quarta-feira, setembro 01, 2010

ROBERTO DaMATTA


Da ideologia ao personalismo


ROBERTO DaMATTA

O GLOBO - 01/09/10

O PT foi o partido mais ideológico do Brasil. Ele se estruturava em teses socialistas, mas era também banhado por um lado social-democrata que se ampliou depois que o Lula virou o Lulinha paz e amor e, graças a um marketing genial (a Cesar o que é de Cesar...) penetrou no imaginário dos segmentos elitistas, tornando-se um candidato viável. Pois, como o próprio Lula teoriza, com sua conhecida sensibilidade sociológica, pobre não vota em pobre. Hoje, porém, graças ao que ele dramatiza na sua figura, pobre vota em pobre votado e admirado por seus patrões. Foi essa convergência cultural que permitiu a aceitação do operário candidato radical no operário pleno de paz e amor como presidente.

No primeiro governo havia uma herança maldita, mas os fundamentos do sistema econômico implantado com o Plano Real prosseguiram. Depois veio o mensalão, que implodiu o PT como partido, promoveu um expurgo e uma ascensão dos petistas possíveis.

Agora, debaixo da batuta do único sobrevivente o próprio Lula o partido antes ideológico depende de uma pessoa.

Lula salvou-se a si mesmo invocando, como Cristo, a traição de alguns companheiros que, no mensalão, exageraram a dose, dentro de um sistema político de resto igualmente marcado pela corrupção e antiliberal.

Há uma transformação crucial. O candidato que representava o operariado nacional e era um duríssimo opositor torna-se presidente e, neste papel, ele representa o trabalhador e o pobre. Mas é preciso não esquecer que ele próprio foi um pobre. Ele é a dramatização de si mesmo como um operário sem escolaridade e diploma, como sempre enfatiza, do mesmo modo que provoca dizendo que tem azia quando lê. Mas, como presidente de uma sociedade hierarquizada até o gargalo, ele sabe que pode dizer e fazer tudo quando se mora num palácio. Faz então um governo de coalizão e amplia sem limites as suas bases realizando alianças nas quais os partidos e os movimentos sociais não são mais peçaschaves, mas atores subordinados às personalidades e às relações sociais mais do que políticas dos seus membros e donos.

O universo da casa, das simpatias pessoais, domina a cena e começa a canibalizar o campo econômico em nome de um retorno de um estado forte, que servirá como instrumento de aristocratização. A coalizão compadresca começa a abalar aquilo que o poeta William Blake chamava de moinho satânico, porque o mercado capitalista autorregulado não para diante de ninguém. Menos, é obvio, neste Brasil que se faz e desfaz de tempos em tempos.

No palco nacional, a ênfase no ideológico típica dos movimentos populares é paralisada. E os velhos coronéis da política marcada pelas teias de relações pessoais retornam ao puder. Mas com uma diferença: agora, a esquerda oficial e a direita mais reacionária estão juntas. Formam um time de futebol e o seu técnico e principal craque é o Lula, um misto raro de atacante matador e de goleiro perfeito. No ataque, o PT atua nominalmente ao lado dos sindicalistas e dos empresários fornecedores do Estado estruturado pelo PAC. Na defesa, jogam os sarneys, os barbalhos, os collors os políticos personalistas que governavam na base do aos inimigos a lei; aos amigos tudo! Articulam-se assim, tendo como figura-chave um ator magistral e central um Rei Lear da política nacional.

O velho e bom personalismo que forma a espinha dorsal do nosso sistema social, como eu tenho dito na minha modesta e largamente ignorada obra sociológica, volta a englobar as regras democráticas liberais e as marcações ideológicas.

Com Lula tudo iria mudar e eu mesmo pensei que o governo do PT, como o do Brizola, no Rio, iria realmente promover uma transformação na administração pública. Mas a inércia cultural e a ausência de análise e percepção promoveram o retorno da linguagem da casa, de modo que me assusta (e diverte) ver o fruto de um partido ideológico, como o Lula, criar e impor uma candidata, usando metáforas da casa, da família e do parentesco.

Dilma não vai ser apenas uma presidenta; ela será a mãe inventada pelo Lula, que, como tal, vai cuidar diretamente do povo e não administrar os recursos produzidos por este povo.

Como um bloco de carnaval, demos alguns passos para a frente, mas agora ensaiamos um retorno ao ponto de partida. O que chamei de dilema brasileiro o mal-estar entre leis que valem para todos e as obrigações pessoais que só se aplicam aos amigos faz o seu freudiano retorno. Lula reencarna Getúlio. Mas, diferentemente de Vargas, poderia se quisesse ser aclamado presidente perpétuo do Brasil. Louvo-o por seu desprendimento. Pena que um craque do seu calibre jogue contra uma oposição que joga contra si mesma e, assim, atropela e inviabiliza um liberalismo decente entre nós.

E, sem oposição e uma consciência de limites do poder, vamos ter um longo campeonato no qual haverá apenas um campeão. No esporte isso representa o fim do próprio jogo. Na vida pública, isso significa o fim da política como ação social e o início de um domínio à la Casa Grande & Senzala: repleto de confraternizações e agregados. De vez em quando alguém leva uma chibatada, mas não por mal; recursos serão sempre esbanjados, mas o Brasil é rico. Afinal, como resistir a um personalismo que funda parte do sistema e jamais foi discutido em seus confrontos com o nosso lado liberal e igualitário? Paciência. Só fomos ideológicos para trazer de volta um habitual personalismo que deve eleger este sim é um fato jamais visto na nossa história não uma mulher-presidenta, mas (como quer o Lula) a mãe do Brasil.

