sábado, abril 17, 2010

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

O bispo Lula e a polícia

"Em 16 de maio, o bispo Lula emulará o presidente Romualdo
e dará o passo mais ruinoso de sua carreira. Ele procurará 
Mahmoud Ahmadinejad em sua cadeia iraniana e negociará 
com ele ‘olho no olho’, prometendo ajudá-lo a escapar 
da polícia dos Estados Unidos e da Europa"

O presidente Lula conduz o Itamaraty da mesma maneira que o bispo Romualdo conduz a Igreja Universal. Os dois recomendaram procurar os bandidos nas cadeias e negociar diretamente com eles, dizendo: "Pô, a gente está fazendo um trabalho tão bacana. Pô, todo mundo armado. Pô, a gente é companheiro ou não é?".

O bispo Romualdo, de acordo com a Folha de S.Paulo, resumiu candidamente o espírito desse seu empenho diplomático bilateral: "Nosso problema não é o bandido, nosso problema é a polícia". É o que Lula tem repetido insistentemente nos últimos anos, em todos os encontros internacionais. Ele recomenda procurar os bandidos em suas cadeias e negociar diretamente com eles. Porque o problema, segundo Lula, não é o bandido de Cuba, o bandido de Gaza, o bandido da Coreia do Norte, o bandido da Guiné Equatorial, o bandido da Venezuela – o problema é a polícia.
Em 16 de maio, o bispo Lula emulará o presidente Romualdo e dará o passo mais ruinoso de sua carreira. Ele procurará Mahmoud Ahmadinejad em sua cadeia iraniana e negociará com ele "olho no olho", prometendo ajudá-lo a escapar da polícia dos Estados Unidos e da Europa. Lula retribui assim a visita de Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, no fim do ano passado. Um de seus acompanhantes naquela visita foi Esmail Ghaani, que entrou anonimamente no país. Ele era comandante interino das Forças Quds, a unidade de elite da Guarda Revolucionária iraniana. A caminho do Brasil, Mahmoud Ahmadinejad e Esmail Ghaani fizeram uma escala no Senegal. O jornal Al Qanat, publicado no Líbano, em árabe, relatou que Esmail Ghaani usou sua passagem por Dacar para adquirir uma série de docas no porto local, em nome da companhia de fachada IRISL. Nessas docas, a Guarda Revolucionária iraniana pretende armazenar os produtos triangulados da América Latina, a fim de furar o bloqueio comercial imposto pela ONU.
O contrabando é apenas uma das bandidagens praticadas pelas Forças Quds. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos denunciou-as por treinar, financiar e armar terroristas. O chefe de Esmail Ghaani, Qassem Suleimani, foi punido pela ONU, que congelou seus bens. A Europa acusou a Guarda Revolucionária de comandar o programa nuclear iraniano e passou a perseguir seu conglomerado de empresas por "proliferação de armas de destruição em massa".
O que Esmail Ghaani fez no Brasil? Com quem ele se encontrou? Empresas nacionais negociaram com as empresas de fachada das Forças Quds? Para Lula, nenhuma dessas perguntas importa. Afinal, a gente é companheiro ou não é? Olho no olho com Mahmoud Ahmadinejad, em maio, Lula poderá dizer mais uma vez: "Nosso problema não é o bandido, nosso problema é a polícia". Pô.

MÍRIAM LEITÃO

Ossos dos ofícios
MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 17/04/10

Em 7 de janeiro, a Casa Civil fez uma reunião sobre a concessão da licença para Belo Monte e estabeleceu um prazo para que ela saísse. O Ibama deu a licença em 1ode fevereiro. Os técnicos registraram por ofício que o prazo não permitia a análise. O Ministério Público flagrou isso nos ofícios e despachos que levaram ao licenciamento da hidrelétrica.
Os documentos, aos quais essa coluna teve acesso (veja abaixo detalhes, e mais no blog), mostram claramente uma interferência indevida da Casa Civil no órgão licenciador; atropelo e desprezo ao alerta dos técnicos sobre a necessidade de novos estudos.

Tudo se passa num ritmo vertiginoso. Em novembro, o parecer dos técnicos do Ibama registrou que não havia condição de garantir a viabilidade ambiental do projeto. Em dezembro, caíram o diretor de licenciamento, Sebastião Custódio Pires, e o coordenador de Infraestrutura e Energia, Leonildo Tabaja. No dia 7 de janeiro, há a determinação da Casa Civil para que se cumpra um prazo. No mesmo dia, o novo diretor de licenciamento do Ibama, Pedro Bignelli, criou um grupo de trabalho para concluir o licenciamento. No dia 12, esse grupo registrou num ofício que os dados necessários ainda não haviam chegado. No dia 27, o então diretor do Ibama Roberto Messias mandou ofício ao diretor de licenciamento pedindo que fosse preparado para o dia seguinte “os pareceres com os condicionantes para a licença prévia de Belo Monte.” Neste documento, quatro técnicos do Ibama registram: “Não é possível atender no prazo solicitado”, e assinam para confirmar que os quatro estão de acordo com aquela afirmação. Num despacho do dia 28, a coordenadora de energia hidroelétrica do Ibama, Moara Menta Giasson, encaminhou os pareceres pedidos, mas escreveu que “devido ao prazo exíguo” não foi possível finalizar a elaboração das condicionantes. Diz que o documento é uma nota técnica com o trabalho feito até o momento e que há lacunas no que se refere a “ictiofauna, cavidades naturais, quelônios, qualidade da água e hidrossedimentalogia.” Ou seja, ela estava alertando que faltava discutir o impacto nos peixes, tartarugas, qualidade da água e até num item importante para o empreendimento, que é a quantidade de sedimentos. Em 1ode fevereiro, saiu a licença prévia de Belo Monte.

