terça-feira, dezembro 08, 2009

DIRETO DA FONTE

Think verde

SONIA RACY

O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/12/09


Estava prevista para ontem uma reunião entre Serra, Francisco Graziano, Fábio Feldman e Stella Goldstein: um intensivão preparatório para o encontro do clima de Copenhague, que acaba de começar.
O que SP leva? "A lei e os trabalhos de etanol sustentável dentro de uma agenda de transporte para diminuir a poluição, bem como o progresso em relação à recuperação de matas ciliares", conta Graziano.
Recuperação de matas? Para quem não sabe, SP não tem mais desmatamento.

Ctrl+Alt+Del

Quem procura no site do Ministério do Meio Ambiente algo sobre eficiência energética - tema preferido de Dilma - fica a ver navios.
Está escrito lá: "Página não encontrada". Sumiu?

Estranho, o ninho

E quem são os 700 que integram a delegação do Brasil? Além de Marina Silva, estão os "neo verdes" Cristovam Buarque e Aloizio Mercadante. Kátia Abreu também vai, mas em nome da sua Confederação Nacional da Agricultura.
Corre em Brasília é que a maior parte dos "viajantes" da comitiva, nada entende sobre clima e meio-ambiente.

Redescoberta

De passagem por Lisboa, Henrique Meirelles, do BC, ouviu de empresários portugueses, semana passada, que o Brasil é hoje o principal foco de investimentos fora de Portugal.
Mas ouviu também dúvidas sobre a manutenção da política econômica. E repetiu: "O campo para inflexão está cada vez mais restrito, visto que a estabilidade tem gerado resultados concretos para a população, como o aumento do emprego, da renda e do crédito."

À BIENTÔT

Chico Buarque já está de malas prontas. Vai, como de praxe, fugir do verão carioca rumo à Cidade Luz.
Seu livro Leite Derramado, aliás, será lançado na Alemanha, ano que vem.

Bortolotto

Mário Bortolotto, baleado sábado, recebeu visita de Serra na madrugada de domingo para segunda.
Acompanhado do interino da Saúde, Nilson Paschoa, e do superintendente da Santa Casa, Antônio Carlos Fortes, o governador deixou sua hipocondria de lado e entrou na... UTI.

Bortolotto 2

Amigos de Bortolotto se unem em duas campanhas. Uma para arrecadação de dinheiro e outra, de sangue.

Bortolotto 3

Além do blog de Mário Bortolotto se chamar Atire no Dramaturgo, seu último post, antes ser baleado na madrugada, dizia:
"... eu voltei pro bar hoje. Eu sempre volto pro bar. Os amigos não acreditam quando me veem entrando pela porta, de novo."

Vento a favor

Ao ser indagado sobre a fusão das Casas Bahia com o Ponto Frio, com controle do Grupo Pão de Açúcar, Nildemar Secches, da Perdigão-Sadia (agora BRF), não titubeou: "A tendência de formação de grandes conglomerados é mundial e não há como fugir disso", ponderou ontem.
Uma concentração como essa pode prejudicar o consumidor? "Para isso existe a regulação do Cade."

Consolação

Segundo colocado do Brasileirão, o Internacional será tema de longa-metragem. O filme Colorado contará a trajetória de um menino que sonha ser jogador.

Big Brother

Antonio Rodrigues, da Câmara paulistana, mandou instalar câmeras até na sala de imprensa da casa.

Papel da cozinha

Daniel Klabin Wurzmann levou ontem em mãos, para Lula, em São Paulo, o livro Mestres do Salão, patrocinado por sua empresa KM, fabricante de papel reciclado.
Que conta a história de grandes maîtres paulistas.

Na Frente

Começa hoje a 1ª Jornada Cultural para a Maturidade patrocinada pela Vale e Vivo. Um entretenimento para pessoas da terceira idade que abrange de cinema, circo, teatro, literatura até dança e artes. Tudo gratuito.

Tutinha, da Jovem Pan, criador do Pânico na TV, pilota festa de seis anos do programa. Dia 15, na Love Story.

A Escola de Teatro da Praça Roosevelt prorrogou até quinta as inscrições para os artistas-aprendizes.

New-amigos de infância, Sérgio Cabral trabalha com a possibilidade de receber Madonna para o Carnaval.

A Fundação Pierre Verger e a PricewaterhouseCoopers lançam amanhã, na Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim, o livro Carybé, Verger & Caymmi - Mar da Bahia.

Cássia Ávila e Dudu Linhares participam hoje de batalha de IPods. Na abertura da pop-store da Pelu, no Iguatemi.

Maria Eudóxia Mellão comemora o acordo fechado com Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier. Escalaram a estilista para desenvolver acessórios.

O Coral Jovem do Estado celebra 30 anos hoje. Na Paróquia São Luiz Gonzaga.

Eugenio Goussinsky lança seu livro Então Foi Assim, quinta, na Livraria da Vila da Lorena.

A Academia Brasileira de Letras entrega hoje o Prêmio Euclides da Cunha à viúva do americano Frederic Amory, autor do trabalho Euclides da Cunha: Uma Odisseia nos Trópicos.

Geisy Arruda, literalmente, não é mais a mesma. A moça retirou, sábado, cinco litros de gordura e colocou silicone nos seios. Vai caber no vestido rosa?

MERVAL PEREIRA

Unidade difícil


O Globo - 08/12/2009

Os fatos políticos recentes aumentaram a pressão sobre os dois pré-candidatos do PSDB: sobre Serra, o favorito em todas as pesquisas, para que defina logo sua posição; e sobre Aécio, para que aceite ser vice da chapa tucana. Assim como ficou mais difícil para o governador paulista adiar sua definição até março, o prazo final que a legislação eleitoral permite, está ficando mais difícil para o governador de Minas não levar em conta os interesses partidários, especialmente diante da demonstração diária de que o governo está decidido a tudo para eleger a ministra Dilma Rousseff na sucessão de Lula. Mas nada indica que os dois tenham mudado de opinião.