ROBERTO DaMATTA é antropólogo.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

O loteamento dos Correios

EDITORIAL
O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/09/10

Excetuados os episódios iniciais do "mensalão", o fisiologismo nos Correios nunca foi tão evidente como agora. O aparelhamento dos Correios resultou na queda do padrão dos serviços postais e na desordem administrativa da empresa. A situação chegou ao limite do suportável - até para o governo - em julho deste ano, depois que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) criou um site que se propunha a ensinar a candidatos como fazer campanha eleitoral. O governo resolveu então demitir o presidente da empresa, Carlos Henrique Custódio. Para substituí-lo foi nomeado David José de Matos, ex-funcionário da Eletrobrás. Em junho, fora dispensado o diretor de Operações, Marco Antonio Oliveira, permanecendo vago o cargo até a nomeação para o posto de Eduardo Artur Rodrigues Silva, conhecido como "coronel Artur", ao que parece apoiado pelo advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula.


Como o coronel era presidente da Master Top Linhas Aéreas (MAT), cuja certificação fora suspensa pela Agência Nacional de Aviação Civil, foi preciso esperar que essa penalidade fosse anulada, o que ocorreu na véspera da nomeação. Mas era conveniente também que o novo diretor de Operações dos Correios tivesse um verniz do PMDB, já que o Ministério das Comunicações pertence à cota do partido. Divulgou-se então que ele era apadrinhado pelo senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Não consta que tenha sido considerado conflito de interesses o fato de a MAT ter sido recentemente contratada pela ECT para transporte de mala postal, como vencedora de uma licitação de R$ 44,9 milhões. Isso foi resolvido em família, sendo a presidência da empresa transferida na undécima hora para uma filha de Artur. Assim, em 2 de agosto, o coronel tomou posse na diretoria dos Correios, tornando-se, simultaneamente, contratado e contratante de serviços postais.
O senador Quintanilha nega a indicação, o PMDB também não a perfilha, a empresa de advocacia de que Teixeira é sócio diz nada ter a ver com o caso e o ministro das Comunicações, José Artur Filardi, diz não ter tido conhecimento prévio da ligação de Artur com o setor aéreo, prometendo uma investigação. Antes bem apadrinhado, o coronel ficou "pagão".
As licitações nos Correios têm obedecido a um padrão, do qual não fugiu a que premiou a MAT. Veja-se, por exemplo, como têm sido complexas as licitações para a renovação de contratos entre os Correios e as lojas franqueadas. A ECT tem 1.415 franquias, que representam 15% dos seus postos de atendimento e respondem por 40% de sua receita. Por decisão judicial, foi fixada a data de 10 de novembro de 2010 para serem realizadas licitações, o que só abrangerá 187 lojas. As demais preferiram recorrer à Justiça, sob a alegação de que os novos contratos não ofereciam remuneração adequada.
Os problemas não param aí. Um concurso para 5.565 vagas, marcado para setembro, foi adiado para o fim de novembro, devendo ser feitas admissões em 2011. Para suprir a falta de pessoal, serão recrutados, segundo Matos, 4 mil funcionários "provisórios". A saída aventada é a adoção de plano de contingência, que poderá custar R$ 550 milhões.
Com os serviços postais à beira do colapso, teme-se que as provas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para 6 e 7 de novembro, não possam ser distribuídas em tempo hábil.
Não há melhor exemplo dos efeitos desastrosos do loteamento de cargos no governo federal do que a crise dos Correios. Há evidente necessidade de uma reforma, que não pode ser conduzida com a distribuição de cargos com endereço certo. Não faltam os que advogam a privatização da ECT, mas, como isto dificilmente ocorrerá, a empresa precisa ser modernizada, sob critérios rigorosamente técnicos, para justificar a sua permanência como empresa pública. Se os Correios continuarem sendo tratados como cabide de empregos políticos, só se pode esperar que a ineficiência se agrave, os serviços se deteriorem e os déficits operacionais sejam ainda mais elevados.

MÔNICA BERGAMO

À FLOR DA PELE 
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/09/10

A atriz Grazi Massafera foi eleita a mulher mais sexy de 2010 pela revista "IstoÉ Gente", que fez festa anteontem, na Daslu. A lista, com outros 49 nomes, conta também com a atriz Christine Fernandes, o modelo, DJ e namorado de Madonna, Jesus Luz, e o capitão do Corinthians, William.

TRILHA MONETÁRIA 

Depois de mirar a sinalização das ruas e a aplicação de multas na Marginal Tietê, a Promotoria da Habitação de São Paulo quer saber qual é o destino de todo o dinheiro arrecadado com as infrações de trânsito na cidade. Questiona se a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) está cumprindo a legislação e investindo os valores em fiscalização, educação de trânsito -e, principalmente, sinalização, tema dos inquéritos recentes do Ministério Público.

TRILHA 2 
A promotora Maria Amélia Nardy considera insuficientes "os R$ 15 milhões previstos para a sinalização neste ano". Diz que a prefeitura arrecada muito mais do que isso com as multas.

VÁRIOS CAMINHOS 
A Secretaria dos Transportes afirma que arrecadou R$ 494 milhões com as infrações em 2009 e que 95% desse valor é investido na melhoria do trânsito -os 5% restantes vão para a União. Prevê que o dinheiro não será gasto apenas em sinalização (R$ 15,5 milhões previstos para sinalizar 350.000 m2 de solo) mas também na renovação de frota da CET, na implantação de ciclovias e na motofaixa da rua Vergueiro.

BÊNÇÃO 
Em sua passagem pelo Brasil, neste mês, à frente da Orquestra Filarmônica de Munique, o maestro indiano Zubin Mehta vai reger também parte de um concerto da Sinfônica Heliópolis.
A apresentação acontecerá no dia 26, na Sala São Paulo. Será a última da orquestra brasileira antes de os músicos saírem em turnê pela Europa, em outubro. Tocarão na Alemanha e na Holanda. 

MUNDO CÃO 
Mesmo depois da suspensão da imunização contra a raiva, em 19 de agosto, o Centro de Controle de Zoonoses de SP continua recebendo em média oito ligações por dia de pessoas cujos cães e gatos tiveram reações adversas à vacina, como convulsão, vômitos e dores locais.

