terça-feira, abril 13, 2010

PAINEL DA FOLHA

Pé quebrado
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 13/04/10

Menos de duas semanas depois de acertada pessoalmente por Lula, a aliança PT-PDT em prol de um palanque sólido para Dilma Rousseff no Paraná está por um fio. Em público, o pedetista Osmar Dias, que seria o candidato ao governo do consórcio, limita-se a criticar os petistas por lhe negarem Gleisi Hoffmann para ocupar a vice. "Eles só têm um projeto: eleger a senadora. O meu é maior." Dias gostaria de usar a vaga ao Senado para atrair o PP. Chegou a dizer a aliados que o PT quer lançá-lo "ao mar sem boia".
Em privado, o senador vai além. Afirma que, nas atuais condições, prefere abandonar a candidatura ao governo e buscar a reeleição, inclusive apoiando Beto Richa (PSDB), palanque de José Serra no Estado.


Rodo 1. Jaques Wagner (PT) chegou a afirmar em entrevista que estava "fechado" o apoio do PR à sua reeleição na Bahia. No mesmo dia, o partido anunciou que disputará o Senado, com César Borges, na chapa que terá Geddel Vieira Lima (PMDB) como candidato a governador.
Rodo 2. Ao PR interessava aliança na chapa proporcional, mas o PT não queria. Borges também achava que os petistas pretendiam atrapalhar sua reeleição ao Senado colocando outro nome de peso na chapa. "Não venham com Waldir Pires pra cima de mim", avisou a Wagner.
Rodo 3. Já robustecido pelo tempo de TV do PR, Geddel está perto de arrastar também o PPS, para ira do PSDB, que na Bahia apoiará o candidato do DEM, Paulo Souto.
Melhor não. Não foi só para diminuir a zona de atrito com Ciro Gomes (PSB) que a campanha de Dilma enxugou o roteiro da candidata no Ceará. Em Juazeiro, que ela visitaria, o prefeito Manuel Santana (PT) está todo enrolado em acusações de irregularidades em concorrências e superfaturamento de obras.
De mudança. Depois de José Serra afirmar em discurso que seu pai carregou "caixas de frutas para que eu carregasse caixas de livros", e Dilma Rousseff declarar em entrevista que carregou "o piano nestes cinco anos", surgiu em Brasília a expressão "campanha Granero".
Concorrência. Foi colocada para circular no PT a ideia de Antonio Palocci ser suplente de Marta Suplicy ao Senado. Os principais incentivadores são colegas de bancada do deputado, cuja reeleição é considerada segura.
Memória 1. A propósito de polêmica sobre a Constituição de 1988 levantada pelo PSDB no lançamento da candidatura de Serra, o PT lembra que, embora tenha votado contra, uma vez aprovada a Carta, todos os seus parlamentares a assinaram.
Memória 2. Veterano da campanha petista de 1989 conta que o "Olê, olê, olê, olá" foi extraído de grito de guerra do Flamengo, ao qual o compositor Hilton Acioli teve a ideia de somar o "Lula, Lula". Agora, surgiram versões adaptadas às campanhas de Dilma e até do tucano Serra.
Certame. Com um ano e meio de vida, a Fields, de Brasília, desbancou duas agências grandes e ganhou a conta do TSE para as eleições deste ano. O tribunal tem R$ 5,5 milhões para publicidade. A última campanha foi da W. Brasil.
Vou ali e já volto. Desde ontem fora da prisão, o governador cassado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, sem partido, foi aconselhado por amigos a sair de Brasília. Quem o conhece, porém, afirma que ele pode até seguir a recomendação, mas por muito pouco tempo.
Tenho dito. Declaração de despedida do ministro Fernando Gonçalves, responsável pela prisão, há dois meses, de Arruda ao se aposentar ontem do Superior Tribunal de Justiça: "As palavras são de prata, e o silêncio é de ouro". 

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio
"É irônico que Serra anuncie sua candidatura pregando ensino de qualidade. Em São Paulo, onde estão no poder há 16 anos, os tucanos não conseguiram isso."
Do deputado estadual ROBERTO FELÍCIO (PT), sobre o trecho do discurso do ex-governador, durante o lançamento de sua candidatura à Presidência, dedicado à necessidade de melhora da educação. Contraponto
Anjos e demônios

Durante recente reunião da CCJ da Câmara, o presidente da comissão, Eliseu Padilha (PMDB-RS), chamou a atenção de Luiz Couto (PT-PB) por ter mudado três vezes de opinião numa discussão a respeito de quais quais projetos seriam votados naquele dia. O deputado, que é padre, respondeu com bom humor:
-Não me arrependo do que fiz, pois três é o número da Santíssima Trindade!
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que acompanhava a conversa, resolveu opinar:
-Bom, já que ele invocou a Santíssima Trindade, acho que é o caso de perdoarmos o padre!

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