terça-feira, março 02, 2010

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE

A fraude mascara o fiasco do PAC

2 de março de 2010

Primeiro o presidente Lula debitou os atrasos nas obras do PAC na conta dos fiscais do Ibama. Depois, garantiu que o Brasil só não fora transformado no maior canteiro de obras do planeta por culpa da perereca gaúcha, do bagre do rio Madeira e das machadinhas indígenas. Em seguida, descobriu que a rede de sabotadores da grandeza da pátria agia sob o comando dos ministros do Tribunal de Contas da União. Até que não restou ninguém mais a responsabilizar ─ e o maior governante desde Tomé de Souza, em parceria com Dilma Rousseff, resolveu acobertar a coleção de fiascos com truques de estelionatário.

Uma reportagem publicada pela Folha de S. Paulo na edição desta terça-feira revela que os balanços do PAC têm sido discretamente maquiados ou grosseiramente fraudados para induzir o país a acreditar que vai muito bem o que se arrasta, patina ou não sai do lugar. Se o governo não adotasse a metodologia da vigarice, o mapa das obras seria um oceano de carimbos vermelhos (”preocupante”) e amarelos (”atenção”), com um punhado de ilhas assinaladas em verde (”adequado”). Graças à maquiagem operada por trocas de datas e palavras, o desastre administrativo é apresentado como a prova definitiva de que não há outra gerente de país como Dilma Rousseff.

O trecho norte do Ferroanel de São Paulo não vai ficar pronto no quarto trimestre deste ano, como se previu em 2007? Troque-se “conclusão da obra” por “conclusão do projeto”. O eixo norte da transposição do Rio São Francisco, com inauguração prevista para dezembro de 2012, vai esperar até o fim de 2014? Altere-se a data com discrição de punguista e não se fale mais nisso. O trecho Lapa-Pirajá do metrô de Salvador será só parcialmente concluído em dezembro? Inaugure-se a fatia possível e o próximo governo que cuide do resto.

A leitura da reportagem reafirma que Lula e Dilma são incompatíveis com a verdade. Fosse outro o país, a dupla de fraudadores, como na imagem de Nelson Rodrigues, estaria sentada no meio-fio chorando lágrimas de esguicho. Como o Brasil deu de tratar mentirosos compulsivos com a complacência reservada a meninos travessos, Lula vai continuar inaugurando pedras fundamentais e zombando, com o desembaraço dos inimputáveis, da inteligência do Brasil que presta.

“Tem gente que devia ter vergonha de torcer pra que dê tudo errado no governo do operário que virou presidente”, declamará outra vez. Tem presidente que não tem vergonha de nada.

ILIMAR FRANCO

Metas sociais

O Globo - 02/03/2010


O governo estuda incluir metas sociais no Orçamento da União. A determinação seria feita na Consolidação das Leis Sociais, que deve ser enviada ao Congresso neste mês. O Palácio do Planalto também pretende incorporar os Objetivos do Milênio, traçados pela ONU, como metas do país. Entre eles estão: a erradicação da fome e da miséria, a redução da mortalidade infantil e a garantia de educação básica de qualidade para todos.

O programa de governo do PMDB

A exemplo do que fez em 2002, quando apoiou a candidatura de José Serra à Presidência, o PMDB vai elaborar uma proposta de plano de governo para entregar à candidata do PT, Dilma Rousseff. Estão sendo chamados para colaborar o economista André Urani, o ex-ministro Mangabeira Unger, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Urani participou, em 2002, da elaboração do documento “Tirando o Atraso, Combater a Desigualdade Já”, que foi ignorado pelos tucanos. O plano propunha, entre outras coisas, a unificação dos programas sociais e o fortalecimento do SUS.

É muito cedo para falar em um acordo entre o PT e o PMDB em Minas Gerais” — Fernando Pimentel, pré-candidato do PT ao governo estadual

RINGUE. Além das disputas em Minas e no Pará, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, está tentando serenar os ânimos dos petistas em Pernambuco. Lá a briga é por uma vaga ao Senado.

Estão no páreo o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, o deputado Maurício Rands e o ex-prefeito de Recife João Paulo. Em Brasília, o problema é com o grupo do deputado Geraldo Magela, que faz campanha para carimbar o candidato petista ao governo, Agnelo Queiroz, com o mensalão do DEM.

Palanque misto

No modelo desenhado pelo PV para a campanha no Rio, Fernando Gabeira só comparecerá às atividades da candidatura presidencial de Marina Silva.

Ao visitar o Rio, José Serra será recebido pelo vice na chapa de Gabeira, Márcio Fortes.

Dois olhares

O deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) minimizou a queda de José Serra na pesquisa Datafolha: “Eleição é depois da Copa”. Já o presidente do PT, José Dutra, comemora a subida de Dilma Rousseff: “Está acima das nossas previsões”.

Xadrez carioca

Uma das dificuldades do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para ser candidato à reeleição na chapa de Anthony Garotinho (PR) é que o ex-governador fez um acordo com o deputado federal licenciado Pastor Manoel Ferreira (PR) para que ele seja o único candidato ao Senado. Em outra frente, a Igreja Universal prefere que Crivella seja candidato a deputado, para puxar votos para eleger uma bancada na Câmara.

Nova cúpula entre PT e PMDB

As direções do PMDB e do PT voltam a se reunir amanhã para tratar de alianças nos estados.

O primeiro item da pauta é a nova crise no Pará, onde o PMDB está obstruindo a aprovação de um empréstimo de R$ 300 milhões do BNDES para o governo estadual. Os dois partidos estão tentando colocar numa mesma mesa a governadora Ana Júlia Carepa (PT) e o deputado Jader Barbalho (PMDB). Aliados nas últimas eleições estaduais, os dois vivem às turras.

OS TUCANOS que trabalham para Aécio Neves ser o vice de José Serra não gostaram da especulação com o nome do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A OAB do Rio vai deflagrar campanha contra a proposta de distribuição dos royalties do pré-sal para os 27 estados. Seu presidente, Wadih Damous, alega que com a pulverização “o rateio dos recursos vai ser uma bagatela para cada município”.

OS PRESIDENTES de Furnas, Carlos Nadalutti, e da Chesf, Dilton da Conti, escreveram ontem dizendo que estão alinhados com a transformação da Eletrobras numa mega empresa de energia.

CELSO MING

Foco errado

O Estado de S.Paulo - 02/03/2010


Sempre que as estatísticas apontam para um resultado fraco no comércio exterior, o governo se apressa em anunciar a elaboração de um poderoso pacote de medidas para incentivar as exportações. Quando sai alguma coisa, sai um traque, que pouco ajuda a alavancar as vendas externas.
Desta vez, o governo promete novos mecanismos de crédito automático e certas providências "tecnicamente complexas", como ontem avisou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral. Como das outras vezes, serão bem-vindas, mas não dá para contar com elas para uma rápida alavancada das exportações.
O momento é de forte aumento do consumo interno, que vai sendo turbinado não propriamente pelo dólar barato, como tanta gente fora e dentro do governo está sempre disposta a alardear, mas pelo aumento das despesas correntes do governo federal, pela expansão do crédito e, também, pela desoneração fiscal de alguns impostos.