Esses ofícios e despachos analisados pelo Ministério Público são claros indícios de interferência indevida no trabalho do Ibama e do absurdo atropelo que houve na análise de matéria complexa, como o impacto ambiental de uma obra de grande porte na Amazônia.

O diretor de licenciamento, Pedro Bignelli, me disse que o parecer em que os técnicos dizem que não havia condição de garantir a viabilidade ambiental do projeto — no qual se baseou oMinistério Público para impetrar sua Ação Civil Pública — era documento velho.

E que todas as dúvidas levantadas foram resolvidas nos estudos seguintes.

Esses estudos, aos quais Bignelli se refere, foram feitos desta forma registrada nos ofícios e despachos que conto aqui: com indícios de atropelo, para dizer o mínimo.

Foram feitos entre o dia 7 de janeiro e 1ode fevereiro. Na verdade, no dia 12, Guilherme de Almeida, coordenador-geral de Infraestrutura de Energia Elétrica do Ibama, mandou um ofício ao diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Adhemar Palocci, porque dados ainda não haviam chegado: “Conforme acordado no dia 07/01/10, solicitamos em caráter de urgência urgentíssimo (sic) em meio digital, via protocolo, as complementações referentes ao empreendimento da UHE Belo Monte, considerando aos (sic) prazos assumidos na Casa Civil conforme acordado no dia 07/01/10.” Esses documentos acabam sendo enviados só no dia 20, e mesmo assim com pendências.

Na época da concessão da licença o governo disse que tudo estava resolvido porque a licença foi dada com 40 condicionantes impostas ao empreendedor.

Da perspectiva dos empreendedores, essas condicionantes e essas incertezas são riscos financeiros, mas todas as dúvidas estão sendo sanadas com o mar de dinheiro barato que está saindo do BNDES, as isenções fiscais e a participação de duas estatais em cada um dos dois consórcios. Nada desse custo está sendo colocado de forma transparente.

São subsídios e incentivos implícitos. O Brasil não sabe quanto vai pagar por Belo Monte. Em nenhum dos custos.

JOSÉ SIMÃO

Islândia! Acenderam um baseado!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/10


Fumaça de vulcão cancela 17 mil voos. Chama a Marta! Pra gritar "relaxa e goza"!



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Direto de Caxias do Sul: "Vídeo mostra agressão a presos no presídio de APANHADOR!". Presos apanham no presídio de Apanhador.
E aquela fumaça que vem da Islândia? Acenderam um baseado, um morrão fumegante! Churrasquinho de Björk! Pelo tamanho da fumaça devem ser dois gaúchos fazendo churrasco ou queimando a rosquinha. Rarará! A Gretchen soltou um pum! Fumaça de vulcão cancela 17 mil voos. Chama a Marta! Pra gritar "relaxa e goza"! Em 11 línguas! E sala VIP em aeroporto é Vai Isperar Pacas! Rarará!
Manchete do dia: "Brasil e China assinam o PAC chinês". O que é esse PAC chinês? Pirataria Avançada Chinesa. E a coisa mais difícil do mundo é negociar com chinês. Um amigo foi no Stand Center comprar um sistema de som e perguntou: "As caixinhas surround vem junto?". E a chinesa: "Caxinha sulound paga sepalado". E ele: "Então, enfia na peleleca!". Rarará! A China vai vender lolex pro Brasil. Mas pulsela paga sepalado.
E eu já disse que adorei o nome do presidente da China. Quer dizer, acho que é o presidente da China. Ninguém garante. Todo chinês é cópia pirata de outro chinês. O presidente da China se chama Hu Jintao. Mas o Lula prefere Uh JINTÔNICA!
E mais uma pichação para a minha série O Brasileiro é Cordial: "Atenção, seu corno! Aqui não é lixeira. Favor jogar o lixo na estrebaria da tua mãe, que é uma porca". Ele esqueceu de assinar "grato"! E custava ele ser mais amável? Pedir "por obséquio"? "Por obséquio, seu corno!"
Rarará! E esse slogan do Serra Vampiro: "O Brasil pode mais". Errado. O Brasil não pode mais, o Brasil tem PÓ DEMAIS! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: "É mole, mas trisca pra ver o que acontece!". Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". É que no Panamá tem um terminal rodoviário chamado Terminal Boquete. Aí, não é terminal, é inicial. Ueba. Mais direto, impossível! Viva o antitucanês! Viva o Brasil! E atenção! Cartilha do Lula.
O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Riponga": companheira hippie que abriu uma ONG. Infame! Eu vou fechar essa cartilha. Falta quanto tempo pro Lula ir embora? Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

OceanAir vai investir US$ 200 milhões
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/10

