quinta-feira, junho 10, 2010

TUTTY VASQUES

Lei estimula chá de cadeirinha


TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 10/06/10
Depois do chá de panela e do chá de bebê, pode virar hábito da classe média brasileira a promoção de chás de cadeirinha. Funcionaria no mesmo esquema de festinha beneficente entre amigos para ajudar pais de crianças até 4 anos na compra do acessório infantil cuja obrigatoriedade no banco de trás dos automóveis começa a vigorar pra valer em setembro. O que dá até um certo tempo para a sociedade criar maneiras de dividir o prejuízo.
Imagina a situação do sujeito que acabou de ascender socialmente: casou, comprou um carrinho mil em 60 prestações, teve filho e, de repente, precisa investir algo em torno de R$ 500 para escapar da multa gravíssima de R$ 191. Se não resolver de todo o problema - não está fácil arrumar 10 amigos estribados para colaborar com R$ 50, cada -, o chá de cadeirinha pode ao menos abater parte da despesa extra no orçamento doméstico.
Outras soluções seriam os consórcios de cadeirinhas ou a já clássica redução de IPI no preço da mercadoria. O mais provável, no entanto, é que a indústria da pirataria venha de novo preencher esta lacuna de mercado, lançando nas calçadas um modelo popular para o transporte de bebês em segurança. Confio mais na alternativa do chá! Você não?
USP Fashion Week
O look invasão da turma que tomou de assalto a reitoria da USP não deixa dúvidas: tem gente da SP Fashion Week por trás do movimento.

Obsessão macabra
"Por que ele não bica o do Evo Morales?!"
JOSÉ SERRA, AO LER NOS JORNAIS QUE BARACK OBAMA PROCURA "TRASEIROS PARA CHUTAR".
Do verbo afunhunhar
Dilma Rousseff deu agora para dizer que, antes do Lula, o Brasil estava 
"afunhunhado". "Afunhunhado e mal pago", acrescentaria o presidente.

A inveja é uma...
Da série "Você não nasceu pra ganhar dinheiro - relaxa, vai!", o Flamengo 
fez uma proposta de R$ 700 mil mensais para ter Felipão na Gávea. 
Poderia ser bem mais se o técnico tivesse conquistado alguma coisa 
importante nos últimos anos.
Boa forma
José Serra passou por uma prova de fogo e tanto em visita ao Hospital das Clínicas de São Paulo. Sabe lá o que é ficar preso no elevador com Geraldo Alckmin, caramba? 
Se fosse outro, teria um troço!

Na comunidade dos ricos
Se o Shopping Cidade Jardim fosse no Rio, o governo já teria instalado uma Unidade 
de Polícia Pacificadora para expulsar a bandidagem da comunidade dos ricos.

Queda não é genérica
O fabricante do Viagra garante que a performance do consumidor não vai cair 
pela metade junto com o preço do medicamento.

Cultura geral
Está aberta a temporada de falar besteiras sobre o apartheid na TV. Repara só! 

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

Ueba! Força na vuvuzela!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/06/10


E sabe como se chama carrinho em Portugal? Penalidade máxima sobre quatro rodas!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo! Hexa é nossa! Ou como naquela placa do posto de gasolina: RUMO AO ÉQUIÇA! E sabe o que a Branca de Neve disse pro Dunga? "Depois dessa merda de seleção que você convocou, ainda quer beijinho? Vá pra PQP."

E sabe qual é o novo apelido do Dunga? Hexaclorofeno. Mais feno que hexa. Rarará. Como diz um amigo meu: o Dunga tinha que voltar pra ficar limpando caixa-d'água de dengue.
E diz que os jogadores brasileiros sem sexo na concentração já tão comendo até perna de mesa. Já tão usando mais as mãos que os pés. Handebol! E diz que o Júlio César tá com lombalgia jabulani!
E esta: Portugal bate Moçambique. Eu já disse que Portugal bate em Moçambique desde o século 15. E aí perguntaram pro jogador português: "Como você conseguiu fazer esse gol?". "Usei o pé que estava mais à mão." Então devia ser anulado! E sabe como se chama carrinho em Portugal? Penalidade máxima sobre quatro rodas! Rarará!
E duas frases escritas no busão da seleção: "Ultrapasse pela lateral esquerda!". Ultrapasse pelo Michel Bastos! Rarará! E a outra frase do busão da seleção: "Cuidado! Direção defensiva!".
E melhor que a seleção do Dunga é aquele time carioca, o AMEM, Associação das Mulheres Encalhadas Mesmo: Coelha, Caroço, Anã, Animal, Cotoco e Chester. Rita Cabrita, Ricardina Topa Tudo, Ju Suvaco Cabeludo, Cris PPA (Pá, Peito e Acém) e Franguinha. Eu queria a foto da Ju Suvaco Cabeludo. Pra colar no álbum. Com os braços levantados. Fazendo a ola. Dois ouriços.
E as reservas do AMEM? Suzy Quer Macho e Alba Valéria, a Rainha da Pornochanchada. O Time das Peladeiras. Hexa garantido. Aliás, com esse time, é hepta garantido.
Ou então os atacantes do time de padeiros do bairro da Casa Verde: Milton Neves de Olinda e Garganta Profunda. O Milton Neves parece mesmo um boneco de Olinda. Com aquele cabeção!
E o Galvão Urubueno, o HEXAGERADO? O Galvão de agasalho tá parecendo um edredom amarrado no meio. Rarará!
E esta piada pronta: morre aos 102 anos a bailarina russa Marina SEMENOVA! Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! E FORÇA NA VUVUZELA!