O resultado desse crescimento do consumo a níveis provavelmente superiores a 7% ao ano é tanto o aumento das importações, que dispararam 31,2% nos dois primeiros meses deste ano quando comparados com igual período de 2009, quanto o avanço mais baixo das exportações, de 24,5% no mesmo intervalo, porque o consumo mais alto deixa menos sobras exportáveis.

Sempre que anuncia a preparação de estímulos para incentivar as exportações pode-se desconfiar de que o governo esteja tratando o problema com o foco errado. Não se trata de empurrar exportações. Trata-se de dar competitividade ao produto brasileiro diante da concorrência externa, não importando aqui se ele vai para o mercado interno ou se vai para fora.

E, se o governo federal fosse sincero quando afirma que vai incentivar exportações, teria tomado medidas mais eficientes.

Em primeiro lugar, estaria mais disposto a devolver os créditos garantidos pela Lei Kandir, a isenção de impostos nas exportações que não chega nunca a quem tem de chegar.

Em segundo lugar, seria mais determinado e mais eficiente na derrubada do custo Brasil, o conjunto de fatores que encarece o produto nacional. Na lista está a carga tributária alta demais, de cerca de 37% do PIB. Estão os juros escorchantes fora de padrão internacional cobrados do setor produtivo, como os 37% ao ano no desconto de duplicatas e 30% ao ano no capital de giro. Está, também, a infraestrutura precária como essas estradas mal traçadas e esburacadas que impedem a chegada just in time da matéria-prima, do componente e do produto acabado. E estão os portos lentos e mal equipados.

Em terceiro lugar, se estivesse mesmo empenhado em estimular as exportações, o governo seria bem mais agressivo na negociação de tratados comerciais e não daria tanta moleza para os argentinos quando estes barrassem sem nenhuma cerimônia, como vêm barrando, o produto brasileiro que toma o rumo do seu mercado, que, aliás, é parte da mesma área de livre comércio.

Às vezes o exportador acredita nesse discurso do governo; outras, finge que acredita, porque também não pode desdenhar nenhuma novidade benfazeja. Mas não pode perder de vista que problemas mais profundos têm de ter soluções mais profundas.

Confira
Subindo - A cada semana aumenta a expectativa de inflação medida pela pesquisa Focus. Já está perto dos 5,0%, num ano em que a meta é 4,5%. O ministro Guido Mantega (Fazenda) admitiu que o consumo crescerá perto dos 7,5%. Não está claro se o setor produtivo conseguirá garantir o abastecimento sem pressão sobre os preços.

ODEMIRO FONSECA

Riscos nos aeroportos

O Globo - 02/03/2010

Aeroportos definitivamente não são bens públicos. Em 2010, no Brasil, 145 milhões de passageiros (total de embarques mais desembarques) estarão dispostos a pagar por produtos e serviços em terminais aeroportuários. A Infraero os atenderá mal. Monopólios estatais são crônicos problemas políticos e péssimos em atender demanda de consumidores.

Já o setor privado adora uma boa demanda e tem condições de construir aeroportos mais baratos e operá-los muito melhor, como se observa pelo mundo.

Uma doméstica referência são os shoppings. Os serviços necessários para receber um passageiro na entrada de um terminal e colocá-lo dentro do avião (e vice-versa) são similares aos prestados por um shopping. A construção de um shopping do tamanho do aeroporto de Brasília custa R$ 3 mil por m2 e demora 18 meses para ficar pronto. Por m2, as expansões dos aeroportos S. Dumont e Congonhas custaram seis vezes mais e demoraram 15 vezes mais. Além do desperdício de capital público, a operação da Infraero é medíocre, comparada a shoppings. Em estacionamentos, banheiros, alimentação, conforto, segurança e limpeza, a diferença é gritante.

E os shoppings oferecem cada vez mais serviços.

Em área construída, existem hoje 20 shoppings maiores que o aeroporto de Guarulhos e 50 shoppings maiores do que o aeroporto de Brasília, os dois maiores aeroportos em tráfego. Os empreendedores de shoppings aprenderam a construir barato e rapidamente. É onde se ganha a guerra. Em 30 anos construíram área equivalente a 120 aeroportos de Guarulhos ou 240 aeroportos de Brasília. Administram tráfego de pessoas 70 vezes maior do que o da Infraero.

Esse pessoal constrói e opera aeroportos com um pé nas costas, desde que criado o ambiente institucional adequado.

Empurrado pela realidade, este governo ou o próximo estabelecerá novo marco regulador para aeroportos. Mas aí é que mora o perigo. Se o governo insistir em fazer os projetos dos aeroportos, contratar as empreiteiras de sempre e depois conceder os terminais a operadores privados, os ganhos dos passageiros poderão ser pequenos e as histórias de corrupção, grandes. E continuarão os problemas políticos e jurídicos, as longas e caras construções e os terminais desconfortáveis. Para termos aeroportos agradáveis e funcionais para a Copa do Mundo e Olimpíada, precisaremos de PPPs e segurança jurídica para que o setor privado possa projetar, investir, financiar, construir, expandir e operar os terminais.

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Aécio: prós e contras


Folha de S. Paulo - 02/03/2010

SÃO PAULO - Aécio Neves faz questão de deixar claro que não quer ser candidato a vice numa chapa com José Serra. Isso não significa, necessariamente, que não será. Na política, a vontade e as circunstâncias vivem em permanente disputa. Não sabemos o que prevalecerá neste caso. Mas, qualquer que seja a escolha de Aécio, ela comporta vantagens e desvantagens.
Quais seriam as razões para não aceitar a vice? Ninguém desconhece que os tucanos terão uma campanha muito difícil. Fora da chapa, Aécio evita o risco de ser sócio da eventual derrota -ou até de um fiasco histórico. Mais: se dissocia da geração do PSDB que enfrenta agora a sua última grande batalha e fica em condições de se apresentar no dia seguinte como o nome capaz de juntar os cacos da oposição. Seria não o pós-Lula, mas o pós-Serra.
No entanto, se Aécio se ausentar do jogo e Serra produzir, sem ele, o milagre da vitória, este talvez seja o pior desfecho para o mineiro.
E quais razões teria ele para aceitar o café com leite tucano? Aécio seria sócio de uma hipotética vitória e não poderia ser crucificado por uma eventual derrota. Receberia, além disso, ao menos em tese, uma boa fatia do poder conquistado.
Mas nada disso parece sensibilizar o governador. Ele tem reagido aos apelos alegando que o efeito positivo de sua entrada como vice na campanha seria apenas momentâneo e iria se diluir no processo, tendendo para a total irrelevância.
Os tucanos insistem porque, sem "amarrar" Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país, suas chances ficarão muito escassas. Mas Aécio diz que tem condições de trabalhar melhor o eleitorado mineiro se fincar os pés no Estado e concorrer ao Senado, como pretende.
O que pode parecer um diálogo de surdos é, na verdade, um sintoma de prioridades distintas. A de Aécio é eleger o seu vice, Antonio Anastasia. Ser derrotado em casa ao cabo de oito anos para Hélio Costa ou para o PT seria desastroso. De certa forma, até pior do que ver o sonho de Serra virar pesadelo.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Safra de balanços de bancos globais mostra recuperação

Folha de S.Paulo - 02/03/2010


O britânico HSBC anunciou ontem lucro líquido de US$ 5,8 bilhões em 2009, 2% superior ao do ano anterior, quando o resultado teve queda de 70% devido às perdas sofridas nos EUA por conta da crise.

