segunda-feira, maio 10, 2010

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Fornecedores do pré-sal criam centros de pesquisa no país

Maria Cristina Frias
Folha de S. Paulo - 10/05/2010
 
O esforço da Petrobras em atrair empresas para o Brasil vem acompanhado de outro movimento da cadeia de fornecedores: os que já estão instalados aqui correm para montar centros de pesquisas no país para desenvolver tecnologias específicas para o pré-sal.
A francesa Schlumberger, supridora de componentes e prestadora de serviços na área de petróleo, anunciou a construção de centro tecnológico na ilha do Fundão, no Rio, onde estão o Cenpes (centro de pesquisa da Petrobras) e a UFRJ.
Também já está na fila para erguer seus laboratórios a sua concorrente norte-americana Halliburton. Como a área do Fundão pertence à União, as empresas têm que disputar uma concessão para se instalarem no local.
Na área de dutos, a Tcnip (França) e a Tenaris Confab (Argentina) também já decidiram construir centros de pesquisa no Brasil.
Um dos maiores desafios do pré-sal na área de equipamentos é a alta corrosão do aço e de outros materiais por causa da grande concentração de gás carbônico, segundo o diretor de tecnologia e inovação da Coppe/UFRJ, Segen Estefen.
"Todos querem estar perto da Petrobras. O pré-sal gera uma demanda muito grande, mas também enormes desafios tecnológicos", diz Estefen.
Muitos dos laboratórios já instalados no Fundão -e alguns dos que virão- contam com a parceria com a Coppe.
A siderúrgica brasileira Usiminas é outra que vai abrir um centro tecnológico ao lado do Cenpes, da Petrobras, para desenvolver aços especiais para a construção naval.
A Wellstream, de dutos e outros equipamentos submarinos, e a Clarent, de produtos químicos para combate à corrosão, também pretendem abrir unidades de pesquisa na ilha do Fundão.
NAVEGAR É PRECISO 
Com o deficit de infraestrutura portuária, o Brasil precisaria investir cerca de US$ 30 bilhões em portos até 2020, segundo o Centronave, que reúne 32 armadores de longo curso das maiores empresas de navegação do mundo em atuação no Brasil. A entidade calcula que precise de cerca de 50 novos berços de atracação em até dez anos para eliminar os gargalos portuários. Para o Centronave, contudo, o decreto 6.620, de 2008, considerado o novo marco regulatório dos portos, inibiu investidores por obrigar o empreendedor de terminais privativos a movimentar carga própria de forma preponderante em relação à de terceiros. "O interessado em operar portos não possui carga própria", diz Elias Gedeon, diretor-executivo da entidade. Os custos portuários no Brasil são em média 30% maiores do que na Ásia, Europa e nos EUA, segundo a entidade. Os navios chegam a ficar dias à espera de atracação, o que gera um custo para toda a economia, diz Gedeon. A maior parte do comércio externo é feito pelo mar. A dragagem de oito portos deve ser concluída neste ano. "Mas, mesmo com as obras prontas, grandes navios ainda não vão operar no Brasil pela limitação dos portos."
CONSELHEIRO 1 
O ministro Guido Mantega (Fazenda) em reunião com o ministro das Finanças da Grécia, George Papaconstantinou, na sede do FMI (Fundo Monetário Internacional), ouviu um pedido de apoio do Brasil em relação a acordo com o Fundo. Papaconstantinou, que faz parte de um governo socialista e herdou a conta da gestão conservadora anterior, pediu um conselho.
CONSELHEIRO 2 
O colega grego das Finanças quis saber de Mantega o que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que ele considera de centro-esquerda, fez para atingir o atual patamar, de melhora da relação dívida/PIB e com grandes reservas. Mantega recomendou a Papaconstantinou adotar grande austeridade e agir logo no início do governo. O conselho foi dado há cerca de duas semanas.
SEGURADO 
O mercado de seguros para pessoas, que engloba seguros prestamistas, educacionais, vida individual e grupo, entre outros produtos, cresceu 15,6% no primeiro trimestre deste ano. O segmento acumulou R$ 3,7 bilhões em prêmios no período, segundo levantamento da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida). Dentre os produtos que tiveram maior crescimento relativo estão o seguro turístico e o de vida individual. O turístico cresceu 134% e movimentou R$ 8,2 milhões no trimestre. Já o seguro de vida individual alcançou R$ 268,9 milhões, alta de 27%. O terceiro mais comercializado foi o prestamista, aquele contratado pelo segurado para garantir prestações em caso de morte, invalidez ou desemprego.
SEGMENTADA 
Diretora de "ratings" corporativos e líder global da área de mídia e entretenimento da Standard & Poor's, Heather Goodchild veio ao Brasil na semana passada para acompanhar trabalhos que a agência classificadora de risco faz para o setor no país. O segmento brasileiro de mídia vive uma situação muito diferente daquela observada nos Estados Unidos, onde a crise coincidiu com dificuldades em algumas companhias já endividadas. A S&P analisa apenas dois grupos do setor no país, que atuam com televisão, e Goodchild não comenta a indústria no Brasil. A publicidade em internet vem crescendo no mundo todo, mas não bate as mídias tradicionais por ter audiência segmentada, segundo a analista. "A internet é altamente direcionada a diferentes alvos", diz ela. Como tendência, ela estima que a mídia e a indústria de entretenimento nos EUA ainda tenham um longo caminho para recuperação.

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