DEMÉTRIO MAGNOLI

O espírito do Altalena

Demétrio Magnoli
O Estado de S. Paulo - 10/06/2010
Dois navios, separados por mais de seis décadas, iluminam o dilema que atormenta Israel. No dia 22 de junho de 1948, por ordem de David Ben-Gurion, chefe do governo provisório de Israel, as Forças Armadas do novo Estado bombardearam o cargueiro Altalena ao largo de Tel-Aviv. A embarcação transportava armas e soldados do Irgun, uma organização paramilitar sionista que se notabilizara pelo recurso ao terrorismo. Dias atrás, sob ordens do governo de Benjamin Netanyahu, comandos israelenses abordaram o navio turco Mavi Marmara, matando nove ativistas de uma flotilha que pretendia desafiar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza. O Altalena ardeu para simbolizar a adesão do Estado judeu à lei das nações. A invasão do Mavi Marmara simboliza a aversão de Israel à lei das nações.

A flotilha atacada encontrava-se em águas internacionais, ao largo da costa de Gaza. Sob qualquer ângulo de análise, a ação israelense equivale a um ato de pirataria. A ordem de abordagem e o método utilizado provocaram um previsível desfecho trágico. A ação municiou o inimigo Irã, arruinou as relações com a aliada Turquia, decepcionou os países europeus e criou obstáculos suplementares para a política de Barack Obama. Na imprensa de Israel pipocaram acusações de incompetência do governo. Mais realista é concluir que Netanyahu agiu deliberadamente com a intenção de enviar mensagens a dois destinatários. O primeiro-ministro alertava os ativistas sobre a sorte reservada aos que tentarem furar o bloqueio e explicava a Washington que Israel não negociará a sério com os palestinos sem a prévia anulação política do Hamas.

A narrativa oficial do episódio articulou-se em torno do álibi empregado incessantemente para sabotar as negociações de paz. "Nossos soldados encontraram um grupo radical que apoiou grupos terroristas internacionais e hoje apoia o grupo terrorista Hamas", afirmou Netanyahu. "Era um navio de ódio. Não era uma frota de paz, era uma frota de apoiadores do terror."
Os ativistas, de fato, vestiram uma iniciativa política com a fantasia útil da ajuda humanitária. Da flotilha, realmente, participavam indivíduos tão radicais quanto alguns ministros do governo israelense. As opiniões políticas deles, contudo, não são justificativa para matá-los. E crismá-los como filoterroristas apenas evidencia a profunda degeneração da linguagem empregada por Israel. O Hamas venceu as últimas eleições gerais palestinas. Seriam os palestinos uma nação filoterrorista?
A Al-Qaeda representa o terror em estado puro. O Hamas, nas palavras precisas do escritor israelense Amós Oz, "não é apenas uma organização terrorista", mas "uma ideia", ainda que "uma ideia desesperada e fanática" - como foi, aliás, no seu tempo, o Irgun. A organização fundamentalista islâmica tornou-se o leito por onde correm as águas de uma vertente do nacionalismo palestino. Quando Israel borra as distinções entre Al-Qaeda e Hamas, não está cometendo um erro acadêmico de avaliação, mas inscrevendo em pedra o princípio legitimador de uma estratégia de rejeição da paz. A difusão ilimitada do rótulo de "terrorista" a todos os que, em qualquer nível, cooperam com o Hamas funciona como passaporte para a violação sistemática das normas internacionais.
Os ativistas do Mavi Marmara, entre os quais se contavam inúmeros fanáticos antissemitas, tinham como alvo o bloqueio israelense à Faixa de Gaza. O bloqueio representa uma violação direta, até hoje impune, da Convenção de Genebra, que estabelece os direitos das populações civis em territórios ocupados. É um crime de guerra, nada menos que isso. A alegação de Netanyahu de que a medida se destina a evitar a criação de "um porto iraniano em Gaza" colide com o discurso oficial israelense dos últimos anos: desde 2007 Israel proclama sua decisão de asfixiar a Faixa de Gaza até a dissolução da administração do Hamas. Previsivelmente, cada ato do Estado judeu na direção dessa meta, inclusive a sangrenta operação militar deflagrada em dezembro de 2008 em Gaza, reforça a auréola de martírio e resistência que circunda a organização fundamentalista.
Israel precisa reconhecer que "não estamos sós nesta terra", escreveu Amós Oz. A constatação emergiu na hora da assinatura dos Acordos de Oslo de 1993, mas foi logo esquecida, sob o impacto da radicalização interna em Israel e de ciclos de atentados terroristas palestinos. O governo de Netanyahu é o fruto maduro dessa trágica amnésia, cujas raízes estão fincadas nas camadas profundas do sionismo. O nacionalismo judaico original enxergava na Palestina uma "terra sem povo" prometida a um "povo sem terra". Hoje os israelenses se enxergam como uma nação sitiada por terroristas e reivindicam para si mesmos uma cláusula de exceção nas normas que regulam as obrigações das potências ocupantes.
No belo Judaísmo para Todos, lançado há pouco, o sociólogo Bernardo Sorj diagnostica que a ocupação dos territórios palestinos ricocheteia sobre a sociedade israelense, provocando "deterioração moral" e "fragilização da democracia". Um sintoma dessa crise de valores se encontra na flacidez da crítica doméstica aos atos do atual governo, formado por um núcleo de ultranacionalistas intransigentes e recoberto pelo manto enganoso da coalizão com os trabalhistas. Tudo se passa como se os israelenses estivessem sozinhos não apenas na Palestina, mas no mundo.
Ben-Gurion bombardeou o Altalena para afirmar, na hora do batismo do Estado judeu, que Israel não seria um prolongamento do Irgun. A antiga organização terrorista está na raiz do Likud, o partido de Netanyahu. O ataque violento ao Mavi Marmara parece indicar que os líderes atuais de Israel não se conformaram com o destino do navio de seus predecessores. É como se dissessem que a História deve ser reescrita - e que, agora, os homens e as armas do Altalena já podem desembarcar em Tel-Aviv.

