 bi, considerandose a projeção oficial do PIB em R$ 3,534 trilhões. Como, até agosto, pelos cálculos do BC, foram gerados cerca de R$ 28,8 bi (média mensal de R$ 3,6 bi), fica faltando gerar R$ 63,1 bi. (ou R$ 15,8 bi em média) até o final do ano, algo que, em princípio, seria de muito difícil implementação.

(O secretário do Tesouro anunciou que o superávit de setembro pode chegar perto de R$ 30 bilhões, por conta da operação de capitalização da Petrobras, o que, segundo ele, será recorde histórico, mas não pôde ainda dar os detalhes.) Um das consequências básicas de processos como o atual é a ocorrência de elevados déficits externos. Como o país vive inédita onda de entrada de capitais, é possível conviver com tais déficits sem maiores transtornos.

(Registre-se que a inundação de dólares decorre em grande medida da lenta retomada do crescimento econômico no mundo desenvolvido, pós-crise do mercado imobiliário, acentuada, no último mês, pela entrada recorde de recursos decorrente da operação de capitalização da Petrobras.) Sabe-se, contudo, que a situação externa tende a se normalizar em alguns anos, quando será difícil financiar déficits externos tão elevados.

Nessa hora, o ajuste do Balanço de Pagamentos com o exterior se dará via subida da taxa de câmbio (o que causa inflação) e via corte da demanda agregada. A se manter a tradicional inércia da política fiscal, o ajuste se dará, em última instância, via aumento da taxa básica de juros do BC, a pior solução em termos de queda de emprego.

RAUL VELLOSO é economista.

DENIS LERRER ROSENFIELD

Política e valores
Denis Lerrer Rosenfield
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/10/10



Independentemente do resultado final das eleições, cabe destacar dois fatos da maior importância: a existência do segundo turno e a reconfiguração da relação entre política e valores encarnada na expressiva votação de Marina Silva.

Lula e o PT foram vítimas da soberba. Acreditaram, com orgulho desmedido, que poderiam vencer as eleições em primeiro turno por mero ato de uma vontade que não precisava reconhecer limites éticos nem mesmo institucionais. O presidente, em particular nas últimas semanas, lançou-se desenfreadamente numa tentativa de eleger a sua escolhida, com total menosprezo a qualquer valor. Só contava o seu poder. Assim, tivemos expressões do tipo "sou a opinião pública", num contexto de ataque à liberdade de imprensa e aos meios de comunicação. Foi o momento subsequente às quebras do sigilo fiscal na Receita Federal de personalidades tucanas e de familiares do candidato José Serra em meio às denúncias de tráfico de influência da ex-ministra Erenice Guerra e familiares. Este último episódio tinha - como se mostrou posteriormente - um potencial explosivo por envolver uma pessoa sem personalidade própria, sendo uma mera criatura de Dilma Rousseff.

Esses dois episódios expõem uma falta de adesão a valores do atual governo, no primeiro mostrando completo desprezo pelos direitos individuais mediante a invasão da privacidade de cidadãos, o segundo exibindo o total descaso com a moralidade pública. São episódios que apresentam uma forma crua de fazer política, como se só contasse a conquista do poder, não entrando em pauta nenhuma consideração de ordem ética. O que fez o presidente? Partiu para matar o mensageiro, ou seja, os órgãos de comunicação e de imprensa que revelaram o escândalo. A inversão foi total. O problema não residia na invasão da privacidade e na falta de moralidade pública, mas nas ações que o revelaram!

Marina foi a única entre os três candidatos que soube recolocar a questão nos seus verdadeiros termos. Enquanto seus adversários se contentavam em mostrar obras, disputando pela competência gerencial, a candidata verde adotou outra via, a de mostrar que política se faz com princípios e valores. Não pretendo entrar no mérito de quais são esses princípios e valores, que podem ser, evidentemente, objeto de disputa, mas mostrar o seu comprometimento com valores, quaisquer que sejam eles. Ou seja, ela colocou o dedo na ferida: política não é apenas administração de obras, mas comprometimento com valores, com discursos de esperança eticamente válidos.