O governador de São Paulo, José Serra, permanece disposto a levar até o último minuto do prazo legal para decidir e, embora sua tendência seja concorrer à Presidência, não abandonou a hipótese de permanecer no governo de São Paulo para concorrer à reeleição.

Se o governador de Minas, Aécio Neves, topasse ser seu vice, Serra quase certamente sairia candidato à sucessão de Lula.

Sem isso, ele continua avaliando as possibilidades, acompanha a atuação do governo na construção da candidatura da ministra Dilma Rousseff e mede as chances, com um olho nas pesquisas eleitorais e outro nas ações partidárias do governo, para tentar definir até que ponto se dará a transferência de votos do presidente Lula para sua candidata.

Na avaliação de Serra, antecipar a campanha eleitoral interessa ao próprio Lula, que teve que tirar a ministra Dilma Rousseff do zero para apresentá-la ao eleitorado; e ao governador Aécio Neves, que também está em busca de um maior reconhecimento nacional.

Por sua vez, o governador de Minas mantém a disposição de não ser vice de Serra e pretende anunciar até o dia 10 de janeiro que se retira da disputa nacional para fazer a campanha mineira do PSDB, tentando eleger seu supersecretário Antonio Anastasia seu sucessor.

Saindo da disputa em janeiro, Aécio praticamente obriga Serra a se comprometer com a candidatura à Presidência, já que, se desistir em março, o PSDB não terá candidato. Nesse movimento estratégico, há também a previsão de que, nesse caso, o partido irá a Minas pedir para que assuma a candidatura.

Os dois, Serra e Aécio, mantêm uma relação amistosa, porém distante, inclusive porque seus interesses políticos pessoais são distintos, assim como suas maneiras de fazer política.

As pesquisas de opinião mostram o governador José Serra mantendo a dianteira consistentemente na corrida presidencial, e tanto a do Sensus no mês passado quanto a do Ibope de ontem indicam que ele pode até mesmo vencer no primeiro turno.

Serra está convencido de que sua melhor estratégia é manter-se distante da disputa por enquanto, mas, a exemplo do que fez em 2002 e diferentemente de 2006, tem ido a programas populares da televisão para expor suas ideias, o que leva a crer que ele está mais tendente a disputar a Presidência do que da vez anterior, quando o candidato era Lula.

Ele se ressente de não ter o apoio do PSDB à sua estratégia, como aconteceu em 2006, e isso pode levá-lo a desistir da candidatura nacional se, no balanço final, achar que a estrutura partidária não tem condições de apoiá-lo numa campanha vitoriosa.

Na realidade, nessa avaliação entraria especialmente a situação específica de Minas Gerais, onde ele perdeu em 2002 e Geraldo Alckmim perdeu em 2006, mesmo com Aécio Neves tendo uma grande votação.

É verdade que a régua desta vez tem que ser outra, pois Lula não é candidato, e o governador mineiro, mesmo que não seja candidato a vice, terá que se empenhar na eleição para não perder o controle político de Minas contra adversários fortes do PT e uma candidata oficial que nasceu em Minas.

Mas a garantia de apoio maciço só viria mesmo com a chapa puro-sangue, que continua sendo o sonho de consumo do PSDB.

O governador Aécio Neves está forçando uma polarização dentro do partido, mesmo sabendo que as pesquisas apontam Serra como o favorito, porque acredita que no jogo político tem melhores condições de agregar apoios partidários que robusteceriam sua eventual candidatura.

Serra continua costurando apoios políticos nos bastidores, baseado na liderança das pesquisas eleitorais e certo de que, a curto prazo, nada mudará essa condição.

O que ele procura visualizar é o que pode acontecer a longo prazo e, para isso, a unidade partidária é fundamental, até mesmo para atrair outros partidos para sua coligação.

Desse ponto de vista, o governo está fazendo tudo certo, garantindo a fidelidade do PT à candidata Dilma Rousseff, mesmo tendo ela sido imposta pela vontade soberana de Lula, e tentando manter o apoio formal do PMDB, dando-lhe a vice-presidência na chapa oficial.

Desfazer esse acordo, por outro lado, é um dos pontos fundamentais da estratégia dos tucanos. Impedindo que a ala governista do PMDB seja majoritária na convenção do ano que vem, o PSDB retiraria do PT cinco minutos diários de propaganda eleitoral de rádio e televisão, além de inviabilizar uma atuação capilarizada do PMDB, partido que tem maior número de prefeitos e vereadores no país.

Mas para competir com a expectativa de poder que Lula alimenta, apesar de até agora não ter conseguido transformar sua popularidade em índices robustos de aprovação de sua candidata nas pesquisas eleitorais, o PSDB deveria estar unido com um projeto comum, não sendo suficiente mostrar união apenas nos programas eleitorais.

JANIO DE FREITAS

Um assunto marginal

Folha de S. Paulo - 08/12/2009



A exigência do fim de arsenal nuclear e a recusa à proliferação não se excluem -são a mesma concepção e a mesma política