COMO CÃES E GATOS 
No período entre 16 e 24 de agosto, quando o CCZ montou operação especial para o recebimento das ocorrências, foram registrados 2.198 casos, a maioria com gatos (1.655 animais, contra 543 cães). Os números superam de longe os de 2009: no ano passado, foram notificadas reações em 51 cães e em apenas dois gatos. As vacinas estão sendo analisadas pelo Instituto Pasteur para identificar a causa dos incidentes.

MALHAÇÃO 
A banda Dave Matthews Band pediu para a produção do show no HSBC Arena, no Rio, no dia 8 de outubro, instalar uma academia de ginástica no camarim. O espaço terá esteiras, aparelhos de musculação e halteres. Os músicos americanos querem estar preparados fisicamente, já que na última apresentação na cidade, em 2008, tocaram por mais de três horas. 

CURTO-CIRCUITO

Anna Muylaert e Marcelino Freire participam hoje, às 11h, de debate sobre o festival de curtas de direitos humanos Entretodos, no Cinesesc.

Helena Linhares e Cacá Garcia inauguram hoje, a patir das 15h, uma loja da Pelu no shopping Cidade Jardim.

Acontece hoje o recital de Jean-Louis Steuerman, às 21h, no Teatro Cultura Artística. Classificação etária: livre.

A cantora Mona Gadelha apresenta o show "Salve a Beleza", hoje, às 20h30, no Sesc Vila Mariana. Classificação etária: 12 anos.

O restaurante General Prime Burger inaugura uma unidade na rua Oscar Freire, hoje, a partir das 12h.

com DIÓGENES CAMPANHA (interino), LEANDRO NOMURA e LÍGIA MESQUITA

DORA KRAMER

O dilema Battisti 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 01/09/2010

O presidente Luiz Inácio da Silva está decidido a manter o ex-ativista italiano Cesare Battisti no Brasil, apesar da extradição concedida pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado.
Obteve o sinal verde do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, mas antes precisa resolver dois problemas: arrumar uma justificativa que não seja política e sondar se não criaria um confronto com o STF.
Oficialmente o caso Battisti não frequentou o encontro entre Lula e Berlusconi, no fim do último mês de junho em São Paulo.
Na verdade o presidente e o primeiro-ministro conversaram sobre o assunto e o italiano disse que o Brasil poderia "ficar" com Battisti. Não impunha reparos se Lula negasse a extradição, não faria pressão no período eleitoral, mas impunha uma condição.
Pedia ao Brasil para não alegar que a extradição seria negada porque Battisti poderia ser perseguido na Itália.


Ocorre que o acordo de extradição entre o Brasil e a Itália prevê duas possibilidades de negativa de extradição: em caso de doença ou perseguição política. Como Battisti não está doente, restaria apenas a alegação vetada por Berlusconi.

No momento, o caso está nas mãos do advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams.

Cesare Battisti foi condenado (à revelia) na Itália a prisão perpétua por quatro homicídios na década dos 70, quando integrava a organização Proletários Armados pelo Comunismo.

Fugiu para a França, depois para o Brasil, onde foi preso em 2007 e desde então está na Penitenciária da Papuda.

Em janeiro de 2009 o então ministro da Justiça Tarso Genro contrariou posição do Comitê Nacional para os Refugiados e concedeu refúgio político a Battisti, baseado no princípio do "fundado temor de perseguição por opinião política" repudiado pela Itália.

As autoridades italianas contestaram a decisão de Tarso Genro no Supremo Tribunal Federal, que julgou o caso no ano passado, decidindo que Battisti deveria ser mandado de volta para a Itália. Ao mesmo tempo, o STF remeteu a decisão final para o presidente Lula.

Na época o julgamento estremeceu as relações entre Brasil e Itália. Lá, as autoridades reclamavam veementemente da permanência de Battisti e aqui o presidente pedia "respeito a uma decisão soberana" do País. No caso, a soberania circunscrevia-se a Tarso Genro.

O Comitê para Refugiados e o Supremo achavam que Battisti havia sido julgado pela Justiça italiana por crime comum e a ela deveria obediência.

O acórdão da decisão do STF foi publicado em 17 de abril de 2010. Em tese haveria um prazo de 60 dias após o qual a Itália poderia cobrar o cumprimento da sentença, mas já se passaram quatro meses e meio e não se tocou mais no assunto. Em público.

Nos bastidores, Adams atua na administração da contenda.

Sim, porque o relator do caso e um dos mais ferrenhos defensores da extradição foi o ministro Cezar Peluso, hoje presidente do Supremo.

O dilema que se impõe é o seguinte: como Battisti está preso por ordem do STF, o que ocorrerá se Lula resolver negar a extradição e o Supremo decidir não soltar o preso?

O governo acha que poderia criar uma crise entre Poderes e que, por isso, antes de o presidente da República anunciar a decisão é preciso consultar o Judiciário para medir o grau de disposição ao confronto.

Nada, contudo, ocorrerá antes da eleição.

Último suspiro. É consenso no meio jornalístico que jornais levam pelo menos uma década para morrer. Pois o Jornal do Brasil levou mais de três. De fato o JB não morreu ontem quando circulou sua última edição em papel.

Acabou mesmo em 2001, quando a marca foi arrendada por gente mais interessada em usar o jornal como plataforma de negócios.

Não podia dar certo. Se algum dia houve a ilusão de que o JB velho das melhores guerras poderia renascer, nunca houve empenho, propósito e competência para isso.