O lucro antes dos impostos foi de US$ 7,1 bilhões, inferior às expectativas do mercado, de cerca de US$ 11 bilhões.

O HSBC foi um dos últimos bancos globais a divulgar resultados do difícil ano de 2009.
Os resultados anunciados por bancos americanos, como Bank of America e Wells Fargo, apontaram redução na força da recessão nos EUA no quarto trimestre de 2009.

Os balanços indicaram melhora, graças aos estímulos do governo, apesar do risco de desemprego e de baixo crescimento da economia.

Mesmo o resultado do Citigroup, com prejuízo no último trimestre, não foi considerado tão desastroso.

O banco pagou parte da ajuda do governo e o balanço mostrou sinais menos negativos em relação às perdas com as hipotecas imobiliárias e com o financiamento.

O resultado do JPMorgan não foi tão bem recebido. Apesar do lucro de US$ 3,3 bilhões no quarto trimestre, as ações caíram no dia da divulgação, pois as operações ligadas à economia real continuaram problemáticas, a indicar que o trabalhador americano permanece em dificuldade.

Outro que impulsionou os mercados nesta temporada de balanços foi o britânico Barclays, cujo lucro líquido em 2009 foi 114% superior ao de 2008. O Barclays havia recusado capital do governo.

INVASÃO DE PRIVACIDADE
O presidente da Samsung Techwin America, J.W. Ahn, veio ao Brasil na semana passada para fechar um acordo de distribuição com a WDC Networks, especializada em soluções de Wi-Fi, WiMAX, VoIP e câmeras de vigilância.

A ideia é crescer em participação no mercado brasileiro de circuito fechado de televisão e de câmeras de segurança.

O mercado de vídeo no Brasil [que inclui gravadores digitais, câmeras de segurança etc.] é atualmente estimado em cerca de US$ 250 milhões, segundo Ahn.

"Apesar de uma boa parte ser no segmento de baixo custo, acreditamos que existe grande potencial para crescer com produtos de alta tecnologia e qualidade", afirma o executivo, que visitou diversas empresas e consultorias de segurança, de olho em outras parcerias.

BRASIL NO RANKING

Pela primeira vez, o Brasil passou a integrar estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) que mapeia indicadores de empreendedorismo.
"O relatório mostra que o Brasil tem um estoque de empresas com grande crescimento", diz Juliano Seabra, diretor do Instituto Endeavor. A entidade fez a ligação entre o IBGE e a OCDE para que o Brasil fizesse parte do EIP (Entrepreneurship Indicators Programme) da organização. As empresas no Brasil tiveram performance acima da média da de outros países, ainda que em condições econômicas não tão favoráveis, avalia Seabra.

IN VITRO
O setor de diagnóstico in vitro registrou alta de 8% na geração de empregos no ano passado, segundo a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, que representa mais de 40 empresas que atuam no segmento e empregam 132 mil pessoas.

COSTURADO
A Datalogic passa a fabricar leitores de códigos de barras na Elgin, na Zona Franca de Manaus. A venda dos aparelhos no país e os lucros ficarão com a Elgin. A multinacional ganhará com o fornecimento de peças exclusivas para a brasileira.

LUIZ GARCIA

Depois de São Nunca

O GLOBO - 02/03/10

O presidente Lula tem, como é natural e inevitável, aliados e torcedores em profusão — ou a dar com o pé, como se dizia antigamente. O que não impediu que a opinião pública tomasse conhecimento de que o governo Lula, nestes dois mandatos, montou um sofisticado esquema de corrupção em gabinetes e corredores de Brasília. Se alguém já esqueceu, foi batizado de Mensalão — com uma legião de sobrenomes.

Nos últimos três meses, no entanto, qualquer marciano recém-desembarcado no Planalto chegaria com rapidez à convicção de que em Brasília a corrupção tem apenas um quartel-general — ou caverna escura, como parece mais apropriado. Fica, ou ficava, até dias atrás, no governo do Distrito Federal.

Consistia em remessas de dinheiro vivo para o gabinete do governador José Roberto Arruda. Os reais eram fornecidos por pelo menos quatro empresas que tinham negócios com o governo e distribuídos a membros do Executivo e deputados distritais do grupo de Arruda. A quota pessoal do governador era de R$ 50 mil quinzenais.

Um escândalo como poucos — embora esteja longe, muito longe, de ser inédito. Na verdade, é apenas a repetição, em escala menor, do acima citado Mensalão. Neste, as coisas feias ocorreram apenas na área federal, envolvendo o Palácio do Planalto e uma numerosa parcela da bancada de deputados que apoiavam o Governo Lula.

Todos os envolvidos estão respondendo a processo no Supremo Tribunal Federal. Como são muitos, cada um pôde arrolar uma quantidade considerável de testemunhas — e o total delas, se levado para a Sapucaí, demoraria umas duas horas para desfilar. Mas essa é hipótese remota: trata-se de uma turma que não quer sambar, e tem pouquíssima vontade de cantar. Seja como for, é processo criminal para muito tempo. Cidadãos menos esperançosos acreditam que as sentenças saem na segunda-feira seguinte ao Dia de São Nunca.

Fora isso, os dois escândalos são diferentes num ponto importante.

No caso do Distrito Federal, o chefe do Executivo apanhado filmado em flagrante. No outro episódio, os acusados mais importantes são apenas ex-auxiliares do Presidente. Contra ele não há acusação nem indícios de envolvimento pessoal no escândalo.

De qualquer maneira, os dois episódios, envolvendo políticos de partidos que, fora isso, nada têm em comum, quase provocam a vontade de uma especulação perfeitamente cretina: vai ver, é alguma coisa no clima de Brasília que provoca essas coisas feias.

MÔNICA BERGAMO

Oração

Folha de S.Paulo - 02/03/2010


A atriz Marília Pêra vai emprestar sua voz à obra do padre Fábio de Melo, um dos maiores vendedores de livros e discos do Brasil. Ela está entrando em estúdio para gravar a leitura de "Mulheres de Aço e de Flores", a primeira obra publicada pelo sacerdote, em 2008.

ALÉM-MAR
E o padre Fábio prepara seu desembarque na Europa. Ele negocia com a editora Bertrand para lançar seus livros em Portugal. A empresa também pretende traduzir as obras para venda em outros países europeus. No Brasil, o sacerdote deve lançar três livros inéditos até 2011: "Orfandades - O Destino das Ausências", "Um Jardim para Recomeçar", com uma troca de cartas fictícia entre um aluno e um professor de filosofia, e uma coletânea de contos ainda sem título definido.

EM TESE
O lançamento de Aécio Neves (PSDB-MG) como vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB-SP) poderia reverter a queda dele, demonstrada pelo Datafolha, nas pesquisas presidenciais? De acordo com aliados dos líderes tucanos que estudam os números, o crescimento que Serra teria em Minas se reverteria hoje em dois pontos no levantamento nacional. "Ajuda, mas não resolve", diz um tucano. O impacto maior seria político, especialmente se Aécio conseguisse embaralhar a aliança partidária que hoje se forma em torno de Dilma Rousseff.

