quinta-feira, setembro 09, 2010

RENATA LO PRETE

Chega pra lá

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/09/09


Segundo Lula, os adversários cometem "um crime contra o Brasil e contra a mulher". Mais "ame-o ou deixe-o" impossível

Encerrada a participação de Lula no horário eleitoral, anteontem à noite, correu pela blogosfera a suposição de que algo teria mudado no quadro desenhado pelas pesquisas. Afinal, só mesmo um sinal de redução da ampla vantagem de Dilma Rousseff justificaria a fala ribombante do presidente contra o "candidato que torce o nariz para tudo" e vive a "caluniar" a petista.
Errado. Talvez o mais interessante sobre a intervenção de Lula, pródiga nos juízos e econômica nas informações (em 2min15s, nenhuma menção a "sigilo fiscal", "violação", "filha" ou mesmo "José Serra"), é o fato de ter sido totalmente "imotivada" no que diz respeito à situação objetiva da disputa.
A despeito de pequenas oscilações nos trackings diários, as curvas não se alteraram e, ao menos por ora, Dilma está tão perto de vencer no primeiro turno quanto há dez dias, quando começou a subir a temperatura do "Receitagate".
Medicação preventiva? Sim, dizem auxiliares do presidente e integrantes do comando da campanha. A ideia seria dar um "chega pra lá" no adversário e conter a escalada do uso do caso na propaganda.
Ocorre, porém, que desde sábado passado o assunto vinha perdendo espaço no programa e nas inserções de Serra, por receio de superdosagem. Na noite de terça-feira, pouco antes da entrada do bloco de Dilma, no qual pontificou Lula, o tempo do tucano foi quase todo ocupado por material biográfico e "propositivo". A história dos sigilos ficou confinada ao segmento final e à voz de um locutor diferenciado.
Quanto ao "chega pra lá", não se trata de uma operação desprovida de riscos. Um deles é o de chamar a atenção de eleitores que vinham passando batido pelos protestos de Serra, pois quem está falando é ninguém menos do que Lula. A atenção pode gerar empatia pela causa de Dilma, mas pode provocar também curiosidade, e eventualmente reflexão, sobre aspectos do problema que o governo não tem interesse nenhum em trazer à tona.
Diferentes relatos dão conta de que o presidente tomou sozinho a decisão de ir à TV. Falou basicamente porque quis. Hoje, enquanto os outros almejam "poder mais", Lula aparentemente pode tudo.
O programa de Dilma, que desde o início do horário eleitoral exibe uma cinematografia de "Brasil grande" -incorporada pela propaganda de Serra nos programas mais recentes-, ganhou anteontem, na voz de Lula e em pleno feriado da Independência, um discurso igualmente "setentista".
Antecedido pela vertiginosa sucessão de imagens aéreas de rios, cânions, plataformas e usinas, o presidente ensinou ao telespectador que os adversários cometem "um crime contra o Brasil e contra a mulher". Quem não está com ele é "da turma do contra". Mais "ame-o ou deixe-o" impossível.
No time de Dilma, é Lula quem arma, ataca e defende. Pode-se argumentar que, nas atuais condições de jogo, ninguém faria melhor. Sem dúvida, mas sempre que ele aparece em todo o seu tamanho, ela, apesar do favoritismo eleitoral inconteste, fica pequena.
Não por acaso, a candidata teve de vir ontem a público afirmar, na contramão dos gestos de seu criador, que é perfeitamente capaz de se defender sozinha.


RENATA LO PRETE é editora do Painel

DORA KRAMER

Presidente partido 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 09/09/2010

No dia da Independência, de broche da Bandeira Nacional na lapela, o presidente da República fez um pronunciamento à Nação no horário eleitoral do PT para desancar a oposição, defender sua candidata a presidente e confundir a opinião pública acerca das quebras de sigilo fiscal na Receita Federal.

Além de deformar os atributos do poder delegado pelas urnas, o presidente eleito para presidir a todos os brasileiros trabalha para um partido (o que é vedado pela Constituição) e se imiscui indevidamente nas investigações em andamento na Receita e na Polícia Federal.