Sua atuação se fez em torno de três grandes eixos valorativos: 1) a moralidade pública; 2) os valores morais, religiosos; e c) a defesa da natureza. Seu conceito-chave foi "conservação". Conservação da moralidade pública, conservação da vida e conservação da natureza. Sob essa ótica, pode-se dizer que ela é uma "conservadora", para além das contraposições entre "direita" e "esquerda", quaisquer que sejam os seus significados.

A moralidade pública foi claramente pisoteada nestes oito anos de governo Lula, permeado por uma série de escândalos, todos caracterizados pela impunidade. Até palavras carinhosas foram utilizadas para acobertar ações criminosas, como nomear os seus autores de "aloprados". Os "companheiros" envolvidos foram preservados, numa lei do silêncio que foi a regra, mostrando cumplicidade e conivência. A disparidade ético-política foi total, pois o governo petista se colocou em clara contradição com a bandeira-mor do PT oposicionista, a ética na política. O Erenicegate recolocou na ordem do dia a moralidade pública em função de todo esse histórico, atualizado numa pessoa de confiança de Dilma. Num dos debates, Marina enfrentou publicamente esse problema, enquanto Serra sobre ele fez silêncio na ocasião.

A questão do aborto, que tanto mobilizou os setores mais conservadores da Igreja Católica e das igrejas evangélicas, exibiu também o seu comprometimento com valores morais. Não podemos esquecer que a opinião pública não se faz somente pela televisão, pelo rádio, por jornais e revistas, mas também pelo que é transmitido dentro dos recintos e espaços religiosos, por padres e pastores. Numa vida pública que expõe a falta de valores e o pouco apreço pela vida privada e pela família, a candidata verde soube galvanizar em torno de si valores morais e religiosos. Pode-se discordar deles, porém não pôr em questão a sua autenticidade.

O PT, por sua vez, foi de uma superficialidade completa a esse respeito, pois em seu PNDH-3 defendeu claramente o aborto, como se fosse uma questão já resolvida, que careceria apenas de encaminhamento legislativo. Dilma foi na mesma linha, embora tenha, no último momento, recuado diante do prejuízo eleitoral. A questão dela foi eleitoral, e não moral, religiosa, o que Marina soube capitalizar.

Discorde-se ou não das posições de Marina Silva quanto ao que entende por defesa da natureza, forçoso é reconhecer que ela soube erguer essa bandeira e sustentá-la publicamente. Embora sua atuação ministerial se tenha pautado por tentativas de inviabilizar a pesquisa de transgênicos na CTNbio e de dificultar ao extremo a construção de hidrelétricas, num país ávido por valores e princípios, ela soube se forjar uma figura política, ética. Defensora da conservação de florestas, em particular da Amazônia, ela introduziu um lema que permeou a opinião pública urbana. Apresentou uma adesão a princípios que contrastou fortemente com seus opositores.

Sua agenda política destoou das demais, preenchendo um vácuo da vida pública nacional, em que os valores morais pareciam ter desertado por conveniências eleitorais. Recuperou uma dimensão recentemente esquecida da política entre nós.

Eis por que também dificilmente assumirá compromissos eleitorais com Serra ou Dilma, pois esse tipo de capital não pode ser transferido.

PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS.

A. P. QUARTIM DE MORAES


Tiririca, populismo e despolitização

A. P. Quartim de Moraes
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/10/10



O desempenho eleitoral de Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como o palhaço Tiririca, tem sido avaliado com certa indulgência por analistas e cientistas políticos. Seria apenas uma "manifestação de protesto" do eleitorado. Muitos desses analistas chegam a lembrar, numa comparação só aparentemente pertinente, que em São Paulo mesmo, nos anos 50, o rinoceronte Cacareco obteve votação maciça para vereador.

Manifestação de protesto, especialmente numa eleição, é ato eminentemente político. Pressupõe consciência da adequação do meio ao fim que se pretende alcançar. O que pode existir de político no ato de votar num candidato que assumidamente não tem a menor ideia do que sua investidura poderá significar? Numa pessoa visivelmente manipulada por dirigentes partidários espertalhões? Pode ser muito engraçado eleger um palhaço para esculhambar um Poder da República que cada vez menos se dá ele próprio ao respeito. Mas não é nada engraçado verificar que palhaçadas acabam resultando quase sempre em decisões parlamentares que pouco ou nada têm que ver com os verdadeiros interesses dos eleitores. Quando, nos anos 50, dezenas de milhares de votos foram dados ao Cacareco, o pior que aconteceu foi o desperdício desses votos, obviamente, anulados. Agora, a enorme votação do Tiririca acabou elegendo pelo menos mais três deputados da mesma coligação que por si sós não teriam chegado lá.

