quinta-feira, junho 03, 2010

AUGUSTO NUNES

O gerente da fábrica de mentiras

AUGUSTO NUNES
VEJA - ON-LINE - 03/06/10

O presidente Lula aproveitou a visita à fábrica da Volkswagen no ABC paulista para ampliar a fábrica de mentiras montada em sociedade com o amigo Mahmoud Ahmadinejad. “Todo mundo falava mal do Irã, mas ninguém tinha sentado no tête-à-tête”, reincidiu o campeão da gabolice. “Aquilo que os americanos não estavam conseguindo em 31 anos de negociações com o Irã o Brasil conseguiu em 18 horas de conversa”.
O Brasil não conseguiu coisa nenhuma. O presidente só conseguiu o de sempre: o papel de otário megalomitômano no espetáculo do cinismo. Lula nem imagina o que é fundamentalismo xiita, nunca ouviu falar do aiatolá Khomeini e talvez ignore que o regime instituído em 1979 fez a opção preferencial pelas cavernas em 1979. Mas sabe que o Irã não quer conversa com interlocutores sérios. Ele baixou em Teerã não como negociador, mas como cúmplice.
A discurseira na Volkswagen reafirma uma constatação e conduz a uma descoberta. Lula constatou que a política externa influencia, sim, o comportamento do eleitorado. E o Brasil que pensa descobriu que o presidente se faz de ingênuo por vigarice. Capricha na pose de mediador esforçado, iludido em sua boa fé pelos americanos, para apresentar Ahmadinejad como o bom moço enganado por vilões e, simultaneamente, apresentar-se como vítima da inveja de Barack Obama. De volta aos palanques, tenta agora transformar em vitória um fiasco e convencer plateias grávidas de credulidade de que só não foi promovido a pacificador do planeta por culpa de Hillary Clinton.
“Quanto mais mentiras nossos adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”, prometeu José Serra no primeiro discurso como candidato à presidência. É hora de riscar esse restritivo “sobre nós” e rechaçar sem reverências nem eufemismos qualquer tipo de mentira. No caso do Irã, por exemplo, Lula finge lidar com uma democracia como tantas, injustamente impedida pelo imperialismo ianque de recorrer à energia nuclear para melhorar a vida dos cidadãos.
É preciso destruir sem demora a fábrica de mentiras. Cumpre à oposição mostrar aos brasileiros o que o regime iraniano efetivamente é: uma ditadura singularmente brutal, que estupra os direitos humanos, frauda eleições, odeia a liberdade de expressão, prende, tortura e mata quem não capitula, sonha com a eliminação física de todos os inimigos, envergonha o mundo civilizado e afronta todo o tempo a consciência universal.
Regimes assim não negociam. Tramam. Não têm interlocutores. Têm comparsas.

JOSÉ SIMÃO



Uau! Maradona com bolas de fora!
JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/06/10

Maradona en bolas: se o Dunga deixou o Pato e o Ganso de fora, por que eu não posso deixar o pinto?


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Frase do dia da Cópula do Mundo: os argentinos podem fazer sexo na concentração, só não podem levar mulheres! Rarará!
E esse amistoso com o Zimbábue? E por que o Galvão não tá narrando? A ONU impediu. Diz que o povo do Zimbábue já sofre demais. Eu tenho certeza de que o regente que tocou o Hino Nacional no Zimbábue foi a Vanusa! E o Hino Nacional é tão comprido que o Robinho ficou contando piada pro Kaká no meio!
E jogar com o Zimbábue tem dois problemas. Ganhar é covardia. E perder é humilhação! E os jogadores do Zimbábue não são fãs dos brasileiros. São fanáticos. Acho que correm em campo pra pedir autógrafo!
E o Maradona prometendo ficar pelado? Pelado, não. Em espanhol se diz en bolas. Se o Dunga deixou o Pato e o Ganso de fora, por que não posso deixar o pinto?
E já disse que prefiro o Maradona pelado do que o Dunga sorrindo! E, se a Coreia do Norte ganhar a Copa, a Hillary se mata. Sanciona África, Oriente Médio, China, Cochinchina e Abissínia! E esses amistosos que o Brasil escolheu? Tanzânia e Zimbábue. Foi por ordem alfabética?!
E hoje começa Feriadão de Corpus Christi. Ops, CORPUS ALEGRES! Metade vai pra praia e metade vai pra Parada Gay! Ops, Disparada Gay. Porque gay não consegue ficar parado nem pra tirar foto 3 x 4!
E as seleções dos leitores? Continuam chegando sugestões de seleções melhores que a do Dunga. Ou seja, qualquer uma. Fala pra levar o Perebas Futebol Clube de BH: Briôco, Alan Bique, Fez na Calça, Pastel de Vento, Filho do Padre, Cabeção, ET sem Antena, Ceguinho Caolho, Fimose e Torresmo Cabeludo!
Ou então leva aquele craque do Gameleira Esporte Clube: Bosta de Urso. Ou então o goleiro do Time do Lixão: Mão de Maionese! Ou então o time do Veludo Cotelê, aquele inferninho de Osasco: Suely Legging Lee, Marina Peitos, Sheila Popozuda, Grayce Chupeta, Bia Sandalinha e Natasha Sádica! Hexa Garantido! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Acossado": companheiro com pulga na cueca. Rarará.
O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