Procurando dar uma feição oficial ao manifesto acusou seus adversários disso e daquilo, mas não contou o caso direito nem entrou em nenhum detalhe sobre o assunto que põe sob suspeita o governo, o PT e a campanha presidencial do partido.

Luiz Inácio da Silva não esclareceu coisa alguma sobre o que está acontecendo, só afirmou que "baixezas" são cometidas contra a candidata a presidente e, de maneira demagógica, estendeu a "ofensa" às mulheres de todo País.

Se a candidata não sabe - ou não pode - se defender, a maioria das mulheres sabe perfeitamente como fazer isso, embora muitas não disponham de instrumentos suficientes e nem todas obtenham êxito.

No caso, a defesa extensiva de sua excelência seria bem recebida não só por mulheres, mas também por homens. Todos os cidadãos que tiveram o sigilo violado na Receita gostariam de ser defendidos por Lula, mas até agora não mereceram atenção das autoridades, preocupadas com a única mulher que ao governo interessa: Dilma Rousseff.

Tirando ela, a necessidade de protegê-la e a ânsia de que o País inteiro "reconheça" que a eleição está decidida antes mesmo de a eleição acontecer, nada mais parece importar.

Ainda há quem se pergunte o que leva a imprensa de um modo geral a dar crédito à denúncia da oposição de que as quebras de sigilo fiscal descobertas até agora, no ABC paulista e no interior de Minas Gerais, teriam como alvo o candidato a presidente pelo PSDB.

Vários fatores: o histórico de conduta, o fato em si (petistas como agentes da violação, tucanos e parentes do candidato como objetos dos atos), o interesse, mas principalmente a atitude dos suspeitos, agora corroborada pela reação direta e pessoal do presidente Luiz Inácio da Silva.

As mentiras e mais recentemente a contundência deixam pouquíssima margem para dúvidas.

Se não sentisse um aroma de perigo no ar, Lula não se incomodaria com o caso. Por muito mais, a crise aérea de 2006/2007, o presidente da República demorou meses até se pronunciar.

Sendo verdade, como diz o ministro da Fazenda - com outras palavras, claro -, que a Receita Federal é uma peneira, natural seria que o governo demonstrasse um mínimo de preocupação com o fato.

Quanto à "coincidência" de na lista constar os nomes da filha de José Serra, do genro, do marido da prima, do ex-caixa de campanha, de um ministro do governo FH e do vice-presidente do partido do candidato da oposição, torna mais grave por força da eleição.

Insuspeito talvez não, mas mais republicano poderia ser considerado o gesto do presidente da República se no lugar de insultos ele dirigisse ao candidato escusas pelos transtornos causados pelo Estado.

Em seguida, anunciasse uma devassa em regra na Receita, mais especificamente na delegacia de Mauá e respectivas ramificações.

Refresco. A candidata Marina Silva provavelmente se considerasse vítima da Receita caso seu sigilo fiscal tivesse sido quebrado.

Portanto, quem teve a privacidade violada pelo Estado não se "faz" de vítima. Por definição "é" uma vítima, independentemente da filiação partidária.

Só para raciocinar: e se o sigilo fiscal violado fosse o de um dos filhos do presidente Lula? E se o caso acontecesse no governo do PSDB?

EUGÊNIO BUCCI

Assessor de imprensa é jornalista?
Eugênio Bucci 
O Estado de S.Paulo - 09/09/10

Tramita no Senado a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33/09, que restabelece a exigência de diploma em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, para o exercício da profissão de jornalista. Essa PEC surgiu no final do ano passado, logo após a decisão do Supremo Tribunal Federal que derrubou a obrigatoriedade do diploma, por entendê-la inconstitucional. O raciocínio que a inspira é bem simples: se a exigência do diploma era inconstitucional, basta, agora, inscrevê-la na própria Constituição e, assim, sua inconstitucionalidade cessará. Para tanto ela modifica o artigo 220 para fazer constar da Lei Maior o diploma obrigatório. Em tempo: a emenda já passou pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal e agora, para seguir em frente, depende da decisão do plenário.