NA FALTA DE UMA definição mais franca da política nuclear brasileira, restrita a referências velozes e já desrespeitadas à proibição constitucional de armas atômicas, duas opiniões sobre o problema da proliferação nuclear servem como síntese da posição do governo Lula diante, inclusive, da nuclearização militar no Brasil.
A proibição constitucional, já invocada por Lula, teve a sua precariedade atestada, na prática, pela descoberta de escavações militares, em área reservada à FAB no Brasil Central, com todas as características de repositório para testes nucleares subterrâneos. E foi já no regime civil, sem explicação alguma dos militares, tudo afinal se prestando apenas à cena televisiva de Collor, recém-empossado, lançando pás de terra naqueles túmulos do bom senso.
Antes de tais escavações, israelenses já haviam procurado com militares brasileiros uma localização para pesquisas nucleares secretas. Foi dada como ideal a imensa instalação de uma fábrica de papel no interior maranhense, a nova e paralisada Cepalma, mas alguns embaraços judiciais e o vazamento do projeto, mesmo que muito estrito, sustaram a tentativa. Sem deixar indício de que sustassem também o propósito.
Nas duas ocasiões o Brasil já tinha compromissos internacionais contra seu envolvimento com armas nucleares, ainda mais fortes quando da descoberta na região do Cachimbo. Mas tratados são tratados enquanto são cumpridos.
Em sua discordância nada diplomática e pública com a primeira-ministra alemã Angela Merkel, na semana passada em Berlim, Lula refutou a "autoridade moral" das potências atômicas, até que se desfaçam dessas armas, para exigir que outros não desenvolvam projetos nucleares. A referência foi motivada pelo Irã, mas expressou também, está claro, que o Brasil não teria por que se submeter a políticas internacionais de não proliferação.
Logo em seguida, o ministro de Assuntos Estratégicos e até há pouco secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, explicitou a mesma posição por outro ângulo, mais realista: "O não desarmamento dos países nucleares é que leva à proliferação, porque os países que se sentem ameaçados sabem que eventualmente não serão atacados se estiverem armados".
O Plano Nacional de Defesa, elaborado sob a tutela de Mangabeira Unger e Nelson Jobim, e que está por tramitar no Congresso, na sua essência não é muito diferente de uma inábil confissão de país que se sente ameaçado por uma potência hegemônica (sic). Ou seja, entre os que "sabem que eventualmente não serão atacados se estiverem armados" na proliferação atômica.
Não é preciso ser bom entendedor para obter, das duas intervenções, uma síntese da visão que o Brasil tem de si e para si. Mas esse lucro inesperado não é tudo. O outro lado da questão, menos particular e mais fundamental, põe em xeque a equação moral de Lula e a visão pragmática do ministro.
É que, em primeiro lugar, a exigência de fim dos arsenais nucleares e a recusa à proliferação não se excluem, antes ao contrário: são exatamente a mesma concepção e a mesma política. E qualquer dissociação entre essas partes torna-as incoerentes.
Em segundo lugar, quanto mais o sentimento de ameaça justifique a proliferação, mais difícil será o desarmamento, senão impossível. Desde que, ainda longe desta denominação, a geopolítica passou a orientar poderes e rebocar povos, todos os países são potencialmente ameaçados. Mas não precisaríamos chegar a proliferação muito grande para que o planeta fique ainda mais ameaçado do que esteve pelos pequenos hitlers da Guerra Fria e seus "espaços vitais".
Quando a inteligência brasileira atentar para esse tema será tarde. E não falta tanto, não.

FERNANDO DE BARROS E SILVA

O teatro exemplar de Arruda

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/12/09

SÃO PAULO - A deputada enche a bolsa tamanho GG, que mais lembra uma sacola de feira; o dono do jornaleco enfia maços de dinheiro na cueca, ajeitando-os como dá entre a pança e a calça apertada; o presidente da Câmara Distrital recheia, um a um, os bolsos do paletó e, sem mais cavidades disponíveis, esconde o que resta da propina nas meias sociais. Refestelado no sofá, o governador dá instruções ao assessor enquanto se apropria, displicente, do volumoso bolo de notas.
São, antes de mais nada, cenas grotescas, plasticamente abjetas. Lembram até aquelas peças rudimentares de Juca de Oliveira, com seus efeitos de catarse barata.
Numa época em que a grande corrupção se tornou invisível e sua engenharia, mesmo quando desvendada, é de difícil tradução, o escândalo que consome o governo José Roberto Arruda nos devolve ao palco mambembe da falcatrua inequívoca, descarada e vulgar.
Há, neste caso de pistolagem política, traços típicos das regiões de fronteira, de ocupação recente, em que as instituições parecem estar ali apenas como cenário de um filme western. O faroeste caboclo de Arruda não deixa de evocar, por exemplo, a Rondônia de Ivo Cassol.
Mas Brasília é também a capital da impunidade, a cidade que propicia aos governantes a sensação de viver não numa terra sem lei, mas acima dela. Isso, é óbvio, tem relação com seu isolamento geográfico, com a redoma que preserva o poder do contato e da pressão popular.
Tipo à primeira vista anódino e apagado, Arruda foi, na sua origem, afilhado político de Joaquim Roriz, o coronel do cerrado. Soube fazer a ponte entre a velha política da clientela, voltada às cidades-satélite, e a geração dos predadores pós-modernos do Plano Piloto, a exemplo do seu vice, Paulo Octávio, ou do ex-senador Luiz Estevão. Nos anos FHC, o governador tentou envernizar a biografia ingressando no PSDB. Não deu muito certo. Nem coronel, nem yuppie, nem tucano, Arruda, o Democrata, tem um pouco disso tudo na sua biografia torta.

RUBENS BARBOSA

Mais pragmatismo!

O Globo - 08/12/2009



Segundo dados da Organização Mundial de Comércio (OMC), em 2009, haverá queda de 11% nos fluxos comerciais globais, a maior em 70 anos. As exportações dos países em desenvolvimento, no primeiro semestre, ficaram 32% menores e o comércio exterior brasileiro recuou para níveis de 2007, com as exportações caindo mais de 25%.

Para complicar ainda mais, os países desenvolvidos reagindo ao agudo problema político do desemprego que não para de aumentar (nos EUA, acima de 10%) recorrem a novas e mais sofisticadas formas de protecionismo.