EDITORIAL - O GLOBO

Pesquisa mostra danos das cotas raciais
EDITORIAL
O GLOBO - 03/06/10
Quanto mais se usam dados objetivos e referências históricas em debates contaminados por emoção, partidarismo, política e ideologia, menor o risco de se cometer graves equívocos na hora de tomar decisões. No caso da proposta de instituição de cotas raciais visando à criação de uma reserva de vagas para negros no ensino superior, este cuidado é imprescindível, pois estão em jogo questõeschave: da qualificação de profissionais, imprescindível para o país poder competir no mundo globalizado, à preservação de características saudáveis na formação de uma sociedade miscigenada, como a brasileira, sem as tensões raciais verificadas, por exemplo, nos Estados Unidos.

Esta proposta, importada ainda na Era FH dentro das chamadas ações afirmativas, ganhou mais força na gestão Lula, porque, nela, a militância racialista aumentou a presença no Executivo em Brasília. Com articulações no Congresso, o lobby conseguiu fazer tramitar entre deputados e senadores uma lei específica de criação dessas cotas e um projeto de estatuto, o qual estende a reserva de mercado em função da cor da pele à publicidade, à concessão de emprego no setor público, entre outras aberrações.

Na discussão que se trava de maneira mais acesa desde o início do atual governo, já existe um rico acervo de argumentos fundamentados contra as cotas raciais, mecanismo, inclusive, já revisto pela Justiça dos Estados Unidos, onde elas surgiram e se firmaram.

Pesquisa feita pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), primeiro estabelecimento de ensino superior do país a aderir ao sistema de cotas raciais, contribui para este acervo. Realizado a partir dos dados do vestibular feito pela universidade em 2009, o levantamento comprova uma das mais cortantes críticas às cotas: criadas para supostamente corrigir injustiças, as cotas impedem a entrada no ensino superior de pessoas mais bem preparadas. É a confirmação do perigoso abandono do princípio do mérito.

Das 2.396 vagas abertas naquele vestibular para cotistas, apenas 1.384 foram preenchidas, pois os candidatos não conseguiram obter a nota mínima: 2.

Mesmo que a relação entre candidatos cotistas e vagas fosse quase um para um, enquanto entre os não cotistas 11 disputaram cada vaga. Entenda-se: se não são exigidas maiores qualificações aos cotistas, muitos merecedores de entrar na universidade ficaram de fora. Ainda com base na mesma pesquisa, a Uerj tenta justificar as cotas afirmando que o índice de reprovação é maior entre os não cotistas. A constatação, no entanto, tem importância relativa, pois o dano maior, o de impedir o desenvolvimento de talentos apenas porque eles não são negros, já foi causado no vestibular.

Também não surpreende que, em várias disciplinas, cotistas tenham notas inferiores às dos demais estudantes. Até o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves de Castro, em entrevista ao “Jornal Nacional”, admitiu que ficam de fora estudantes mais bem preparados. Mas ele continua a defender as cotas, mesmo que haja tantas evidências de que, ao reduzir a importância do princípio do mérito em nome da “raça”, o Brasil não terá profissionais qualificados como a realidade requer e, como inadmissível subproduto, já começa a inocular o racismo no convívio cotidiano da juventude.

Que esta pesquisa ajude o Congresso e o STF, onde o tema tramita, a refletir.

Pesquisa da Uerj comprova a diminuição de importância do mérito escolar

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Sindicalismo de Estado
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo 03/06/10

No que foi, para todos os efeitos, o maior comício até aqui da campanha que oficialmente ainda não começou para fazer da ex-ministra Dilma Rousseff a sucessora do presidente Lula, 5 das 6 centrais sindicais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho reuniram terça-feira, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, perto de 15 mil pessoas, metade do esperado, por sinal. O pretexto para o evento - a assembleia da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) - era aprovar uma agenda de 290 propostas a ser entregue aos presidenciáveis.

Na realidade, foi uma escancarada mobilização eleitoral pela "continuidade" do governo lulista, para "impedir o retrocesso". Os nomes Dilma Rousseff e José Serra não foram pronunciados, nem seria preciso, embora um espectador menos avisado, e havia muitos entre os homens e mulheres trazidos pelas centrais com as despesas pagas e mais algum, pudesse achar que estava sendo convocado a votar em Lula. O disfarce era roto. "Para não ser tachado de fazer campanha", entoou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, do PDT paulista, "quero cantar o Hino à Bandeira."