Se aprovada a PEC, o diploma não será apenas obrigatório como era antes: ele será constitucionalmente obrigatório. Mas será que isso resolverá as indefinições que pesam sobre a profissão de jornalista? A resposta é não. A exigência ou a não exigência do diploma é um tópico secundário. O ponto mais grave, hoje como antes, é a definição desse ofício: em que consiste a profissão de jornalista? O diploma será obrigatório para o sujeito fazer exatamente o quê? Esse "o quê" é o ponto central.

Quanto a isso persiste uma confusão que compromete todo o resto. Ainda se acredita no Brasil que jornalistas e assessores de imprensa desempenham uma única profissão. Isso não faz sentido algum, nem aqui nem em nenhum outro lugar do mundo. Desconheço países de boa tradição democrática onde jornalistas se vejam como assessores de imprensa ou vice-versa. Ambas as atividades são essenciais e dignas, por certo, mas totalmente distintas uma da outra. No Brasil, no entanto, são vistas por muita gente como se fossem uma coisa só. Por que fomos cair nessa confusão?

A origem de tal embaralhamento vem da nossa cultura sindical. Como, historicamente, muitos jornalistas profissionais foram migrando, aos poucos, para as assessorias de imprensa, os sindicatos de jornalistas passaram a ter, entre seus associados, contingentes cada vez maiores de assessores. Para não perderem filiados esses sindicatos começaram a representar, de uma vez só, uns e outros. Nasceu assim uma teoria corporativista segundo a qual tanto os repórteres como os assessores de imprensa praticam "jornalismo". Nada mais falso - e nada mais pernicioso para a compreensão do que significa a independência editorial como primeiro dever de todo jornalista. Se um assessor de imprensa é jornalista, a independência editorial deixou de ser um requisito para definição dessa profissão. De acordo com essa novíssima semântica, uma redação não precisa ser independente para realizar a função de imprensa.

Essa teoria se expressa de modo escancarado no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Venho sustentando há vários anos - e venho sustentando isso dentro da Fenaj, à qual sou filiado - que o nosso código está assentado sobre um conflito de interesses insolúvel. Dou aqui apenas dois sintomas desse conflito que o código não consegue - por mais que tente - ocultar.

O artigo 7.º, inciso VI, diz que "o jornalista não pode realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário (...)". Note bem o leitor: o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros proíbe que, como repórter contratado de algum jornal, o jornalista escreva sobre o órgão em que também seja contratado como assessor, mas, e aí está o dado espantoso, o mesmo código admite que o jornalista mantenha duplo emprego, podendo ser repórter num jornal e assessor de imprensa num órgão público, ao mesmo tempo, como se isso fosse normal num regime de imprensa independente.

O outro sintoma: o artigo 12 afirma que "o jornalista deve, ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística". Nesse artigo o código confessa que a ética jornalística não vale sempre, do mesmo modo, para os assessores: os primeiros têm o dever de ouvir todos os envolvidos numa história; os segundos, não. Mesmo assim, a despeito dessa franca distinção, o código pretende valer para ambos os profissionais.

Vale repetir: o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros está assentado sobre um conflito de interesses. A Fenaj, a maior defensora da PEC 33/09, chama assessoria de imprensa de jornalismo. Sintomaticamente, outra vez, a Justificação da PEC, assinada pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), embarca na mesma lógica e corrobora a teoria de que o ofício da imprensa se estende por várias funções, "do pauteiro ao repórter, do editor ao planejador gráfico, do assessor de imprensa ao fotojornalista". Segundo essa lógica, enfim, a assessoria de imprensa, assim como o fotojornalismo ou o planejamento gráfico, é função jornalística.

O maior dano causado por essa teoria é a diluição do conceito de imprensa independente. Essa lógica não realça a função social de fiscalizar o poder que só o jornalismo independente pode realizar. Jornalistas trabalham para que as perguntas que todo cidadão tem o direito de fazer sejam respondidas, enquanto assessores trabalham para que as mensagens que seus empregadores ou clientes gostariam de difundir sejam divulgadas. Essa distinção deveria ser explícita dentro da própria Fenaj e dentro do Congresso Nacional. Aí, sim, saberíamos com segurança para que atividades a Constituição passará a impor o diploma obrigatório.

JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Como nunca antes neste país

EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 09/09/2010
 

Tão profícua tem sido a atuação do presidente Lula na desmoralização das mais importantes instituições do Estado brasileiro, que se torna missão complexa avaliar o que efetivamente tem sido realizado nesse campo, aí sim como nunca antes neste país. Como a lista é longa, melhor ficar nos exemplos mais notórios.
O presidente Lula desmoralizou o Congresso Nacional ao permitir que o então chefe de seu Gabinete Civil, o trêfego José Dirceu, urdisse e implantasse um amplo esquema de compra de apoio parlamentar - o malfadado mensalão. Essa bandidagem custou ao chefe da gangue o cargo de ministro. Mas seu trânsito e influência dentro do governo permanecem enormes, com a indispensável anuência tácita do chefão. 
Denunciado o plano de compra direta de apoio de deputados e senadores, o governo petista passou a se compor com toda e qualquer liderança disposta a trocar apoio por benesses governamentais, não importando o quanto de incoerência essas novas alianças pudessem significar diante do que propunha, no passado, a aguerrida ação oposicionista de Lula e de seu partido na defesa intransigente dos mais elevados valores éticos na política. Daí estarem hoje solidamente alinhadas com o governo as mais tradicionais oligarquias dos rincões mais atrasados do País - os Sarneys, os Calheiros, os Barbalhos, os Collors de Mello, todos antes vigorosamente apontados pelo lulo-petismo como responsáveis, no mínimo, pela miséria social em seus domínios. Essa mudança foi recentemente explicada por Dilma Rousseff como resultado do "amadurecimento" político do PT. 
O presidente Lula desmoralizou a instituição sindical ao estimular o peleguismo nas entidades representativas dos trabalhadores e, de modo especial, nas centrais sindicais, transformadas em correia de transmissão dos interesses políticos de Brasília.
O presidente Lula tentou desmoralizar os tribunais de contas ao acusá-los, reiteradas vezes, de serem entrave à ação executiva do governo por conta do "excesso de zelo" com que fiscalizam as obras públicas. 
O presidente Lula desmoralizou os Correios, antes uma instituição reconhecida pela excelência dos serviços essenciais que presta, ao aparelhar partidariamente sua administração em troca, claro, de apoio político.
O presidente Lula desmoralizou o Tribunal Superior Eleitoral, e, por extensão, toda a instituição judiciária, ao ridicularizar em público, para uma plateia de trabalhadores, multas que lhe foram aplicadas por causa de sua debochada desobediência à legislação eleitoral. 
Mas é preciso reconhecer que pelo menos uma lei Lula reabilitou, pois andava relegada ao olvido: a lei de Gerson. Aquela que, no auge do regime militar e do "milagre brasileiro", recomendava: o importante é levar vantagem em tudo. Esse sentimento que o presidente nem tenta mais disfarçar - tudo está bem se me convém - só faz aumentar com o incremento de seus índices de popularidade e sinaliza, por um lado, a tentação do autoritarismo populista, enquanto, por outro lado, estimula a erosão dos valores morais, éticos, indispensáveis à promoção humana e a qualquer projeto de desenvolvimento social. 
O presidente vangloria-se do enorme apoio popular de que desfruta porque a economia vai bem. Indicadores econômicos positivos, desemprego menor, os brasileiros ganhando mais, Copa do Mundo, Olimpíada. É verdade, mesmo sem considerar que Lula e o PT não fizeram isso sozinhos, pois, embora não tenham a honestidade de reconhecê-lo, beneficiaram-se de condições construídas desde muito antes de 2002 e também de uma conjuntura internacional política e, principalmente, econômica, que de uma maneira ou de outra acabou sendo sempre favorável ao Brasil nos últimos anos. 

