PAINEL DA FOLHA

É tudo verdade

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/10

 

Não decidir assumir a Presidência amanhã com a viagem de Lula aos EUA, tornando-se inelegível, José Alencar de fato levou em conta, como disse em entrevista, as exigências de seu tratamento contra o câncer - e a perspectiva de ter de se ausentar do país repetidas vezes até outubro. A rigor, porém, o vice já não reunia condições de disputar quando deixou correr solta a especulação sobre uma possível candidatura ao Senado e até mesmo ao governo de Minas. 

Embora o Planalto tenha manifestado surpresa, o gesto de Alencar era objeto de torcida do PT e até de subordinados de Lula. Para evitar José Sarney, sem dúvida, mas principalmente para fazer lugar no palanque mineiro, já apertado com a dupla PMDB-PT. 

Mulheres - No discurso que fará hoje ao lançar sua candidatura ao Planalto, José Serra citará muito especialmente duas mulheres: a primeira-dama Ruth Cardoso, que morreu em 2008, e a médica Zilda Arns, morta no terremoto do Haiti em janeiro deste ano. 

Por mim... Em seu discurso no evento em Brasília, Aécio Neves dirá que, embora acredite que a campanha deva debater o futuro, o PSDB está pronto para discutir o passado se o PT assim o desejar. 

...tudo bem - O ex-governador de Minas lembrará a eleição de seu avô Tancredo em 1985, boicotada pelo PT, e a Constituição promulgada em 1988, que o partido não assinou. Para Aécio, o PT quer dar a entender que o passado “tem apenas oito anos”. 

Não procede - E segue a controvérsia em torno da passagem de Dilma Rousseff por Minas Gerais. Ao ver José Genoino (PT-SP) dizer na Câmara que a ex-ministra visitou o túmulo de Tancredo “a convite da família”, esta veio a público ontem dizer que “não ocorreu qualquer convite”. 

X e Y - O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, vai comparar em seu discurso os passados de Serra e de Dilma na ditadura. O senador dirá que o tucano “teve coragem e não se rendeu ao autoritarismo militar, enquanto ela recorreu à insensatez da luta armada e a atos terroristas”. 

Noivado - Depois de jantar com Serra anteontem na casa de Geraldo Alckmin, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, irá como convidado ao lançamento da candidatura. Assim como o presidente da seção paulista, Campos Machado, Jefferson integra a ala petebista que defende aliança formal com o PSDB. 

Grama do vizinho - Ao longo de todo o dia de ontem, dirigentes tucanos trocaram telefonemas em busca de informações sobre o evento que o PT promoverá para Dilma hoje no ABC paulista. Havia receio de dividir holofotes, exatamente o efeito pretendido pelo campo adversário. 

Eu sozinho - Fracassado o movimento da parcela do partido que defendia aliança com o PV de Marina Silva, o PSOL deve escolher amanhã, em evento no Rio de Janeiro, o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio para disputar a Presidência. Na mesma ocasião, a sigla fará um ato de solidariedade às vítimas das chuvas. 

Desimpedido - Com a volta do projeto que exige “ficha limpa” dos candidatos para a Comissão de Constituição e Justiça, deputados simpáticos à proposta defendem que o relator seja José Eduardo Cardozo (PT-SP), que não disputará novo mandato. 

GPS - Cartilha do PAC com balanço das obras no Piauí traz na capa foto da transposição do rio São Francisco - que não banha o Estado. 

Tiroteio

Lula desafia a Justiça faz campanha dia e noite e diz que Dilma vencerá. De tanto falar, dá a impressão de ter sérias dúvidas sobre isso.

Do deputado BRUNO RODRIGUES (PSDB-PE), sobre o discurso arrebatado do presidente em evento de apoio do PC do B à candidata do PT.

Contraponto

Veja bem 

Ao sair ontem da casa no Lago Sul onde passou a morar, Dilma Rousseff voltou a ser questionada pelos jornalistas a respeito da declaração em que sugeriu aos mineiros votarem nela para presidente e no tucano Antonio Anastasia para o governo. Dizendo ter achado “estranhíssima” a repercussão do episódio, ela resgatou história atribuída ao ex-governador de Minas Hélio Garcia. 

- Uma repórter vira pra ele e faz uma pergunta. Ele diz: “Minha filha, vou te dar uma resposta imbecil. Todo mundo vai saber da minha resposta imbecil. Da sua pergunta besta ninguém vai saber. Então não vou responder”... 

Imediatamente, Dilma cuidou de evitar mal entendidos: 

- Não é que me fizeram uma pergunta besta. Fizeram uma pergunta absolutamente normal...