terça-feira, março 30, 2010

PAINEL DA FOLHA

Terapia ocupacional 
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 30/03/10


Como nesta semana se fecha para Dilma Rousseff a janela de oportunidade representada por eventos oficiais como o lançamento do PAC 2, a coordenação da campanha da ministra prepara uma intensa agenda para lhe garantir visibilidade a partir de abril. Para começar, ela participará de uma série de debates sobre os "eixos temáticos" do programa de governo do PT.
Por trás do empenho em manter Dilma no noticiário depois da saída da Casa Civil está o receio, manifestado por integrantes da campanha, de que ela, ao menos num primeiro momento, seja mais afetada do que José Serra (PSDB) pela desincompatibilização. Isso por ser novata em eleições e ainda não ter desenvolvido uma imagem pública "descolada" do governo.


Hello. Hillary Clinton telefonou domingo para José Serra. A secretária de Estado, que havia se desencontrado do governador na visita ao país, disse enxergar "muitas perspectivas promissoras" para a relação Brasil-EUA nos campos "político e econômico". Afirmou ainda que Bill Clinton é admirador do programa anti-Aids conduzido pelo tucano quando ministro da Saúde.

Transferência 1. Separados os percentuais de "ótimo" e "bom" obtidos pelo governo Lula no Datafolha, chega-se ao seguinte: entre os que o consideram "ótimo" (30% do total), 46% planejam votar em Dilma, e 24%, em Serra.

Transferência 2. Entre os que julgam o governo "bom" (46%), a balança se inverte: 37% são Serra, e 25%, Dilma.

Casa cheia. De início, o Palácio dos Bandeirantes imaginava expedir 2.000 convites para o balanço da gestão que Serra fará amanhã ao se despedir do cargo. No final, 5.000 pessoas foram chamadas.

Ufa! De um grão-petista presente ao lançamento do PAC 2, sobre a apresentação de Dilma: "Pelo menos este foi o último PowerPoint dela".

Magoei. Lula não poupou críticas à CSN de Benjamin Steinbruch, concessionária da Transnordestina, pelo cancelamento da viagem que faria hoje a Salgueiro (PE). Segundo o Planalto, a empresa prometeu concluir a fábrica de brita que abastecerá as obras da ferrovia em janeiro, mas tudo ainda estaria em fase de terraplanagem.

Melhor não. Quando o presidente da CUT, Arthur Henrique, defendeu no lançamento do PAC 2 o controle social dos meios de comunicação, apenas José Alencar, entre os presentes na primeira fila de autoridades, acompanhou as palmas vindas da plateia. Lula então fez um comentário ao pé do ouvido do vice, que parou de aplaudir.

Em resumo. Eduardo Suplicy não esperava ser o candidato do PT ao governo de São Paulo, mas imaginava usar o Datafolha para se manter um pouco mais em cena. Só que tomou um tranco tão duro da direção do partido que ficou com medo de se complicar e resolveu acabar com tudo ontem mesmo.

Alto risco. Cotado para vice na chapa de Aloizio Mercadante (PT), Reinaldo Nogueira (PDT) hesita em deixar a Prefeitura de Indaiatuba, dado o favoritismo do campo adversário na eleição paulista.

Fila. Como Lindberg Farias não esconde que planeja usar o Senado como trampolim para concorrer ao governo do Rio em 2014, é grande a disputa pela suplência do petista.

Lembra? Candidata à reeleição no Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) tenta colar em Tarso Genro (PT) passivos do governo do correligionário Olívio Dutra. Na área originalmente destinada à Ford, que desistiu de se instalar no Estado em 1999, a tucana anunciou ontem a criação de um distrito industrial.

Visita à Folha. Antonio Cezar Peluso, futuro presidente do Supremo Tribunal Federal, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Pedro Del Picchia, assessor.

Tiroteio

Vaccarezza pode escolher os candidatos do PT. Mas quem escolhe o nome que representa o PC do B é o PC do B.

Contraponto

Mundo animal

Na cerimônia de lançamento do PAC 2, Lula fez críticas aos entraves que, em sua avaliação, retardam o andamento das obras no país. Citou o antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que, segundo o petista, entregou uma ordem de serviço relativa a um trecho da BR-101, no município gaúcho de Osório, pouco antes de deixar o cargo.
Lula continuou:
-E eu, em 2004, fui lá buscar a ordem que ele deu e dar outra ordem. Porque não aconteceu nada com a ordem que ele deu. E com a minha quase que não acontece nada também, porque tinha uma perereca no túnel, e a perereca "embirrou" a obra seis meses, seis meses!

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