EM NÚMEROS
Pelos dados mais recentes do Datafolha em Minas, Serra tinha, em dezembro, 39% das intenções de voto no Estado. Aécio tinha 57%. Ou seja, na melhor das hipóteses, transferiria 18 pontos para Serra -o que equivaleria aos cerca de dois pontos nacionais, já que Minas tem 10% do eleitorado do país.

EM CAMPANHA
Ciro Gomes (PSB-SP) deve fazer na próxima semana a segunda reunião com os partidos que podem apoiá-lo caso se lance candidato ao governo de SP. Por sugestão dele, todos vão caminhar pelo centro da cidade e parar para tomar "um café" em algum boteco da região.

MUITO OBRIGADA
O ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, telefonou para o tucano Arnaldo Madeira (PSDB-SP) para elogiar seu voto contrário à utilização de recursos do pré-sal para reajustar aposentadorias acima de um salário mínimo. Embora milite na oposição, Madeira foi o único parlamentar que teve coragem de votar com o governo Lula -até o PT fugiu da raia. "Não dava pra aprovar isso aí", disse Bernardo ao tucano.

DE NADA
Já a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata à reeleição, repreendeu parlamentares da base do governo. É que a bomba vai explodir no colo do presidente Lula, que precisará vetar o benefício aos aposentados se quiser preservar os recursos do fundo social do pré-sal.

NOTA
Um dirigente partidário já calcula que um candidato a deputado federal deverá gastar entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões, em São Paulo, só para "começar o jogo" da campanha eleitoral de 2010.

HILLARY ONZE E MEIA
Vai ter cara de "talk show" a visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, à Faculdade Zumbi dos Palmares, amanhã. Ela vai ser entrevistada sobre ações afirmativas, diversidade e inclusão racial, e se comprometeu a responder a perguntas dos alunos da instituição.

VOZ DA AMÉRICA
Ed Motta vai cantar o hino nacional dos Estados Unidos antes da corrida da Fórmula Indy em São Paulo, no dia 14.

ELIANE CANTANHÊDE

Vespeiros

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/03/10


BRASÍLIA - Brasília entra numa roda-viva de ilustres visitantes internacionais a partir de amanhã, com o governo Lula em cima do muro numa área que já foi tão cara à esquerda: direitos humanos.
Não que haja mais ou menos agressões a presos aqui, pois elas continuam graves como sempre. O problema é a posição -ou a falta dela- diante de dois casos condenados mundo afora: Cuba e Irã.
Na semana passada, Lula deu o azar de ir a Cuba com a ilha se contorcendo em dores pelo pedreiro Orlando Zapata Tamayo, 42, que preferiu a greve de fome e a morte a suportar o regime calado.
O sacrifício de Tamayo remete à velha esquerda do Brasil. Mas a que assumiu o poder não se solidariza com ele. "Há problemas de direitos humanos no mundo inteiro", deu de ombros Marco Aurélio Garcia, assessor internacional de Lula.
Ou a esquerda rendeu-se às conveniências do poder, ou a morte de quem resistia à ditadura brasileira era heroísmo e a de quem resiste à cubana é bobagem. Entre o martírio de Tamayo e o regime de Fidel, louve-se o regime.
Em maio, Lula vai se meter em outro vespeiro. Ao desembarcar no Irã, estará sujeito às picadas tanto dos manifestantes iranianos contrários ao regime como da comunidade internacional, que não considera as aventuras nucleares do país nada inocentes. Quem diz, aliás, é o diretor da AIEA, a agência de energia atômica, que também vem ao Brasil em março.
Tomara que não haja execuções políticas com Lula lá -em Teerã. Mas, por precaução, Garcia deve ensaiar melhor uma outra fala, bem diferente da de Cuba.
Hillary Clinton chega hoje. Depois, os reis da Espanha, os da Suécia, o primeiro-ministro da Itália, o ministro do Exterior da Alemanha.
E Obama vem aí! Já imaginou o Brasil, 25 anos depois da ditadura, ficando constrangido diante do Primeiro Mundo justamente por causa de direitos humanos?

MERVAL PEREIRA

Minas decide

O Globo - 02/03/2010


As pesquisas eleitorais estão demonstrando que a estratégia traçada pelo presidente Lula para vencer a eleição deste ano está dando certo, enquanto a do PSDB esbarra mais uma vez na divisão partidária.

Mesmo tendo literalmente inventado a candidatura de Dilma Rousseff, empurrando-a goela abaixo do PT, Lula conseguiu passar para sua base um sentimento de preservação do poder que produziu uma unidade partidária que está levando o projeto adiante com bons resultados.

Mesmo que conte para isso com a leniência de nossa Justiça Eleitoral, que se pega em formalismos para não conter os evidentes avanços presidenciais aos limites legais da propaganda fora de época.

Já os tucanos mais uma vez se debatem em disputas internas, sendo a mais visível e fundamental aquela entre os governadores José Serra e Aécio Neves, que continua latente mesmo depois da desistência do mineiro de disputar a Presidência.

Ainda existem bolsões de resistência à candidatura Serra, que veem nos resultados das últimas pesquisas um sinal de fraqueza, embora ele continue na liderança.

Mas não parece viável uma desistência a esta altura, a começar pelo perigo de Serra colocar mesmo em risco uma reeleição ao governo paulista com a fama de medroso.

Além do mais, apesar do bom momento de Dilma, o candidato tucano ainda está na frente e, sem Ciro na disputa — o que hoje é quase certo —, ele se mantém na faixa dos 40% dos votos, tendo perdido apenas 2 pontos percentuais, dentro da margem de erro.

Seria preciso que caísse muito para chegar aos 18% que o governador mineiro ostenta no momento nas pesquisas.

Mesmo assim, sem o apoio de Aécio, dificilmente Serra conseguirá vencer a eleição.

Mais do que nunca o PSDB está procurando uma maneira de explicitar para o eleitorado mineiro — e nacional — que seu governador Aécio Neves está comprometido com a vitória de José Serra na eleição presidencial.

Mesmo que não venha a aceitar ser candidato a vice na chapa tucana, é preciso que Aécio tenha um papel preponderante na campanha, e o cargo de coordenador nacional pode lhe ser oferecido.

A tese fundamental que anima o PSDB, mesmo diante da constatação de que a candidatura oficial de Dilma Rousseff está crescendo até mais rápido do que se imaginava, é que os estados mais importantes do Sudeste — Minas, São Paulo e Rio — podem garantir a vitória e, sobretudo, que quem vencer em Minas ganha a eleição no Brasil.

O panamenho José Perigault, que fundou o Ibope juntamente com Paulo Montenegro, descobriu certa ocasião que o bairro do Méier era representativo de todo o estado do Rio de Janeiro. O resultado de uma pesquisa no bairro dava praticamente o mesmo resultado do estado.

Anos depois, Carlos Augusto Montenegro, filho do fundador e atual presidente do Ibope, descobriu que o estado de Minas Gerais é o reflexo do Brasil.

Tem sua parte Nordeste na região do Vale do Jequitinhonha, e por isso faz parte da Sudene; ao mesmo tempo é a segunda economia do país (disputando com o Rio), com uma região fortemente industrializada, grande influência paulista na divisa com São Paulo; Juiz de Fora é muito ligada ao Rio de Janeiro; e o estado tem no agronegócio uma parte influente de sua economia.

O resultado das eleições presidenciais lá tem refletido essa lógica, e, desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas.