Na véspera, o notório Paulinho da Força tinha sido mais autêntico. Fez pouco da
 Justiça Eleitoral ao dizer que não adiantaria processá-lo (pela quinta vez), pois "continuaria a falar". E investiu contra "esse sujeito", José Serra, que irá "tirar os direitos dos trabalhadores", caso se eleja. De uma forma ou de outra, os dirigentes da Força, da CUT e outras centrais alinhadas com os interesses do governo que as acolheu no seu bojo montaram uma linha de produção em série de ilícitos. Proibidas de fazê-lo, engajam-se ostensivamente em campanhas eleitorais, desrespeitando, além disso, as restrições legais que se aplicam ao chamado período de pré-campanha.

E tudo com dinheiro do imposto sindical instituído pelo Estado Novo de Getúlio Vargas ? o dia de salário que os trabalhadores, sindicalizados ou não, têm descontado uma vez por ano. A bolada vai para os sindicatos únicos (no Brasil, como se sabe, apenas uma entidade pode representar determinada categoria profissional em determinada base territorial) e daí para as centrais. Graças a esse arranjo perverso, as oligarquias sindicais têm meios de sobra para fazer política ? corajosamente a favor, como se diz, do governo com o qual vivem em mancebia, arquivados os antagonismos não raro ferozes entre elas.

Apenas no mês passado, por exemplo, a União repassou para as 5 centrais que promoveram o comício do Pacaembu um total de R$ 70,2 milhões. Perto disso, a conta do evento ? R$ 800 mil, entre aluguel do estádio, infraestrutura do espetáculo, custeio dos participantes e gastos com a coordenação do trânsito ? chega a parecer uns trocados. Há mais, muito mais, proporcionado por esse modelo contra o qual outrora Lula, o metalúrgico, se insurgia.

O imposto sindical é o que torna possível o novo pelegato, a cooptação dos controladores das máquinas sindicais pelo lulismo, fazendo lembrar a Era Vargas e o peronismo na Argentina. É o sindicalismo de Estado.

A eleição de Lula produziu na estrutura do setor público federal uma troca de guarda como não se via desde a Revolução de 1930. A nova elite do poder vem dos quadros do PT ? muitos de origem sindicalista ? e dos cristãos-novos do lulismo, entre os quais se destacam as corriolas do sindicalismo de resultados. "Uma vez que a Força Sindical e a CUT foram adversários históricos, a aproximação entre elas não tem nada de programático ou ideológico", observa o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, professor titular aposentado da USP e da Unicamp, estudioso do sindicalismo.

A convergência oportunista não se limita, evidentemente, às duas maiores centrais. Também as outras, com exceção da pequena UGT, sob influência do PPS, entraram na roda. "É visível o esforço dos seus dirigentes para se legitimar perante o PT e serem bem aceitos pelos cutistas", aponta o especialista. Nessa geleia geral, não é descabida a sua hipótese da formação de "uma só entidade sindical gigante", que seria conduzida por ninguém menos do que o futuro ex-presidente Lula.

TUTTY VASQUES

Parada Gay Fashion Week

Tutty Vasques 
O Estado de S.Paulo - 03/06/10

O comando da campanha de José Serra mandou espalhar no comitê de Dilma Rousseff que o tucano vai à Parada Gay de domingo, na Avenida Paulista, vestindo espartilho, sapatilhas e uma tiara com antenas de coraçãozinho na ponta. A ideia é estimular a pré-candidata a superar o brilho e a ousadia do adversário na festa.
Pegadinha à parte, se for mesmo ao evento para o qual todos os pré-candidatos à Presidência foram convidados, Serra deverá optar pelo seu traje casual preferido: calça de tergal, camisa Volta ao Mundo, sapato preto bem engraxado, enfim, a roupinha básica que ele costuma usar quando anda de bicicleta ou vai à praia.
A saia-justa do guarda-roupa inadequado à vida civil é comum a Dilma Rousseff que, sem o tailleur de campanha, não fica nada a desejar à falta de estilo a que Serra se expõe quando tira o paletó e a gravata. À paisana, eles desconstroem a arte de se arrumar. Dá para imaginar a Marina Silva de bermuda e cabelo solto? Pois é!
Com que roupa eles vão à Paulista no domingo? Eis o que resta aos respectivos marqueteiros decidirem, num ano em que a presença dos candidatos no evento é praticamente obrigatória: espera-se 3 milhões de eleitores no coro "vote contra a homofobia". Quem não for, já viu, né?
A besta vem aí!
Se o Kaká continuar jogando desse jeito, não demora nada a torcida vai pedir ao Dunga pra botar o Júlio Baptista. E, claro, o técnico não vai nos atender!