Não é impossível, claro, embora não pareça provável, que o futuro deputado em questão venha a revelar verdadeiro espírito público e se transformar em valoroso representante do povo. Mas o fato é que o voto em Tiririca nada teve que ver com protesto. De consciente pode ter tido, no máximo, a intenção do deboche. No resto, é pura despolitização, falta de informação, ignorância. É um tiro que o eleitor alienado deu no próprio pé.

Esse fenômeno é exemplar da grave despolitização que se alastra pelo País desde o advento do populismo lulista no poder. Como nosso presidente tem origem humilde e está blindado pela cultuada imagem de "homem do povo", torna-se quase impossível criticá-lo sem cometer grave ofensa ao povo. Convém começar, portanto, pelos elogios: o governo Lula, sem a menor sombra de dúvida, tem feito o País andar para a frente, tornar-se melhor, no sentido de mais próspero, durante os oito anos de seus dois mandatos. Para citar duas realizações mais relevantes, entre si fortemente relacionadas: a aceleração do desenvolvimento econômico, unanimemente confirmada por todos os indicadores disponíveis e, até mais importante, consequência da anterior, a incorporação de muitos milhões de brasileiros antes marginalizados ao mercado de consumo. Há, portanto, muito menos gente passando fome e muito mais desfrutando os benefícios do progresso no Brasil de hoje. É claro que isso tudo é o resultado de um trabalho que começou muito antes de Lula se tornar presidente - a tal "herança maldita" -, mas é inegável seu grande empenho e seu êxito na aceleração e no aprofundamento dessas realizações. Por esses feitos meritórios o Brasil e este escriba rendem justa homenagem à ilustre figura.

Mas o que não conseguem enxergar os adoradores de Lula encharcados do mais piedoso sentimento de amor aos pobres - com os cínicos e oportunistas nem adianta argumentar - é que indicadores econômicos positivos estão longe de ser suficientes para demonstrar desenvolvimento pleno, econômico e social. Tão importante quanto dar de comer a quem tem fome é criar condições para que o faminto tome consciência de que tem o direito não apenas de receber a benesse de um prato de comida, mas de obter o próximo prato por seus próprios meios, como exige sua dignidade de ser humano. Essa é a verdadeira conquista social, porque dela o homem é sujeito, não mero objeto, como não se cansava de repetir o mestre Franco Montoro. Esse é o verdadeiro progresso. O resto é assistencialismo inconsequente ou, pior, oportunista.

Consciência cívica se adquire não apenas pela educação - que mesmo no Brasil mais desenvolvido continua sendo um enorme problema -, mas também pelo exemplo que vem de cima. E é aí que a coisa pega. É aí que o governo Lula significa despolitização, retrocesso. Pois se o próprio presidente se acha no direito de desmoralizar as principais instituições republicanas ao tentar subjugar o Congresso Nacional e o Poder Judiciário, aparelhar partidariamente o Estado, ridicularizar a Justiça Eleitoral, tentar desmoralizar os tribunais de contas, ameaçar partidos oposicionistas de "dizimação", tratar com absoluta indulgência os companheiros notoriamente envolvidos em corrupção, atacar a imprensa porque denuncia essa corrupção, enfim, se o presidente pode - para usar um termo que ele aprecia - avacalhar tudo e todos os que o contrariam, por que não poderia o palhaço Tiririca avacalhar uma eleição se apresentando como "abestado" e fazendo piada com o exercício democrático do voto? Exemplos frutificam.

Civismo, princípios éticos, temperança, compostura por parte das autoridades - principalmente da mais alta de todas - não são "valores pequeno-burgueses" irrelevantes diante do enorme desafio de "governar para o povo". Governos não são abstrações, aparatos impessoais e ascéticos. Governos são os homens que o os dirigem. É a formação desses homens, seus valores, que qualifica os governos. Sem eles não existe verdadeiro desenvolvimento.