Refiro-me à decisão dos EUA e da Europa de incluir em futuros acordos comerciais, seja bilateral ou regional, seja multilateral, novas regras, como as chamadas cláusulas sociais e de meio ambiente. Nos EUA, discute-se no Congresso projeto de lei de energia que promoverá uma profunda transformação na produção industrial norte-americana pela substituição gradual do petróleo por fontes renováveis. O custo que isso representará para as empresas americanas será enorme, e os países que se beneficiarão de vantagem competitiva por não aplicar medidas idênticas deverão pagar tarifas elevadas (“protecionismo verde”) para equalizar os custos, o que até aqui não está previsto nas regras da OMC.

Em Genebra, no fim de novembro, ocorreu reunião ministerial da OMC que tentava mais um esforço político para permitir a retomada das negociações.

A Rodada de Doha, embora não incluída formalmente na Agenda, dominou os debates. Como era de prever-se, a reunião apenas serviu para troca de acusações entre os países desenvolvidos e os emergentes e agora, mesmo os mais otimistas, não esperam a conclusão das negociações antes de 2011. Os países desenvolvidos ampliaram suas demandas por maior proteção para sua agricultura e mais abertura dos mercados emergentes para seus produtos industriais, o que, evidentemente, é difícil de ser aceito pelos países em desenvolvimento. Os EUA, no contexto de proposta de inclusão de acordos bilaterais nas negociações de Doha para retomar as negociações, apresentaram lista de 3.000 produtos e pediram publicamente concessões adicionais do Brasil, consideradas “irracionais” pelo ministro Celso Amorim.

Um dos poucos resultados do encontro ministerial de Genebra teve a ver com a discussão das bases de um acordo-quadro multilateral entre países em desenvolvimento para a liberalização comercial de uma lista ampliada de produtos negociados no âmbito do Sistema Geral de Preferências Comerciais (SGPC). Com a oposição de China, Irã, Argélia, México e mais 17 países, o nível de ambição inicial foi sensivelmente reduzido, acordando-se que o corte tarifário será de 20% e incidirá sobre produtos agrícolas e industriais, representando pelo menos 70% das linhas tarifárias.

Aferrado à decisão de dar total prioridade às negociações multilaterais, o governo brasileiro encontra dificuldades para avançar uma agenda de negociações bilaterais para a abertura de mercados para os produtos brasileiros.

O único acordo de livre comércio negociado pelo Mercosul foi com Israel, em 2007, ainda não ratificado pelo Congresso. Agora, anunciam-se a ideia de ampliação dos acordos de preferências comerciais com a Índia e com a África do Sul, sem nenhuma perspectiva de conclusão ainda neste governo, e a abertura do mercado brasileiro para produtos de 30 países mais pobres, talvez como uma reação à pressão do Congresso americano que condiciona a manutenção do Sistema Geral de Preferências a esse tipo de concessão por parte do Brasil.

Ao contrário do que fez o Brasil, nos oito anos de negociação de Doha, os países membros da OMC firmaram mais de 100 acordos de livre comércio. Os países asiáticos (mais Peru e Chile), além dos acordos de livre comércio na região, iniciaram conversações com os EUA para a criação da “parceria transpacífica’, que acelerará a mudança do eixo do intercâmbio comercial global do Atlântico para o Pacífico.

Impõem-se mais pragmatismo e menos influência da política externa na estratégia de negociação comercial.

RUBENS BARBOSA é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp.

TODA MÍDIA

Lições do Brasil

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/12/09


A se dar crédito aos números, a aprovação de Lula segue alta. E foi pesquisa feita sob impacto do apagão, "notícia mais lembrada" pelos entrevistados.


Uma explicação pode estar na "Newsweek" desta semana, sob o enunciado "Como o Brasil controlou a desigualdade". O país virou "parâmetro no esforço global para diminuir a diferença entre ricos e pobres". E "não é só que os pobres vivem situação melhor: o Brasil se destaca porque seus pobres estão subindo mais rapidamente que qualquer outra classe social. A desigualdade caiu 5,5% desde 2003".
Mais à frente, "apesar de China e Índia estarem crescendo mais, estão se tornando mais desiguais, o que leva especialistas a olharem o Brasil como um modelo para a guerra contra a pobreza". E por aí vai, creditando à "chegada da esquerda ao poder", com Bolsa Família, mais presença do Estado etc.


A "Newsweek" ecoa a "Economist" anterior, sob o título "Lições do Brasil, China e Índia". Em suma, "por unidade de crescimento, o Brasil cortou sua taxa de pobreza cinco vezes mais que China e Índia. Como ele conseguiu ir tão bem?" Bolsa Família etc.
A diferença é que a "Economist" fecha dizendo que "os dois asiáticos poderiam aprender com o Brasil", mas também o Brasil precisa de "crescimento maior", como conquistaram a China e a Índia.

AGORA, PETROPOTÊNCIA
Ecoou do "ex-blog de Cesar Maia" ao UOL a reportagem de Juan Forero, em alto de página ontem no "Washington Post", "Brasil se prepara para extração maciça de petróleo".
Em destaque, logo abaixo, "Estatal Petrobras está prestes a se tornar um ator global maior". Na legenda da foto de um estaleiro em Angra dos Reis, no Rio, "operários estão construindo enormes plataformas de petróleo". Na tradução da BBC, "tudo neste estaleiro é colossal. Os bilhões, os quatro mil trabalhadores, as plataformas de dez andares. Assim é também o desafio da Petrobras: desenvolver campos em mar profundo que catapultarão o país ao ranking das petropotências".

CHINA-BRASIL
Colunista do estatal "China Daily", o brasileiro Marcos Fava Neves escreveu ontem sobre este ano em que cresceu "muito" a relação político-econômica entre os dois. Ele listou dez ideias sobre temas importantes para os próximos dez anos, para a "ponte China-Brasil", entre elas uma atenção maior ao "mercado consumidor interno", em expansão, e às "fusões industriais".

