quarta-feira, janeiro 27, 2010

FERNANDO RODRIGUES

Lula, Dilma e Ciro

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/01/10


BRASÍLIA - O planejamento eleitoral do PT está em grande parte atrelado à decisão de Ciro Gomes de ser ou não ser candidato a presidente. Lula tem hoje um jantar com Eduardo Campos, presidente do PSB, o mesmo partido de Ciro.
Deu-se um fato curioso nas últimas semanas. Enquanto os outros três candidatos a presidente -o tucano José Serra, a petista Dilma Rousseff e a verde Marina Silva- fizeram o que foi possível para aparecer, Ciro Gomes sumiu do mundo político. Em férias na Europa, não conversou com quase ninguém desde o final do ano passado.
Essa saída de cena permite pelo menos duas interpretações, não excludentes entre si. Primeiro, que Ciro tem um temperamento despojado e foi cuidar da vida. Tirou férias da política. Segundo, que o deputado federal pelo Ceará não tem tanto apego assim pelo projeto de ser candidato a presidente.
É impossível afirmar com precisão científica, mas a ausência de Ciro coincide com uma atrofia dos seus percentuais nas pesquisas de opinião. Antes, estava empatado com Dilma Rousseff em segundo lugar. Agora, a petista descolou. Ciro caiu para o pelotão de trás, esbarrando na quarta colocada, Marina Silva. Ainda falta muito para a eleição de outubro, mas ficar atrás nas sondagens eleitorais nunca resulta numa sensação agradável.
Hoje à noite, Lula repetirá para Eduardo Campos a tese da eleição plebiscitária. Sugerirá novamente a saída de Ciro Gomes do cenário nacional em troca de uma possível candidatura ao governo paulista.
Embora o destino de Ciro possa não ser selado no jantar de logo mais, já está clara qual será a única possibilidade de sua candidatura presidencial ser mantida sem se indispor com o Palácio do Planalto: viabilizando-se nas pesquisas, empatando ou passando Dilma. Não é algo impossível, mas parece ser improvável a esta altura.

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