quinta-feira, janeiro 28, 2010

JANIO DE FREITAS

Diplomacia gasosa

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/01/10

Criou-se tal tumulto que as tropas brasileiras contiveram com uso da violência de gás pimenta famintos e sedentos

O REMENDO da provocação, pretensamente diplomático, resultou ainda pior. Para atenuar a má repercussão da iniciativa de distribuir alimentos e água bem em frente a tropas dos EUA, instaladas na área do ex-palácio presidencial, alguns dos americanos foram chamados a juntar-se aos brasileiros em nova distribuição. O improviso provocou uma corrida de desesperados. E criou-se um tal tumulto que as tropas brasileiras, tão preocupadas em mostrar-se mais humanitárias que as demais, contiveram com uso da violência de granadas de gases pimenta e lacrimogêneo famintos e sedentos.
A ideia, atribuída ao ministro Celso Amorim de passagem pelo Haiti, retoma procedimentos impróprios, e até irregulares, das tropas brasileiras. A função designada ao Brasil no mandato da ONU é a de prover segurança, em trabalho conjunto com tropas de outras nacionalidades sob a denominação geral de Minustah. O próprio comandante dessa tropa, general Floriano Peixoto, em suas frequentes entrevistas refere-se ao papel dos brasileiros, assim pretendendo assinalar que tropas e serviços dos EUA não se sobrepõem nem se apropriam da relevância brasileira.
Essa tropa incumbida de segurança foi, no entanto, a destinada a instalar um posto de distribuição de gêneros em represália ostensiva aos americanos instalados, por sua conta, na área do palácio em ruínas. Foi além a má iniciativa: só soldados brasileiros da força de segurança foram designados para aquela distribuição de tantos gêneros quanto de relações públicas. Política de animosidade com uns e política de discriminação com outros.
A diplomacia do tumulto repetiu o uso da tropa brasileira que não é o reiterado, como próprio e regulamentar em comparação com os americanos, pelo comandante simultâneo dela mesma e da força de segurança da ONU.

A volta
O PSDB quer e o PV aceita satisfeito que Márcio Fortes seja o vice na chapa de Fernando Gabeira ao governo do Estado do Rio. Não é o Márcio Fortes ministro. É o vice-presidente do PSDB fluminense que se notabilizou como principal associado do então governador Moreira Franco, quando o Estado do Rio foi sacudido, durante anos, por uma sucessão de escândalos. Vários deles originários de notícias da
Folha sobre fraudes, com empreiteiras, em concorrências de obras de bilhões, todas forçosamente anuladas.
Como especialista em arrecadação de dinheiro, claro, Márcio Fortes foi chamado para a campanha de José Serra ao governo de São Paulo.

Jamegão
A investigação de múltiplos crimes financeiros denunciados contra a empreiteira Camargo Correa foi suspensa, por liminar do Superior Tribunal de Justiça, sob o argumento de que o denunciante é anônimo. Em vez do debate criado em torno da suspensão, já que vários indícios foram encontrados pelos investigadores, é só o caso de alguém assinar e protocolar uma suspeita, até com base nos indícios já reunidos.

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