Descomprometimento
"Não me comprometa!"
DUNGA, AO RECUSAR CONVITE PARA VISITAR O PALÁCIO DE ROBERT MUGABE EM HARARE.

Camisinha no lanche
A TAM vai distribuir preservativos entre seus passageiros durante a 
semana do Dia dos Namorados. Do jeito que os lanches de bordo andam encolhendo ultimamente, capaz de ter gente comendo sua camisinha durante o voo.
Golpe na ditadura
Robert Mugabe já mandou apurar por que a seleção do Zimbábue perdeu para a do Brasil. Disseram-lhe que, pela tabela da CBF, teria pago pela partida de ontem preço de 
amistoso com vitória do time da casa.
À la Vanusa
A banda do Zimbábue executou o Hino Nacional de forma inapelável. Ao que tudo indica, fizeram a partitura da música por lá mesmo com base naquela interpretação da Vanusa capturada no YouTube.
Sem fundo
Vocês viram aquela gigantesca cratera circular que a tempestade Agatha abriu na Cidade da Guatemala? Buraco assim, francamente, não deixa de ser uma nova modalidade de fim do mundo.
Fofo Fashion
O estilista Lucas Nascimento inspirou sua nova coleção "no documentário Koyaanisqatsi, na desarmonia e na confusão pós-moderna para obter um conjunto neutro". Tomara que seja melhor desenhando, né?
Ora belas!
Chega de falar mal da bola! Semana que vem tem São Paulo Fashion Week, tempo de falar mal das belas. 

BRASIL S/A

Faltou o principal
Antonio Machado

CORREIO BRAZILIENSE - 03/06/10

Lula justifica carga tributária elevada, mas não fala da qualidade do gasto, que é o que importa


A apologia da carga tributária parruda feita pelo presidente Lula em seminário sobre a América Latina, em Brasília, dá margem a duas interpretações, já que imposto, como a própria palavra o expressa, ninguém paga com prazer, e, no Brasil, está longe de ser razoável.

É possível que Lula tenha apenas revelado o que acha sobre o que se paga de impostos no Brasil, sem entrar no mérito se é muito ou se é pouco. A carga impositiva elevada, conforme a definiu, foi condição para que a discussão sobre o que vem primeiro, crescer ou distribuir renda, fosse superada em seu governo. “Nós fizemos os dois, concomitantemente, e o sucesso foi extraordinário”, disse.

É uma maneira de enxergar o tamanho da mordida tributária, embora parcial, já que nos países onde ela é muito alta, como na Europa, a qualidade dos serviços custeados pelo Estado compete em situação de igualdade com os privados, como educação e saúde. E a renda per capita é tão alta que, proporcionalmente, aqui se paga muito mais.

Lula também deve saber a diferença entre os regimes tributários no Brasil e nos países ricos, onde a renda é mais tributada que o consumo, mas exportação e investimento, em regra, são desonerados.

A menor dispersão da renda no mundo rico a torna passível de vir a receber a maior parte da tributação. No Brasil, a distribuição de renda é um processo em curso, acentuado no governo Lula, mas ainda muito concentrada. O receio é que tributar pesado o capital seja um desincentivo a investir no país. Nem Lula ousou fazê-lo.

Tal arrazoado torna mais compreensível o que declarou: “Tem muita gente que se orgulha de dizer: ‘Ó, no meu país a carga tributária é [de] apenas 9%. No meu país, a carga tributária é apenas 10%”. E foi em frente: “Quem tem carga tributária de 10% não tem Estado! O Estado não pode fazer absolutamente nada”.

Dada a expectativa de serviços públicos no mundo, Lula tem razão. Arrecadação de 10% como proporção do PIB mal daria para custear a educação e saúde. Discutível é que se tenha de entregar ao Estado 36% do PIB, o patamar da carga tributária no Brasil, que pode ir a 40%, incluindo receitas parafiscais, em troca do que é devolvido à sociedade. E pior fica quando se considera o investimento público.

Além de mirrado, na prática é privado, que o sustenta e assume o risco, ainda que financiado por um banco estatal. Não é tão óbvia a relação entre tamanho do Estado e desenvolvimento como Lula diz.

O juízo embaralhado
O presidente achou pertinente dar exemplos à sua explanação sobre a coerência da portentosa carga tributária no Brasil. “Os Estados que têm as melhores políticas sociais são os Estados que têm carga tributária mais elevada”, afirmou. “Vide EUA, vide Alemanha, vide França, vide Suécia, vide Dinamarca. Os que têm a carga tributária menor não têm condições de fazer absolutamente nada de política social. É só fazer um “recogido” na nossa querida América [Latina] para a gente ver o que acontece.” Lula embaralhou o raciocínio.

