domingo, janeiro 03, 2010

PAINEL DA FOLHA

Fatura nas alturas

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/01/10

Depois de recuar significativamente em 2008, na esteira do escândalo que derrubou a ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) e constrangeu vários de seus colegas de Esplanada, os gastos com cartões corporativos do governo voltaram a crescer em 2009. Até meados de dezembro, somaram R$ 64,5 milhões -contra R$ 55,2 milhões no período anterior. O valor total ainda deve sofrer acréscimo quando forem computadas as despesas de final de ano.
A principal responsável pelo aumento é a Presidência, cujos gastos, que passaram a ser secretos, saltaram de R$ 4,9 milhões para R$ 6,8 milhões. Nessa rubrica entram tanto despesas administrativas quanto com a segurança de Lula e de sua família.


Memória. O escândalo dos cartões acabou gerando uma CPI no Congresso. O auge ocorreu quando a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, mandou confeccionar um dossiê revelando gastos da gestão FHC.

Empurra. Depois de deixar de lado as acusações contra Dilma no caso do dossiê, a Comissão de Ética Pública decidiu no final do ano arquivar o caso do currículo da ministra, postado na página da Casa Civil com informações erradas.

Hangar. Quem conhece Marina Silva (PV) de longa data prevê uma dificuldade prática quando a campanha esquentar de vez: a senadora detesta voar em jatinhos.

Na real. Embora um ou outro tucano alimente a especulação em torno da chapa Serra-Marina, o sonho de consumo de nove entre dez integrantes do partido continua a ser um só: que lá na frente Aécio Neves aceite ser vice.

Vai entender. Entre aecistas ocorre um fenômeno curioso: dizem e repetem que o caminho do governador de Minas é o Senado, mas não acham graça quando a hipótese Marina é colocada na roda.

Mãozinha. Na expectativa do PPS, a aliança na chapa proporcional com o PSDB em São Paulo deverá viabilizar a difícil eleição à Câmara do presidente do partido, Roberto Freire, que recentemente transferiu o domicílio eleitoral de Pernambuco.

Tabela. O Planalto chamará governadores e prefeitos das 12 cidades sedes da Copa-2014 para assinar um termo de conduta no dia 13. No documento, estarão definidas as responsabilidades de cada um sobre mobilidade urbana e obras nos estádios.

Viés de alta. Orlando Silva ainda não bateu o martelo com Lula, mas, no PC do B, firma-se a convicção de que o ministro do Esporte aceitará o cargo de direção da Autoridade Pública Olímpica, a ser criado para gerenciar a organização dos Jogos de 2016.

Dupla. Nesse cenário, Orlando abdicaria da candidatura a deputado federal, e restariam ao PC do B de São Paulo duas prioridades na eleição para a Câmara: renovar o mandato de Aldo Rebelo e garantir um para o delegado Protógenes Queiroz.

Arranjos. DEM e PSDB têm um novo foco de divergências estaduais: em Mato Grosso, o senador "demo" Jayme Campos e o prefeito de Cuiabá, o tucano Wilson Santos, não abrem mão de disputar o governo contra o candidato de Blairo Maggi (PR).

Tartaruga. O Parlamento do Mercosul seguirá a passos lentos neste ano. A expectativa é que o único avanço concreto seja a assinatura durante encontro de presidentes do bloco, marcado para abril, do acordo sobre o tamanho das bancadas de cada país. Pelo texto, o Brasil teria 37 representantes a partir de 2012, e 75 a partir de 2015.

Em casa. O DEM rachou na disputa pela liderança da bancada neste ano: Paulo Bornhausen (SC) irá disputar contra Abelardo Lupion (PR).
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"A oposição que nos desculpe, mas, no momento em que a política gera grande desconfiança, Lula aparece como a pessoa mais confiável, e a Dilma certamente irá se beneficiar muito com isso."
Do ministro PAULO BERNARDO (Planejamento), sobre a pesquisa Datafolha que aponta o presidente no topo do ranking das personalidades mais confiáveis para o brasileiro.

Contraponto

Via expressa


Na eleição de 1998, quando enfrentava o governador Mário Covas (1995-2001) na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, Paulo Maluf (PP) chegou bastante atrasado a um evento em Barretos. Ao notar que a plateia estava irritada com a demora, tomou o microfone para se desculpar, aproveitando para sacar do bolso notas fiscais de sucessivos pedágios. E cutucou:
-O pior foi ver que, enquanto eu me atrasava mais e mais parando para pagar pedágios, o carro do governador passava direto!
Covas acabou por derrotá-lo no segundo turno.

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