Mas um país não se constrói apenas com indicadores econômicos positivos. São necessárias também instituições sólidas, consciência cívica, capacidade cidadã de avaliar criticamente o jogo político e as ações do poder público. Nada disso Sua Excelência demonstra desejar. Oferece, é verdade, pão e circo. Não é pouco. Mas é muito menos do que exige a dignidade humana, senhor presidente da República!

MÔNICA BERGAMO

SERÁ A BENEDITO?
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/09/10 

O Ministério Público entrou na Justiça contra a AAPBC (Associação dos Amigos da Praça Benedito Calixto), que organiza a tradicional feirinha de arte que acontece aos sábados no local. A Promotoria da Habitação tenta uma liminar para destituir a entidade e devolver a administração do evento para a Subprefeitura de Pinheiros. 

CLUBE FECHADO 
A AAPBC é acusada de cobrar uma taxa abusiva dos expositores e de expulsar da praça aqueles que estão inadimplentes. O mesmo rigor, segundo o MP, não se aplica a seus associados, que não precisam pagar para participar da feira. A entidade também estaria usando indevidamente uma área pública, na própria Benedito Calixto, como sede. A associação nega as acusações. A prefeitura diz que não foi notificada. 

CANDELABRO 
Depois de organizar jantar em torno de Marina Silva (PV), em agosto, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) fará na quinta, 16, evento semelhante para o presidenciável tucano, José Serra, e para o candidato do PSDB ao governo de SP, Geraldo Alckmin. Paola e Vivian de Picciotto abrirão a casa para receber os políticos. 

ECUMÊNICO 
A Conib promete fazer, até a eleição, jantares também para a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, e para o candidato do PSB ao governo de SP, Paulo Skaf. Mas ainda não marcou os eventos. 

CESTA POR TATAME 
A ex-jogadora de basquete Magic Paula deixará o comando do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, ligado à Coordenadoria de Gestão do Esporte de Alto Rendimento da Secretaria Municipal de Esportes. No lugar de Paula entra o ex-judoca Henrique Dias. 

SEM PLACA 
O arquiteto Felipe Diniz diz que não irá vender sua casa, no Jardim Europa. O imóvel, que foi sondado pelo empresário Edsá Sampaio, amigo de Ronaldo, para ser oferecido ao craque, acabou sendo descartado pelo Fenômeno. O atacante do Corinthians queria uma casa maior para ele e a família. 

SEM FOLGA 
Alessandra Negrini desembarca em SP no fim do mês, quando acabar as filmagens do novo longa de Karim Aïnouz, ainda sem nome, que está sendo rodado no Rio. Ao chegar, terá pouquíssimo tempo para ensaiar seu próximo trabalho, a peça "A Senhora de Dubuque", que terá direção do ator Leonardo Medeiros e estreia em outubro na capital paulista. 

HORA EXTRA 
De olho nos colecionadores de arte que virão à cidade para a abertura, no dia 21, da 29ª Bienal de São Paulo, 15 galerias vão abrir excepcionalmente no domingo, dia 19, das 12h às 19h. Na lista, endereços como Virgílio, Fortes Vilaça, Leme, Luisa Strina, Vermelho, Millan, Nara Roesler e Marilia Razuk. 

MÚSICA NEGRA 

A cantora norte-americana Lauryn Hill se apresentou anteontem em São Paulo, no Credicard Hall. Alberto Hiar, diretor de criação da Cavalera, e a estilista Lolita Zurita Hannud marcaram presença. 

CHAPA QUENTE 

"NÃO GOSTO DE BAIXARIA" 

Uma caminhada pelo shopping Aricanduva, na zona leste de SP, anteontem, ao lado do candidato a governador Celso Russomanno (PP) provocou uma briga entre a cantora Simony, candidata a deputada estadual pelo PP, e Roberta Maia, filha de Reinaldo Maia, candidato ao mesmo cargo pelo PTC. Roberta acusa Simony de a ter "unhado". No Twitter, Simony escreveu que foi "ameaçada de morte" por assessores de Maia. A assessoria de Celso Russomanno diz que "não está autorizada a falar sobre o episódio". A coluna conversou com Simony: 