Como nunca houve um candidato mineiro para distorcer os números — Aécio, por exemplo, foi eleito com 70% dos votos em 2006 —, os resultados refletem cada vez mais a média nacional.

Em alguns casos, como em 2006, o resultado local foi praticamente igual ao nacional: Lula teve 50,80% (48,6% no país), contra 40,6% (41,6% no país) de Alckmim.

Em 1989, Collor teve 36,1% em Minas (30,5% no país) contra 23,1% (17,2%); em 1994, Fernando Henrique teve 64,8% em Minas (54,3% nacional) contra 21,9% de Lula (27%); em 1998, FH teve 55,7% em Minas (53,1% nacional) contra 28,1% de Lula (31,7% nacional). Em 2002, Lula venceu com 53% (46,4% nacional) e Serra teve 22,9% (23,2%).

No Rio de Janeiro, Serra continua um pouco na frente de Dilma, em que pese o fato de os dois principais candidatos ao governo serem da base aliada: Sérgio Cabral (PMDB) e Garotinho (PR).

O apoio de Gabeira, do PV, mesmo indireto — ele estará no palanque da senadora Marina Silva —, é considerado importante.

Em São Paulo, o governador Serra acredita que tem condições de tirar cerca de seis milhões de votos de diferença, número que nenhum candidato tucano conseguiu alcançar nas últimas eleições.

Em 1994, Fernando Henrique teve 4,6 milhões de votos de diferença para Lula, ampliando para 5,1 milhões em 1998. Em 2002, mesmo não sendo governador, Serra venceu com uma diferença de 4,5 milhões de votos, e em 2006 o ex-governador Alckmin teve sobre Lula uma diferença de 3,8 milhões de votos.

Todas essas eleições foram disputadas contra Lula, o que dá uma dimensão da dificuldade maior da tarefa que Serra tem hoje contra Dilma.

O PSDB vem consolidando um domínio do território paulista que se reflete no resultado das eleições locais. Serra foi eleito no primeiro turno contra Mercadante, e atualmente o ex-governador Geraldo Alckmin aparece como o favorito, tendendo a vencer também no primeiro turno contra um PT que não tem candidato ao governo paulista e tenta inventar a candidatura de Ciro Gomes, o que, provavelmente, só fará aumentar as chances de Alckmin vencer no primeiro turno.

Todas essas contas tucanas, no entanto, só terão validade se a transferência de votos de Lula para sua candidata não for além daquela faixa de 1/3 dos eleitores que tradicionalmente vota no PT.

Se, no entanto, como afirmam os petistas, os eleitores começarem a identificar Dilma com a continuidade do governo, será difícil derrotála. A delicada tarefa de Serra é derrotar Dilma sem atacar Lula.

ANCELMO GÓIS

PAZ NOS ESTÁDIOS

O GLOBO - 02/03/10


Os ministros Luiz Paulo Barreto (Justiça) e Orlando Silva (Esportes) se reuniram ontem e criaram o Comitê ProFutebol, que terá três prioridades.
A saber: identificar boas práticas contra a violência nos estádios; capacitar policiais para atuar nos jogos; e comprar equipamentos de controle de distúrbios. A ideia é testar estas ações já no Campeonato Brasileiro.
SUPERELÉTRICA DE LULA
A ideia, apadrinhada por Lula, de criar a Superelétrica, fusão de várias elétricas comandadas pela empreiteira Camargo Corrêa, não é bem vista na Previ.
O fundo de pensão do Banco do Brasil, por causa de sua participação em várias empresas do setor, é peça importante para a viabilização da mamute elétrica.
OLHA O PASSARINHO!
Lula, em campanha para eleger Dilma, visita segunda que vem as obras, ainda no começo, da refinaria petroquímica de Itaboraí, no Rio.
Em 2006, o presidente esteve ali para lançar a pedra fundamental. Em 2008, foi dar início às obras de terraplenagem.
HACKER TUCANO
Volta e meia um hacker faz isso com alguém.
Ontem, quem buscava por “mentiroso” no Google recebia como primeira sugestão a página do Wikipedia sobre... Lula.
NELSON ESTÁ BEM
Nelson Sargento, 85 anos, passou o dia, ontem, desmentindo boatos de que tinha morrido.
Sua secretária eletrônica ficou lotada de mensagens. Cruzes.
CASTELO DA RAINHA
O Golden Green, condomínio de bacanas na Barra, no Rio, vai levar a leilão, quinta agora, o apartamento de Ariadne Coelho, viúva do empresário Jair Coelho, o “rei das quentinhas”.
A dívida da socialite com o condomínio beira R$ 1 milhão.
IMPOSTOLÂNDIA
William Bonner, como tinha prometido, doou à Escola de Comunicações da USP, onde estudou, os direitos de seu livro Jornal Nacional – Modo de fazer. Mas ficou meio chateado.
É que a universidade, pública, não pôde receber integralmente os R$ 141.690,09. O Leão mordeu 26,74%.
MARGINAL ARRUDA
A avenida de Brasília conhecida como EPGT (Estrada Parque Taguatinga), que ganhou uma guaribada no governo Arruda e passou a se chamar Linha Verde, recebeu novo apelido no DF.
Virou... “Marginal Arruda”. Faz sentido. Com todo o respeito.
CHAMPANHE DO JOÃO
Como já faz parte de seu show, João Gilberto não foi ao casamento da filha Bebel, sábado, na Bahia.
Mas mandou de presente dez caixas de champanhe.
SEGUE...
Rio será em 3D e vai ser lançado em abril do ano que vem.
Uma escola de samba carioca negocia com a produção americana para usar personagens do filme em seu enredo, em 2011.

E por falar em 3D...
Chamada gaiata no Canal Brasil da estreia, sexta agora, do documentário “Um morcego na porta principal”, sobre nosso Jards Macalé, dirigido por João Pimentel e Marco Abujamra: — O primeiro filme 3D do Brasil: Duro, Duvidoso e Desenganado..

Luto no bicho

Morreu por problemas decorrentes de diabetes o bicheiro Luís Carlos Escafura, o Bola, filho de José Carlos Escafura, o Piruinha.

Umas 2 mil pessoas, acredite, foram terça passada ao cemitério de Irajá, no Rio, para o enterro, que teve até batida de surdo da Portela em sua homenagem.

Vinte anos depois

Domingo agora faz 20 anos da morte de Luís Carlos Prestes, o líder comunista.

ARNALDO JABOR

Acabou o tempo do "happy end"

O GLOBO - 02/03/10

Eu já fiz filmes de amor. Agora estou terminando mais um: "A Suprema Felicidade". Não é um filme sobre um caso de amor apenas, mas sobre a busca pela felicidade que passa pelo sonho do amor eterno. Como escrevo às vezes sobre amor, pessoas na rua me agarram e perguntam: "Mas, afinal, o que é o amor?". E esperam, de olho muito aberto, uma resposta "profunda". Eu penso, penso e digo: "Sei lá...".

Não sei, ninguém sabe, mas há no ar um lamento profundo pelo fim do sonho de harmonia, de "happy end".

Sinto dizer, mas acho que as apoteoses não existem mais nem no amor nem na política, em nada. Estamos no tempo das coisas que não terminam, dos problemas sem solução.