O investimento que a OceanAir está prestes a anunciar ao mercado é estimado em US$ 200 milhões, só para este ano.
José Efromovich, presidente da empresa, e Renato Pascowitch, diretor-executivo, planejam comunicar, dia 26, um grande projeto de renovação de marca, malha aérea e frota.
O primeiro Airbus da companhia já está no Brasil e começa a operar no dia 27. A segunda aeronave do modelo vai chegar em maio. Outras duas devem vir ao longo deste ano.
O investimento na renovação da frota é promessa antiga de German Efromovich, dono da empresa, que desde que começou a operar só voa com velhos jatos modelo Fokker.
A malha será ampliada, aproveitando o reforço que a empresa obteve no último leilão de vagas para pouso e decolagem no Aeroporto de Congonhas. A OceanAir tinha 132 slots e ganhou mais 38, alta de oferta de quase 30%. A companhia pretende aumentar frequências em rotas já existentes, especialmente na ponte aérea aos finais de semana.
A empresa deve ainda anunciar que será rebatizada com o nome da companhia colombiana Avianca, também controlada por Efromovich. A mudança do nome estava prevista para o início deste ano, mas, com a fusão da Avianca com a companhia aérea Taca, de El Salvador, a Avianca deixou de ser controlada em mais de 80% por um brasileiro.
Foi preciso fazer um novo rearranjo societário para enquadrar a Avianca na legislação brasileira, permitindo que ela controle a OceanAir. A empresa detém 2,4% de participação no mercado doméstico, segundo o ranking de março da Anac.
Harley-Davidson é alvo de disputa no Brasil
A distribuição da grife de motocicletas americana Harley-Davidson no Brasil se tornou alvo de uma disputa judicial que contrapôs, de um lado, a dona da marca Harley-Davidson e, de outro, seu revendedor nacional, o Grupo Izzo, por meio da empresa HDSP.
O contrato vigente hoje, que garante ao Grupo Izzo a venda exclusiva dos produtos da marca no Brasil, é válido até 2015, mas as duas empresas vinham desde 2009 em negociação para antecipar o término da parceria para 2012, com a entrada de novas concessionárias.
"A Harley-Davidson quer isso agora porque a operação no Brasil cresceu. Estão vendo potencial de mercado. E fomos nós quem criamos esse mercado ao longo dos anos. Estávamos negociando quando resolveram entrar na Justiça", diz Carlos Byron, do Izzo.
Segundo ele, o mercado dos EUA sofreu na crise e o do Brasil cresceu. "Aqui são vendidas 5.000 motos por ano. Nos últimos 15 dias, vendemos R$ 2 milhões só de roupas da marca."
As motos mais vendidas no país custam cerca de R$ 45 mil. A mais cara custa R$ 72 mil.
"A negociação amigável terminou quando descobrimos que a HDSP vinha inadimplindo o contrato em diversas frentes", diz Celso Xavier, sócio do Demarest e Almeida, que defende a Harley.
As reclamações da Harley contra o Izzo incluíam má prestação de serviço ao consumidor, quebra de exclusividade de vendas da grife -o Izzo comercializava outras marcas de motos- e modelo de financiamento irregular que estaria atrasando a entrega dos produtos.
Em março, a Harley obteve liminar na Justiça para cessar a representação da HDSP, mas a liminar foi suspensa temporariamente em seguida.
Nesta semana, a Harley apresentou ao juiz um pedido de reconsideração para que volte a vigorar a liminar. O grupo Izzo nega as irregularidades.
MIGRAÇÃO DIGITAL

A Microcamp, rede de escolas de informática e idiomas, está retomando o mercado externo. Em janeiro, a empresa abriu uma unidade em Pompano Beach, na Flórida (EUA). "Descobrimos que não existiam cursos livres de informática nos EUA", afirma Eloy Tuffi, presidente da Microcamp. A maior procura está sendo de estrangeiros por cursos de inglês. "Já percebemos que está dando certo, e estudamos a abertura de uma segunda unidade", diz Tuffi. Nos anos 90, a empresa chegou a ter escolas em Portugal, Espanha e Argentina, mas, devido a dificuldades, foram fechadas. No Brasil, hoje existem 150 escolas, com mais de 120 mil alunos. Até o final deste ano, a previsão é abrir mais 50 unidades. "Quero popularizar o curso de TI no Brasil", diz ele. Na rede, a mensalidade desse curso é de R$ 180. O atendimento da escola é focado em jovens das classes C e D. "A maioria dos alunos começa o curso sem conhecer um computador", diz ele.
MARCHA LENTA

As operações de leasing estão em queda neste ano. O saldo da carteira caiu 2% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2009, para R$ 109,6 bilhões, segundo a Abel (Associação Brasileira das Empresas de Leasing). Os novos negócios tiveram queda de 31,5% em fevereiro, com volume de R$ 2,5 bilhões. Com a redução do IOF de veículos, a vantagem competitiva que o leasing tinha sobre o CDC deixou de existir. Para Osmar Roncolato Pinho, presidente da Abel, o crescimento da economia vai impulsionar as operações de leasing. "Vamos continuar crescendo, mas em patamares menores", diz ele. Para este ano, a Abel estima expansão de 20% no leasing.
SAÚDE
Os planos coletivos empresariais, oferecidos pelas empresas aos funcionários, que representam 56% do total de planos de saúde no Brasil, apresentaram crescimento de 6,3% em 2009, sendo 3% apenas no último trimestre. Os dados são de levantamento do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar). Trata-se de uma das maiores taxas trimestrais já registradas.
CAPITAL DE GIRO
Cerca de 80 fornecedoras da Petrobras participam de evento sobre acesso a linhas de capital de giro a taxas reduzidas, dia 20, na Abinee, em SP. Executivos do Prominp, da Petrobras e do Silverado Asset Managment falam das condições de operação dos fundos de investimento em direitos creditórios, que aceitam contratos com a Petrobras como garantia.

com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK

RiCARDO ALLAN

De mudança para Caracas
Ricardo Allan

CORREIO BRAZILIENSE -  17/04/2010

Sem ter o que fazer a partir de 1° de janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva determinou que seguidores lancem sua candidatura a secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Se o balão de ensaio não decolar, serve uma boquinha semelhante na Organização dos Estados Americanos (OEA) ou a presidência do Banco Mundial (Bird). O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o assessor presidencial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, ambos petistas, acreditam que a recém-conquistada visibilidade do Brasil confere credibilidade à pretensão.

