quinta-feira, maio 20, 2010

PAINEL DA FOLHA

Nada consta
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/10

Embora em privado sobrem senadores críticos e/ou céticos em relação ao projeto que exige "ficha limpa" dos candidatos, aprovado ontem por unanimidade, muitos resolveram abraçar a causa movidos não apenas pelo receio da opinião pública, mas também pela lógica de fazer do limão uma limonada.
Como, pelo texto, somente os condenados por decisão colegiada podem ser barrados das urnas, muitos senadores enrolados com a Justiça, mas sem esse tipo de condenação, pretendem se valer do fato para exibir na campanha eleitoral uma espécie de "aval de honestidade". A categoria já ganhou até apelido nos corredores da Casa: são os "ficha sujos ocultos".


Não dá. Foi Clara Ant, assessora especial de Lula hoje lotada na campanha de Dilma Rousseff, quem disse ao presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, que não seria tolerada a exibição, durante participação da candidata em evento da entidade ontem, do vídeo sobre o malsucedido périplo de um prefeito por gabinetes de Brasília em busca de verbas para sua cidade.
Ficar... Com o lançamento de sua candidatura ao governo de São Paulo marcado para amanhã, Paulo Skaf é alvo de intensas pressões, tanto para perseverar quanto para desistir. O primeiro grupo é liderado pelo presidente do PSB local, Márcio França, e inclui uma série de petistas que enxergam no presidente da Fiesp a chance de viabilizar um segundo turno entre o líder Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT).
...ou sair? Do outro lado, tucanos que mantêm relação antiga com Skaf procuram convencê-lo de que, desprovido de qualquer aliança, terminará a campanha como nanico, servindo apenas de escada para o candidato do PT. Quem conhece o presidente da Fiesp diz que sua dúvida é real.
Melhor assim. O PT decidiu antecipar em um dia a reunião do diretório nacional que, entre outros pontos, vai deliberar sobre alianças em Estados com conflitos pendentes. Os petistas agora tomarão suas decisões em 11 de maio. Tudo para que no dia 11 de junho, data da convenção peemedebista, as arestas cruciais já estejam devidamente aparadas.
Terceiro turno. Caso o PT nacional force a seção maranhense a se aliar ao PMDB, Flávio Dino (PC do B), que havia recebido o apoio dos petistas locais, promete recorrer ao TSE. Argumenta que a intervenção é inconstitucional.
Dominó 1. Na contramão do que havia sido prometido pelo governo ao atual presidente da Previ, Sérgio Rosa, e ao deputado Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT, a troca de comando no fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, marcada para junho, não poupará o diretor de Participações, Joilson Ferreira. Esse posto é considerado estratégico, por lidar com grandes empresas das quais a Previ é sócia.
Dominó 2. Ex-sindicalista que mantém grande influência no BB, Berzoini votou recentemente na Câmara pela derrubada do fator previdenciário. Lula viu no gesto, mais do que populismo em véspera de campanha, um recado ao Planalto. E não gostou.
Horário nobre. João Vicente Claudino (PTB), que a partir de agosto terá visibilidade garantida na propaganda de TV como candidato ao governo do Piauí, já está, por assim dizer, "no ar": a Houston, fabricante de bicicletas pertencente à família do senador e situada em Teresina, serve de cenário para a empresa fictícia de "Passione", nova novela da Rede Globo.
Bem tucano. Candidato ao governo de Goiás, o senador Marconi Perillo (PSDB) incluiu entre as promessas de campanha o "Cheque Muro", iniciativa supostamente destinada a aumentar a segurança da população do Estado.

com LETÍCIA SANDER e DANIELA LIMA
Tiroteio 
Os prefeitos são os maiores "muristas" da política. Ficam em cima do muro, até saber para onde sopra o vento. Aplaudem todo mundo. 

Do senador ÁLVARO DIAS (PSDB-PR), sobre a boa acolhida aos três candidatos à Presidência que estiveram na Marcha dos Prefeitos.
Contraponto 
Revoada A Comissão de Constituição e Justiça do Senado discutia o projeto de lei que trata da doação de três aeronaves modelo Tucano ao Paraguai como forma de ajudar no combate ao tráfico de drogas. No calor do debate, Flexa Ribeiro (PSDB-PA) resolveu pedir vista, para espanto do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR):
-Mas por que pedir vista?
Flexa respondeu brincando:
-É que eu estou com medo de que vocês do governo aproveitem esse negócio de "doar tucanos" ao Paraguai para deportar meus companheiros de bancada Arthur Virgílio, Tasso Jereissati e Sérgio Guerra...

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