terça-feira, fevereiro 02, 2010

LUIZ GARCIA

Idem e ibidem

O GLOBO - 02/02/10

Pois é, começou mais um ano de eleições. A mais importante nos dará um presidente para os próximos quatro ou — quase certamente, se valem os dois últimos precedentes — os próximos oito.

Não conversemos sobre nomes, mas sobre caminhos. Porque os nomes são conhecidos: José Serra e Dilma Roussef.

Qualidades e traços pessoais à parte, só importa o que eles significam.

Qualquer presidente, ou candidato a isso, deseja o melhor para o país, para o seu partido, a sua própria carreira e a sua biografia. A questão é saber a prioridade, ou a gestão, de cada um desses itens.

Não é incomum que candidatos considerem que tudo aquilo que aparentemente enfeita sua folha corrida é precisamente o que mais ajuda o partido e o país.

Em tese, essa constatação aconselha a eleição dos candidatos mais humildes no bom sentido. Na prática, nem pensar, já que não há humildes na liça. O que não é novidade: costuma ser extraordinariamente baixo o índice de humildade em qualquer político profissional. Mas nada disso quer dizer que seja irrelevante a escolha. De forma alguma: o voto mais esperto talvez seja aquele que despreza as diferenças aparentes entre os dois candidatos. Até mesmo aquelas mais visíveis a olho nu.

Descontando preconceitos históricos, nada desaconselha a eleição de uma mulher para presidente da República.

Evidentemente, também seria bastante ingênuo o voto em Dilma baseado exclusivamente no fato de que o Brasil jamais teve uma mulher no leme.

Tanto quanto seria pouco inteligente a escolha de Serra apenas por se tratar de um macho da espécie. Assim como seria melancólico o voto num dos dois motivado unicamente por supostos defeitos do outro.

No fim das contas, o bom e criterioso voto no governador de São Paulo será aquele baseado no que se conhece de sua vida pública, como político e como administrador.

E também no que se sabe de seu partido, porque dele certamente sairão os principais nomes de seu governo.

O voto na adversária será idem e ibidem. Para quem aprecia o comportamento de Dilma como figura de proa no atual governo — e botem proa nisso — uma indiscutível razão de voto.

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