Como não consegue viver sem uma disputa eleitoral, Lula sonha em trocar a caça pelos votos no calor das ruas pelo corpo a corpo em refrigerados gabinetes diplomáticos. Confia demais em seu carisma, confundindo o poder econômico do país com suas autoconferidas qualidades pessoais. No plano internacional, vê democracia onde ela não existe. Para Lula, não pode haver maior respeito à liberdade do que em Cuba, Venezuela e Irã. De forma chocante, fecha os olhos às atrocidades dessas ditaduras e desdenha das oposições locais, qualificando seus anseios de abertura política de “choro de perdedor”.

Outro dia, nas páginas do Correio, o ex-embaixador brasileiro em Washington Roberto Abdenur fez um diagnóstico preciso da ideológica política externa atual: “O Brasil chutou o pau da barraca e não se preocupa mais com democracia nem direitos humanos. Ao abraçar os planos nucleares de Mahmud Ahmadinejad (líder iraniano), o governo perde prestígio nos Estados Unidos, na União Europeia e nos países árabes. São erros graves, que vão acabar estourando na nossa cara, atrapalhando nossos objetivos políticos, econômicos e comerciais”.

Em recente entrevista publicada por este jornal, o jurista Ives Gandra Martins chamou a terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) do que ela de fato é: a tentativa de implantar um “regime bolivariano” no país. O plano atenta contra a liberdade de expressão, a livre iniciativa, o respeito à dignidade das pessoas e outros pilares do Estado Democrático de Direito. A candidatura do monoglota presidente brasileiro a qualquer cargo de relevância internacional só pode ser brincadeirinha. Lula é incapaz de pronunciar os termos “direitos humanos” ou “democracia” sem ruborizar. Ele, Amorim e Garcia deveriam fazer as malas e se mudar para Caracas.

RUY CASTRO

Brasil "nouveau-riche"
RUY CASTRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/10

RIO DE JANEIRO - A história se repete. Em 1927, logo que a Warner lançou "O Cantor de Jazz", o primeiro filme "falado" -na verdade, um filme 90% silencioso, com umas poucas sequências cantadas por Al Jolson-, os outros estúdios correram para aplicar algum som a seus filmes mudos e se beneficiar da onda. Somente em 1930, com o musical "Melodia da Broadway", surgiram os filmes 100% sonoros.
Agora, com o 3D, dá-se a mesma coisa. Por causa do sucesso de "Avatar" (que ainda não me dei à pachorra de prestigiar), os estúdios disputam para ver quem converte mais filmes comuns, em 2D, para a nova tecnologia -um desses o "Alice", de Tim Burton. Pelo que ouvi dizer, a conversão é pífia: a imagem é opaca, o fundo, chapado, e os atores, perseguidos por "fantasmas", como as das TVs antigas. Em comum com o 3D de verdade, só as dores de cabeça e a náusea.
Mas o cinema não passa de um boi de piranha nesse processo. O que interessa à indústria não é o sucesso desse ou daquele filme, mas difundir o 3D em função da televisão -dos novos aparelhos que logo tomarão o mercado, tornando insuportável a vida de quem não tiver um. Como aconteceu quando chegou a TV em cores, rebaixando para a segunda divisão os proprietários de aparelhos em preto e branco.
Tomei um táxi outro dia -o motorista e sua esposa já estão economizando para comprar uma TV 3D, e só lamentam que a próxima Copa do Mundo ainda será vista na reles, ultrapassada tela plana. O Brasil "nouveau-riche" não se contém e não sossegará enquanto não se transformar numa imensa Casas Bahia.
Historicamente atrasado alguns anos em relação à tecnologia, não estou com a menor pressa para ver ou ter uma TV 3D. A vida real sempre foi em 3D, e o ser humano nunca passou de bidimensional.