Daí não valer a pena agora a missa de corpo há muito ausente, esplêndido e insubstituível.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Indústria deve desacelerar no 3º trimestre, diz Credit 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 01/09/2010

A esperada aceleração do PIB no terceiro trimestre pode não ser o cenário mais provável para a economia brasileira, de acordo com análise econômica realizada pelo Credit Suisse.
A aceleração do PIB sobre o segundo trimestre demandaria forte crescimento da atividade econômica em agosto e setembro. Porém, o banco prevê desaceleração da produção industrial.
"Para que o crescimento da produção industrial no terceiro trimestre seja similar ao do trimestre anterior, de 1,3%, seria necessária uma expansão muito forte em agosto e setembro, o que não parece ser o caso que se apresenta no momento", diz Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit.
"O cenário mais provável para a produção industrial nos próximos trimestres é de crescimento mais moderado em relação ao do período de recuperação da crise", segundo o relatório.
Dados sobre o desempenho de alguns setores reforçam a análise de que uma forte elevação da produção no curto prazo não é o cenário mais provável.
"Os estoques de veículos aumentaram de 202,8 mil unidades em março para 330,8 mil em julho, o que equivale a 33 dias de venda ante a média de 24 dias entre 2007 e 2009", afirma.
O banco também cita o aumento dos estoques de aço nos distribuidores, que, em julho, estavam no maior nível desde dezembro de 2008.

DE CRISTAL

A designer Sarah Chofakian, conhecida por seus sapatos sofisticados e feitos à mão, vai à Micam Shoevent, uma das maiores feiras internacionais de calçados, que ocorre em Milão, com nove pontos de venda internacionais já conquistados, apenas neste ano.
Chofakian, que exporta apenas uma pequena parte de sua produção, quer ver o número de clientes crescer ainda mais no evento europeu, de onde sua produção alcançou Cingapura e Japão.
"Quero estar na Europa no mercado que atende consumidoras que buscam sapatos com design, feitos artesanalmente e com matéria-prima de primeira, mas que não aceitam pagar o preço de uma grife Prada", diz Chofakian. Está difícil, porém, entrar na Europa, ainda em crise, conta ela. "Ainda mais agora que está fácil vender no Brasil. A demanda é tanta que não consigo atendê-la."

COBRANÇA

O Latin Cob, que reúne representantes das empresas de cobrança de toda a América Latina, terá neste mês um encontro no México.
Empresários brasileiros do segmento, reunidos pelo Instituto Geoc, levarão um novo modelo de qualidade. Foi criado um selo de qualidade, que servirá de exemplo a países vizinhos.
A certificação foi desenvolvida em parceria com a FGV e é aplicada pela Fundação Vanzolini.
O modelo avalia critérios como experiência da empresa, portfolio de clientes, processos de cobrança administrativa e judicial, obediência à legislação, tecnologia etc.
Os brasileiros visitarão empresas mexicanas do setor imobiliário. "O crédito imobiliário está em alta no Brasil. O México já é maduro neste processo. É aprendizado", diz Adilson Melhado, presidente do Igeoc.

Relações comerciais entre Brasil e Índia se intensificam

O intercâmbio comercial entre Brasil e Índia já alcançou o montante de US$ 6 bilhões e a tendência é de alta, segundo Ricardo Paranhos, presidente da Câmara de Comércio Brasil Índia.
O país asiático investe hoje US$ 480 bilhões em sua infraestrutura interna e tem buscado parcerias no Brasil para os projetos, especialmente os de energia, de acordo com Paranhos.
Os setores de TI, de autopeças, farmacêutico e agrícola também são áreas de conexão. A eliminação de barreiras comerciais e a associação de empresas estão em negociação, segundo o executivo.
"A Índia apresenta crescimento sustentável, com condições de consumo e investimento interno, além de juros mais baratos e alto índice de poupança", diz Paranhos.
A economia indiana cresceu 8,8% no segundo trimestre deste ano ante o mesmo período de 2009, segundo dados divulgados ontem pelo governo do país. O setor manufatureiro se destacou, com alta de 12% no período.

Redução... Até o final do ano, o Brasil terá reduzido em 3,9 bilhões o uso de sacolas plásticas desde 2007. Os dados são do Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas.

...de sacolas O programa já envolveu 135 lojas de 27 redes varejistas e foi implantado em SP, Porto Alegre, Salvador, Goiânia, Brasília, Rio e Recife. Até o fim do ano, incluirá Florianópolis e Belo Horizonte.

Interligada A CPA Associates International fechou parceria com a carioca Cifali e a brasiliense Audiger. Antes, a empresa era representada no Brasil somente pela pau- listana MAP Auditores Independentes.

Carioca... A consultoria especializada em recrutamento de executivos de alta gerência 2GET inaugura neste mês escritório no Rio de Janeiro. O investimento foi decidido em razão da expectativa de que o mercado carioca cresça proporcionalmente mais que o de São Paulo, sobretudo em infraestrutura e indústria pesada.

...e paulista Para os consultores, uma prova do aquecimento é a equiparação dos salários de executivos do Rio de Janeiro e de São Paulo, que, antes, eram cerca de 30% superiores na capital paulista.

Madeira... A Wisewood Soluções Ecológicas acaba de inaugurar a primeira fábrica de madeira plástica ecológica do Brasil. O investimento é de R$ 20 milhões.

...plástica A empresa adquiriu três novas máquinas para a planta industrial. A expectativa é aumentar a capacidade de produção de 90 toneladas/mês para 200 toneladas/mês de dormentes, além de 80 toneladas/ mês para 150 toneladas/mês dos demais produtos.

No mapa 1 Do total de financiamentos liberados pela Agência de Fomento Paulista/Nossa Caixa Desenvolvimento em julho, 83% são provenientes da indústria, cerca de 10% do comércio e 7% da área de serviços.

No mapa 2 O interior do Estado também registra expansão de seus negócios. Cidades como Santa Barbara D'Oeste, Campinas e Ribeirão Preto estão entre as que mais têm participação nos desembolsos da agência.

Parceria 1 A Carbono Química amplia acordos com fornecedores chineses para importação de dióxido de titânio, usado na fabricação de pastas de dente, papel, lubrificantes e tintas.

