sábado, março 06, 2010

PAINEL DA FOLHA


Tudo em aberto

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/03/10


Pouca gente acredita que a decisão de manter José Roberto Arruda preso, tomada anteontem pelo STF, venha a ter alguma influência sobre a definição da Corte a respeito de eventual intervenção no Distrito Federal. No Planalto e no Judiciário, avalia-se que, a esta altura, isso dependerá mais da condução do processo de impeachment pela Câmara e do comportamento do governador interino, Wilson Lima (PR).
Embora a perspectiva de intervenção seja rejeitada por partidos de A a Z e pelo empresariado local, além de não ter maioria no Supremo, há quem ache que esse quadro pode mudar, pois a classe política ainda não deu mostras de entender a necessidade de solução de "entendimento nacional" para o impasse no DF.


Desperdício. No Planalto, é grande a insatisfação com o PT do Distrito Federal. No entender do governo, o partido tinha tudo para crescer na crise, mas, em vez disso, "entrou numa briga pequena" para decidir se o candidato a governador será Agnelo Queiroz ou Geraldo Magela. Entre os dois, Lula prefere Agnelo.
#*!&@!!! Depois de tentar, sem sucesso, obter uma cópia do inquérito que o investiga em troca de assinar a notificação da abertura do processo de impeachment, Arruda soltou os cachorros contra o procurador da Câmara Legislativa, Fernando Nazaré.
Nem aí. O advogado José Gerardo Grossi, que renunciou à defesa de Arruda no fim de fevereiro, foi visto quinta à noite no Beirute, tradicional bar de Brasília, enquanto o Supremo decidia manter preso seu ex-cliente.
Só ele 1. A cúpula do PT deixou claro, em reunião ontem do Diretório Nacional, que tudo fará para evitar prévias nos Estados, mas muitos acreditam que apenas a interferência de Lula pode conter as disputas internas por candidaturas ao Senado, sobretudo no Rio e em Pernambuco.
Só ele 2. Como o presidente não dá sinais de pretender enfiar a mão nas várias cumbucas, as prévias nesses Estados vão se desenhando inevitáveis. Há quem tema que elas estimulem uma espécie de "efeito dominó", levando outros Estados onde há insatisfeitos a recorrer às prévias.
Raízes. Um exemplo é a Bahia, onde o governador Jaques Wagner descontentou os petistas ao tentar preencher as duas vagas da chapa ao Senado com ex-carlistas, o senador César Borges (PR) e o conselheiro do Tribunal de Contas Otto Alencar, por ora sem partido.
Apoteose. O desfile de Lula com Dilma por São Paulo neste mês, que incluirá eventos na capital e na Baixada Santista, terminará no dia 31 com visita a obras do PAC em Guarulhos, maior cidade administrada pelo PT no Estado.
Radical. De Lula, reclamando que os flashes não ficariam voltados para ele na inauguração, ontem, de um projeto de irrigação em Juazeiro (BA): "Eu vou ter que pular lá no meio da água, ficar todo encharcado e fazer o discurso de cima de uma prancha".
Eu fui. Na contramão da ausência de José Alencar, dos quatro ministros mineiros e de quase todas as lideranças parlamentares do PT na sessão solene do Congresso em homenagem aos cem anos de nascimento de Tancredo Neves, o senador Eduardo Suplicy registra que estava presente e fez pronunciamento.
Eu não fui. Sem prejuízo de suas resistências à candidatura presidencial de Marina Silva, o ministro Juca Ferreira (Cultura) informa que não participou da reunião da Executiva do PV, anteontem, nem designou alguém para falar em seu nome no encontro.
Visita à Folha. Guido Mantega, ministro da Fazenda, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Ricardo Moraes e Ramiro Alves, assessores.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio 
Não bastasse o governo ter de maquiar o PAC, agora querem maquiar também a candidata. 

Do deputado PAULO BORNHAUSEN (DEM-SC), sobre a ideia de deixar "mais mineiro" o sotaque de Dilma Rousseff, que nasceu no Estado, segundo maior colégio eleitoral do país, mas construiu sua vida pública no Rio Grande do Sul.
Contraponto 
Arquivo confidencial Hillary Clinton já estava de saída do gabinete de Lula, na quarta-feira passada, quando o presidente resolveu perguntar à secretária de Estado dos EUA:
-Depois do Brasil, a senhora ainda visitará algum outro país antes de voltar aos Estados Unidos?
Brincando, Hillary respondeu que dali seguiria direto para São Paulo. Lula aproveitou a deixa:
-Se conversar com o Fernando Henrique, não acredite no que ele lhe falar sobre a Dilma...
Hillary riu e respondeu:
-O senhor pode ficar tranquilo, presidente, eu sei bem como são os políticos...

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