A carga é muito baixa na maioria dos países abaixo do Rio Grande, é muito alta na Europa e ocupa uma posição intermediária nos EUA. A brasileira é maior que a dos EUA, onde os serviços públicos têm menor cobertura que na Europa, mas são superiores aos do Brasil.

Imunizando o governo
É neste contexto da comparação internacional feita por Lula que se supõe que talvez ele também tenha tido a intenção, ao defender o nível elevado da carga tributária, de imunizar o seu governo de críticas contra os altos impostos. Elas existem, de fato, mas não bem da candidatura de José Serra, e sim de grupos de profissionais liberais e pequenos empresários. Para o PSDB, fazer essa crítica é embaraçoso, pois a arrecadação explodiu nos dois governos de FHC.

Lula manteve a tendência, mas mais pelo aumento da receita vinda do crescimento econômico e da formalização do trabalho e empresas, que da criação de impostos e majoração de alíquotas. Contra a sua vontade, aliás, o Congresso pôs fim até a um tributo, a CPMF.

O verdadeiro debate
A verdadeira discussão Lula não fez, nem a crítica conservadora a faz. Trata-se da qualidade da aplicação dos dinheiros arrecadados à sociedade e das prioridades quanto ao que se faz com eles. Não é o tamanho da tributação o que importa. Antes da crise, a Suécia, com a maior carga tributária do mundo, 50,1%, vinha de 20 anos de forte desempenho econômico, assim como os EUA, com nível fiscal de apenas 28,2% (ambos os dados de 2006, que se comparavam com 34,23% do PIB, no Brasil). E na China é ainda menor. É isso que importa.

Cadê a valentia?
O constituinte de 1987 tanto sabia aonde poderia levar a questão tributária que a Constituição instrui no parágrafo 5º do artigo 150 que “a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidem sobre mercadorias e serviços”. O projeto que regulamenta o dispositivo foi aprovado no Senado e empacou na Câmara. Os deputados são ligeiros ao aprovar despesas. Mas parecem temer que o brasileiro descubra que paga 45% de impostos sobre o preço de um humilde chinelo, 45,5% ao comprar uma caixa de sabão em pó, 7,9% no quilo de arroz, 65% na conta de luz, mais de 40% na de telefone, 20,4% para casar. Paga até quando morre. Sem que os tributos sejam apartados dos preços, como manda a Constituição, não há valentia em justificar a carga tributária.

EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO

Sindicalista acidental
Editorial
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/06/10


Evento de centrais de trabalhadores realizado anteontem no estádio do Pacaembu consagra o peleguismo da era Lula

Foi-se o tempo em que a cidade de São Paulo pouco mais oferecia, em matéria de atividades de lazer, do que acompanhar o vaivém dos aviões em Congonhas ou conhecer a coleção de cobras, por tanto tempo conservada com carinho, do Instituto Butantan.
Exposições de arte, butiques de luxo, ruas de comércio popular, restaurantes de todo tipo e grandes eventos -como a Parada Gay que se aproxima- ampliaram significativamente o leque das atrações turísticas da cidade.
Sem dúvida motivada por esse agradável prospecto, a aposentada Terezinha Melo, de 72 anos, deslocou-se nesta semana do subúrbio carioca de Guadalupe até a capital paulista. Tinha sido convidada para um "passeio grátis"; hospedagem e alimentação estavam incluídas no pacote.
A condição, a que acedeu de boa-fé, era participar de um "evento surpresa". E teve sua surpresa a aposentada -nada estimulante do ponto de vista cultural ou turístico, mas certamente instrutiva em sua maciça aspereza.
Na inédita condição de "sindicalista acidental", Terezinha Melo viu-se desembarcada em frente ao estádio do Pacaembu, ao lado de outras 10 mil pessoas. Evento de fato foi, e dos grandes.
Tratava-se do convescote pré-eleitoral organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), pela Força Sindical e outras três entidades congêneres, a pretexto de apresentar uma agenda de propostas trabalhistas para o próximo presidente.
A pauta, que aliás continha pontos substantivos, como a descriminalização do aborto, o imposto sobre grandes fortunas e a jornada de 40 horas, importou menos do que o explícito e implícito interesse partidário dos mentores da manifestação.
Um deles, o deputado pedetista Paulinho Pereira da Silva, já dera dias antes o tom de suas prioridades. Acusara o tucano José Serra ("esse sujeito", em suas palavras) de conspirar contra a licença maternidade, as férias remuneradas e outros direitos do trabalhador.
Enquanto Serra vai sendo demonizado, a oligarquia sindical propôs no evento o direito irrestrito de greve no funcionalismo -ignorando o fato de que, não faz muito tempo, veio do presidente Lula a iniciativa de barrá-lo.
O jogo duplo tem explicação elementar. As centrais sindicais se tornaram, sob a administração petista, sucursais dos interesses do Planalto; recebem diretamente do governo sua parcela do imposto sindical -arrecadado de todo trabalhador brasileiro, seja ele sindicalizado ou não.
Só no mês passado, embolsaram R$ 70 milhões. O "evento surpresa" de anteontem custou R$ 800 mil, incluindo-se na quantia, é óbvio, a passagem da aposentada Terezinha Melo. Que, assim, fez número na plateia do show peleguista, da mesma maneira com que todo trabalhador contribui para as finanças das centrais sindicais: involuntariamente.