Parceria 2 O objetivo da empresa é atender a demanda do mercado nacional que, segundo a companhia, conta com apenas dois fornecedores internos e ficou desabastecido com a queda de 5% na capacidade produtiva mundial do item após a crise.

RUY CASTRO

Velha magia 

Ruy Castro

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/08/10


Ex-funcionários e leitores do Jornal do Brasil encontraram-se ontem na Cinelândia para lamentar o fim da versão impressa do jornal, que circulou pela última vez depois de 119 anos. Por motivo de viagem, não compareci. Melhor assim. Quando o Correio da Manhã se despediu, em junho de 1974, eu estava também a alguns milhares de quilômetros. 
O JB se junta agora ao Correio e aos outros jornais do Rio que contaram a história do Brasil em boa parte do século 20, mas que há muito desapareceram das bancas: Diário de Notícias, O Jornal, Diário da Noite, A Noite, Diário Carioca, A Luta Democrática, A Notícia, Gazeta de Notícias, O Radical, Última Hora e Tribuna da Imprensa. Quase todos fecharam nos anos 60. Daquela geração restam apenas O Globo, O Dia, o Jornal dos Sports e o Jornal do Commercio. 
O problema não é só do Rio, mas do mercado em geral. Concretamente, 90% dos jornais que circulavam em Nova York, Paris ou São Paulo até meados daquela década também deixaram de existir, e muito antes que alguém sonhasse com a internet. Mas, em vez de invocar uma suposta doença crônica, a pergunta deveria ser: por que, diante da mesma crise, outros jornais sobreviveram? 
Algumas respostas seriam: seus administradores acertaram mais do que erraram, tiveram capacidade de renovação e foram criativos diante da concorrência, inclusive a das outras mídias. O Jornal do Brasil tem sido algoz e vítima de si mesmo há pelo menos 30 anos. 
A edição de ontem minimizou o fato de ter sido a última em papel. Preferiu enfatizar que a de hoje será a sua primeira 100% digital e que, em 25 anos, todos os outros jornais o terão acompanhado. Pode ser. Mas algo da velha magia de ler jornal vai se quebrar. Teremos de levar o laptop para a mesa do café da manhã e, pior, para o banheiro?

JOSÉ (MACACO) SIMÃO


Timão! Ronaldo faz 100 quilos! 

José Simão

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/09/10


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador-Geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
E o Centenário do Corinthians. Ops, ÇENTENÁRIO! Vão comemorar os CEM quilos do Ronaldo! Show da Virada no Anhangabaú!
E sabe quem cantou o Hino do Corinthians? A Vanusa! E cantou assim: "Salve o Corinthians... Meu amado Tricolor!". Rarará! Ué, a festa não se chama 100 Anos e 100 Memórias?
E acabei de receber uma camiseta autografada do Timão. Só tem impressão digital. Cheia de dedão! Rarará!
E sabe como vai se chamar o novo estádio do Timão? Gambazão. E o Diário de Barrelas anuncia: Lula conseguiu, o Brasil vai ser sede mundial do Fim do Mundo em 2012!
E a frase do ano: "Sempre sonhei em ter um corpo de atleta, graças ao Ronaldo do Corinthians agora eu tenho!". Rarará!
E os cem quilos do Ronalducho Gordômeno Fofômeno? O Iarley diz que vai correr no lugar do Ronaldo para ajudá-lo na volta aos gramados. Se é pra ajudar, ele não precisa correr no lugar do Ronaldo. Ele precisa COMER no lugar do Ronaldo!
A Centenada do Corinthians! Anotassões pro Sentenário: Ganhá tudo. Carnavau 2010, já era. Copinha São Paulo, fodel. Paulistão, ih caraio! Libertadores, riscado!
Ereções 2010! Sabe por que o Serra tá perdendo? Porque ele prometeu mutirão da próstata!
E direto de Itopuranga, Goiás: Paulo do Jumento. Coligação; AVANÇAR MAIS! Não! Paulo do Jumento Avançar Mais? E Renato da Funerária: Vote em mim ou vira meu cliente! Doutor Mata Machado, Partido Verde! Amigo da Marina, A Mãe do Macunaíma!
E na festa do Centenário do Timão no Anhangabaú não teve show da Dilma? Show da Dilma. Tratar com Lula no Palácio do Planalto!
E o Tiririca falou que construiu muitas escolas. Quando chegou em São Paulo era pedreiro. O Tiririca é o Cacareco de 2010!
E reparou que todo candidato agora é de centro esquerda? Não tem um candidato que chegue e diga: eu sou de direita.
E como disse uma amiga minha: eu não sou nem direita e nem esquerda, eu sou da cintura pra baixo! A situação tá ficando psicodélica. Eu acho que o Brasil tomou um ácido no café da manhã! Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! 

MÍRIAM LEITÃO

A magia do 'JB' 
Miriam Leitão 

O Globo - 01/09/2010

Contava o “Jornal do Brasil” dois anos, em 1893, Ruy Barbosa era o editor-chefe, quando ele foi fechado pelo governo Floriano Peixoto. Um ano e 45 dias depois, voltou a circular. Foi isso que marcou a personalidade do velho “JB” ou foi o jornal ser empastelado no Estado Novo, censurado na ditadura militar? Ou terá sido a teimosia em ousar sempre, como na reforma de Alberto Dines?

O que é determinante nessa história de 119 anos? A teimosia inteligente. Foi a que fez Rodolfo Dantas, Joaquim Nabuco e Barão de Rio Branco se juntarem naquele jornal meio monarquista em plena República. E Ruy Barbosa defender o regime civil no governo de um marechal.

No princípio foi assim.

Depois também. Por isso, enfureceu os governos ditatoriais.

“Uma nação inteiramente aturdida”, começou o editorial do “JB”, recebeu a comunicação de que os direitos individuais foram “substituídos pelo império do arbítrio.” E continuou: “De agora em diante, subverte-se um princípio universal, que é a presunção de que todos são inocentes até prova em contrário.