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
De que adianta proibir as pulseiras do sexo?
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Mais um bode que se tira da sala... de aula. As pulseirinhas coloridas de silicone que sugerem o desejo de abraçar, beijar e fazer sexo estão proibidas nas escolas de várias cidades do Brasil. Prefeitos, juízes, secretários de Educação e deputados abriram guerra contra o adereço. Argumentam que a moda da pulseirinha incita ao abuso e ao estupro. A pergunta é: adianta? Ou o veto desmascara o óbvio? Adultos – pais e professores – não têm mais ideia de como educar sexualmente crianças e adolescentes.
Pera, uva, maçã e salada mista. Eu brinquei muito, você talvez tenha brincado, dependendo de sua idade. Claro, era escondido dos pais. Os primeiros contatos íntimos não costumam ser assunto de conversa em casa. A não ser que a iniciativa parta dos pais. E as confidências só existem quando os filhos enxergam os pais como amigos, e não como monstros repressores. Mesmo assim, é difícil falar francamente, sem subterfúgios ou preconceito, sobre sexo.
Adolescentes saudáveis de qualquer geração sentem um desejo irrefreável de sexo. Tabus têm sido quebrados com velocidade absurda. Não faz muito tempo, rapazes tinham a primeira relação com prostitutas ou com a “menina fácil da rua que dava para todo mundo”. Moças sofriam com o dilema do hímen. Faziam quase tudo, menos... Tanto que a expressão era “perder a virgindade” – e não conquistar o direito ao prazer consciente.
O sexo hoje está escancarado, ao vivo e em cores, na tela dos computadores da criançada. Pais e escolas perderam totalmente o controle. Pré-adolescentes “aprendem” maneiras vis de encarar e praticar o sexo. Pedófilos encontram na rede vítimas que se apresentam a suas taras. Meninas de 10 a 15 anos postam no Orkut fotos sensuais, detalhes do corpo. Sem que a família saiba. Como preparar os filhos e os estudantes para um mundo em que o sexo se confunde cada vez mais com a pornografia?
Vamos então ter de banir minissaias, decotes, tudo 
o que transmita a sensualidade das meninas
Ah, já sei! Vamos proibir as pulseirinhas de sexo nas escolas. Ou proibir a venda (acreditam?). Elas surgiram na Inglaterra no ano passado e chegaram meses depois ao Brasil, mais como um jogo de pera, uva, maçã do que qualquer outra coisa. Amarela quer dizer abraço. Tranquilo. Branca significa “a menina escolhe o que quer fazer”. Essa deveria ser encorajada pelos educadores. Vermelha é dança erótica – a julgar pelos créus e rebolations em festas infantis, nem precisaria de pulseira. Roxa dá direito a beijo de língua. Verde: chupões no pescoço. Rosa: a menina mostra os seios. Azul: sexo oral. E preta, a mais sinistra. As líderes das turmas usam pulseira preta. Simboliza a disposição de fazer sexo.
Na quinta-feira passada, as pulseirinhas foram proibidas nas escolas municipais do Rio de Janeiro, de acordo com resolução no Diário Oficial. Em Manaus, em Maringá (Paraná), em Navegantes (Santa Catarina), os adereços coloridos já tinham sido banidos das salas de aula. O alarme foi dado por casos de estupro supostamente provocados pelo uso das pulseiras pretas, em Manaus e em Londrina, no norte do Paraná. O rapaz vê a pulseira, associa o colorido a seu significado e parte para reivindicar o que seria seu. Arranca a pulseira do braço da menina. E o ritual precisa ser concluído. Porque... Por que ela pediu?
Se pais, professores e políticos aproveitassem o recado das pulseiras para agir direito, não pagariam o mico de vetar “adereços que expressem insinuações sexuais” (como está escrito no Diário Oficial do Rio). Vamos então banir transparências, minissaias, decotes, tudo o que transmita a sensualidade das meninas mulheres. Ou é melhor parar para pensar como essa medida é inócua? Proibir dentro da escola, onde estupros são quase inexistentes, não vai livrar as meninas do risco de abusos por usar as pulseirinhas. O veto é um recurso autoritário para a sociedade se livrar de sua responsabilidade. De alertar, educar, conversar. O que é clandestino desperta mais interesse dos jovens.
Como escreveu a menina Mayara em linguagem de Orkut: “Eu acho qisso naum tem nada ver”. Se as pulseiras não são inocentes, nós, como sociedade, somos menos ainda. 

O ABILOLADO


O ESGOTO DO BRASIL, SEMPRE FALANDO MERDA

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA
Roberto Pompeu de Toledo

Os quinze dias do governo Tancredo

"Especular sobre o que teria sido seu governo equivale 
a indagar: e se Getúlio não tivesse se suicidado? E se Jânio 
não tivesse renunciado? Ainda assim, a questão incomoda"