MERVAL PEREIRA

Por menos impostos
Merval Pereira
O GLOBO - 03/06/10

Você acha que o brasileiro médio trabalhar 148 dias só para pagar os impostos para os três níveis de governo é um escândalo? Pois acredite: ainda tem gente que não acabou de pagar. Os que ganham até dois salários mínimos gastam exatos 197 dias.

Numa demonstração clara da injustiça do sistema implantado, quem ganha mais de 20 salários trabalha 102 dias para o governo, quase a metade.

O cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, é um especialista em destrinchar o comportamento do brasileiro comum através de pesquisas.

Foi assim que ele criou dois best-sellers, “A cabeça do brasileiro” e “A cabeça do eleitor”. Agora ele volta com o livro “Dedo na ferida: menos impostos, mais consumo”, com um tema muito atual e que, espera, seja o enfoque da campanha presidencial: a explosiva carga tributária brasileira, que se aproxima de 40% da remuneração do cidadão brasileiro.

E aí começa a injustiça. O sistema brasileiro pune com altas taxas o consumo, e não apenas a renda.

No dia em que o impostômetro, um relógio digital instalado em São Paulo, pela Associação Comercial, para acompanhar a marcha da arrecadação, assinalou a marca de R$ 500 bilhões pagos pelo contribuinte brasileiro em todos os níveis de governo — municipal, estadual e federal —, Alberto Carlos Almeida propôs que os políticos assumam a bandeira que suas pesquisas indicam ser o sonho do brasileiro comum: redução pura e simples dos impostos no consumo.

Ele classifica de “perversidade” a política do governo de reduzir o IPI para carros e eletrodomésticos em caráter provisório, durante a crise econômica: “O governo dá um docinho para o cidadão e depois tira”.

Para Almeida, o projeto da Associação Comercial de São Paulo, apoiado por uma iniciativa popular com mais de um milhão de assinaturas, que separa o preço do produto dos impostos pagos, para realçar ao consumidor quanto está pagando para o governo, pode ser um caminho, desde que o procedimento seja o mesmo em uso nos Estados Unidos: o preço da prateleira é um, e na caixa registradora vira outro.

O que ele chama de processo de “irritar o consumidor”, para que ele se conscientize da alta carga tributária embutida nos preços.

Se em cada estado um ou dois candidatos a deputado assumissem a bandeira da redução dos impostos no consumo, meio caminho estaria percorrido, sonha Alberto Carlos Almeida.

No seu livro, um dos pontos de destaque é a demonstração do caráter regressivo do nosso sistema de impostos, com os que ganham menos pagando proporcionalmente mais.

Pelos estudos do Ibope, quem ganha até dois salários mínimos tem uma carga tributária de 54%, enquanto quem ganha mais de 30 salários paga 29%.

Na época da disputa no Congresso que resultou no fim da CPMF, fez muito furor, e certamente teve influência na decisão final, um estudo da professora Maria Helena Zockun, da Fipe, que converteu o peso da contribuição em proporção da renda de cada bloco de família.

Aproveitando um trabalho dos economistas Nelson Paes e Mirta Noemi sobre quanto da CPMF incidia sobre o consumo das famílias brasileiras, divididas em dez classes de renda e por tipo de consumo, Zockun provou que os de renda mais baixa pagavam proporcionalmente mais, o que desmontou a tese governista de que a CPMF era um imposto socialmente justo.

Ao converter o peso da CPMF para cada renda familiar proporcionalmente, a professora chegou a um quadro de desigualdade flagrante.

Como quem ganha menos gasta uma parcela maior de sua renda com o consumo do que os que ganham mais, e os de renda mais baixa gastam muitas vezes tudo que ganham e até mais, o resultado é que, em proporção de renda, os pobres pagavam mais CPMF do que os ricos.

Para as famílias que ganhavam até dois salários mínimos por mês, o peso da CPMF era de 2,19% da renda total mensal, ao mesmo tempo em que para as famílias que ganhavam mais de 30 salários mínimos, esse índice era de 0,96% da renda total mensal.

