BC e produto potencial
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/03/2010
QUALQUER CIDADÃO que tenha alguma intimidade com o "chão da fábrica" sabe que, não importando a natureza e a sofisticação do controle, toda organização tende a acomodar-se num padrão de produção que, em condições normais de temperatura e pressão, dá relativo conforto aos seus participantes.
Quando solicitada (por uma variação externa), a organização aumenta (temporariamente) o nível de esforço para responder à pressão. Quem tiver dificuldade em aceitar esse fato (mesmo que seja um economista acadêmico fechado em seu universo de meditação) basta dar um olhar relativamente crítico ao seu entorno (e introspectivamente em si mesmo!) para introjetá-lo. Essa é uma velha "descoberta" (de 1966) do arguto economista Harvey Liebenstein. A esse nível de acomodação ele deu o nome de X-Eficiência.
Como é evidente, a existência desse fato lança sérias dúvidas sobre o uso apropriado do conceito de "função de produção" e sobre a teoria marginalista de distribuição nela implícita. A dúvida torna-se ameaçador pesadelo quando se tenta agregar as funções microeconômicas ao misterioso agregado a que se dá o nome de "produto potencial". E o ameaçador pesadelo torna-se uma realidade horrorosa quando usamos cegamente tal conceito para determinar a taxa de juro Selic (que ainda supõe conhecida a fugidia taxa de juro real de "equilíbrio") para manter a inflação na meta politicamente estabelecida.
Tem toda razão o ministro Henrique Meirelles, ilustre presidente do Banco Central ("Valor Econômico", 26/02/2010), quando afirma: "Não sabemos qual é o produto potencial do Brasil neste momento (...), porque ainda não há dados suficientes para analisar qual é o potencial de crescimento da economia hoje e onde vai se estabilizar a partir de 2011. O PIB potencial aumentou bastante entre 2002 e 2008".
Cuidadoso, acrescentou: "No processo de recuperação da economia, assim como num determinado ano se operou abaixo do potencial, é possível operar em alguns momentos acima do potencial". E, fazendo o velho "hedge", concluiu precavido: "A extensão desse período, e se isso é homogêneo nos diversos setores da economia, é outro problema. Não se pode fazer esse cálculo de forma simplista. Há uma série de outros fatores que precisam ser analisados".
É exatamente isso o que se espera da reunião do Copom de 15/16 de março. Seria pedir muito que cada membro revelasse por escrito os fundamentos do seu voto?
Quando solicitada (por uma variação externa), a organização aumenta (temporariamente) o nível de esforço para responder à pressão. Quem tiver dificuldade em aceitar esse fato (mesmo que seja um economista acadêmico fechado em seu universo de meditação) basta dar um olhar relativamente crítico ao seu entorno (e introspectivamente em si mesmo!) para introjetá-lo. Essa é uma velha "descoberta" (de 1966) do arguto economista Harvey Liebenstein. A esse nível de acomodação ele deu o nome de X-Eficiência.
Como é evidente, a existência desse fato lança sérias dúvidas sobre o uso apropriado do conceito de "função de produção" e sobre a teoria marginalista de distribuição nela implícita. A dúvida torna-se ameaçador pesadelo quando se tenta agregar as funções microeconômicas ao misterioso agregado a que se dá o nome de "produto potencial". E o ameaçador pesadelo torna-se uma realidade horrorosa quando usamos cegamente tal conceito para determinar a taxa de juro Selic (que ainda supõe conhecida a fugidia taxa de juro real de "equilíbrio") para manter a inflação na meta politicamente estabelecida.
Tem toda razão o ministro Henrique Meirelles, ilustre presidente do Banco Central ("Valor Econômico", 26/02/2010), quando afirma: "Não sabemos qual é o produto potencial do Brasil neste momento (...), porque ainda não há dados suficientes para analisar qual é o potencial de crescimento da economia hoje e onde vai se estabilizar a partir de 2011. O PIB potencial aumentou bastante entre 2002 e 2008".
Cuidadoso, acrescentou: "No processo de recuperação da economia, assim como num determinado ano se operou abaixo do potencial, é possível operar em alguns momentos acima do potencial". E, fazendo o velho "hedge", concluiu precavido: "A extensão desse período, e se isso é homogêneo nos diversos setores da economia, é outro problema. Não se pode fazer esse cálculo de forma simplista. Há uma série de outros fatores que precisam ser analisados".
É exatamente isso o que se espera da reunião do Copom de 15/16 de março. Seria pedir muito que cada membro revelasse por escrito os fundamentos do seu voto?
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