Certamente considerações dessa natureza, com todo o respeito humano que lhe é devido, são demais para a cabeça do campeão de votos Tiririca. Mas agora ele será governo, e também como tal deve ser respeitado. E os incomodados que afoguem o inevitável desalento no aforismo cínico de que cada povo tem o governo que merece.

JORNALISTA E EDITOR.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Mistura maior de etanol nos EUA não beneficia Brasil
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 11/10/2010

O provável aumento da mistura de etanol na gasolina nos Estados Unidos não deve impulsionar as exportações brasileiras para o país.
A expectativa do mercado é que até novembro a Agência de Proteção Ambiental norte-americana aprove a elevação do limite de 10% para 15% de adição de etanol à gasolina.
"As exportações brasileiras não devem se beneficiar da medida no curto prazo, já que a produção atual dos EUA será suficiente para atender o mercado", diz Amaryllis Romano, analista da Tendências Consultoria.
Além disso, como o aumento será uma autorização e não medida obrigatória, nem todos os distribuidores farão a mistura com o limite máximo, segundo Romano.
"Apenas no médio e longo prazos, os embarques brasileiros poderão ser beneficiados. A questão será se teremos como atender a demanda", afirma Romano.
A elevação da mistura é um pedido da indústria norte-americana de etanol, cuja capacidade instalada é superior à demanda. Os EUA são os maiores produtores mundiais do combustível.
A produção deve atingir 44 bilhões de litros neste ano, com capacidade de produção de 50 bilhões, de acordo com a consultoria.
As exportações brasileiras do combustível para os EUA cresceram 79% em receita e 40% em volume neste ano, até agosto, em relação ao mesmo período de 2009.

CARGA PESADA

O aumento das vendas de veículos pesados e a colheita recorde da safra de grãos brasileira impulsionaram o mercado de lonas de caminhões.
Com investimentos de R$ 40 milhões, a Drakar, fábrica de lonas e coberturas do grupo Ledervin, começou a operar neste ano e já registra forte crescimento da demanda.
Além das vendas de caminhões novos, que já saem de fábrica com a lona como um acessório original, as trocas e reposições também têm aquecido os negócios, segundo os executivos Frederico Alves de Lima e Laerte Serrano, que estão à frente da Ledervin.
Outra empresa do grupo, a Voga, de forração para móveis, também registra crescimento da demanda.
"O aumento das compras de móveis, principalmente pelas classes C e D, tem impulsionado o mercado", afirma Serrano.
O grupo Ledervin projeta faturamento de R$ 350 milhões para este ano, com aumento de 30% sobre o ano anterior.

Gelada... O preço da cerveja consumida em casa caiu 0,92% em setembro, ante a alta de 0,45% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrado no mesmo período.

...na inflação Embora o setor de alimentos e bebidas tenha sido o principal responsável pela inflação, a cerveja doméstica puxou o índice para baixo. A inflação anual do produto é negativa, ficou em -2,14%, ante o IPCA de 3,6%.

Na frente... O Brasil é líder no uso da tecnologia "smart grid" (transformação da rede elétrica em rede inteligente) na América Latina, segundo o Fórum Latino-Americano de Smart Grid.

...do grid Enquanto os países vizinhos têm dificuldades, no Brasil, a estimativa é que até 2013 as concessionárias tenham em seus planos de investimento cerca de R$ 4 bilhões em projetos relacionados à tecnologia.

Pernambuco e Rio são destaque da indústria têxtil em agosto

As indústrias têxteis de Pernambuco e do Rio de Janeiro voltaram a apresentar, em agosto, o melhor desempenho do setor.
Com um crescimento mais elevado do que no mês anterior, a produção subiu 23,5% e 15,5%, respectivamente, segundo dados do IBGE.
Forte exportadora, a indústria têxtil pernambucana foi uma das que mais sofreram com a crise no ano passado. Estados Unidos e União Europeia, seus principais compradores, diminuíram as encomendas.
O desgaste sofrido explica a forte recuperação atual, segundo a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).
Apresentaram retração as indústrias do Ceará (-4,3%) e de Minas Gerais (-1,5%). A média no país foi de 3,8%.