O século XXI é o fim da crença na plenitude, na inteireza, seja no sexo, no amor e na política.
(Este artigo parece uma daquelas bobagens apócrifas que postam na internet com meu nome... Surgiu agora um horroroso chamado "Amar é..." de que muitas mulheres gostam. Quando eu digo que não é meu, me olham com rancor).

Mas, vamos em frente.

Quando eu era jovem, nos anos 60/70, o amor era um desejo mais romântico. Depois, nos anos 80/90, foi virando um amor de mercado. O ritmo do tempo acelerou o amor, contabilizou o amor, matando seu mistério.

Não vemos mais amantes definhando de solidão, nem romeus nem julietas, nem pactos de morte de guaraná com formicida, nem mais o amor brilhando como uma galáxia remota.

O amor não tem onde se ancorar, não tem mais a família nuclear para se abrigar. O amor ficou pelas ruas, em busca de objeto, esfarrapado, sem rumo. As pessoas "ficam" muito, transam mais, como quem toma um sorvete, sem o lento perder-se dentro de "olhos de ressaca".

Mas, mesmo assim, cafajestes e devassas, todos anseiam por uma paixão impossível, uma "suprema felicidade". O que chamamos de "amor" é uma fome "celular", entranhada no DNA, no fundo da matéria. É uma pulsão inevitável, uma reprodução ampliada da cópula primitiva entre o espermatozoide e o óvulo. Somos grandes células que querem se re-unir, separadas pelo sexo que as dividiu. O resto é literatura.

Se bem que grandes poetas como John Donne ou João Cabral sabiam que o amor é uma demanda da Terra, para atingirmos a calma felicidade dos animais.

Temos de parar de sofrer romanticamente porque "acabou o amor" (ou mesmo o paraíso social...).

O pensamento amoroso ou filosófico lamenta uma unidade perdida. Continuamos - amantes ou filósofos - com a nostalgia por alguma coisa que pode voltar atrás. Não volta. Nada volta atrás.
Não adianta lamentar a impossibilidade do amor. Temos de celebrar cada vez mais o parcial; só o fortuito é gozoso. Temos de parar de sofrer por uma plenitude que não chega nunca.

Aceitar a "incompletude" talvez seja a nova forma de felicidade. E achar isso bom, também.
Em todas as revistas, fotos, filmes, a "imagerie" do erotismo contemporâneo "esquarteja" o corpo humano. Vejam as artes gráficas, vejam as fotos de revistas de arte, onde tudo é (reparem) decepado, dividido, pés, escarpins negros, unhas pintadas, bocas vermelhas, paus, seios, corpos imitando coisas, tudo solto como num abstrato painel. Tudo evoca a impossibilidade saudosa de um "objeto total", da pessoa inteira.

Parece uma louvação da perversão, do fetichismo, do erotismo das "partes", do "amor em pedaços". No entanto, hoje creio que estamos além do fetichismo, além da perversão.

Não há mais "todo"; só partes. O verdadeiro amor total fica cada vez mais distante, como nas narrativas romanescas.

O que é ser feliz? Onde está a felicidade no amor e sexo? No casamento?

No entanto, vejamos o outro lado; sem a promessa de amor eterno, tudo vira uma aventura. Em vez da felicidade, existem as fortes emoções, a deliciosa dor, as lágrimas, os hotéis, os motéis delirantes, as perdas, os retornos, os desertos, as luzes brilhantes ou mortiças, a chuva, o sol, o nada. Os filmes maravilhosos e românticos do chinês (de Hong Kong) Wong Kar-Wai são assim: "Amor à Flor da Pele", "2046".

Ele só fala da impossibilidade do amor... E nos emocionamos com o vazio... As personagens têm uma espécie de "saudade" de um amor que nunca terão. Ficam na chuva, impotentes, entre luzes de néon. A paixão fica ali, pulsando, no espaço entre elas, intransponível.

Acho que isso pode ser uma libertação. Talvez precisemos de um amor que busque atingir a "intensidade" em vez da "eternidade". Talvez seja bom o fim de um "happy end" futuro e o início do "happy" presente.

Transformar a dor de viver numa forma de arte que nos faça feliz. A felicidade é uma virtude bailarina, parodiando Oswald e Nietzsche (com todo o respeito).

E é bom mesmo que acabe essa ilusão do idealismo romântico, para legitimar a família e a produção, pois (vamos combinar) a verdade é que tudo acaba mal na vida. Não se chega a lugar nenhum porque não há onde chegar... Há que perder esperanças antigas e talvez celebrar um sonho mais "trágico", com a selvagem beleza do efêmero.

Se aceitarmos isso, talvez a saudade venha como excitação, a dor venha como prazer, a parte como o todo, o instante como eterno. E não se trata de pessimismo. É bom sofrer uma epopeia passional, é bom a saudade, a perda, tudo, menos a insuportável felicidade obrigatória.

Tudo bem, querermos paz e sossego, tudo bem nos contentarmos com o calmo amor, com um "agapê", uma doce amizade dolorida.

Mas a chama emocionante só vem com a droga pesada do século XXI: a paixão impossível. E isso é bom. Enquanto sonharmos com a plenitude, seremos infelizes. A felicidade não é sair do mundo como privilegiados seres, mas entrar em contato com a trágica substância do não-sentido.

Temos de ser felizes sem esperanças. É difícil; mas não há outro jeito.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Túnel do tempo

O Estado de S.Paulo - 02/03/2010


Alegre, ativo, mergulhado na campanha pela reconstrução do Teatro de Cultura Artística. Este foi o José Mindlin que deu à coluna, em agosto de 2008, uma de suas últimas entrevistas. ""Sou um otimista incorrigível", dizia Juca, como era chamado por alguns.

Bem humorado, em recente ocasião em que se encontrou com a colunista olhou-a detidamente, mas não a reconheceu. Informado de quem se tratava, brincou: "Desculpa, minha filha, com o passar dos anos fica difícil reconhecer até quem a gente gosta".

Intelectual de primeira, bibliógrafo, humanista, há controvérsias sobre o lado empresarial de Mindlin, que participou da criação da Metal Leve, liderada por Samuel Klabin. No entanto, como bem lembra Paulo Francini, da FIESP, "foi ele o primeiro a contribuir para modificar a imagem do empresário. Provou que podemos ser pessoas de pensamento refinado, não necessariamente insensíveis, pensando só em lucro".

Mindlin foi um humanista. Que, infelizmente, não sobreviveu para ver a liberação de recursos do BNDES, pedidos para restauração dos seus 40 mil livros doados à USP.

Barco ao mar

Cresce, entre os correligionários de Serra, a convicção de que ele vai anunciar sua candidatura sim. E daqui a exatos 30 dias, no dia... 1º de abril. Não, não é piada. É que o Diário Oficial não circula nos três dias seguintes - Sexta-Feira Santa, Sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa.

Como o prazo para deixar o cargo termina no sábado, o jeito é anunciar a saída na quinta. A ironia é que o jornal com sua saída só circularia na segunda, 5. Mas com a data do dia 2.


Barco ao mar 2

Esses mesmos auxiliares de Serra não levam a sério a ideia de Tasso Jereissati entrar como vice na chapa.
O que eles levam a sério, isso sim, é a advertência que fez The Economist no perfil do governador em sua última edição.

Para a revista, ele tem de sair da toca logo, "se não quiser ser lembrado como o melhor presidente que o Brasil nunca teve".