Quem quiser se aprofundar em Tancredo Neves tem novo material disponível. Aos 25 anos de sua morte, a ser completados neste 21 de abril, o livro Diário de Bordo, de autoria do embaixador Rubens Ricupero, oferece um relato dos bastidores da viagem que, como presidente eleito, Tancredo fez ao exterior, entre 24 de janeiro e 7 de fevereiro de 1985. O livro recupera anotações do autor, membro da comitiva, tomadas no calor da hora. O ex-chanceler Celso Lafer, num apêndice ao livro, chama aqueles dias de contatos com governantes de Itália, França, Portugal, Espanha, Estados Unidos, México e Argentina de "o momento presidencial de Tancredo". Imaginava-se que seria o primeiro de muitos. Acabou sendo o único. O Diário de Ricupero tem o sabor de abertura de uma ópera que não houve.
O Tancredo que surge do livro é um político conservador ("Mais do que eu imaginava", escreve Ricupero a certa altura), cauteloso para não ferir as suscetibilidades dos militares, atrapalhado diante dos temas da política externa, seguro quando se tratava da economia, e sem sinal da doença que, dois meses e meio depois de encerrado o périplo, o mataria. No avião, a caminho de Washington, Ricupero notou que Tancredo, refugiado na leitura do Washington Post, manteve-se distante das conversas. Estranhou. Tancredo não lia bem inglês, por que tanta atenção ao jornal americano? Depois se soube que lhe caíra uma obturação, o que lhe dificultava a fala. Já em Washington um dentista foi convocado ao hotel, o que teria provocado as versões posteriores de que um médico havia sido chamado com urgência. Ricupero, sempre muito próximo do presidente eleito, de nada soube, na questão da saúde, senão da crise do dente.
Tancredo caprichava na retórica, para conquistar os interlocutores. Em Lisboa, disse que todo brasileiro, ao acordar, tem dois pensamentos, um para Deus, outro para Portugal. Em Washington, como observa Ricupero, chegou perto da famosa definição de Juracy Magalhães ("O que é bom para os EUA é bom para o Brasil") ao afirmar, numa coletiva de imprensa, que "tudo o que se fizer para reforçar e fortalecer o Brasil estará sendo feito para reforçar e fortalecer os interesses dos EUA". A declaração prenunciava uma política externa mais pró-americana do que a dos militares, mas Tancredo era matreiro, como se sabe. Ele precisava dos americanos para cuidar do problema que, junto com a inflação, compunha sua dupla herança maldita: a dívida externa. O compromisso seguinte, naquele dia, foi uma dura cobrança do secretário de Estado George Shultz. Se o Brasil não cumprisse os acordos com o FMI, não haveria acordo com os bancos sobre a dívida. Prenunciava-se um tempestuoso início para a Nova República.
A teologia da libertação foi tema recorrente na viagem. Dizia Tancredo que em Roma o papa João Paulo II lhe revelara preocupação com os padres esquerdistas. Na conversa com o então vice-presidente George Bush (o pai), o próprio Tancredo condenou o movimento, mas diminuiu-o como uma "moda" que passaria. No capítulo das gafes, a pior foi dizer em Lisboa que o império africano de Portugal lhe havia sido "usurpado". Na política externa, até ser alertado pelos diplomatas, confundia o conceito de Terceiro Mundo com o Movimento dos Não Alinhados. Quanto ao regime brasileiro que estava a ponto de suceder, chamava-o de "autoritário", jamais de ditadura. Numa entrevista em Portugal, ao lhe perguntarem se o ex-chanceler Azeredo da Silveira, então embaixador em Lisboa, seria confirmado no cargo, respondeu que outro bom nome era o do general Walter Pires. Pires, ministro do Exército, era tido como um dos duros do governo Figueiredo. Ao cortejá-lo, Tancredo atingia o ponto extremo na estratégia de acomodação com os militares.
Tancredo Neves, figura-chave da redemocratização, político experimentado e homem sábio, é uma pedra no fluxo da história recente do Brasil. Especular sobre o que teria sido o seu governo equivale a perguntar o que teria sido se Getúlio não tivesse se suicidado, se Jânio não tivesse renunciado, ou mesmo, lá atrás, se o patriarca José Bonifácio não tivesse sido afastado tão cedo do poder. Está fora do nosso alcance rebobinar a história. Ainda assim, a questão incomoda. E se…? Na Argentina, última escala da viagem, alguém comentou com Tancredo: "Larga gira, presidente", querendo dizer que fora grande seu giro pela Europa e Américas. Ele entendeu mal. Achou que o comentário se referia à sua longa e rica carreira. Respondeu: "É, terei o necrológio mais comprido do Brasil". Até agora, o necrológio está sendo feito.

JOSÉ ÁLVARO MOISÉS

Os abusos de poder de Lula

JOSÉ ÁLVARO MOISÉS 

O Estado de S.Paulo - 17/04/10

Existe relação entre a posição do governo quanto aos perseguidos políticos de Cuba, os desrespeitos do presidente à legislação na campanha eleitoral e a irresponsabilidade com que ele e outras autoridades públicas reagiram às catástrofes e mais de 250 mortes no Rio de Janeiro e em Niterói?
Nas últimas duas décadas o Brasil reconquistou o regime democrático. Não está em questão se a democracia existe, mas a sua qualidade. Os escândalos de corrupção, as tentativas de cerceamento da liberdade de imprensa e o discutível desempenho do Congresso Nacional mostram que a consolidação da democracia não depende apenas de votar e escolher governos.
A democracia é mais do que isso. Ela se baseia na soberania popular para ser efetiva e depende de que as instituições que previnem o abuso de poder e asseguram o equilíbrio entre Executivo, Legislativo e Judiciário funcionem a contento, sem sofrer ameaças veladas ou não de governantes ou de seus competidores. Não basta ter uma Constituição para garantir o império da lei, a vigência de direitos individuais e sociais e a obrigação dos governantes de prestar contas de suas ações e se responsabilizarem por elas.
O papel dos líderes que se dizem democratas é essencial, pois eles não são apenas mandatários de cargos administrativos, têm de dar o exemplo de correção e probidade no trato dos interesses públicos e, diante das incertezas próprias da democracia, têm o dever de orientar e educar os cidadãos para respeitarem a lei e as decisões coletivas, conviver com o pluralismo político e aceitar que, além da maioria, as minorias também têm direitos - princípios que distinguem o regime democrático de suas alternativas.
Atualmente, essas qualidades de liderança estão em falta no Brasil. A despeito de seus méritos, como manter a estabilidade econômica e ampliar as políticas sociais de seu antecessor, Lula virou as costas para valores democráticos fundamentais, revelando ao final de dois mandatos outros aspectos de sua personalidade política. Supõe às vezes estar acima da lei, burla o princípio de igualdade política e mistifica a crença dos eleitores de baixa renda, condenados a baixos níveis de educação, por isso mesmo menos críticos diante de quem usa o prestígio da Presidência para fazer crer que é o único autor dos avanços recentes do País.
No caso de Cuba, em vez de reconhecerem a opressão aos perseguidos políticos do regime e a ofensa a direitos assegurados pela Carta da ONU, Lula e os seus se solidarizaram com os dirigentes cubanos que arbitram autoritariamente sobre a vida dos perseguidos do regime, debochando do sentido político da greve de fome como forma de protesto. Lula desqualificou a sua própria experiência na luta contra o regime militar e igualou essa luta à ação de criminosos comuns; ofendeu milhares de perseguidos e torturados no mundo inteiro e gente de seu governo que sofreu perseguição no passado. O silêncio ou a abstenção do governo brasileiro em votações na ONU destinadas a condenar o desrespeito aos direitos humanos na Coreia do Norte, no Irã, no Sudão, no Congo e no Sri Lanka, ou a tolerância à destruição da democracia na Venezuela de Chávez, iluminam outros lados do quadro.
Nesses casos, Lula deixou de lado a posição majoritária dos brasileiros a favor da democracia verificada em pesquisas de opinião. Na campanha por sua candidata à Presidência, em flagrante desrespeito às leis eleitorais, tem se utilizado dos benefícios do cargo há mais de dois anos para fraudar o princípio de igualdade política. Multado pela Justiça Eleitoral, desqualificou as penalidades, convidou o público a debochar das regras e deu a entender que, diferente dos outros cidadãos, despreza as exigências da legislação. A repercussão negativa o levou a pedir cuidado aos ministros, conclamando-os a serem republicanos. Mas o embuste é flagrante - senão a ignorância de Lula quanto ao significado do conceito de res-pública -,pois antes e depois da advertência não se controlou em eventos e inaugurações oficiais, publicizando a sua candidata.
A indiferença de Lula diante dos mecanismos de controle dos Poderes republicanos é evidente. Seu governo desconhece o conceito de accountability, como ficou evidente no caso do mensalão e dos desmandos de José Sarney. Mais dramática ainda foi sua atitude diante das catástrofes no Rio de Janeiro e em Niterói. Primeiro, apelou aos céus diante das chuvas; depois, anunciou a liberação de R$ 200 milhões para ações de emergência e, finalmente, quando veio a público o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrando que o Ministério da Integração Nacional liberou, em dois anos, mais de 64% de recursos para emergências à Bahia do ex-ministro Geddel Vieira Lima, e menos de 1% para o Rio de Janeiro, Lula chamou o relatório de "leviano".
Não é a primeira vez que ele desqualifica as decisões do TCU. Em mais de uma ocasião, quando gastos indevidos foram identificados pelo tribunal, o presidente se comportou como se não tivesse obrigação de dar explicações ao País. Até agora, nem ele nem seu ex-ministro apresentaram os critérios usados na distribuição dos recursos emergenciais. Ademais, em oito anos de governo, Lula parece não se ter dado conta de que ocupações urbanas de risco não se resolvem com medidas de emergência. Mas, ao qualificar de "levianas" as críticas do tribunal, deu razão a autoridades como o prefeito de Niterói, que, após vários mandatos à frente da cidade, confessou desconhecer os laudos técnicos que condenaram a urbanização do lixão do Morro do Bumba. Lula abusa do poder, rebaixa a qualidade da democracia e, pior, estimula outras autoridades a fazerem o mesmo.
JOSÉ ÁLVARO MOISÉSÉ PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA E DIRETOR DO NÚCLEO DE PESQUISA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ARI CUNHA