CARLOS HEITOR CONY

Lamber sabão 

Carlos Heitor Cony


FOLHA DE SÃO PAULO - 10/06/10


Um avião de companhia peruana, com os equipamentos sofisticados, de última geração, inclusive com oito computadores interligados ao gigantesco computador central na torre de um aeroporto supermoderno, de repente ficou voando sozinho, sem nenhum comando. Os pilotos nada podiam fazer. Manche, pedais, alavancas e botões estavam travados pela pane inesperada e irreversível. 
Há uma piada no meio aeronáutico: na cabine de comando de um avião do futuro, só haverá instrumentos, um piloto e um cachorro. Por que o cachorro? Se o piloto tentar mexer em algum instrumento, o cachorro não deixará. 
Dos aviões passo para a vida geral. Cada vez mais a era digital nos penetra, programando aquilo que podemos e devemos fazer, deixando uma estreita faixa para o que realmente queremos fazer. E o que é pior: programando inclusive aquilo que devemos querer fazer. Na hora de escolher um sorvete de manga ou abacaxi, minha vontade de nada me servirá: estarei programado para, naquela circunstância, preferir um ou outro sorvete. 
Vamos dar de barato que a programação seja correta, necessária, saudável, urgente, que todas as coordenadas tenham sido previstas, analisadas e resolvidas para o meu bem-estar moral e material e para o meu prazer. Muito bem. Basta um chip entrar em pane e tudo se esboroa. 
Vou tomar um sorvete de manga ou abacaxi, milhões de circuitos internos estão procurando determinar a escolha que devo fazer naquele momento – e eis que o chip avariado me ordena, literalmente, lamber sabão. 
Não tendo sabão à vista, saio à procura de um banheiro público. Com sorte, encontro um que tem um pedaço diáfano de sabão grosseiro, e lá fico eu, lambendo aquilo. 
A hipótese, como o sabão, é também grosseira. Mas não deixa de ser possível.

LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA

Justiça seja feita
LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/06/10

O modelo de organizações sociais implantado em São Paulo, que será analisado pelo STF, respeita todos os princípios constitucionais



Necessidades distintas exigem soluções diferentes. Por isso, não é possível que todas as áreas da administração pública sejam conduzidas exatamente do mesmo modo. Há pouco mais de uma década, o Estado de São Paulo decidiu gerir a saúde de forma inovadora, unindo a necessidade de ferramentas modernas e eficientes de administração pública à garantia do atendimento médico de qualidade, sem abrir mão do controle estatal.
A nova ideia foi inspirada na conhecida e bem-sucedida gestão de alguns hospitais filantrópicos.
A aprovação da lei estadual das organizações sociais (OS) permitiu que algumas dessas instituições, como os hospitais Santa Catarina e Santa Marcelina, Unicamp e Unifesp, entre outros, firmassem com o governo paulista contratos para a gestão de hospitais estaduais.
Em março deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgou o resultado da Pesquisa de Satisfação dos Usuários, realizada com 158 mil pacientes internados pelo SUS em 630 hospitais entre março de 2009 e janeiro de 2010.
Os dois primeiros colocados no ranking, o Hospital Estadual de Ribeirão Preto e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, são hospitais gerenciados por OS.
As críticas ao modelo não se sustentam em uma análise mais atenta e criteriosa. A dispensa de licitação nas compras de medicamentos e insumos é um mecanismo que garante a necessária agilidade à gestão.
As entidades contratadas não gastam dinheiro a seu bel-prazer.
Submetem-se a um regulamento de compras aprovado pelo Tribunal de Contas, permitindo que as aquisições sejam constantemente acompanhadas.
Do mesmo modo, há rigoroso controle dos gastos efetuados. Um relatório trimestral, feito com base nas informações das entidades parceiras, é disponibilizado aos representantes da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e do Conselho Estadual de Saúde, além do corpo técnico da secretaria.
As admissões de funcionários nas OS são feitas pelas entidades por provas de seleção, que qualificam os profissionais mais preparados para atuar nos hospitais estaduais. Por outro lado, há total liberdade para a dispensa e substituição de recursos humanos, como fazem os melhores hospitais do país.
Em seu artigo 37, a Constituição Federal diz que a administração pública obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
O modelo de organizações sociais implantado em São Paulo respeita todos esses princípios.
Na iminência do julgamento a ser feito pelo Supremo Tribunal Federal da ação direta de inconstitucionalidade movida em 1998 contra as OS, é fundamental lembrar que 12 anos se passaram desde então e que muitas das pessoas que, à época, questionaram a legalidade do modelo hoje o adotam em suas administrações pelo país.
Que se faça, portanto, Justiça às organizações sociais.
LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA, 57, médico sanitarista, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo.