PÉ NA ESTRADA

A agência baiana de publicidade Propeg quer estender seu modelo de atuação descentralizado. A empresa há 45 anos começou a operar em Salvador e depois abriu escritórios para atender em Lauro de Freitas (BA), Fortaleza, São Paulo e Brasília.
"Como nascemos na Bahia, tivemos que sair para outros Estados à medida que ganhávamos clientes. Fomos formando uma gestão de unidades sem conceito de matriz", conta Fernando Barros, presidente da agência.
Em Lauro de Freitas, atende seu maior cliente, a Máquina de Vendas e a baiana Insinuante. Abriu unidade em Fortaleza para cuidar da conta do M. Dias Branco e agora se prepara para chegar ao Rio de Janeiro, antes da Copa.
"Talvez, no Rio, a agência chegue antes de ter um cliente expressivo, devido aos grandes eventos", diz. A empresa faturou R$ 315 milhões em 2009.

ANCELMO GÓIS

O Rei na rede 
Ancelmo Góis 

O Globo - 11/10/2010

A empresa americana PayArtists, que monitora na internet sites que baixam músicas sem pagar direitos aos artistas, procurou o empresário de Roberto Carlos, Dody Sirena.

Avisou que, em análise recente dos artistas mais “baixados” no mundo, o Rei ficou em 6o.

Isso quer dizer...

É dinheiro, muito dinheiro que deixa de entrar na conta de Roberto.

Dody, em nome do Rei, autorizou a empresa a ir atrás e cobrar.

Caixa de campanha

A campanha de José Serra, que tinha virado o mês, de setembro para outubro, devendo uns R$ 30 milhões, voltou a receber recursos depois que o tucano chegou ao segundo turno.

O caixa da campanha de Dilma Rousseff também não deve estar mal.

Afinal...

Tem endinheirado que é coerente, não muda nunca de opinião.

Haja o que houver, aconteça o que acontecer... está sempre com os favoritos — sejam eles quem forem.

No mais

Setores do PT, não são todos, andaram endeusando as “novas mídias” por promoverem o “diálogo direto do governo com o público sem a intermediação da velha mídia”. Mas foi na “nova mídia” que Dilma foi alvo das maiores baixarias.

Boa parte da internet, pelo menos no país, é espaço sujo, leviano e a serviço de covardes.

Clube do milhão

Pelas contas do Banco de Dados do Filme B, o IBGE do nosso cinema, mais de 1 milhão de pessoas assistiram a “Tropa de elite 2” no fim de semana.

O longa de José Padilha é o primeiro da “Retomada” a ultrapassar esta marca já na estreia.

Nuvem candidata

Está saindo do forno da editora R&F o livro do acadêmico Carlos Nejar “A nuvem candidata à Presidência”.

Trata-se de uma série de crônicas sobre uma nuvem, isso mesmo, que resolve disputar a Presidência. Seus adversários são Dila Mene (apoiada pelo presidente: “Dila sou eu hoje! Dila sou eu amanhã. Sou eu sempre Dila”) e Teodorico Serra (...“não tem carisma. Nem o de um sorriso. Tudo é forçado”...)

Formol...

Numa das crônicas, Nejar narra o surgimento da candidatura de Plínio, trazendo “um socialismo corroído nas ruínas e que parece novo, diante do formol ou espartilho da situação e de certa oposição que não tem ideias”.

Ou seja...

Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas...

não é mera coincidência.

SÃO PAULO dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá... dó — com todo o respeito e carinho ao bairro que completou 138 anos dia 28 último. Veja estes flagrantes da querida Vila, imortalizada nos versos de Noel Rosa, feitos pelo leitor Roberto Reis numa simples volta perto de casa. Roberto desabafa: “Ao cair da noite, estes moradores de rua acordam e investem até com certa violência contra crianças e idosos. O lixo nas calçadas musicais (a das partituras de canções de Noel desenhadas com pedras portuguesas) não é apenas um desafio para a prefeitura, mas um...desafino. O choque de ordem nunca chegou por aqui.” Alô, Eduardo Paes!