AOS EUA
Do economista Jeffrey Sachs para Clóvis Rossi, em sua coluna na Folha Online: "Vocês precisam mandar os economistas brasileiros para ajudar Washington".

AO BRASIL
No iG, Guilherme Barros posta que "Múltis procuram executivos para o Brasil". E que o economista Persio Arida volta em janeiro, após anos em Londres.

O RISCO DO FRACASSO
Começou Copenhague, com "chamados urgentes por ação" e "alertas contra o fracasso", nas manchetes de "New York Times" e outros. Nos despachos da Reuters, "ONU defende hipótese de aquecimento" ou, pior ainda, "defende achados do painel climático da ONU".
O site da "Economist", sob a manchete "Em busca de harmonia", avisou que "a concordância é quase universal de que as negociações não alcançarão novo protocolo". Podem desenhar as "linhas gerais sobre as questões mais importantes", para acordo em 2010. "Mas Copenhague pode render muito menos que isso."

OBAMA CONTRA...
O "NYT" deu em editorial que "ninguém deve esperar um acordo", mas saudou que os EUA tenham apresentado meta, "embora a aprovação no Senado seja muito difícil", com oposição de republicanos e democratas conservadores. Saudou também que tanto americanos como europeus já aceitem pagar "preço justo" para que países emergentes reduzam emissões.

O CONGRESSO
O "Wall Street Journal" adiantou na manchete que a agência ambiental, apesar do lobby empresarial, anunciaria que o dióxido de carbono é agora um "poluente perigoso" - o que permite ao governo limitar emissões. Fim do dia e o "Financial Times" destacou que "grandes empresários e republicanos já questionam a decisão tomada via regulação e não legislação".

MARCOS NOBRE

Chávez e as Casas Bahia


Folha de S. Paulo - 08/12/2009


APESAR DAS hesitações e trapalhadas do governo Obama em relação à América Latina, um dos efeitos mais visíveis do novo governo dos EUA foi o ocaso midiático de Hugo Chávez. Ficou claro que Chávez não passava de um espantalho usado pelo governo de George W. Bush para manter artificialmente vivo um anticomunismo já com morte cerebral decretada.
Se a Venezuela desapareceu do noticiário internacional, o Brasil, ao contrário, saiu da posição de nota de rodapé do fim do mundo para a posição de fim de mundo com viés de alta. Mas, ao mesmo tempo, adotou uma política externa que tem nos EUA do governo Obama um importante adversário.
A explicação para esse fato curioso talvez esteja no fato de que, com Bush, o Brasil se apresentava como líder regional mediador, como simultaneamente capaz de amansar a fera bolivariana e de conversar amistosamente com os neoconservadores da Guerra do Iraque. Obama chegou, e a política externa brasileira perdeu o rumo. Afinal, o que fazer agora com invencionices como a Unasul (que todo mundo continua a não saber o que é), criadas segundo essa pauta equivocada de liderança regional?
O Brasil já se destacou e vai se destacar cada vez mais do resto da América do Sul. Mas o projeto de se tornar o porta-voz internacional da região foi adiado indefinidamente. Primeiro, porque os demais países agradecem, mas não precisam nem querem que o Brasil os represente. E porque, como o resto do mundo, também os países sul-americanos passam por EUA, Europa, China e Japão antes de passar pelo Brasil.
Em termos econômicos, o diferencial está na capacidade de internacionalização que tem um país. E isso quer dizer hoje acordos comerciais privilegiados e expansão de empresas nacionais em solo dos Estado Unidos e da China. Na América do Sul, o Brasil, com suas limitações, parece ser o único país em condições de uma empreitada como essa.
Ao mesmo tempo, esse expansionismo depende de uma concentração da atividade em solo nacional. Para tentar manter mercado interno, inclusive. A recente fusão dos grupos Pão de Açúcar e Casas Bahia é apenas mais um exemplo do processo acelerado de criação de megaempresas e de quase monopólios. Essa concentração e essa internacionalização têm sido estimuladas e mesmo perseguidas ativamente por organismos governamentais como o BNDES.
Ocorre que o desafio da internacionalização tem como contrapartida inevitável uma abertura cada vez maior da economia brasileira. Nem de longe o país está hoje preparado para isso. Muito menos a política externa atual.

BENJAMIN STEINBRUCH

"Fair play"

Folha de S. Paulo - 08/12/2009


Muito da violência vista fora dos gramados decorre da falta da "fair play" verificada dentro dos campos