Inovação na letra dos médicos
ARI CUNHA

CORREIO BRAZILIENSE - 17/04/10


A medicina entra na área dos cuidados especiais. Há exigência para que as receitas tenham a grafia clara dos nomes e da posologia dos remédios. Acontece que hoje é tão grande a quantidade de medicamentos que um pedido pode confundir. Não se trata de reformar declaração de Hipócrates. É atualizar a medicina para que não surjam dúvidas. Alguns medicamentos têm variação de uma letra, e o uso é completamente inusitado. Se o primeiro serve para tal doença, o outro é indicado para necessidade diferente. Dessa forma, a coisa se altera de forma irremediável. Daí o novo regulamento pede letra do médico para ser interpretada. Esta nota surge a propósito do que está em uso há muito tempo nos hospitais da Rede Sarah. Receitas sempre foram claras, para melhor se entender.


A frase que não foi pronunciada

“Brasília, capital do Campo da Esperança.”
Piadinha sem graça que corre a boca miúda no Rio de Janeiro.




Tribunal
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Ministro Geddel Vieira Lima, da Bahia, é acusado de favorecimentos à sua terra, com verba de R$ 200 milhões para atender a desastres humanos. Tribunal de Contas da União entende que o agora ex-ministro exagerou. Em sua defesa, aparece o presidente Lula da Silva alegando falta de projetos em prefeituras e governos estaduais. Isso é verdade.
Medalha
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O juiz Jansen Fialho de Almeida vai ser condecorado segunda-feira, às 15h, no Salão Nobre do Palácio da Justiça, com o Grau Grã-Cruz. Ele faz parte da Comissão que elabora o novo Código de Processo Civil.
Pirenópolis
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Esta coluna exagerou ao dizer que Pirenópolis corria perigo de deslize dos morros. A verdade conhecida é que muitos morros ficaram carecas. As chuvas destruíram tudo. A ressalva é que em Pirenópolis não foram construídas casas sobre antigo lixão. O chorume se concentra, desliza na ribanceira. É que a trituração é feita no perímetro urbano.
Consonância
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Em discurso, a deputada Marina Maggesi cobra a discussão do projeto que sugere a castração química para reincidentes no crime de pedofilia. O mesmo defende o senador Gerson Camata na casa ao lado.
Discussões
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Invasões de terras alheias geram violência no campo. Dados da Pastoral da Terra apontam para 1.546 mortes entre 1985 e 2009. Esse e outros assuntos relacionados foram discutidos na Câmara, na Comissão de Legislação Participativa.
Lorde
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Bombardeado por todos os lados, o governador do Piauí, Wilson Martins. Ele consegue a proeza de gastar R$ 5 milhões só com aluguel de carros.
Obras
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Deputados distritais querem permanecer onde estão e dando ordens à Justiça e ao eleitorado. Defendem o governo tampão até que vença o tempo do mandato de Arruda. Detalhe a notar é que deputados insistem em adotar posições a seu favor.
Pistas demarcadas
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A pista de numeração par das quadras no Lago Norte amanheceu com sinalizações indicando alguma coisa a fazer. Tempos atrás estava nos planos do GDF aumentar o número de pistas e marcar direção única. A notícia obteve péssima reputação. Agora de volta, vê-se que a população não desistiu.
Flechada
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Foi duro o discurso do senador Flexa Ribeiro. Entre acusações de chantagem e corrupção do governo do PT no Pará, ele falou do misterioso destino de R$ 1,2 bilhão recebidos pela governadora Ana Julia Carepa em empréstimos aprovados na Assembleia Legislativa. Segundo o parlamentar, não há prestação de contas.