Folha - O que aconteceu no shopping Aricanduva? A Roberta diz que você a unhou. 
Simony - É melhor eu te passar pro meu assessor. Mas vou te falar que eu faço várias agendas com vários candidatos, faço direto com o doutor Paulo [Maluf]. E ontem [anteontem] fui chamada pelo Celso. Ele tem meu rádio, meu avô trabalha com ele há 16 anos. No dia anterior eu fui à Festa do Morango de Atibaia com ele e fui bem recebida por outros candidatos, ganhei até caixa de bombom. O Celso me disse que iríamos caminhar eu, ele e Ronaldo Esper [candidato a federal pelo PTC] pelo shopping. 
Achei ótimo, porque é um shopping lotado. Eu nasci na zona leste e a Dirce, minha amiga, mora atrás do shopping. Quando cheguei, vi que ele [Reinaldo Maia] era candidato a deputado estadual, mas vou a vários lugares e nunca tive problema. E só vou quando sou solicitada. 

Você discutiu com a Roberta? 
Ela me disse que eu não podia ficar lá, porque ela tinha fechado o shopping. E eu disse que não iria sair porque o shopping é lugar público. 

A Roberta diz que você a agrediu neste momento. 
Ela me agrediu, e eu chamei a polícia. Ela apertou o meu braço, e os seguranças deles ameaçaram meu assessor de morte. Ela me apertou, e eu me defendi. Imagina, nunca fiz esse tipo de baixaria. Aí pedi pelo amor de Deus para pararem com aquilo, que era uma campanha. Eu falei pro Celso dizer que ele havia me convidado, e ele falou que havia lugar pra todos. Depois meu assessor chamou a polícia, mas decidimos não fazer B.O. pra não prejudicar o Celso. Eles falaram que "iam pegar o meu assessor e o meu avô lá fora". Tivemos que andar com quatro seguranças. 

"A SIMONY ME UNHOU" 

A coluna conversou com Roberta Maia, filha do candidato Reinaldo Maia (PTC): 

Folha - A Simony te agrediu? 
Roberta Maia - Ela me unhou todinha. Ontem [anteontem] tinha um evento do Celso com o Reinaldo [pai de Roberta] no shopping. Eu organizei tudo, pedi autorização. O Celso foi no mesmo carro do Reinaldo. Chegando lá, a Simony estava lá. Eu achei que ela era candidata a federal, nem sabia o que ela era. Só que antes de chegarmos ela já tava dando "piti". 

Por quê? 
Não sei. Ela chegou dando "piti". Toda a estrutura armada era pro Reinaldo e pro Russomanno. Ela chegou e colou do lado do Celso. E depois deu uma de louca falando "quem é esse Reinaldo Maia?". Ele é um cara que faz muito pela zona leste. Agora eu digo: quem é Simony na política? Dizem que em todo lugar que ela vai, dá "piti". Ela saiu até vaiada da Festa do Morango de Atibaia.

A Simony diz que um assessor e o avô dela foram ameaçados de morte. 
Ah é? Nossa! Filha, eu queria saber quais são os projetos dela. Eu já fui na delegacia e fiz meu B.O. Ninguém fez ameaça. 

CURTO-CIRCUITO 

A Galeria Estação inaugura hoje, às 19h, a exposição "Arte Brasileira: Além do Sistema", com obras de Tunga e Nuno Ramos. 

As bandas Fórcepz, Single Parents, Estarte e Locomotrom se apresentam amanhã, a partir da meia-noite, no Estúdio Emme. 18 anos. 

A Comissão de Cidadania e Reprodução lança hoje, no Hotel Tulip Inn, dois títulos da coleção "Democracia, Estado Laico e Direitos Humanos". 

com DIÓGENES CAMPANHA (interino), LEANDRO NOMURA e LÍGIA MESQUITA 

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Suprema ficha
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/09/10 

O plenário do STF está dividido sobre a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, a ser examinada em data ainda indefinida. Quem conversa com os ministros forma a percepção de que pelo menos dois pontos do texto correm o risco de não sobreviver: a aplicabilidade nas eleições deste ano e o caráter retroativo. 
Tenderiam a impor algum tipo de limitação os ministros Cezar Peluso, Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes e José Antonio Toffoli. Do outro lado estariam Ricardo Lewandowski, Ayres Britto, Carmen Lúcia e Joaquim Barbosa. Há mais dúvida quanto ao voto de Ellen Gracie. Candidatos já barrados no TSE aguardam a palavra do Supremo. 


