quarta-feira, novembro 24, 2010

ADRIANA FERNANDES

Governo resiste em corrigir a tabela do Imposto de Renda
Adriana Fernandes
O Estado de S. Paulo - 24/11/2010

Enquanto a arrecadação bate recordes sucessivos, as despesas aumentam e renasce o movimento pela volta da CPMF, o governo reluta em corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). O tema é explosivo, tem apelo popular, e pode colocar a presidente eleita, Dilma Rousseff, numa saia-justa logo no início do seu governo. Por quatro anos seguidos, o presidente Lula manteve uma política de reajuste anual de 4,5% da tabela para compensar a inflação. O benefício acaba no ano que vem e vai ser difícil explicar aos contribuintes que pagam o IR porque ele deve acabar, em meio a um cenário de forte crescimento da arrecadação e pressão por novos reajustes salariais, inclusive dos parlamentares, juízes e outros servidores federais.
Nos bastidores do governo, segundo apurou o Estado, já há quem aposte que o governo não terá desculpas para não renovar o benefício, principalmente depois que as centrais sindicais colocaram a correção da tabela do IRPF na lista das negociações do valor do salário mínimo. O assunto foi discutido ontem pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento,Paulo Bernardo. Por enquanto, o governo faz jogo de cena e diz que não tem condições de fazer o reajuste. Mas a resistência faz parte da estratégia de negociação. Ao final, o governo deve ceder com uma "concessão" da presidente eleita, no mesmo modelo de ação adotado pelo presidente Lula nos seus dois mandatos.
A defasagem da tabela ainda está em 64,1% em relação a 1995. Já a arrecadação do IRPF de janeiro a outubro deste ano, mesmo com a correção de 4,5%, teve crescimento real de 7,75%. Para a Receita, que sempre foi contra qualquer correção, o aumento não serve de justificativa para a correção da tabela.

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