Mulher da Luz

Empresários, em parceria com o Disque-Denúncia, vão publicar este anúncio nos jornais.

Darão R$ 3 mil por denúncia sobre o furto, sexta, da escultura Mulher da Luz, na Praça nas Nações, em Bonsucesso, no Rio.

Voo 129

Fabíola Fantinato, 50 anos, acusa quatro agentes do FBI de agressão no voo 129 (HoustonRio), da Continental, dia 2.

Por discutir com a aeromoça, ela passou cinco horas da viagem algemada. Os agentes foram detidos no Rio, mas, diz o advogado Michel Assef, tiraram novos passaportes e partiram.

Chá de fralda

Nasceu ontem, no Rio, às 10h33m, com 51cm e 3,650kg, Pedro, filho de Virna, do vôlei.

Calma, santa

O psicólogo Luiz Ainbinder, autor da pesquisa no site da Rádio Tupi que perguntava se “homossexualismo é doença ou falta de vergonha na cara”, diz que não quis ofender os gays: — Lamentavelmente, houve uma interpretação inesperada.

O objetivo era esclarecer, pela resposta, que homossexualidade não é uma coisa nem outra.

Melhor assim.

Agora vai

A prefeitura do Rio pôs uma placa na Cidade da Música avisando da retomada das obras.

Não é nada, não é nada...

não é nada.

NELSON SANTONIERI

Avaliação e crescimento
NELSON SANTONIERI
O GLOBO - 11/10/10



"Meu professor da sétima série era tão bom que hoje matemática é minha matéria preferida".

Este depoimento foi dado por aluno a uma empresa que fez a avaliação externa do Multicurso Matemática - programa de formação continuada para professores de matemática do ensino médio, cujo objetivo é melhorar o ensinoaprendizagem da disciplina.

A avaliação foi encomendada pela Fundação Roberto Marinho, instituição que valoriza essa atividade como meio de aprimorar os resultados das ações que realiza. Prestar contas à sociedade, identificar as responsabilidades de cada agente e detectar os desafios a tempo de corrigir os rumos é o dever de todos que trabalham pelo maior bem público do país: a educação. A partir da Lei de Diretrizes e Bases - que, em 1996, determinou a obrigatoriedade da avaliação - a cultura da avaliação começou a se consolidar no país. Um ano antes, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) já tinha passado a ter alcance nacional, quando todos os estados participaram do levantamento.

Em 2005, foi criada a Prova Brasil, que avalia estudantes do ensino fundamental das escolas públicas urbanas com mais de 20 alunos na série avaliada.

Na Fundação, a avaliação contempla três momentos: diagnóstico inicial, acompanhamento do processo e análise dos resultados. O trabalho é realizado por empresas e órgãos especializados, com base em práticas metodológicas que são referência na área. No Multicurso Matemática, a primeira fase foi feita em 2008, quando o programa foi implementado na rede pública estadual do Espírito Santo. Em seguida, foram feitas a avaliação em processo e uma aplicação final.

Na primeira fase, 10 mil alunos fizeram um teste baseado na escala de proficiência do Saeb. O resultado mostrou que a média dos estudantes do 1º ano do ensino médio, de 242,56, era muito próxima da apurada pela Prova Brasil entre alunos da 8ª série do ensino fundamental: 243,82. Um ano depois, na 3ª fase, um novo teste mostrou uma melhora significativa na média dos alunos impactados pelo programa: a média passou de 242,56 para 251,50.

No Multicurso Matemática, os docentes dispõem de material didático, fazem seminários, grupos de estudo e trocam experiências no ambiente virtual do programa, que permite troca de e-mails, criação de blogs e chats. A partir da avaliação externa, a Fundação incluiu um curso on-line de trigonometria para professores que haviam relatado dificuldades para ensiná-la.

Tão importantes quanto o programa são as lições que a avaliação nos dá, mostrando a efetividade ou não dos projetos. É um instrumento fundamental da transparência, decisiva para preparar as ações que vão construir a sociedade que queremos.

NELSON SANTONIERI é gerente-geral de Teleducação da Fundação Roberto Marinho.