SENDO BRASILEIRO , interessado ou não em futebol, sua vida é impactada por esse esporte. No domingo, por exemplo, de uma forma ou de outra você se envolveu na ruidosa rodada final do Brasileiro, vencido pelo Flamengo. Daqui para a frente, cada vez mais, crescerá esse envolvimento, até a Copa-2014.
Futebol virou coisa bem mais séria que a simples diversão das tardes de domingo, como era no passado. É um segmento da economia que movimenta bilhões de reais por ano e proporciona milhares de empregos.
Apesar de não ser comentarista esportivo, gostaria de fazer algumas observações sobre futebol. Não sobre resultados -apesar de ser são-paulino e em homenagem ao João Pedro, acho que o título deste ano ficou em boas mãos-, mas sobre comportamento.
No primeiro turno, um centroavante entrou na área e, vendo que perderia a corrida para o zagueiro adversário, atirou-se ao chão. O juiz, enganado, marcou pênalti.
Mostrada de todos os ângulos pela TV, não restou dúvida: a falta foi simulada e o pênalti não existiu. O centroavante, portanto, cometeu uma infração ética. Prejudicou o zagueiro, profissional como ele, que tomou cartão vermelho injusto e não pôde trabalhar na partida seguinte. Impôs também perda desleal ao time adversário.
São inúmeros os escorregões desse tipo cometidos por jogadores, não só no Brasil -aqui com mais frequência. Atiram-se ao chão sem sofrer falta, fingem ter sido atingidos por cotoveladas, simulam dor que não sentem e rolam na grama além do necessário quando derrubados.
Dirão os mais fanáticos que, sem isso, o futebol ficaria sem graça. Não dá para concordar. Vários outros esportes mostram jogadores com comportamento melhor e, nem por isso, perdem a graça. Assista a uma partida de tênis entre Roger Federer e Rafael Nadal e verá que eles não titubeiam em reconhecer que a bola tocou a linha, mesmo que isso os prejudique.
No saibro, os tenistas costumam fazer um conhecido movimento de passar o pé sobre a marca da bola para entregar o ponto ao adversário. No sábado, o goleiro Buffon, da Juventus, em jogo contra a Inter, levantou o braço para confirmar ao juiz que a bola resvalara em sua mão e saíra para escanteio.
Escorregões éticos, infelizmente, são considerados normais no Brasil (não só no futebol, mas isso é outra história). Na Europa, jogadores que se atiram ao chão são severamente punidos pelos árbitros e repreendidos pelos próprios companheiros.
Nas últimas rodadas do Brasileiro, alguns jogadores e dirigentes deixaram claro que perderiam jogos para não favorecer rivais. Um comportamento lamentável e não punido.
No mês passado, o atacante francês Thierry Henry dominou a bola com a mão antes de tocá-la para Gallas marcar o gol que ajudou a classificar a França para a Copa da África. O juiz validou o lance, mas Henry sofreu tanta pressão que foi obrigado a se desculpar pelo Twitter. Mais de 20 anos atrás, Maradona fez o célebre gol de mão que tirou a Inglaterra do mundial de 1986. Ele nunca se desculpou e esse gol até hoje é citado como esperteza, feito pela "mano de Diós", segundo os argentinos.
Mas a mão de Deus -assim como a dos homens- não abençoa falsidades. No país da Copa-2014, os árbitros precisam agir com rigor contra simulações. Muito da violência vista fora dos gramados decorre dessa falta de "fair play" dentro dos campos. A conduta antiética consentida dá curso à ultrapassada ideia de que os espertos levam vantagem, algo inaceitável no futebol, como em qualquer outro esporte ou na vida, em geral.

LUIZ GARCIA

Presunção demais

O GLOBO 08/12/09

Vale a pena ser ladrão no Brasil? Resposta enfática: depende. Para quem faz carreira na iniciativa privada, as chances de escapar da cadeia já foram maiores do que hoje em dia. E sempre é mais seguro roubar muito: ladrão modesto não tem como pagar a bons advogados, e só estes sabem aproveitar a generosidade dos códigos na definição do princípio da presunção de inocência. E não faltam pseudoinocentes presunçosos aproveitandose disso.

Há países onde a sentença de primeira instância resulta em cadeia imediata. Aqui, isso só acontece com quem não roubou o bastante para pagar os serviços de bons advogados.

Já para quem mete a mão em dinheiros públicos, os índices de impunidade são impressionantes. Um levantamento da Associação dos Magistrados Brasileiros, agora revelado, dá os números dessa situação: em cada dez ações contra autoridades tramitando no Superior Tribunal de Justiça, apenas quatro têm sentença definitiva, e o percentual de condenações é de 1%.

O quadro é o mesmo no Supremo Tribunal Federal: 45,8% dos processos sequer chegam a ser julgados. E até hoje nenhuma autoridade foi condenada no STF.

Essa situação — corajosamente denunciada por juízes — só tende a piorar: a tentação do pecado é bem mais forte quando são mínimas as possibilidades de expulsão do paraíso.

No mais recente escândalo envolvendo corrupção na área pública, as provas contra o governador de Brasília, José Roberto Arruda, parecem incontestáveis.

Não é o que admite o juiz Marlon Reis, um dos criadores da campanha “Ficha Limpa”, que defende a proibição das candidaturas a mandatos públicos de pessoas com condenações em primeira instância.

Diz ele que a imagem de um homem recebendo dinheiro vivo para esconder na cueca não é considerada prova: seria preciso que na gravação ele dissesse que a quantia seria usada para subornar alguém. Ou seja, os juízes brasileiros, ou pelo menos a maioria deles, precisam de provas concretas irrefutáveis para decidir que dois mais dois são quatro.

Num país em que a chamada presunção de inocência tem alcance tão inocente assim, realmente não se pode estranhar que os arrudas se multipliquem, cada vez mais presunçosos

PAINEL DA FOLHA

Vasos comunicantes

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/12/09


Empresas citadas em planilhas e em depoimentos ao Ministério Público como supostas financiadoras do caixa dois de José Roberto Arruda também abasteceram, em 2006, a conta do Diretório Nacional do DEM (então PFL). Os recursos, depois de caírem no caixa do partido, foram repassados a candidatos como ‘doações ocultas’. As empresas fizeram as doações a partir de agosto, com Arruda em plena campanha.

A TBA, da área de informática, destinou R$ 200 mil aos ‘demos’. Também aparecem empreiteiras de lista feita pelo tucano Márcio Machado, depois transformado em secretário de Obras: Serveng (R$ 500 mil), Conterc (R$ 100 mil), Torc (R$ 250 mil), Via (R$ 500 mil), OAS (R$ 250 mil) e Mendes Jr. (R$ 250 mil).

4Que tal? - Arruda chamou o presidente do DEM, Rodrigo Maia, para, segundo aliados, propor algo como um ‘afastamento temporário’. Mas a maioria no partido não topa.

Trança - A direção do DEM deixou a cargo do diretório do DF deliberar sobre a expulsão do presidente licenciado da Câmara Distrital, Leonardo Prudente, o que guardava o mensalão nas meias. O presidente do diretório é o vice-governador, Paulo Octávio.

