domingo, dezembro 26, 2010

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Suprema vacância 
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/12/10

No dia em que Dilma Rousseff receber a faixa presidencial, o STF atingirá o recorde de 154 dias sem a formação completa. A demora na indicação do substituto de Eros Grau, aposentado em agosto, em muito supera o hiato de 57 dias entre a saída de Nelson Jobim e a entrada de Cármen Lúcia, em 2006.
Em seus dois mandatos, Lula escolheu oito ministros. Em quatro anos, Dilma deverá nomear, além do sucessor de Eros, os de Cezar Peluso e Ayres Britto, que se aposentam em 2012. Isso se não for aprovada a "PEC da Bengala", que eleva de 70 para 75 anos o limite de idade para os membros da Corte.

Imponderável 1 Dilma terá a chance de indicar outros ministros ao Supremo em caso de aposentadorias voluntárias, como se especula que possa acontecer com Celso de Mello, decano da Corte, e Ellen Gracie.

Imponderável 2 Há ainda as fortes dores nas costas de Joaquim Barbosa, que ameaçam tornar inviável a permanência do relator da ação penal do mensalão. O ministro nega essa hipótese.

Em série No período de um mandato no Planalto, Dilma deverá conviver com quatro presidentes do Supremo: Peluso fica até abril de 2012; Britto o sucede e comanda a Corte até se aposentar, em novembro do mesmo ano; Joaquim assume e transmite a presidência a Ricardo Lewandowski em novembro de 2014.

Quem avisa... Em recente conversa com Dilma, um veterano do Senado comentou a provável reeleição de José Sarney (PMDB-AP) à presidência da Casa: "Você vai trazer um problema velho para um governo novo". Ela nada respondeu.

Saúde! Ao ouvir a despedida de Mão Santa (PSC-PI), que prolonga as sessões do Senado com pronunciamentos intermináveis, um funcionário comentou: "Vou abrir uma champanhe!".

Mantra Diante do descontentamento explicitado por Paulo Renato Souza (Educação) e Mauro Ricardo Costa (Fazenda) pela maneira como foram informados de que seriam substituídos, o governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) repete aos assessores mais próximos: "Em governo novo, a mudança é o caminho natural, e a manutenção, exceção".

Onde pega O que tem constrangido os atuais secretários é saber da dispensa apenas depois de o nome do substituto vir a público.

Eu não Lila Covas nega ter intercedido em favor da escolha do neto Bruno, deputado estadual, para a Secretaria do Meio Ambiente do futuro governo Alckmin.

Aquecimento Ao ouvirem o ralho público dado por Lula no prefeito Gilberto Kassab (DEM), que teria descumprido compromisso de firmar convênio com catadores de papel, deputados do PT comentaram: "2012 é logo ali".

No forno Protógenes Queiroz promete para 2011 um livro sobre os bastidores da Operação Satiagraha. Segundo o delegado e deputado federal, editoras europeias estariam interessadas. O lançamento seria em 20 de maio, seu aniversário, ou 7 de setembro, data de sua filiação ao PC do B.

Obra incompleta Magistrados que leram o livro do jornalista Raimundo Pereira sobre Daniel Dantas estranharam a revelação de que Protógenes ignorou documentos apreendidos sugerindo que fundos de pensão de estatais usaram advogados para comprar juízes.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"O compromisso do novo governo com o ajuste fiscal é um discurso sem correspondência com a prática."
DO ECONOMISTA MANSUETO DE ALMEIDA, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), sobre o Orçamento da União para 2011, aprovado pelo Congresso na noite de quarta-feira passada.

contraponto

Culpa do sistema

Na noite em que foi votado o aumento de 62% para os deputados, Abelardo Camarinha (PSB-SP) procurou se justificar com Chico Alencar (PSOL-RJ):
-Só vocês que têm voto de opinião podem ser contra, Chico. A maioria, como eu, precisa demais desse reajuste. Nossa base exige que banquemos festinha de aniversário, casamento, batizado, enterro...
-E o povo tem de pagar?- provocou Alencar.
-Mas é o povo que pede tudo isso, e que nos elege para que possamos pagar. A demanda não tem fim!

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