Para ontem Mesmo com o recurso apresentado pelo ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF), não é certo que o STF julgue a Ficha Limpa antes de 3 de outubro. Mas vários ministros defendem que se encontre um jeito de fazê-lo, dado o tamanho da confusão a ser criada por eventuais impugnações decididas depois de conhecido o resultado das urnas. 

Dose única? O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) dizia ontem que, em princípio, Lula não fará nova aparição no programa eleitoral para tratar da reação tucana às violações de sigilos na Receita. A não ser que surja "fato novo". 

"Tranco" Ao comunicar a seus auxiliares a decisão ir ao programa de Dilma, no 7 de Setembro, para responder às acusações dos adversários, Lula avisou: : "Deixa eu dar um tranco neles". 

Onda no lago O presidente achou que deveria "dar uma sacudida" no cenário eleitoral. No PT, considerou-se que: 1) era preciso mudar a agenda da campanha, tirando Dilma Rousseff da defensiva; 2) o recado de Lula tende a mobilizar a "tropa de choque petista". Nas palavras de um colaborador da campanha, "a militância adora este tipo de reação". 

Homeopatia A fala de Lula dividiu os tucanos, e o clima ontem era de incerteza quanto à dosagem da resposta a ser ministrada no programa eleitoral de José Serra. A pressão sobre o candidato aumentou depois da revelação de que também os dados fiscais de seu genro foram acessados pela Receita Federal em Mauá (SP). 

Despedida 1 Lula pediu a subordinados uma lista de obras passíveis de inauguração em 31 de dezembro, seu último dia no poder. A Presidência avalia se promoverá uma maratona no mesmo dia ou apenas uma, simbólica. 

Despedida 2 Entre as possibilidades, consta a transposição do Rio São Francisco. O que ensejou piada nos bastidores: "Como será dia 31, basta encher o canal que o presidente pode pular as três ondinhas por lá", brinca um ministro. 

Sem rateio O TRE-SP descarta redistribuir o tempo de TV destinado a Orestes Quércia (PMDB) entre os outros candidatos ao Senado. Com a renúncia do peemedebista, seus 2m30s migram para a coligação, que só tem um postulante ao cargo, o tucano Aloysio Nunes. 

Trunfo perdido A ameaça de perder parte do tempo para rivais era um dos argumentos do presidente do PPS, Roberto Freire, para advogar o lançamento de Soninha na vaga de Quércia. 

Com sotaque O site da campanha de José Serra na internet, agora sob a responsabilidade do americano de origem indiana Ravi Singh, exibia ontem vídeo sobre a Independência com o slogan "Feliz 7 de Setembro", pedindo ao internauta que digitasse o "seu" senha. 

com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI 

tiroteio 

"O povo está com o presidente. E, se Lula vai à TV defender seu governo das baixarias do Serra, o povo entende bem o recado." 
DE CÂNDIDO VACCAREZZA (PT-SP), líder do governo na Câmara, sobre a aparição do presidente, anteontem, no programa de Dilma Rousseff, para protestar contra as "calúnias" de que sua candidata seria vítima. 

contraponto 

"Tiriricou" 

Enquanto esperava José Serra, no domingo passado, para visita conjunta ao Museu da Língua Portuguesa, Geraldo Alckmin caminhou pela vizinhança da estação da Luz, onde foi abordado por um eleitor: 
-O senhor precisa acabar com a Cracolândia! 
O candidato tucano ao governo não hesitou: 
-Pode contar comigo! 
Mas, ao retornar para a companhia dos amigos, o homem não se mostrou convencido da promessa: 
-Vocês querem saber de uma coisa? Eu vou é votar no Tiririca. "Pior do que tá não fica"....