*#@!*#!!! - Arruda e ‘PO’ voltaram a se estranhar. O vice teria proposto ao governador renunciar, em troca de proteção futura. A resposta foi a pior possível.

Lembra? - Muito próximo de Arruda, o publicitário Paulo César Roxo é ligado também a Valdemar da Costa Neto (PR), réu no processo do mensalão federal que corre no STF.

Apaga a luz - Com Arruda de molho devido a uma cirurgia na perna, a sede do governo em Taguatinga anda às moscas. ‘PO’ prefere despachar de um de seus hotéis.

Bunker - O governador reuniu 14 deputados distritais para discutir opções (?) que lhe permitam ficar no cargo.

Modelo - Arruda foi claro: se a CPI do Mensalão for adiante, quer que ela seja “como a Petrobras”: só para constar. Do contrário, promete trabalhar para que os fatos investigados remontem a 1999, na gestão Joaquim Roriz (PSC).

Mutações - O Ibope/CNI com José Serra (PSDB) na liderança, Dilma Rousseff (PT) isolada em segundo lugar, Ciro Gomes (PSB) algo desidratado e Marina Silva (PV) sem impulso reforçou a percepção de que a disputa de 2010, depois de um momento de pulverização, voltou a ficar com cara de plebiscitária.

Veja bem - Disposto a concorrer à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio frisa que o Diretório Nacional do PSOL, reunido no fim de semana, não abdicou da candidatura própria, embora tenha autorizado o prosseguimento de negociação para apoio a Marina.

Vamos ver - Derrotados por placar apertado, aliados de Patrus Ananias saíram a campo para combater a ideia de que o vencedor da eleição do PT em Minas necessariamente indicará o candidato a governador - no caso, Fernando Pimentel. “Este resultado não autoriza ninguém a dizer nada”, diz o deputado Odair Cunha, pró-Patrus.

Eu, hein! - Antes mesmo de começarem os trabalhos da CPI do MST, governistas escalados para integrar a comissão sinalizam o desejo de abandonar o barco, receosos de desgaste em ano eleitoral.

Maior força - O presidente eleito do Uruguai, José Mujica, gravou um vídeo em apoio ao MST. As imagens serão exibidas em ato em contra a criminalização dos movimentos sociais amanhã no Rio.

Ceia - Força Sindical e UGT pressionam Carlos Lupi (Trabalho) a extrair do Pão de Açúcar, na esteira do anúncio da fusão com as Casas Bahia, garantia de que não haverá demissões no final do ano.

Tiroteio

É o “risco-Durval’ de ser filmado: quem votar contra a expulsão terá problemas com o eleitorado; quem votar a favor, com o Arruda.

Do deputado ANDRÉ VARGAS (PT-PR), sobre o fato de que, segundo o estatuto do DEM, a eventual votação do pedido de expulsão do governador será secreta.

Contraponto

Voto aberto

Tão logo foi escolhido para relatar o processo de expulsão de José Roberto Arruda, José Thomaz Nonô reuniu-se no Congresso com a cúpula do DEM. Na saída do encontro, um repórter provocou o ex-deputado:

- E então, o relatório já está pronto?

Ao lado do alagoano estava o presidente do partido, Rodrigo Maia, que imediatamente entrou na conversa:

- Não está. Afinal, o relator é o Nonô, não o Caiado!

A alfinetada se deve ao fato de que, desde o estouro do escândalo em Brasília, o deputado Ronaldo Caiado já deu uma série de declarações deixando claro que não vê opção além de despachar Arruda o mais rapidamente possível.

JOSÉ SIMÃO

Copenhague! Solta pum pra dentro!

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/12/09



O panetone do Arruda é da marca TOMMY! Tommy R$ 200 mil pra você aprovar o projeto!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Mais um pra minha série "Os Predestinados": é que em Ourinhos tem um médico legista chamado Ronaldo Matachana. Rarará! E já saiu o Corno Papai Noel: vai embora, mas volta por causa das crianças. E tem o corno OPA. Aquele que chega em casa, abre a porta do quarto, pega a mulher com outro, grita OOOOOPA e fecha a porta.
E os panetones do Arruda? O panetone do Arruda é daquela marca que eu vi sábado no supermercado: TOMMY! Tommy R$ 200 mil pra você aprovar o meu projeto. Tommy R$ 100 mil pra botar na cueca. E Tommy R$ 50 mil pra enfiar na meia.
E quando o Lula falou que ia pra Copenhague, dona Marisa pediu: "Então me traga duas Nhás Bentas e três caixas de língua de gato". Rarará! Cópula Climática de Copenhague. Emissão de gases! Solta pum pra dentro! Salve o planeta! Eu tô fazendo a minha parte. No chuveiro, só lavo o que for usar hoje.
E solto pum pra dentro! E sabe o que o planeta falou: "Deixem-me morrer em paz. Eu me viro sozinho!".
E um amigo meu tem solução pra Amazônia: cimenta tudo e vira estacionamento! O povo não quer respirar, quer estacionar. Ou então faz 18 buracos e vira campo de golfe. Rarará! E o Lula anunciando etanol em Copenhague: "Companheiros, se a vida te der um limão, faça uma limonada. Mas se puser etanol e açúcar, vira caipirinha". Rarará!
E o Brasileirão? Parabéns pro Mengão, mas hexa se escreve com H! Olha a faixa que eu vi: "EXA É NOSSO!". Rarará! Ainda bem que o Lula é corintiano. Já imaginou ele ter que falar Flamengo hexacampeão?
E o meu São Paulo estendeu a faixa NÃO FOI DHEXA VEZ! Rarará! E o Coritiba foi rebaixado. E a torcida apelou pra violência. Rebaixaria.
Não é torcida, é TRUCIDA. Trucida coritibana! Diz que todo mundo torceu pra polícia! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que aconteceu!
Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que um camelô estendeu a faixa: "Temos DVD do GATO GALFILDE!".Ueba. Mais direto impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil! E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula! Mais um verbete pro óbvio lulante. "Eta nóis": plural de etanol. É nóis em Copenhague! Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ARNALDO JABOR

A arte tem de cantar na chuva

O GLOBO -08/12/09


Nietzsche escreveu: “Há muitos séculos, em um ponto perdido do universo, banhado pelas cintilações de inúmeras galáxias, houve um dia um planeta em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o instante mais arrogante e mais mentiroso da história do universo, mas foi apenas um instante. Depois de alguns suspiros da natureza, o planeta se congelou e os tais animais inteligentes tiveram que morrer.”