BRASIL S/A

A Copa da economia
Antonio Machado

CORREIO BRAZILIENSE - 10/06/10

Ao jeito de Dunga, importa ao sucessor de Lula o que ele consiga fazer, não o que diz que fará


Se a Seleção vai trazer o caneco, não se sabe, embora por Deus e por nós já sejamos campeões. O que se sabe é que, passada a Copa, a rinha pela cadeira que o presidente Lula vai desocupar será mais renhida que a disputa na África do Sul. A esperança é que, ao final das eleições, possa ter valido a pena tamanho desgaste.

De Dunga e seus liderados só se espera a vitória. Dos candidatos Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva, os três presidenciáveis que merecem atenção, importa ao vencedor o que ele consiga fazer, não bem o que diz que fará, já que, entre a vontade e o possível, há o Congresso e a realidade da economia, ambos instáveis.

A política o é por princípio. A economia também, mas muito menos, se observadas as regras da estabilidade. A questão é como obtê-las diante de dois grandes desafios, um apenas nosso, o outro, global.

À sociedade falta o consenso, sobretudo por incompreensão, sobre as razões do para-anda da economia, alternando períodos de grande crescimento com outros em marcha lenta. É o que se desenha depois do maciço crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, 9% em relação a igual período de 2009, mas tendendo a 4,5% a 5% até o fim de 2011, mantido o aperto de juros iniciado pelo Banco Central para mitigar as mazelas da demanda aquecida.

Inflação e deficits externos são as sequelas, resultado da oferta de produtos e serviços de infraestrutura insuficientes para servir a demanda criada por uma conjuntura próxima do pleno emprego. E os investimentos em aumento da capacidade instalada são a solução.

O investimento tem de crescer acima da demanda doméstica e deixar ainda um excedente exportável que produza um superavit pelo menos do tamanho do deficit em contas correntes financiado pelos fundos das multinacionais — portanto, sem expandir a dívida externa.

É difícil que, do bate-boca entre os candidatos durante a campanha, saia algo mais que baixaria e demagogia, ainda que tenham bastante clareza sobre o que aguarda o vencedor. O quê? Um ciclo longo de crescimento econômico com distensão social, mas se o investimento puder crescer por vários anos acima da expansão do PIB.

Para isso, o financiamento de longo prazo com fontes voluntárias, dos bancos ao mercado de capitais, vai ter de avançar muito mais. Duas condições se fazem necessárias: a dívida pública continuar em queda como dimensão do PIB. E o gasto público crescer menos, o que não significa diminuir — e, dentro dele, não o gasto social, mas o de custeio da administração, tipo salários e pessoal, incluindo o funcionamento do Judiciário, do Congresso e dos governos regionais.

Espaço para crescer
Essa agenda pró-desenvolvimento é mais política que técnica e, por isso, menos provável de que possa ser praticada na totalidade. Mas algum espaço já está detectado. A carga tributária vai crescer por muitos anos, mesmo sem novos impostos e aumento de alíquotas.

O que preocupa é o destino desse excedente. Mantidas as regras de execução orçamentária, virará gasto corrente e de custeio. Não irá para investimento. De outro lado, os programas sociais e os reajustes salariais do funcionalismo público já se deram no governo Lula em altas doses e podem ser moderados, pelo menos até 2012.

Esforço de dois anos
Dois anos é o tempo que o novo governo precisa para elevar a taxa de investimento, hoje de 18% a 19% do PIB, para 22% a 23%, de modo estrutural. Trata-se do esforço mínimo, segundo estudos do BNDES, corroborados por projeções do setor privado, para que a economia cresça sem inflação e sem deficits externos que tirem a autonomia do país diante do hot money global. Nesse desenho, o PIB poderia crescer à base de 5% anuais, em média, anos a fio.

Um jogo de cada vez
A saída desse processo, ditado pelo ritmo do investimento, requer crescimento do consumo do governo e de famílias a taxa menor que a do PIB, reprimindo pressões inflacionárias e sobre as importações.

Elas vão crescer pelos bens de capitais importados durante a fase de expansão do investimento. E saem de controle se atiçadas também pelo consumo interno febril — a parte da demanda agregada mitigada pelo Banco Central com alta de juros. A avaliação de 2011 é essa.

A divergência é sobre a intensidade das reformas fiscais ou mesmo monetárias vis à vis pequenos ganhos incrementais, menos polêmicos e mais fáceis para aprovar e implantar. José Serra, pelo que diz, tende por reformas superlativas. Dilma, pelas minimalistas. Parece mais prudente diante da crise global — domada só na torcida, assim como a do caneco erguido por Lúcio. Um jogo de cada vez é melhor.

