MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Imposto maior é abuso, diz importador de máquinas 

Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 27/08/2010

As empresas importadoras de máquinas e equipamentos consideram abusiva a decisão da Abimaq (associação da indústria nacional) de pedir ao governo o aumento da alíquota do Imposto de Importação, de 14% para 35%, dos equipamentos que tenham similares nacionais.
"A indústria pleiteia um protecionismo que não faz sentido. É um retrocesso", diz Ennio Crispino, presidente da Abimei (associação de importadores de máquinas).
A Abimei afirma que a alíquota maior irá impactar diretamente no preço, causando prejuízos para empresas e para projetos em execução.
"As obras de infraestrutura, como portos, aeroportos, e as do pré-sal, amplamente alardeadas pelo governo serão paradas", diz Crispino.
Com o aumento da alíquota, o custo da máquina importada irá subir de 25% a 30%, segundo a Abimei.
"O grande problema é que a indústria nacional não consegue atender a demanda das empresas", diz Crispino.
A Abimaq afirma que as condições de competição no Brasil são desfavoráveis para a indústria nacional. "Os custos de financiamento, a carga tributária e o câmbio valorizado tiram a competitividade da indústria", diz Mário Bernardini, diretor da Abimaq.
Segundo ele, está havendo substituição de máquinas nacionais por importadas. "Em julho, houve o maior volume de importação de máquinas e equipamentos da história, acima de US$ 2 bilhões, e a produção nacional recuou 3%", diz Bernardini.

Preço de energia aumenta com período seco

Devido ao excesso de chuvas registrado no fim de 2009, os reservatórios das hidrelétricas do país acumularam no início do ano os mais elevados níveis de água da última década.
Com isso, o preço no mercado spot, de curto prazo, para os consumidores livres -grandes indústrias que consomem mais de 3 MW- havia despencado.
A recente seca, no entanto, já levou os reservatórios ao pior nível dos últimos cinco anos, segundo Marcelo Parodi, sócio da comercializadora de energia Compass, que espera volatilidade para os próximos meses.
"Pode-se chegar a R$ 200 por MWh, se tivermos um nível de chuva entre 80% e 90% da média histórica", afirma. Um possível atraso, para novembro, no período de chuvas e a escalada do consumo de energia no país agravam a situação, segundo Lúcio Reis, diretor executivo da Anace (associação de consumidores de energia).
"Aí entra até um fator psicológico. Com afluências baixas e alto consumo, todos os fatores influenciam na alta do preço no médio e no curto prazo", diz Reis.
O pico ocorreu em janeiro de 2008, durante uma estiagem prolongada, quando o valor praticado era R$ 502,4.

FESTIVAL DE FLORES

O mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais deve crescer 13% neste ano na comparação com 2009. O setor, que reúne 8.000 produtores em uma área de 9.000 hectares no país, prevê movimentar R$ 3,5 bilhões neste ano, segundo o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura).
As vendas do setor tiveram forte queda na primeira metade deste ano, com retração de até 30% em alguns segmentos. "Foi reflexo da Copa do Mundo. As pessoas deixaram de comprar flores. E, para piorar, a temperatura alta estimulou o aumento da produção, gerando uma oferta maior", diz Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflor.
Entretanto, no último mês, as vendas de flores e plantas já começaram a se recuperar, segundo Schoenmaker.
A Expoflora, que acontece em setembro, em Holambra (SP), deve ajudar o setor nessa recuperação e estimular as vendas. A cidade é o principal polo de produção do país.
Schoenmaker destaca como um grande diferencial deste ano o aumento das vendas de maços de flores nos supermercados. "O consumidor está comprando mais flores para levar para casa e não só para dar de presente", diz ele.

ASSAÍ INVESTE R$ 30 MI EM LOJAS

O Grupo Pão de Açúcar investiu R$ 30 milhões na implantação de três lojas da rede Assaí, em São Paulo.
A primeira dessas unidades será inaugurada hoje, em Parque Paineiras, zona leste da capital. A unidade da Jabaquara (zona sul) abre as portas na terça-feira e a de São Caetano (Grande SP) começa a funcionar em setembro. Juntos, os três empreendimentos devem gerar 490 empregos diretos e indiretos.
Além dos lançamentos, foram reformadas quatro unidades da rede, três em São Paulo (Rio Claro, Caraguatatuba e Limeira) e uma no Rio.
Hoje, a rede conta com 46 lojas, o triplo do que tinha em 2007, antes de iniciar seu processo de expansão.

A perder... O setor público não tem interesse em desburocratizar o sistema de arrecadação do país, segundo a tributarista Mary Elbe Queiroz, presidente do Ceat (centro de estudos direito tributário).

...de vista "Falta dinheiro para redução dos tributos porque os custos do governo são altos", afirma ela. O tema será debatido em congresso, em outubro, em Pernambuco.

FENÔMENO EMPRESARIAL

Ronaldo, o fenômeno, e Sérgio Amado, presidente do Grupo Ogilvy, assinam na próxima terça-feira, o contrato social da 9ine, agência de marketing esportivo do grupo britânico WPP.
A agência será localizada no Alto de Pinheiros, em São Paulo, em endereço próximo ao da Ogilvy. A 9ine, que será presidida por Ronaldo, terá seu lançamento oficial na segunda semana de setembro.
O presidente mundial da WPP, Martin Sorrell, vai participar virtualmente por meio de videoconferência.
O jogador conheceu Sorrell em maio deste ano, durante evento no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Mas o projeto é discutido há mais tempo.

SOB MEDIDA

A incorporadora MaxCasa vai levar para Santa Catarina o empreendimento MaxHaus, apartamentos de 70 metros quadrados com arquitetura aberta, ou seja, com disposição dos espaços definidos pelo proprietário.
"As pessoas têm a liberdade de personalizar o seu espaço. São elas que escolhem quantos dormitórios os apartamentos irão ter", diz José Paim de Andrade, presidente da empresa.
Um dos diferenciais do empreendimento é a automação. "Pelo celular, é possível ligar qualquer luz, acionar o ar condicionado ou mesmo ligar o som", afirma Andrade.
A empresa projeta fechar este ano com VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 400 milhões.
Os apartamentos do empreendimento custam até R$ 650 mil, dependendo da localização.

De olho... A Confenar (Confederação Nacional das Revendas AmBev e das Empresas de Logística da Distribuição) busca parceria com o US Panel, grupo norte-americano do mesmo segmento que está no Brasil.

...no exterior O objetivo da entidade, que responde por quase metade da distribuição de bebidas no Brasil, é a internacionalização. Juntas, as revendas associadas à Confenar faturam R$ 12 bilhões ao ano e abastecem mais de 1 milhão de pontos de venda.

Alta... As vendas nos ramos comercial e de serviços do setor de equipamentos médico-hospitalares, nacionais e importados, cresceram 17% de janeiro a maio deste ano ante o mesmo período de 2009.

...hospitalar O levantamento é da Abimed (associação de importadores de equipamentos, produtos e suprimentos médico-hospitalares). Segundo o Ministério do Trabalho, o segmento gerou, de janeiro a maio, 4.560 novos postos de trabalho.