domingo, abril 04, 2010

PAINEL DA FOLHA

Assim não rola
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/04/10

Está em curso na Câmara dos Deputados uma articulação para tentar convencer o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), a tirar de pauta o projeto de iniciativa popular que exige "ficha limpa" dos candidatos, em tese previsto para ir a voto no plenário na próxima quarta-feira.
Na aposta de líderes dos mais diversos partidos, se mantida a versão atual do texto, que torna inelegíveis os condenados por decisão colegiada, a derrota será líquida e certa. Os parlamentares alegam que a expressão "condenação por um colegiado" é caracterização vaga demais e que a proposta precisa de alguns "ajustes" para conseguir maioria na Casa.


Com... Esteio da candidatura do pedetista Osmar Dias no Paraná, a aliança PT-PDT ainda não tem avaliação consensual sobre o papel a ser desempenhado por Orlando Pessuti (PMDB) na disputa. Alguns acham que ele pode ser útil para forçar um segundo turno entre Dias e Beto Richa (PSDB), hoje com liderança discreta nas pesquisas.
...ou sem? Outros, porém, avaliam que seria melhor ter o PMDB na aliança e partir logo para o mano a mano contra Richa. De todo modo, com Pessutti instalado no governo após a saída de Roberto Requião (PMDB) para disputar o Senado, é provável que ele evolua do atual patamar de intenção de voto.
Freio. A direção do PSDB, que havia avalizado a candidatura da senadora Marisa Serrano (PSDB) ao governo de Mato Grosso do Sul, recuou. Nesta semana haverá encontro com o governador André Puccinelli (PMDB), que tentará a reeleição contra um candidato do PT.
Chance. Tucanos do DF tentarão aproveitar a passagem de José Serra, dia 10, para conversar sobre o conturbado cenário eleitoral local.
Carona. O PT-DF adotou, na campanha de Agnelo Queiroz ao governo, o bordão do personagem Jackson Five, motoboy interpretado pelo humorista Marco Luque no rádio: "É "nóis", Queiroz!".
Versão 2.0. O texto que chega a plenário já foi flexibilizado. A proposta original, apresentada no ano passado com o apoio de 1,5 milhão de assinaturas, previa a inelegibilidade para condenados em primeira instância ou para aqueles que tenham contra si denúncia recebida por órgão judicial colegiado.
Currículo. Cotado para vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), Temer enxerga no projeto da "ficha limpa", seja lá em que forma puder ser aprovado, um veículo de exposição positiva no noticiário.
Redução de danos. Enquanto aguarda a retirada de Ciro Gomes (PSB) da disputa presidencial, o Planalto discute a melhor maneira de engajá-lo na campanha de Dilma. A avaliação geral é que deixá-lo solto seria um perigo.
Cartilha. Noviça no trato com a imprensa, a nova ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, fez "media training" antes de tomar posse.
Tudo menos isso. Ex-governador do Rio, ex-deputado, vice-presidente da Caixa Econômica Federal e nome influente na cúpula do PMDB, Moreira Franco se surpreendeu quando um jornalista lhe perguntou, dias atrás, se concorreria a algum cargo nas eleições deste ano. Refeito do susto, respondeu com bom humor: "Eu não! E se eu ganho?".
Itinerário. Depois do tour pelo Nordeste, o PV pretende fazer Marina Silva circular por Rio, Bahia e Minas. Além da densidade eleitoral dos três Estados, o roteiro se justifica pela necessidade de firmar palanques e, no caso do Rio, aproximá-la de Fernando Gabeira, cercado de tucanos. A senadora também vai participar da inauguração de comitê no descolado bairro paulistano da Vila Madalena.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio 
É lamentável que a Marina, hoje filiada a um partido de centro-direita aliado ao PSDB, tenha descoberto o Nordeste só agora, quando começou a fazer campanha. 
Do deputado FERNANDO FERRO (PE), líder do PT, sobre a candidata do PV à Presidência, que, em visita a Pernambuco, classificou o governo Lula como "refém do PMDB".
Contraponto 
Cada um na sua
Nas eleições municipais de 1988, o prefeito de Recife, Jarbas Vasconcelos (PMDB), escolheu o correligionário Marcos Cunha para disputar contra Joaquim Francisco (então PFL, hoje PSB). A indicação não empolgou Miguel Arraes, à época também peemedebista. Como a falta de entusiasmo do governador de Pernambuco era visível, um repórter lhe perguntou se não estava fazendo corpo mole no apoio a Cunha, e Arraes saiu-se com esta:
-Eu disputei dez eleições e nunca me empolguei nem com a minha candidatura, imagine com a dos outros!
Em tempo: Cunha perdeu para Joaquim Francisco.

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