O gargalo a superar
Da crise que roda o mundo, o que se constata é que ela vai mudando de região, toma outras formas, demole crenças e está longe do fim. Em meio a tanta indefinição, desponta o Brasil com vantagens que os emergentes de ponta não têm: instituições sólidas, comparáveis só às da Índia; sem bolhas pululando, risco na China; e com economia diversificada. É equivalente à chinesa, maior que a indiana e sem comparação com a da Rússia, monotemática em petróleo e gás.

A fraqueza é a dependência externa se manifestar a cada ciclo de expansão — o que os outros Brics superaram administrando melhor o Estado e com poupança muito maior. Superar tal gargalo terá tanto peso como teve o da inflação para FHC e o do social para Lula.

MÔNICA BERGAMO

O dia em que Júlio Cesar chorou 
Monica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 10/06/2010

Susana Werner, 32, largou o trabalho de atriz para acompanhar o marido, o goleiro Júlio César, da seleção, em sua carreira internacional -ele hoje joga na Inter de Milão. Casada há nove anos, ela não gosta de ser lembrada como ex de Ronaldo. "Sou ex ex ex ex. Terminamos em 1999." Susana conversou com a coluna por telefone de sua casa, em Milão, na Itália.

Folha - Pretende ir à Copa?
Susana Werner - Aconselharam os jogadores a só levarem as famílias se tiverem esquema [de segurança].Eu, sinceramente, com duas crianças [os filhos Cauet, 7, e Giulia, 4], fico sem saber o que fazer. Se chegar nas finais, eu vou.

Você assiste aos jogos?
Pra mim é difícil, porque o Júlio não faz gol. Ele é goleiro, tem que não tomar. Me descabelo, pareço uma maluca. O Júlio esperou muitos anos pra ser titular. Em 2002, achava que tava dentro. Ficou sentado na frente da TV e não foi chamado. Neste dia, ele chorou.

Sente falta da TV?
Recebo milhões de e-mails: "Você abandonou a profissão?". Queriam que eu largasse o homem da minha vida e ficasse morando no Brasil? Meu contrato com a TV Globo começou em 1996, quando tinha 17 anos, e terminou em 2002. Segui minha vida com o Júlio. Foi uma escolha sem escolha. Costumo dizer que não adianta fazer cabo de guerra com alguém com lado mais forte. A gente ia se separar, não ia ter jeito. É difícil estar feliz 100% em tudo.

Como é sua rotina?
Acordo, levo as crianças na escola, vou ao mercado, ao banco, à academia. Fiz culinária italiana, canto, design gráfico, Photoshop [programa que trabalha com fotos].

E como se adaptou à Itália?
Morávamos num apartamentinho minúsculo em Verona. Um frio do caramba, neve pra todo lado. O Júlio tinha contrato com o Chievo e não jogava por causa da lei que limitava o número de estrangeiros [nos clubes]. E aí parou de ser convocado para a seleção. Imagina a crise na cabeça de uma pessoa que era ídolo do Flamengo, que durante três anos foi aplaudido em campo, ir pra outro país e não jogar. Ele chorava.

E hoje vocês moram bem?
Compramos um apartamento de 270 m2 na frente do estádio da Inter.

Têm ainda muitos sonhos? Talvez uma casa em Angra ou Búzios, no Brasil. O Júlio tinha um sonho de ter um carro bom e ele comprou uma Lamborghini. Eu não ligo pra roupas, marca, nada. Aprendi com ele a valorizar o dinheiro. Antes, tudo o que eu ganhava, gastava com as amigas. Enchia uma mesa no Porcão [churrascaria do Rio], comprava roupas. Com 18 anos eu já tinha dois contratos: com a Globo e o SporTV. Ganhava R$ 15 mil sem fazer esforço. Com 17 anos, comprei um Gol. Com 19, tinha um Audi.

CIGARRA
A venda de cimento no Brasil teve forte crescimento nos primeiros meses deste ano, superando até mesmo a alta do PIB: de janeiro a maio, foram vendidas 23 milhões de toneladas do material, um aumento de 16,4% em relação ao mesmo período de 2009. Só em maio o crescimento foi de 18,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.

FORMIGA
A comercialização do produto, que reflete tanto o investimento em grandes obras quanto o fenômeno "formiguinha", de pequenas reformas, tinha batido recordes em 2008, com 51,4 milhões de toneladas vendidas. Caiu no ano passado e agora atinge novos picos, com 54,5 milhões de toneladas vendidas nos últimos 12 meses.

EM OBRAS
Na onda da explosão de obras, a Votorantim Cimentos vai construir oito novas fábricas de cimento no Brasil e a Camargo Corrêa, ampliar outras tantas.

INTERMUNICIPAL
O presidente do Santos F.C., Luis Alvaro de Oliveira, foi consultado por "uma pessoa do primeiro escalão" da Prefeitura de SP sobre a possibilidade de o clube mandar alguns jogos, principalmente clássicos, no "Piritubão", o estádio que o município pretende construir na zona norte da capital. "Dissemos que sim, mas eles ainda estão estudando a viabilidade da obra. Não deram certeza de que o estádio vai ser feito."