Águas de Março

O mês de março deve ser o mais chuvoso em SP desde 2006, segundo o CpTec - órgão federal encarregado de previsão do tempo.

Os técnicos calculam, no mês, média de 159 milímetros na capital. Metade do que choveu em fevereiro, mas 30% a mais que em fevereiro do ano passado.


Cada macaco no seu galho

O Zoológico de São Paulo entrou em estado de alerta.
Teme-se que a ilha no centro do lago principal, onde ficam dezenas de macacos, seja engolida pela cheia.


Amor na rede

Se depender de Aloizio Mercadante, o casamento civil poderá acontecer via... internet. O projeto para desburocratizar o enlace será votado quarta na CCJ.


Dó maior

A crise lá fora atinge a música clássica. Para tentar atrair mais brasileiros, os responsáveis pelo Festival de Salzburgo estão em São Paulo.

Helga Rabl-Stadler, dirigente do Festival, é centro, amanhã, de jantar fechado, na casa de Milu Villela. Com a presença do embaixador Hans-Peter Glanzer, da Áustria.


Casa nova
David Barioni comandará o grupo carioca Facility. Isto é, viverá na Ponte-Aérea.


Internautas
O PT vai distribuir "munição", via internet, para seus filiados de todo o País.
A turma receberá periodicamente kits com vídeos, textos e áudios para disseminar entre eleitores.


Estilo sarau

Produtores do longa Faroeste Caboclo conseguiram uma relíquia. O fonograma original da música homônima de Renato Russo, quando o compositor tinha 18 anos.


Red carpet

Na última hora, Tom Ford desistiu de vir ao Brasil participar da estreia do seu filme A Single Man, na sexta.

Está amarrado no Oscar.


Na frente

FHC aceitou o convite. Vai à Academia Brasileira de Letras, dia 18, abrir o ciclo de homenagens a Joaquim Nabuco.

Após dois anos trabalhando dentro de casa, Daniela Cutait vai abrir seu ateliê DC com showroom em Pinheiros.

Fabrício Corsaletti lança o livro Esquimó. Hoje, na Livraria da Vila da Fradique.

O Museu Afro Brasil abre, segunda, a mostra O Deserto Não É Silente. Com obras da Líbia.

O Masp recebe, dia 11, o Festival do Minuto com 62 vídeos que abordam o tema "a cidade".
Depois de se apresentar no Festival de Músicas nas Montanhas, em MG, o violoncelista Fábio Gomes ganhou uma bolsa de estudos na University of Southern Mississippi.

Cartas trocadas por Ema Klabin com JK, Yolanda Penteado, Ciccillo Matarazzo e até Albert Sabin estão na exposição que começa sábado, no museu da Fundação Ema Klabin.

Torben Grael é o convidado no programa Johnnie Walker com Gigantes, no EÑE.

A Federação Israelita do Estado organiza homenagem a José Mindlin. E já contata outras entidades judaicas.

DORA KRAMER

Intenção e gesto

O Estado de S.Paulo - 02/03/2010


A pesquisa Datafolha registrando as perdas (para José Serra) e os ganhos (para Dilma Rousseff) da pré-disputa eleitoral nos últimos dois meses não surpreendeu, mas abalou os nervos da oposição e deve alterar a agenda do PSDB para o mês de março.

O governador de São Paulo continua firme na decisão de só anunciar oficialmente a candidatura no início de abril, o que faz com que seus companheiros de partido antevejam um período de adversidades daqui até lá. Será uma travessia dura de aguentar, constatam.

Serra já sabia que as pesquisas apontariam o crescimento de Dilma e havia sido alertado que poderia mesmo haver um empate técnico. Ainda assim, no sábado, quando os números da pesquisa já circulavam dando conta da redução da dianteira do tucano para 32% e do aumento do porcentual da petista para 28%, o tucanato constatou que, se algo não for feito no campo da comunicação com a sociedade, na próxima pesquisa Dilma poderá passar à frente de Serra.

Esse "algo" teria também o objetivo de pôr um fim às especulações de que o governador desistiria da candidatura presidencial para concorrer à reeleição.

Essa hipótese está fora de cogitação na seara tucana. É disseminada pelo PT, por motivos óbvios, e, segundo identificou o PSDB, por lideranças do partido que ainda apostam na possibilidade de o governador Aécio Neves vir a disputar a Presidência.

Como antecipar o anúncio Serra não vai, o mais provável é que faça gestos no sentido de confirmar a candidatura, deixando claro que a data do anúncio não altera a decisão, já tomada, de se candidatar.

Que tipo de gesto? Por exemplo, semelhante ao feito no carnaval, quando Serra compareceu a camarotes em desfiles no Nordeste. Não o fez por amor a Momo, mas para marcar presença de candidato.

No PSDB a expectativa é de que o primeiro desses "gestos" seja feito nos próximos dias em Minas Gerais, durante a festa em comemoração aos 100 anos de nascimento de Tancredo Neves, avô do governador Aécio e sonho de consumo de 11 em cada 10 tucanos interessados na chapa puro-sangue.

Cautelosos, os correligionários de José Serra não ousam falar na possibilidade de o governador de Minas fazer a gentileza partidária de, na ocasião, dar algum sinal de que está viva a hipótese da composição dos dois em uma chapa e mortíssima a ideia de ser o candidato no lugar de Serra.

Não falam, mas torcem para que ocorra algo nessa linha.

Qualquer coisa para fazer frente à ofensiva governista, que, além da campanha de Lula, ainda teve a seu favor a realização do Congresso do PT com o lançamento da candidatura de Dilma Rousseff e o noticiário desfavorável ao PSDB por causa das enchentes em São Paulo.

Por mais que o partido procure manter a frieza e analisar os números com racionalidade face às circunstâncias, em disputas políticas desprovidas de conteúdo como as nossas, o que vale são as aparências.

Até agora, o que sustenta o ânimo da oposição é a dianteira de Serra a despeito da campanha explícita, diária e poderosa do presidente Luiz Inácio da Silva em prol de sua candidata.

Se Dilma assumir a liderança, o trunfo se perde. Ainda que não signifique uma representação real do cenário da campanha propriamente dita, isso tem influência na composição de alianças com partidos que compõem a base governista e não pretendem abdicar do posto seja quem for o presidente.


Pacto sinistro

Qual seria a opinião da combativa Dilma Rousseff se um presidente soi-disant de esquerda, de país democrático, autor de um plano de defesa dos direitos humanos que visitasse o Brasil durante a ditadura militar e ignorasse os presos e torturados, tripudiasse de suas agruras, para se confraternizar com o regime?

A dúvida não inclui o então sindicalista Luiz Inácio da Silva, que já se manifestou mais de uma vez sobre sua alienação a respeito do que se passava no País para além do ufanismo do "Brasil grande" em que a economia era celebrada e as liberdades, as garantias e os direitos civis ignorados.

Mal comparando, é mais ou menos como ocorre hoje em relação ao caráter excludente entre os conceitos de ética e governabilidade.

Refém do autoritarismo, prisioneira nos subterrâneos do arbítrio, a jovem militante Dilma teria todos os motivos para desconfiar da sinceridade dos propósitos democráticos do governante em questão.

