Fora isso
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 06/07/10
Brasileiros que gostam acima de tudo do bom futebol — e tenho informação segura que são numerosos e bastante animados — têm uma dívida de gratidão com Dunga e seus rapazes. Graças a eles, e só a eles, acabamos de ter um fim de semana de considerável e sadio entretenimento, acompanhando os embates dramáticos e emocionantes entre Argentina, Alemanha, Paraguai e Espanha.
Nenhuma preocupação com o miocárdio, nada de ranger os dentes ou roer os dedos: unicamente, o prazer de admirar as disputas entre atletas, controladas por árbitros que em todos os momentos agiram com discernimento e fidelidade absoluta às normas do nobre esporte bretão, se me permitem lembrar uma expressão quase erudita, injustamente abandonada pelos cronistas do ramo.
Têm sido partidas talvez emocionantes para os patrícios dos atletas envolvidos — mas principalmente interessantes para quem aprecia o esporte pelo esporte, caso da totalidade da plateia brasileira.
Claro que todos nós tomamos partido nos embates. Mas, civilizadamente. Enquanto isso vinha ao caso, pouco importava quem seriam os vencedores: acima de tudo, estava o espírito esportivo. E também confiança absoluta nas decisões dos árbitros: seguramente, se qualquer de suas decisões nos parecesse peculiar — e nada mais que peculiar — não seria lícito delas duvidar à distância.
Nos próximos dias, nosso prazer certamente será mais deleitoso: não importa quais sejam os vencedores, o que vale é o prazer da disputa. No fundo, ganham todos, porque cada um dos atletas dará o melhor de si, para alegria da plateia de qualquer nacionalidade. Os espectadores — ou “torcedores”, como também se diz —, com absoluta certeza, em momento algum esquecem que o melhor do esporte é a competição em si. O fair play comanda o espetáculo.
Enquanto os bravos rapazes brasileiros ainda estavam na disputa — e embora todos sejam convictos de que o importante é competir, o êxito é secundário —, alguns entre nós talvez não tivessem uma noção muito precisa sobre a importância do fair play. Desde a partida contra os holandeses, que não nos foi favorável no que se refere ao score, a situação mudou consideravelmente. Tanto os apreciadores leigos da chamada “torcida canarinho” como os bravos representantes da mídia brasileira em terras d’África estão, como se diz vulgarmente, botando fair play pelo ladrão.
É como deve ser. Afinal de contas, fora isso, palavrão come solto.
Nenhuma preocupação com o miocárdio, nada de ranger os dentes ou roer os dedos: unicamente, o prazer de admirar as disputas entre atletas, controladas por árbitros que em todos os momentos agiram com discernimento e fidelidade absoluta às normas do nobre esporte bretão, se me permitem lembrar uma expressão quase erudita, injustamente abandonada pelos cronistas do ramo.
Têm sido partidas talvez emocionantes para os patrícios dos atletas envolvidos — mas principalmente interessantes para quem aprecia o esporte pelo esporte, caso da totalidade da plateia brasileira.
Claro que todos nós tomamos partido nos embates. Mas, civilizadamente. Enquanto isso vinha ao caso, pouco importava quem seriam os vencedores: acima de tudo, estava o espírito esportivo. E também confiança absoluta nas decisões dos árbitros: seguramente, se qualquer de suas decisões nos parecesse peculiar — e nada mais que peculiar — não seria lícito delas duvidar à distância.
Nos próximos dias, nosso prazer certamente será mais deleitoso: não importa quais sejam os vencedores, o que vale é o prazer da disputa. No fundo, ganham todos, porque cada um dos atletas dará o melhor de si, para alegria da plateia de qualquer nacionalidade. Os espectadores — ou “torcedores”, como também se diz —, com absoluta certeza, em momento algum esquecem que o melhor do esporte é a competição em si. O fair play comanda o espetáculo.
Enquanto os bravos rapazes brasileiros ainda estavam na disputa — e embora todos sejam convictos de que o importante é competir, o êxito é secundário —, alguns entre nós talvez não tivessem uma noção muito precisa sobre a importância do fair play. Desde a partida contra os holandeses, que não nos foi favorável no que se refere ao score, a situação mudou consideravelmente. Tanto os apreciadores leigos da chamada “torcida canarinho” como os bravos representantes da mídia brasileira em terras d’África estão, como se diz vulgarmente, botando fair play pelo ladrão.
É como deve ser. Afinal de contas, fora isso, palavrão come solto.