PAINEL DA FOLHA

A agonia de Ciro
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/10

Ciro Gomes (PSB) aparece pela primeira vez numericamente atrás de Marina Silva (PV) no exato momento em que seu partido busca um discurso que lhe sirva como porta de saída. Os 9% registrados no Datafolha indicam desidratação terminal do deputado, que hoje teria algo próximo a 12 milhões de votos, bem menos do que os "15 milhões de brasileiros" que ele invocou em inflamado artigo anteontem. Na virada do ano, sua fatia era de 17 a 20 milhões.
O paradoxo é que, ainda de acordo com o Datafolha, a vantagem de José Serra (PSDB) sobre Dilma Rousseff (PT) sobe para 12 pontos quando ele é retirado da cédula. Mas, a esta altura, esse dado não parece suficiente para lhe garantir a sobrevivência.


Espelho. De um dirigente do PSB sobre o inflamado artigo de Ciro cobrando apoio do partido: "Ele é o Marcelo Dourado da política", numa referência ao briguento vencedor do último "BBB".
No tribunal. A campanha de José Serra entrou ontem na Justiça Eleitoral contra o evento realizado para a candidatura de Dilma no sábado em que o tucano foi lançado em Brasília. A ação inclui Lula, a ex-ministra e as centrais sindicais que promoveram o ato no ABC paulista.
Para o mato. Em entrevista a uma emissora de rádio em Maceió, Serra escapou da milésima pergunta sobre Lula x FHC com a seguinte tirada: "Eu quero dizer que o Cleiton Xavier, aqui de São José da Tapera, é hoje o melhor jogador do meu Palmeiras!".
De cima... Para assegurar palanques ao aliado Serra, o PPS decidiu que qualquer aliança regional com partidos que não PSDB ou DEM terão de passar pelo crivo da direção nacional.
...para baixo. A determinação atinge Estados como Tocantins, onde o PPS pretende se aliar a Carlos Henrique Gaguim (PMDB), candidato à reeleição, e Mato Grosso, onde o partido quer apoiar Mauro Mendes (PSB). Se Espírito Santo e Bahia fecharem, como prometem, com Ricardo Ferraço e Geddel Vieira Lima, do PMDB, devem sofrer intervenção.
Palanque. Quase três semanas depois de ter se desincompatibilizado, Dilma ainda é destaque no site da Casa Civil. Na página inicial há um link para o áudio de seu discurso de despedida, com a chamada: "No nosso governo, o povo não é coadjuvante." E outro para a versão em texto, com a explicação: "Ela deixa o cargo para disputar as eleições presidenciais de 2010".
Nem aí 1. O presidente da Comissão de Orçamento da Câmara, deputado Waldemir Moka, utilizou toda a estrutura da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (incluindo site e canal de TV institucionais) para fazer campanha antecipada de sua candidatura ao Senado. Ele já havia utilizado dinheiro da Câmara para pagar folhetos com instruções de voto.
Nem aí 2. A acusação de campanha antecipada foi feita pelo Ministério Público Federal contra o deputado, um deputado estadual e o diretório local do PMDB. O TRE rejeitou a representação, alegando que as fitas do evento não foram decupadas, mas o MPF já trabalha no material para entrar com recurso. O evento ocorreu no ano passado.
Prancheta 1. Pesquisa realizada pelo instituto Consult na Paraíba, cujos resultados serão publicados amanhã, iniciou o questionário perguntando se a vida do entrevistado "melhorou no último ano". Trata-se do período em que o Estado passou a ser governado por José Maranhão (PMDB) após a cassação de Cássio Cunha Lima (PSDB).
Prancheta 2. Após essa pergunta foi feita a da intenção de voto estimulada, com "Zé Maranhão" abrindo a relação de nomes apresentada ao entrevistado.

com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS
Tiroteio 
Mercadante se comporta como candidato kamikaze. Diferentemente de quem ficou marcado por dossiês aloprados, Serra deixou o Palácio dos Bandeirantes com ampla aprovação. 

Do deputado MENDES THAME, presidente do PSDB-SP, sobre o petista, que apontou "falta de investimentos" na gestão do tucano, durante a qual, segundo o senador, houve "poucos avanços".
Contraponto 
Serviços gerais Cotado para disputar o Senado pelo PSDB, Aloysio Nunes Ferreira conversava com aliados sobre as dificuldades mais frequentes numa campanha eleitoral quando alguém lhe sugeriu "montar um comitê enorme, vistoso".
-Bobagem... candidato raramente pisa no comitê- rebateu o ex-chefe da Casa Civil de José Serra.
Os interlocutores quiseram saber mais, e então Aloysio lembrou que, certa vez, quando fazia campanha para deputado pelo interior do Estado, um eleitor irrompeu no comitê de surpresa. O tucano fez questão de dar atenção e perguntou se ele precisava de ajuda. Ouviu a resposta:
-Sim, preciso de ajuda porque meu carro quebrou...