Em improviso na noite de terça-feira durante a reunião da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), em Brasília, o presidente Lula fez o seguinte comentário sobre nossa carga tributária: “Tem muita gente que se orgulha de dizer: no meu país, a carga tributária é apenas 9%. No meu país, a carga tributária é apenas10%.

Quem tem carga tributária de 10% não tem Estado”.

Fora o fato de que não existe país que tenha carga tributária tão baixa, Alberto Carlos Almeida rebate o raciocínio do presidente com outra afirmativa: “Com 10% de carga tributária não existe Estado, mas com 40% não existe sociedade”.

Para o cientista político, a carga tributária excessiva está estrangulando a sociedade, e o próximo passo para o país se transformar em grande potência tem que ser a mudança do padrão de taxação.

Alberto Carlos Almeida atribui à alta carga tributária a falta de competitividade da economia brasileira, e sabe que a mudança só acontecerá a longo prazo, mas afirma que ela é imprescindível para que o país possa ter um desenvolvimento perene ao longo do tempo.

Almeida não se refere a uma reforma tributária nos moldes da que se discute eternamente sem chegar a uma conclusão: “No Brasil, quando não se quer mudar nada, se faz uma reforma”.

Ele defende uma decisão simples: a redução dos impostos no consumo, que seria viável com a redução proporcional do desperdício e da corrupção na máquina pública. Essa receita não é dele, mas do cidadão comum, revelada pelas pesquisas que realizou.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

O Irã não é aqui
Sonia Racy 
O Estado de S.Paulo - 03/06/10
Incômodo à vista para o Itamaraty e para Ahmadinejad. Está sendo criado no Rio o Núcleo da Diversidade Iraniana, destinado a receber e a dar assistência a gays do Irã - que Teerã jura que não existem.
Coordenado pela senadora Kátia Abreu, do DEM, o movimento surgiu a partir da chegada ao Brasil de E. K., um gay perseguido pela polícia iraniana e que acaba de obter do Brasil a condição de refugiado político.

O Irã 2 
Feliz com essa decisão, o rapaz avisa que ficará no Rio, onde já está recebendo ajuda psicológica, curso de português, emprego em uma ONG e até dentista. "Vamos dar um caminho a esses refugiados e cobrar do Itamaraty a razão de apoiar um governo que os persegue tão brutalmente", diz Kátia Abreu.

Primeiro, votation
Alckmin mostrou ontem, na saída da Associação Comercial de São Paulo, que está pronto para a guerra. Perseguido pela equipe do Pânico na TV, foi-lhe depois perguntado se dançou o rebolation.
"Primeiro votation. Depois rebolation", disparou o tucano.

Frasqueira
Danielle Winits que se cuide: a Devassa está chegando. Paris Hilton vai fotografar campanha da grife Triton ao lado de Jonatas Faro, um dia depois de desfilar na São Paulo Fashion Week.
Traz na bagagem seu maquiador oficial e um de seus cachorrinhos, que também vai posar para as fotos.

Dedos cruzados
Fernando Morais, que acaba de chegar de Roma, contou a Luiz Carlos Barreto que Paulo Coelho virou cristão novo: "Ele reza todos os dias, de manhã, para Fábio Barreto, em uma igrejinha na França".
A torcida é grande.
Ah, o amor
Diego, ex-Santos e atual Juventus da Itália, juntou as escovas de dentes no fim de semana. O casamento foi no Unique, animado pelos Racionais. Por causa da Copa, houve desfalques no time de celebridades convidadas.
O ex-solteiro verá os jogos do mundial no Brasil. E só se apresenta em Turim dia 3 de julho.

Outdoor
O uniforme dos árbitros terá novo adereço no próximo Campeonato Paulista. A Federação Paulista de Futebol busca patrocinador para enfeitar os trajes dos homens de preto.

Furta-cor
Até o McDonald"s se rendeu.
Na Parada Gay deste domingo, suas lojas da Paulista amanhecerão cobertas por balões com as cores do arco-íris.

Direto de Teerã
A Bienal do Livro convidou e Azar Nafisi aceitou. A autora iraniana do best-seller Lendo Lolita em Teerã se junta a Jostein Gaarder e a John Boyne no evento.

Estampa séria
Michelle Alves chega à SPFW exclusiva para a Água de Coco. E entra também na campanha inspirada nos 17 patrimônios culturais da Unesco no País.

