sábado, agosto 21, 2010

RUY CASTRO


O cinema naquele ano


RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/08/10


Psicose, de Alfred Hitchcock, está fazendo 50 anos e sendo louvado em artigos, ensaios, DVDs e retrospectivas. É justo: a sequência do assassinato de Janet Leigh no chuveiro marcou o começo de um ciclo em Hollywood – nunca um filme saído de um grande estúdio (a Paramount) e dirigido por alguém importante se atrevera a tal crueza. 
Mas Psicose não foi tudo em 1960. No cinema americano, aquele foi também o ano do eterno Se Meu Apartamento Falasse, de Billy Wilder; Spartacus, de Stanley Kubrick, melhor filme bíblico de sempre; Sete Homens e um Destino, de John Sturges, western de que saíram os “spaghesterns” de Sergio Leone; O Solar Maldito, primeiro da série Poe por Roger Corman; do hoje atualíssimo O Vento Será Tua Herança, de Stanley Kramer; e de um filme que sobrevive apenas na lembrança de uns poucos, como eu e o Sérgio Augusto: Uma Vida em Pecado (Studs Lonigan), de Irving Lerner. 
Na Itália, covardia: 1960 foi o ano de A Doce Vida, de Fellini; A Aventura, de Antonioni; Rocco e Seus Irmãos, de Visconti; do pungente O Belo Antonio, de Mauro Bolognini; e do feroz A Maldição do Demônio, de Mario Bava. Na Inglaterra, cujo cinema andava de crista baixa, foi o ano de A Tortura do Medo, de Michael Powell. E, na Alemanha, de Os 1.000 Olhos do dr. Mabuse, de Fritz Lang. 
Na França, bastaria ter sido o ano de Acossado, de Godard, consagrando a Nouvelle Vague. Mas foi também o de A Um Passo da Liberdade, de Jacques Becker, e O Sol por Testemunha, de René Clément. No Japão, de O Túmulo do Sol, de Nagisa Oshima. E até o cinema brasileiro teve o seu dia de mingau: os pré-Cinema Novo Cidade Ameaçada, de Roberto Farias, e A Morte Comanda o Cangaço, de Carlos Coimbra. 
Grande ano, 1960, grandes filmes. Mas comparado aos de 1961...

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