Pois é exatamente essa semente da suspeição que Lula plantou nas mentes que tanto o admiram no plano internacional com as declarações desumanas que fez em Havana a respeito da greve de fome, da morte e em apoio ao tratamento que a ditadura cubana conferiu ao caso do dissidente Orlando Zapata.


José Mindlin

Não é sempre, mas de vez em quando soa injusto quando a natureza aplica a regra geral da inexorabilidade da partida

PAINEL DA FOLHA

Cara de paisagem

Renata Lo Prete

Folha de S.Paulo - 02/03/2010


Embora incomodada, a cúpula do DEM decidiu não reagir publicamente à sugestão, feita por Fernando Henrique Cardoso, de que Tasso Jereissati seja vice de José Serra caso Aécio Neves rejeite a missão.

O silêncio tem dois motivos. Primeiro, os "demos", empenhados em convencer Aécio, avaliam que a intervenção do ex-presidente não contribui para o sucesso da tarefa. O segundo motivo diz respeito à imagem do partido. Alquebrado, o DEM sabe que não está em condições de exigir assento na chapa. Mas uma coisa é abrir mão para Aécio, o vice dos sonhos. Outra é ver o PSDB passar a procurar opções dentro de casa sem nem mesmo consultar seu parceiro preferencial.

Direito autoral
Aécio lembrava ontem que foi o primeiro a sugerir o nome de Tasso como vice, em recente jantar na casa de FHC.

É a transferência
Entre os eleitores que avaliam o governo Lula como ótimo ou bom no Datafolha, 35% declaram intenção de votar em Dilma (eram 30% em dezembro) e 27% optam por Serra (contra 33% na pesquisa anterior).

Cubo mágico 1
Com o crescimento das apostas num entendimento do campo lulista em Minas, o desenho mais provável hoje teria Hélio Costa (PMDB) para governador com um vice indicado pelo grupo do ex-prefeito de BH Fernando Pimentel (PT). Um nome cotado é o do deputado Virgílio Guimarães (PT).

Cubo mágico 2
José Alencar (PRB) iria para o Senado, tendo como suplente o ministro Patrus Ananias (PT).

Pela mão
Para Dilma não perder o embalo quando deixar o governo, o núcleo da campanha quer que prefeitos de regiões por ela visitadas tirem licença por alguns dias para acompanhar a candidata.

Bônus
Com a indefinição de Ciro e o PT ainda sem candidato em SP, Dilma será a estrela solitária das próximas inserções estaduais da sigla.

Microfone
O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, avisou José Dirceu que o encontro entre os dois, amanhã, será aberto à imprensa. O ex-ministro pediu a conversa para explicar sua participação no episódio da Eletronet.

Carteira
O advogado Peterson Ramos (PPS) entrou com representação para excluir Dirceu do cadastro da OAB. Acusa-o de violação de conduta ética por ter prestado serviço à Eletronet, interessada na ressurreição da Telebrás.

Cimento 1
Técnicos do TCU apontam indícios de irregularidades graves em cinco obras (quatro delas incluídas no PAC) que não faziam parte da lista divulgada pelo tribunal em setembro do ano passado. Além da paralisação, recomendam a suspensão de pagamentos em duas delas.

Cimento 2
Das cinco obras, as mais importantes são o projeto habitacional Vila da Barca (PA) e o aeroporto de Goiânia (GO). Nos dois casos há suspeita de sobrepreço.

Drive-thru
Lula chegou à posse de José Mujica com o novo presidente do Uruguai já a postos e o Hino Nacional em plena execução. E seguiu para o Chile antes do evento da transmissão de cargo.

Lembrança
Para homenagear Lula, que acabou de visitar o país, o governo de El Salvador determinou que telões do aeroporto da capital executem o hino brasileiro até sábado, a cada cinco minutos.

Nem aí
Degolado no escândalo dos atos secretos, Agaciel Maia distribuiu em Brasília calendários em que aparece com o broche de diretor-geral do Senado.

Visita à Folha
José Gomes Temporão, ministro da Saúde, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Gabriela Wolthers, assessora de comunicação.

Tiroteio
"Depois de um engenheiro transformar o DF em caso de polícia, um coronel da bancada da bala se apresenta para terminar a aventura."

Contraponto

Melhores amigos
Representantes de diferentes partidos políticos se reuniram na sexta-feira passada na sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro, para discutir a cobertura das eleições deste ano. Com a mesa cheia, um diretor da emissora fez menção de dar início ao trabalho:

-Bom, acho que podemos começar, certo?

Foi então que alguém notou a ausência de representante do PMDB, aliado preferencial de Dilma Rousseff. Os tucanos presentes miraram o secretário-geral do PT, José Eduardo Martins Cardozo, e um deles observou:

-Bom, quem decide se esperamos o PMDB é o PT...

JOSÉ SIMÃO

"BBB" Urgente! Tá um Assustation!

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/03/10


Quiseram fazer um "BBB" da diversidade e quem tá liderando é um homofóbico!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Entramos em 2012! Terremotos, tsunamis e enchentes. Só falta revogarem a lei da gravidade e a gente ir dançar o "Rebolation" no espaço sideral! Sabe como se chama um dos caras que estão fazendo greve de fome em Cuba? Guilherme FARINHAS!
E protesto em Cuba não é fazer greve de fome, é COMER! E sabe porque o Corinthians tá promovendo um cruzeiro? Pra torcida continuar a ver navios!
E agora tem universidade oferecendo curso de jornalismo de celebridades! Imagine a bibliografia: "Caras", "Ego", "Gente", "Glamurama", "TV Fama" e, em caso de óbito, Sonia Abrão. Rarará!
E essa: "Brasileira confunde tremor com festa no Chile". Até terremoto brasileiro pensa que é festa. Micareta! E três hipóteses para os terremotos: a Madonna esqueceu o vibrador ligado DE NOVO!, o Zé Mayer quebrou a cama e a Gretchen soltou um pum sentada no trono!
E liguei na CNN pra ver o tsunami no Havaí. Bem idiota! O tsunami virou marolinha. E o apresentador enrolando. Como disse o povo do Twitter: "Se fosse o Datena, já iria entrevistar as famílias que IRÃO perder tudo". "Como a senhora se sente sabendo que vai perder tudo?"
E o "BBB"? O "Big Bagaça Brasil"?! As bagaças tão em alta. Depois do sucesso da banda Parangolé com "Rebolation", o "BBB" devia lançar a banda BARANGOLÉ com "ASSUSTATION"! E o tiro saiu pela culatra: quiseram fazer um "BBB" sobre diversidade e quem tá liderando é um homofóbico! O Dourado! Que tem cara de motim de presídio! Que o "Pânico" chama DORRABO! Diz que o Capitão Nascimento entrou no "BBB", mas quando viu o Dourado pediu pra sair!
E buemba 2! Assaltaram a casa do Marcos Valério do mensalão! Não existe mais ética entre os ladrões? E assaltar a casa do Marcos Valério não é roubo, é restituição, é fazer justiça com as próprias mãos. Rarará!
E na Austrália tem um sorvete chamado Golden Gaytime. Picolé para gays. Devia patrocinar o "BBB"!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". É que aqui em Sampa, em Perdizes, tem um cartaz: "Depilação, qualquer parte pequena, R$ 10". Ueba! Mais direto, impossível! Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Saideira": companheiro Lula saindo pra qualquer lugar. O lulês é mais fácil que o ingrêis. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!