domingo, julho 04, 2010

PAINEL DA FOLHA

Última instância
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/07/10

As duas decisões do Supremo liberando as candidaturas do senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e de uma deputada estadual de Goiás, ambos enrolados com a Lei da Ficha Limpa, disseminaram na base governista o discurso de que a regra terá aplicação bem mais reduzida do que se imaginava nas eleições. A avaliação é amparada nas palavras do ministro José Antonio Dias Toffoli, segundo quem a lei ‘apresenta elementos jurídicos passíveis de questionamentos’.  Além disso, especula-se que, caso a ministra Cármen Lúcia dê parecer favorável a uma reclamação do ex-deputado Carlos Gratz (PSL-ES), para quem a lei é inconstitucional, as proibições cairiam em cascata.    Borracha Se a suspensão dos efeitos da Lei da Ficha Limpa no STF tiver sequência, a avaliação dos governistas é que poderá abafar a principal bandeira do vice de José Serra, o deputado Indio da Costa (DEM-RJ).

Régua - A direção do PSDB fará uma reunião nesta semana com todos os presidentes dos diretórios estaduais para mapear conflitos que persistem na aliança com DEM e PPS. Além de eventual ‘enquadramento’ nos casos mais complexos, o partido cobrará mobilização de candidatos a deputado para as visitas de José Serra.   

Na raiz - A coordenação da campanha de Serra usa um dado do último Datafolha para sustentar que a campanha adversária tem mais mobilização nas bases: 43% acham que Dilma ganhará a eleição, contra 33% de Serra, apesar do empate técnico.   

Bolso - Um dirigente tucano adverte: ‘É bom que fique claro que se faltar apoio nas bases, como ocorreu em 2006, vai faltar dinheiro para muita gente também’.   Santinhos Um governista fez a conta: dado o maior número de partidos na aliança, Dilma terá mais candidatos espalhando seu nome nos Estados. A matemática dos petistas prevê volume 40% superior ao de Serra.

Sem panetone - Apesar de Serra ter cedido a vaga de vice ao DEM, lideranças do PT afirmam que o partido não pretende explorar o episódio do mensalão de José Roberto Arruda no Distrito Federal. Motivos: os petistas temem que a ideia suscitaria o troco de ‘demos’ e tucanos, lembrando o escândalo de 2005, e implodiria o discurso de campanha ‘paz e amor’ de Dilma.   

Roteiro 1 - Desde que saiu da Casa Civil para disputar as eleições, Dilma não foi nenhuma vez ao Paraná e só visitou uma única cidade em Santa Catarina. Isso deve mudar, numa tentativa dos petistas de quebrar o favoritismo de Serra na região.   

Roteiro 2 - Estado em que Dilma fez a carreira política, o Rio Grande do Sul recebeu quatro visitas da petista até agora. A proporção será mantida para tentar alavancar votos nas ‘origens’ e arrebanhar a militância de Tarso Genro (PT), candidato ao governo gaúcho. 

Shopping 1 - Antes de se acertar com Duda Mendonça, Marta Suplicy (PT) procurou os serviços de João Santana, que fez sua campanha de 2008 à prefeitura paulistana. O marqueteiro explicou que neste ano ficará concentrado na candidatura de Dilma Rousseff à Presidência.   

Shopping 2 - A parceria firmada entre Marta, que concorrerá ao Senado, e Duda, que fará também a campanha de um adversário de Aloizio Mercadante ao governo (Paulo Skaf, do PSB), ainda não foi digerida por muita gente no PT de São Paulo, mas teve um padrinho de peso: José Dirceu.    

Contraponto

Mercado futuro   

O líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), telefonou na semana passada para Antonio Palocci (PT-SP) para tratar de um projeto de relatoria do petista. Lá pelas tantas, brincou:  _Estou de olho no seu movimento para tentar implementar o parlamentarismo no Brasil!  Palocci, um dos principais colaboradores da campanha de Dilma Rousseff, logo se esquivou:  _ Que história é esta? Eu, imagina...  Ao que Bornhausen emendou:  _Falo sobre o desejo de virar primeiro-ministro.

Tiroteio

Lula está acostumado a entrar em disputas “nadando de braçada’. Agora quero ver desta vez, em que o jogo está zero a zero.  DO DEPUTADO ACM NETO (DEM-BA), sobre o resultado da pesquisa Datafolha que mostra Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) tecnicamente empatados.

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