Desde ontem no reinado das trevas, a presunção é outra: somos todos previamente culpados e nos cabe como castigo provar a inocência.” Esse texto, assim vigoroso, foi escrito no dia 13 de dezembro de 1968, o dia do AI-5. A censura vetou, ele não foi publicado.

No seu lugar, a alegoria de uma foto de um menino lutando com um gigante.

A luta desigual do arbítrio. Ela se travou em capas históricas como aquela, inesquecível, do golpe no Chile e morte de Salvador Allende. Alguém pode imaginar um jornal sem manchete? A proibição de dar aquele assunto em manchete e de pôr fotos produziu uma das mais belas páginas da imprensa brasileira: apenas texto, uma única notícia, sem título, sem foto, apenas aquele espanto se espalhando por toda a primeira página.

Nessa despedida do “Jornal do Brasil”, o que os jornalistas que passaram por lá sentem é que povoavam uma redação mágica. Cada um sabe a preciosidade que viu: a sala de pedir conselhos e mostrar os textos a Zuenir Ventura; o Castelinho entregando sua coluna, num dia que veio ao Rio; a exuberância do Zózimo.

Estava na hora de fechar e havia um buraco na coluna do Zózimo. Eu já tinha feito todas as notas que sabia, ele tinha feito outras. E lá estava o buraco. O tempo passando.

Faltava uma nota. Nenhuma notícia. Olhei aflita. Zózimo calmo. Vai para a máquina de escrever e inicia com o seu bordão. “Não será surpresa para esta coluna.” Parou. O que será que ele sabia? E ele, maroto e charmoso, completa: “Aliás, nada mais será surpresa para esta coluna.” Assim saiu, intrigante, sua nota inventada. Meninos, eu vi.

Cada um passou por lá num tempo dado. A maioria se lembra de fatos, brincadeiras, amizades, folclores do dia a dia naquela vasta redação da Avenida Brasil, 500. Joaquim Ferreira dos Santos lembrou deliciosos detalhes, como o ascensorista que anunciava no andar da redação: “Parque de Diversões.” Eu tive privilégios. Como o de ter aulas com os professores Dionísio Carneiro e Rogério Werneck, chamados por Flávio Pinheiro e Marcos Sá Corrêa para me ilustrar em questões econômicas e me preparar para ser editora.

O jornalismo não morre, jornais sim. Sigo a colega Ruth de Aquino e não vou falar de quem o fez morrer, nem fingir acreditar que é só uma migração para o online. Todos sabemos o que houve, do lento processo que foi definhando o jornal.

Já o jornalismo está neste exato momento entrando cada vez mais fundo em terreno desconhecido e excitante.

Os jornais adotaram novos formatos e convivem com os antigos. A cada dia é preciso inventar uma nova rota até o mesmo destino, o leitor. Ele será capturado pelos mesmos ingredientes: a inteligência, o espírito crítico, a informação, a dúvida.

As notícias do futuro são intensas. Michael France e Justin Dini escreveram no Brunswick que o velho conceito de circulação está morto, perdeu o significado porque até a métrica mudou.

Como calcular o prestígio dos produtores de conteúdo nos novos tempos? A CNN criou novas medidas como a de “Integradores de TV/WEB Multiplataforma” ou “Usuários de Web Móvel.” Novos tempos, medidas ainda sendo criadas. Mesmo assim, a empresa dona do “Guardian” teve prejuízo no último ano fiscal, apesar de ter 35 milhões de visitantes únicos no mundo e 13 milhões nacionalmente.

O “Times”, de Londres, perdeu quase 90% dos leitores online quando passou a cobrar pelo conteúdo. Na crise, o que se viu foi um aumento da demanda por informação.

O jornalismo foi mais e não menos exigido.

Há várias questões perturbadoras no novo mundo multiplataforma. Ninguém mais é só papel, TV, rádio, internet. É tudo junto, mais as mídias sociais, e a espera da próxima novidade.

Num mundo assim de velocidade alucinante, folheio as velhas e belas primeiras páginas do “JB” no livro que desde ontem tirei da estante e não paro de admirar. Já estamos no futuro, mas o passado do velho diário carioca encanta. A inteligência passou por lá: Clarice, Callado, Drummond, Manuel Bandeira. Tantos outros, antes e depois. A inteligência é pura magia.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Grande, a família 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 01/09/2010

A RCM Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo acaba de vencer licitação de R$ 19 milhões para manuseio de cargas no aeroporto de Viracopos. Assessorada pela Martel, cuja titular é Tatiana Rego e Silva.
Pena que Eugênia Maria Rego e Silva, mãe de Tatiana, que pertenceu aos quadros da RCM até fevereiro de 2010, não estava mais lá para aplaudir a filha. As duas são, respectivamente, mulher e filha de Eduardo Artur Rodrigues Silva, conhecido como coronel Arthur, novo diretor dos Correios e fundador da Martel.


Na cadeira
Geraldo Alckmin enviou carta ontem para Andrés Sanchez, garantindo ao dirigente do Corinthians todo seu apoio caso volte ao governo. Citou explicitamente o acesso ao novo estádio, transporte público e infraestrutura ao redor.

Tudo pela eleição
Lula realmente quer ajudar Mercadante. Topou até torcer pelo São Paulo ao lado do candidato. Domingo, o presidente sintonizou o jogo na TV de sua casa em São Bernardo do Campo e, juntos, "secaram" o tricolor carioca. Com algum sucesso.
Mercadante é santista.

Camisa 10
Mais uma promessa "novinha" no time do Santos.
Alan Patrick é considerado a grande aposta pela diretoria. Seu pai e o garoto, de 19 anos, tiveram encontro com Luis Álvaro Ribeiro. Resultado? Contrato renovado até 2014.

Arquibancada
Atração especial, amanhã, antes do jogo do Santos contra o Avaí, na Vila Belmiro. No telão do estádio, mensagens enviadas por mais de dois mil torcedores pela recuperação de Paulo Henrique Ganso.