MATRIZ E FILIAL
O Santos, no entanto, descarta se mudar de mala e cuia para o "Piritubão". Vai priorizar a construção de um novo estádio em Santos ou ampliar a Vila Belmiro. "Mas nenhum deles chegará a 45 mil pessoas", diz Luis Alvaro de Oliveira, sobre a capacidade estimada para a arena de Pirituba. "A prefeitura defende que os clubes tenham seus próprios estádios. Esse seria para clássicos e decisões."

DESAPROVADO
O Ministério da Cultura vai suspender a autorização da produtora Super Combinado de captar R$ 2,9 milhões, via Lei Rouanet, para o musical que incluiu em sua proposta os nomes dos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho sem o conhecimento deles. O ministro Juca Ferreira considerou que projetos que usem nomes de profissionais sem a devida autorização não podem receber aval do governo.

DIVAS
Diretor do programa "Hebe", do SBT, Ariel Jacobowitz negocia entrevista da apresentadora com Cher, em Las Vegas (EUA). Já estão marcadas gravações do show da cantora americana.
DICAS DO GURU
Dez celebridades brasileiras vão receber "O Efeito Sombra", livro de Deepak Chopra que tem lançamento hoje no Brasil, com dedicatória do autor. Entre os escolhidos pelo guru de Madonna e Lady Gaga, estão Lula, Dunga, Ronaldo, Xuxa e o modelo Jesus Luz, namorado da rainha do pop.

TAPETE VERMELHO
A Academia Brasileira de Cinema realizou anteontem a entrega do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, no teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

CURTO CIRCUITO
O espetáculo "Side Man", com Sandra Corveloni, Otávio Martins, Alexandre Slaviero e direção de José Henrique de Paula, estreia hoje, às 20h30, no teatro Sérgio Cardoso. Classificação etária: 14 anos.

Chris Coleman, editor do diretório Graphics, dá palestra hoje, a partir das 9h, no seminário do site de tendências WGSN, no shopping Iguatemi.

A festa The Best are Back, com o DJ Sérgio Torres, estreia hoje, às 22h, no clube Heaven. Parte da renda será destinada à Cruz Verde. 18 anos.

O restaurante Tre Bicchieri, de Cid Simão, Rodrigo Queiroz e Marquinhos Freitas, será inaugurado hoje, às 19h, no Itaim Bibi.

A designer de joias Ana Khouri promove lançamento de coleção hoje, às 21h30, no bar Número, na Consolação.

A jornalista Maria José Americano, do site Saúde e Trabalho On-line, criou fóruns no Twitter e no Facebook para debater com especialistas doenças ocupacionais. Ela busca patrocínios para ampliar o projeto.

CLÓVIS ROSSI

A ditadura do dinheiro
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/06/10


SÃO PAULO - Saiu em um blogue do "Wall Street Journal" a melhor definição para o encontro do G20 no fim de semana na Coreia: "Compromissos do G20, música para os ouvidos dos banqueiros".
De fato, os ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais do clubão das maiores economias refugaram de novo impor regras para o funcionamento do sistema financeiro. Para quem não se lembra, foram os excessos dos corsários a causa para a crise que ainda continua no mundo rico.
O pretexto é o de que mexer com os bancos prejudicaria a reativação econômica, porque levaria a menor apetite para investir.
Mas, contraditoriamente, o G20 aplaudiu as medidas que países europeus vêm adotando para reequilibrar as contas públicas, o que, fatalmente, afetará a recuperação. Corte de gastos e aumento de impostos sempre reduzem a atividade econômica, como é óbvio.
A contradição maior, no entanto, se dá pelo fato de que, na hora da crise, os países do G20 soltaram dinheiro a rodo para o setor privado, a custo quase sempre zero, para evitar o colapso. Agora, o setor financeiro cobra a juros de usura o equilíbrio das contas públicas, desequilibradas para impedir que a banca quebrasse.
Ninguém fala em taxar pesadamente os lucros fenomenais dos que causaram a crise: a JP Morgan, por exemplo, lucrou, no primeiro trimestre, R$ 9 milhões por hora, o que significa que um trabalhador brasileiro de salário mínimo levaria cerca de 1.500 anos para receber o que um grupo como esse ganha em uma hora.
Ah, nós, jornalistas, estamos coonestando pelo silêncio essa aberração. Como escreveu para "El País" Enrique Gil Calvo, professor de sociologia da Universidade Complutense de Madri, a mídia trata como "natural um processo tão desequilibrado e injusto, fazendo-o parece lógico e necessário".

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Crescem investimentos em pequenas centrais hidrelétricas 
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 10/06/2010

A Ersa (Empresa de Investimento em Energias Renováveis) irá investir R$ 750 milhões na construção de sete pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). As obras terão início entre o final deste ano e o começo de 2011.

Juntas, as usinas terão capacidade instalada de 127,5 MW. Seis delas estão localizadas em Minas Gerais e uma em Santa Catarina.

A Ersa já recebeu a autorização da Aneel e agora espera obter as autorizações ambientais. As usinas devem entrar em operação em 2013, mas ainda não está definido em que mercado vão atuar.

"Estamos avaliando os dois mercados, o cativo e o livre. Vamos negociar com aquele que oferecer a melhor condição", diz Andre Sales, presidente da Ersa.