Na frente

A confirmar. A Globo estaria de olho no programa Brothers, da RedeTV!, que completa dois anos.
Sebastian, ex- garoto-propaganda da C&A, vai se dedicar exclusivamente à carreira de bailarino e ator. Faz pocket-show no dia 14, na SPFW.
Francisco Lara Resende, Caco Gerdau, Luiz Felipe Azevedo e Vitor Alves Teixeira participam do torneio hípico do Haras Larissa. Sábado, em Monte-Mór.
Deuzeni Goldman inaugura teatro, terça, no Parque da Água Branca. Com 177 lugares e programação musical.
A Turkish Airlines aumentou de três para quatro os voos semanais SP-Istambul.
A pedido dos alunos, Celso Loducca, mediador do curso Grandes Publicitários, da Casa do Saber, ataca de professor. Na quinta-feira.
As copeiras do Bandeirantes já "comemoram" uma vitória, na campanha eleitoral: o afastamento de Alckmin e Chalita - que foi para o PSB - é garantia de sossego nos jantares, se o tucano for eleito. O escritor tem fama de convidado exigentíssimo...

DORA KRAMER

Deveres do ofício


DORA KRAMER
O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/06/10
O presidente Luiz Inácio da Silva já está no cargo há tempo suficiente para ter tido tempo de dar ao me nos uma olhada na Constitui ção que jurou cumprir em duas cerimônias de posse.
Lá está escrito no artigo 37 que a ele e a qualquer agente público é vedado, sob pena de incorrer em ato de improbidade pública, desobedecer aos princípios da legalidade e da impessoalidade, entre outros. Isso quer dizer que não pode ferir a lei e que está obrigado a pautar sua conduta pela objetividade e imparcialidade, sinônimos de impessoalidade, o termo inscrito na Carta.

Ao dicionário para que fique bem compreendido o significado da palavra imparcial: “Que se abstém de tomar partido.”
Portanto, a declaração de Lula de que “não é proibido presidente da República fazer campanha quando a campanha começar” ou reflete um inadmissível desconhecimento a respeito do que diz a Constituição do país que preside há quase oito anos ou traduz uma deliberada intenção de descumprir a Carta.
“Quando a campanha começar” aí mesmo é que as restrições começam a valer de fato. E não o inverso como parece supor o presidente.
A insistência no tema justifica-se pela persistência com que o presidente persegue a via do desacato em gradação crescente.
Há alguns meses seus assessores e políticos mais próximos diziam que havia a hipótese da licença do cargo para uma dedicação exclusiva à campanha de Dilma Rousseff.
O próprio Lula chegou a falar sobre isso em público. Depois houve uma mudança de estratégia e o Palácio do Planalto entrou na fase do desafio explícito à Lei Eleitoral.
Aí vieram as negativas sobre a licença, por desnecessária, e o presidente comprometeu-se a fazer campanha fora do expediente de trabalho.
A etapa seguinte, a atual, está sendo marcada por uma série de punições aos atos eleitorais de Lula, caracterizando a ocorrência de ilícitos. Isso dá margem a dois tipos de processo: abuso de poder político na eleição e improbidade administrativa por infração ao princípio da legalidade no exercício do cargo.
Não satisfeito, Lula contesta o princípio da imparcialidade contido no caput do artigo 37 da Cons tituição Anuncia, já sem as ressalvas da separação de horários, para “depois que forem feitas as convenções partidárias”, sua entrada definitiva no processo eleitoral, fazendo-se de inocente sobre as infrações cometidas até agora: “Havia uma outra visão sobre campanha, agora mudou.” Mudou o quê, se a lei é de 1997?
Acabou foi a paciência do Tribunal Superior Eleitoral diante de tantas provocações feitas pelo próprio Lula.
Mas admita-se que diga a verdade quando afirma que está imbuído do novo espírito e disposto a “dar o exemplo”. Se bem entendido, significa um compromisso com a legalidade.
Nesse caso, Lula não poderá “fazer campanha quando a campanha começar”. Não é demais repetir: não apenas o presidente, mas ministros e demais agentes públicos estão impedidos pelo princípio da impessoalidade de atuar como cabos eleitorais, bem como é proibido o uso da máquina administrativa para fins eleitorais.
Entre outros motivos porque governo é poder delegado e ninguém pode fazer dele o que quer.
Jogo duro
Não tem só a ver com futebol. Em um mundo de marias-vão-com-as-outras Dunga se diferencia. No bom sentido.
Pode até ficar devendo no quesito fidalguia, mas não se deixar levar. Evidente que não precisava ter cumprimentado o presidente Lula com a mão no bolso.
Mas de alguma forma era justo que manifestasse sua contrariedade com a CBF por obrigar a seleção a desviar sua rota para fazer uma foto em Brasília. Não basta sucumbir, é preciso fazê-lo sorrindo?
Critica-se a carranca de Dunga, mas aceitam-se as politicagens de Ricardo Teixeira, embora não seja necessário entender coisa alguma do ramo para notar quem é o mais confiável
Agora, já na África, o ditador do Zimbábue quis faturar politicamente a presença da seleção brasileira, mas Dunga vetou proximidades com Robert Mugabe.