Brasil exportação
Está prospectando o mercado brasileiro o criador da revista Wallpaper, Tyler Brûlé, hoje dirigente da publicação cult Monocle. Sua passagem por São Paulo resultou em artigo no Financial Times, onde ressalta que a marca Brasil é a bola da vez, na frente da China, Índia e Rússia.

Fasano exportação
Entre as marcas nacionais, destacou a do Fasano e seu criador, Rogério Fasano, que "não copia ninguém e, por isso mesmo, é a resposta perfeita à falta de alma e personalidade que se vê por aí hoje em dia".

Merecido
Guido Mantega não quis saber de conversa, anteontem, depois da entrega do Prêmio Valor 1000, em São Paulo. Indagado sobre seus planos ao fim do governo Lula, limitou-se a dizer: "Descansar, descansar e descansar".
Dilma, se eleita, entenderá.

Reservado
Juan Manuel dos Santos, presidente da Colômbia, recebe amanhã Benjamin Steinbruch para almoço fechado no Tivoli.

Beta em alfa
Maria Bethânia selecionou poemas que marcaram sua vida para mesclar com canções. Pretende expor sua paixão literária no próximo espetáculo: Bethânia e as Palavras. Neste mês, no Rio.

Na frente

Erykah Badu foi vista enchendo sua sacola na feirinha do Masp.

Nicolás Catena Zapata e Christophe Salin, do Château Lafite Rothschild, participam do jantar de dez anos da vinícola argentina Caro. Hoje, no Cantaloup.

Eloy Tuffi estreia amanhã os jantares dançantes do Red Angus.

Dobradinha do PIB petista está dando o que falar. José de Filippi Jr., tesoureiro de Dilma, está fazendo campanha colado ao candidato... Carlos Grana.

ROLF KUNTZ

Uma agenda assustadora
Rolf Kuntz 
O Estado de S.Paulo - 01/09/10





Os desafios do novo governo já seriam assustadores, se fossem só aqueles indicados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em palestra na Fundação Getúlio Vargas. Mas são bem mais complicados. O ministro apontou as tarefas mais óbvias, como a reforma tributária, o fortalecimento das contas externas, o aumento do crédito, a redução do custo dos empréstimos e, é claro, a execução do PAC 2, com investimentos de R$ 955 bilhões pautados para os próximos quatro anos. Apresentou essa lista como se o atual governo houvesse cumprido amplamente sua tarefa e pudesse, em breve, passar adiante o bastão sem uma porção de trabalhos incompletos e em boa parte mal começados.
A própria referência ao PAC 2 é enganadora. Do primeiro PAC, só uma parcela foi completada. Das obras de saneamento, por exemplo, apenas 12% foram concluídos até abril deste ano, de acordo com relatórios divulgados em junho pelo comitê gestor. No caso dos aeroportos o desempenho foi melhor, mas muito longe de satisfatório: 20% das obras foram terminadas. No PAC das estatais, cerca de 90% dos investimentos têm sido realizados apenas pelo Grupo Petrobrás. O resto avança muito devagar - quando avança.

De modo geral, esse quadro se reproduz no balanço de investimentos em infraestrutura apresentado por Mantega. Segundo o relatório, esses gastos mais que dobraram entre 2003 e o ano passado, passando de R$ 58,2 bilhões para R$ 121,9 bilhões, a preços de 2009. Mas o setor de petróleo e gás absorveu 42,5% do total investido no período. O Grupo Petrobrás foi sempre um grande investidor nos últimos 20 anos, operando na maior parte do tempo com um planejamento próprio e constantemente revisto. Os projetos no setor de transportes, muito mais dependentes da ação do governo, representaram apenas 15,8% do total acumulado entre 2003 e 2009. Poderiam ter sido maiores, se o governo houvesse atraído o setor privado. No saneamento, a situação pouco mudou. A enorme deficiência dos serviços foi mostrada, há poucos dias, pelo IBGE.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregará ao sucessor, ou sucessora, um governo com baixíssima capacidade gerencial. Essa deficiência explica boa parte do fracasso dos programas de investimento. No caso dos projetos dependentes do Tesouro, dificilmente o desembolso alcança 50% da verba autorizada para o ano.

A incapacidade de investir não impede, no entanto, o aumento constante da despesa pública, principalmente do custeio menos produtivo. A consequência é um orçamento cada vez mais engessado. O governo havia programado eliminar até 2012 o déficit nominal das contas públicas. Há poucas semanas alongou o prazo para 2014. Mas todo o planejamento fiscal tem dependido essencialmente da elevação da receita, porque não há esforço de racionalização de gastos e de corte de desperdícios.

Para executar a reforma tributária e reduzir a carga fiscal sobre investimentos, exportações e financiamentos - itens fundamentais das tarefas listadas por Mantega -, o novo governo terá de melhorar sensivelmente o padrão gerencial do setor público. Além disso, terá de enfrentar uma difícil negociação com os governadores, porque uma parte importante da reforma envolverá o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O presidente Lula e seus principais auxiliares nunca se dispuseram a esse trabalho. Preferiram construir sobre a base institucional estabelecida na administração anterior. Realizaram avanços importantes em algumas áreas, especialmente na incorporação de massas ao mercado consumidor. Mas nada prepararam para a etapa seguinte.

Sem essa preparação, as tarefas apontadas por Mantega serão mais difíceis. Se o novo governo quiser baixar a meta de inflação, precisará conter o gasto público e a dívida bruta - mas terá de vencer a rigidez orçamentária. Isso permitirá juros menores. Sem esse esforço, juros mais baixos dificilmente serão mantidos e o real provavelmente continuará sobrevalorizado - exceto se a situação do balanço de pagamentos piorar. Mas impedir essa piora também é parte da agenda. A competitividade, no entanto, não poderá depender só do câmbio. Tributação, crédito, infraestrutura, educação, tecnologia e eficiência institucional são mais importantes. O legado, em todas essas áreas, é muito ruim.