Os custos de construção têm crescido nos últimos anos, o que dificulta as operações das pequenas empresas, segundo Sales.

Até o final deste ano, a Ersa terá em operação 11 PCHs, que somam 154,5 MW. A estimativa da companhia é dobrar o faturamento neste ano, para R$ 80 milhões.

Outra empresa do setor que vai investir é a Rischbieter. Serão R$ 636 milhões em 15 novos projetos de PCHs até o final do ano que vem. A primeira delas será implantada em agosto.

JOIA RARA
"Qual a joia que você sempre sonhou ter e nunca encontrou no mercado?" Foi essa a pergunta que a joalheira Ana Khouri fez a dez amigas para desenvolverem juntas os acessórios.

Entre elas estão Natalie Klein, Donata Meirelles, Cecília Sicupira e Luiza Setubal. A partir das ideias das moças, Khouri desenvolveu as peças, que são exclusivas e limitadas. Do colar imaginado por Patricia Jereissati, porém, foi feito apenas um.

A coleção será lançada hoje, em São Paulo, e as joias serão vendidas na NK Store, de Klein. A participação das amigas nas vendas irá para instituições filantrópicas. "Cerca de 10% serão doados para entidades escolhidas por cada uma das mulheres", diz Khouri.
Certificado
A quantidade de pessoas inscritas no exame de certificação profissional do mercado financeiro, realizado pelo CFA Institute, cresceu 9% neste mês no mundo. O Brasil foi o país com a maior alta de inscrições para certificação. O número aumentou 17% em 2010 em relação ao ano anterior.
Sem fio
O celular é o canal virtual com o maior crescimento no Banco do Brasil. Desde seu lançamento em março, o Saque Sem, serviço do BB que permite ao cliente tirar dinheiro caso não esteja com o cartão, cresce em torno de 30% ao mês em quantidade de usuários.
Mini 
A ABF, Rio, (de franchising) estima que o setor de minilojas, instaladas em condomínios, aeroportos, hipermercados e hotéis, ultrapasse o faturamento de R$ 63 bilhões neste ano e gere cerca de 1,5 milhão de empregos, sem contar os indiretos.
IMPOSTO GLOBAL 
Uma força-tarefa composta por 11 países e o Brasil deve apresentar na reunião do G20, neste mês, a proposta de um imposto global sobre transações cambiais.

O objetivo é constituir um fundo de solidariedade para financiar o desenvolvimento de países pobres.

O grupo propõe uma taxa de 0,005% sobre cada operação no CLS (Continuous Linked Settlement), banco que realiza 60% das transações de câmbio globais.

O imposto arrecadará US$ 35 bilhões por ano e poderá ser gerenciado pelo Banco Mundial, segundo o grupo.
VOO DIRETO 
A partir do dia 26, o Brasil terá conexão direta com Barbados, no Caribe. A rota será oferecida pela Varig, controlada pela Gol, a única no continente a oferecer voos diretos para o destino. Hoje, o trajeto mais usado passa pelos Estados Unidos e é preciso ter visto norte-americano. O serviço encurtará o tempo da viagem em muitas horas e ainda reduzirá custos.

CELSO MING

Quanto dá para crescer 
Celso Ming 
O Estado de S.Paulo - 10/06/2010

De todas as direções brotam dúvidas e advertências sobre a sustentabilidade do crescimento do PIB apresentado no primeiro trimestre (equivalente a 11,2% ao ano).

Desta vez, ninguém apareceu para afirmar que é só manter o ritmo e a predisposição a investir que a economia aguenta. Há meses o Banco Central vem passando sinais de que o setor produtivo não tem preparo físico para manter essa velocidade. Ou seja, avisa que a capacidade de produzir está à beira do esgotamento e que, agora, será preciso desacelerar para evitar inflação, distensão muscular e rompimento dos tendões da economia.

Não está claro qual é o crescimento potencial real da economia. Há alguns anos, o Banco Central sugeria que fosse algo em torno de 3,5%. Um avanço do PIB acima desse passo implicaria fortes desequilíbrios. O ex-ministro Delfim Netto sempre zomba de quem crava números tão exatos, baseados mais em palpite que em cálculos confiáveis. Ontem, o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore advertiu que, se o investimento fosse de 20% do PIB, o crescimento sustentável da economia poderia ser de 4,5%. E, se o investimento chegasse a 25% do PIB, talvez o PIB pudesse crescer 5,5%. Ainda assim, haveria desequilíbrio nas Transações Correntes (contas externas), porque as importações teriam de ser fortemente acionadas e, ao mesmo tempo, o aumento do consumo interno deixaria menos excedentes para exportar.

No Brasil, o comportamento dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), que deveria mostrar a quantas anda a capacidade de produção futura, encerra mais incógnitas do que certezas. Em 2009, a construção civil correspondia a 41,1% do PIB, como pode ser aferido na tabela ao lado (não há dados mais atualizados). Pouca coisa no avanço da construção civil equivale a aumento de capacidade produtiva. Novas moradias, por exemplo, não proporcionam aumento da produção. Construção de fábricas ou estradas apresenta, sim, fator multiplicador da produção. Mas não há nenhum elemento que possa dizer qual é isso no Brasil.