O quadro envolve outras dificuldades. Uma delas é a execução das despesas necessárias à Copa do Mundo. Dos R$ 17,4 bilhões de investimentos previstos até agora, R$ 11,6 bilhões serão financiados pela Caixa Federal e pelo BNDES. Mas qual será o custo fiscal? Isso ninguém sabe, certamente não será pequeno e será mais um entrave ao próximo governo.

ANCELMO GÓIS

A rua jornalista 
Ancelmo Góis 

O Globo - 01/09/2010

Darwin Brandão, pelos planos do “Morar Carioca”, ambicioso projeto da Prefeitura que pretende urbanizar nossas favelas até 2020, deve ficar assim (imagem maior) como aparece na maquete do plano, cuja licitação saiu no Diário Oficial de ontem. Também por lá será construído o Centro Esportivo e Lazer Mar Vermelho, que você vê ao lado. O local hoje é uma das regiões que tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano da cidade, na divisa entre os violentos bairros de Costa Barros, Acari e Barros Filho, na Zona Norte. Aliás, o coleguinha Darwin, que batiza o logradouro, saudades!, foi um combatente contra ditadura e um ser humano generoso que ajudou muitos perseguidos políticos
Diário da JustiçaO engenheiro Rodolfo Landim, ex-presidente da BR, entrou com uma ação na 4ª Vara Empresarial do Rio contra Eike Batista, para quem trabalhou como executivo do grupo.
A ação, através do advogado Sérgio Tostes, trata de “dissolução da sociedade, dano material e outros”.
Braços abertos
Veja como Dom Orani Tempesta, atual arcebispo do Rio, tem uma mente aberta.
Dia 10 agora ele recebe membros da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), movimento que nasceu em religiões de origem africanas.
Lula oitentãoLula completou ontem sua octogésima visita ao Rio como presidente da República.
Isto é bom.
Cultura no RioDilma Rousseff vem dia 21 ao Rio, lançar seu programa cultural no Teatro Casa Grande para a classe artística.
Cartola erudito
Dias 23 e 24 agora, Leo Gandelman, o saxofonista, vai levar obras de craques brasileiros como Cartola, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e outros para plateias de Madri e Bilbao.
Ele fará os concertos com Maria Teresa Madeira.
A volta de Célio
O ex-ministro gente boa Célio Borja, 82 anos, vai participar da banca de elaboração da prova unificada de 2010 do Exame da OAB, a cargo da FGV Projetos.
Agora vai
O Flamengo deve contratar os serviços do mineiro Vicente Falconi Campos.
Trata-se do mais renomado consultor brasileiro, que tem entre seus clientes algumas grandes empresas e até mesmo governos.
Cine Sindicato
Ontem, em Londres, depois da exibição de “Lula, o filho do Brasil” na Real Academia de Cinema e TV, o produtor Larry Jackson, muito conhecido no meio, se empolgou: — O sindicalismo poucas vezes esteve tão bem representado nas telas. Lembra o cinema de Elia Kazan (autor, entre outros, do clássico “Sindicato de Ladrões”).
Desse jeito...Corre o risco de o filme de Fábio Barreto ser mais aplaudido no exterior do que no Brasil.
Pingo nos is
Foi Carmem Costa a cantora que levou às paradas a música “Está chegando a hora”.
É, na verdade, uma adaptação da valsa mexicana “Cielito lindo”, feita por Henricão e Rubens Campos, sucesso no carnaval de 1942.
Centro sem ônibus
Dia 8 agora, a Praça Tiradentes vai amanhecer sem os 10 pontos de ônibus que ajudam a tumultuar o trânsito na região.
Os terminais serão remanejados para a Praça da República.
Disputa no samba
Não que o samba não mereça dois centros de estudos em sua louvação. Mas o projeto de transformar o antigo Automóvel Clube, na Rua do Passeio, numa Casa do Samba guarda semelhança com o do Iphan ali perto, no velho palacete da Praça da República. Os dois lados estão conversando.
Painel na LagoaO painel do artista plástico Aloísio Carvão que ficava no muro do 23º Batalhão da PM, no Leblon, vai se mudar para Lagoa. Embelezará o muro do Jockey Club perto do estádio de Remo. A mudança é porque a área do quartel será derrubada para abrigar o Parque Bossa Nova.
Força Nacional
Luiz Paulo Barreto, ministro da Justiça, adorou. No capítulo de segunda, Irene Ravache, a dona Clô, de “Passione”, ameaçou chamar a... Força Nacional para garantir a segurança do jantar que oferecia na trama.
A UPP e o proibidão
Sábado, no primeiro baile funk numa comunidade libertada pela UPP, a Ladeira dos Tabajaras, um homem distribuía, na porta, um CD com músicas típicas dos chamados proibidões, funks de apologia ao crime. Um trecho: “Que hoje à noite vai ser tensa, neurótica e arisca/ Vai num paiol de arma e traz logo a artilharia”. Meu Deus.

LUCIANO HUCK o apresentador boa praça, na festa surpresa que comemorou seu aniversário, e vai ao ar no “Caldeirão” do próximo sábado. A coluna manda daqui o “Parabéns pra você”...

EDUARDO PAES, Sérgio Cabral e as primeiras-damas da cidade e do estado posam com Rosa Célia, organizadora do Leilão do Coração, evento em benefício do Hospital Pró Criança, no Copacabana Palace
PONTO FINAL

No mais Não fica bem para o presidente Lula dizer que vai estender as UPPs a todo o país. Primeiro, porque ele tem apenas quatro meses de mandato e se fosse para fazer já deveria ter pensado nisso antes. E depois, porque o governo federal não tem rigorosamente nada a ver com essa vitoriosa iniciativa do secretário Beltrame e do governador Sérgio Cabral.
Parece demagogia eleitoral. E é.