Outro componente dos investimentos é a aquisição de bens de capital. Sempre que uma empresa compra máquinas, caldeiras ou fornos está semeando produção futura. Mas não basta afirmar que a predisposição ao investimento em máquinas está aumentando. É preciso saber qual é o prazo de maturação dessas iniciativas. Uma hidrelétrica não fica pronta em menos de cinco anos. Enquanto isso, a aquisição de Tecnologia de Informação pode ter uma resposta bem mais rápida.

Essa é matéria onde se caminha no escuro no Brasil, mas a falta de conhecimento não é razão para forçar demais os músculos produtivos, como alguns sugerem. Uma séria lesão pode provocar prejuízos irreversíveis para a economia.
Conforme previsto 
A decisão do Copom (aumento dos juros básicos de 0,75 ponto porcentual, para 10,25% ao ano) foi o que já se esperava. Duas novidades reforçaram a decisão. O impressionante avanço do PIB anunciando na véspera justifica a desaceleração. E a alta de preços uniformemente espalhada no varejo sugere que a inflação de demanda já é bem mais do que uma hipótese. Não ficaram claros os passos seguintes do Copom. A próxima reunião está agendada para 21 de julho, quando a campanha eleitoral terá começado a esquentar.

PAINEL DA FOLHA

Milagre da multiplicação 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 10/06/2010

Participante da reunião em que integrantes da campanha de Dilma Rousseff teriam discutido o levantamento de informações contra José Serra, Benedito de Oliveira Neto usou um expediente no qual o Tribunal de Contas da União vê indícios de fraude para alavancar de R$ 75 mil para R$ 200 milhões os contratos das empresas de sua família com o governo Lula.

Além da Gráfica Brasil e da Dialog, ele também é dono da Projects Brasil e da editora JBR. Em novembro, o TCU mandou suspender contrato da Dialog com o Ministério da Pesca após descobrir que "Bené" colocara outra empresa sua no pregão para derrubar os preços e eliminar as concorrentes da Dialog.
Biombo 1


Chamada pelo pregoeiro, a Projects, que nem sequer atua em organização de eventos, pulou fora, dando a "vitória" à Dialog. As duas funcionam no mesmo espaço em Brasília.
Biombo 2


Apesar de vender serviços de digitalização e organização de documentos, a Projects informou à Receita que atua como agência de publicidade, editora de livros e comércio de suprimentos de informática.
Corda...

 
Dada a proximidade de Fernando Pimentel com Dilma Rousseff, engana-se quem aposta no afastamento duradouro do mineiro do núcleo da campanha, na esteira do episódio do dossiê. "Daqui a alguns dias ele já está entrando no carro com ela de novo", aposta um petista que conhece a vida.
...e caçamba 


Isso não elimina o fato de que Antonio Palocci está a cada dia mais grudado em Dilma.
Avec


O deputado José Eduardo Cardozo é o integrante do comando da campanha escalado para acompanhar Dilma à Europa a partir de segunda. Além de encontro com Nicolas Sarkozy, a agenda prevê conversas com os premiês espanhol, José Luis Zapatero, e português, José Sócrates.
Brasiiiiiiilll


Lula convidará assessores e ministros para assistir no Alvorada, às 11h do dia 25, a Brasil x Portugal. O grupo poderá apreciar o jogo em 3D, graças a equipamento cedido pela Rede TV!. As duas outras partidas da seleção na primeira fase, ambas às 15h30, o presidente pretende acompanhar na sede provisória do governo.
Pimentécio 1


Aécio Neves (PSDB) foi dos primeiros a telefonar para Fernando Pimentel, na segunda, cumprimentando o petista pelo anúncio da candidatura ao Senado. Desejou-lhe sorte.
Pimentécio 2


O PPS está de cabelo em pé. Teme dobradinha Aécio-Pimentel em prejuízo de Itamar Franco, colega de chapa do tucano e segundo colocado nas pesquisas para o Senado.
Estado...


Apesar da pr
essão do governo para deixar o PP na órbita de Dilma ou no mínimo "neutro", o comando da campanha de Serra ainda não desistiu de atrair o partido, dando-lhe o posto de vice e recebendo em troca quase um minuto e meio de tempo de televisão. Se a tentativa fracassar, o número dois da chapa será um tucano. Neste caso, o candidato não vê por que definir o nome antes do final do mês.

...das coisas


O que mais existe, na lista de cotados para vice de Serra, é gente que não está de fato cotada para ser vice de Serra.
Cabong!


Candidato ao Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) foi surpreendido por um raio que atingiu o prédio onde gravava uma entrevista. Desabafo do governador cassado: "Acho que a rádio foi para o espaço..."
Tiroteio


Foram pegos nus no quarto e garantem que não iam fazer sexo.
Contraponto


Questão de opinião 


Ao receber na manhã de ontem a comitiva do PMDB que foi lhe entregar o programa de governo elaborado pelo partido, Dilma Rousseff saudou Michel Temer, seu futuro vice, com um comentário elogioso:

-Li o seu perfil na revista "Piauí". Ficou muito bom, muito simpático- comentou a petista.

Temer, que a mais de uma pessoa havia manifestado irritação a propósito da referida reportagem, cuidou de não passar recibo:

-É, realmente, ficou muito humano...