Parece o prólogo de “Guerra das Estrelas”, mas é uma ironia, porque Nietzsche achava que, por trás da busca científica e racional da verdade, mora o desejo da morte, de esgotamento da vida. No mundo atual, vemos o espantoso descompasso entre o avanço científico e humano, vemos a convivência horrível entre o Hubble, a fome e o massacre de miseráveis.

Nietzsche sonhava com um futuro (nem ele escapou de um “finalismo”...) que daria sentido à vida: “A arte é mais poderosa que a Ciência, pois ela quer a vida, enquanto o objetivo final do conhecimento é o aniquilamento.”

Claro que não tenho nível para aprofundar este tema; mas temos hoje esta maravilhosa e imprevisível metástase da informação digital da tecno-ciência ao lado do indigente, tuberculoso desempenho artístico do mundo.

Onde está a grande arte hoje? A falta de esperança ou da ilusão de futuro gerou uma debandada em todas as direções: o catastrofismo para as massas (“2012”), a indústria dos “best-sellers” e autoajuda, a literatura engajada, a literatura do cinismo histérico de um caos “pop”, os tubarões petrificados (Damian Hirst), latinhas de cocô de outros picaretas e a ausência de música erudita relevante.

No cinema, por exemplo, temos de um lado o mercantilismo escroto de Hollywood e do outro a agonia do filme independente. Até pouco tempo, alguns cineastas americanos tinham fascínio por climas “densos”, como eles imaginavam que era a “arte europeia”. Geralmente, esses filmes ficavam ridículos.

Isso acabou. Com a morte do “Absoluto europeu”, os ideólogos do mercado estão eufóricos. Os mercadores americanos chamam os europeus de “decadentes e intelectualizados”. Seu fracasso seria devido ao “esnobismo”, recusando-se a qualquer coisa que faça sucesso comercial.

A pintura europeia, a música, o cinema, tudo está na UTI. Mas, a culpa é de quem? A Europa teria ficado burra? Os americanos acham que a Europa é “inteligente demais”, e que isso atrapalharia a criação artística.

Sempre houve uma bronca contra a “profundidade” da cultura do Velho Mundo. E no entanto, eles não sabem que a genial originalidade de seu cinema vem justamente do “superficial” em filmes sem ambições.

Do outro lado do muro, vemos a solidão melancólica das vanguardas e dos filmes independentes.

O conceito de “experimental” está muito ligado à ideia de sofrimento, autodestruição. A arte se fechou numa paranóia conceitual e minimalista. Ou melhor, o mundo fechou os artistas.

Movidos pela ideia socrática que Nietzsche tanto ataca, de que a arte tem de ser subordinada à razão, os artistas caíram numa denúncia melancólica das impossibilidades. Não há futuro para a arte subordinada à razão.

Prevaleceu a vertente “triste” do modernismo, uma ideologia nevoenta de criticismo, apenas uma arte enojada contra o mal-estar da civilização. Acho que está na hora de se recriar um construtivismo positivo.

Por que a melancolia seria mais profunda que a alegria? Será a melancolia a única forma de reflexão? Como então explicar Fred Astaire, a arte pop, o jazz? Michael Jackson? Depois do pop, será que uma “aids conceitual” não atacou tudo, depauperando a luta?

Outro dia fui ver “Lua Nova” com meu filho. O filme é ruim, mas é “bom” – há ali algo de novo, como se fosse filmado e montado por vampiros e lobisomens. Sempre esculachei o cinema brutamente comercial, mas hoje vejo que há nestes novos delírios de massa alguma semente formal do que poderíamos chamar de um novo “barroco digital”.

Precisamos de arte, pois a ciência e a razão querem chegar até os ossos da “essência”. A arte tem de ser o grande ritual de embelezamento da vida. A arte é a ilusão aceita, a clareza feliz de que a aparência é o lugar do humano e que só nos resta essa hipótese de felicidade num planeta gelado.

ELIANE CANTANHÊDE

Encantados, mas críticos

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/12/09


BRASÍLIA - Conversando daqui e dali com diplomatas estrangeiros em Brasília, confirma-se que, sim, os países ricos, pobres e mais ou menos estão encantados com Lula, mas também acham que ele tenta dar passos maiores do que as pernas na política externa.
No caso de Honduras, o mundo todo condenou o golpe, mas o Brasil se coloca como um herói isolado, o bastião da democracia, e agora se recusa a apoiar o resultado das eleições só para testar forças com os EUA na OEA. Soa infantojuvenil.
Em vez de agarrar-se à defesa de um princípio, a democracia, e de um país, Honduras, o Brasil agarra-se a um personagem: Zelaya. Não quer fechar uma página e abrir outra, acatando Porfírio Lobo e arrancando dele compromissos de um governo de pacificação e respeito ao presidente deposto.
No caso do Irã, as opiniões se dividiram entre os que simplesmente rechaçaram o encontro Lula-Ahmadinejad em Brasília e os que entendem a necessidade de integrar o regime iraniano às normas de convivência internacional. Mas ninguém engoliu o Brasil lavar as mãos no voto de censura da ONU ao Irã por causa da questão nuclear, principalmente depois de Lula dizer que a reação dos opositores em Teerã era chororô de "derrotados".
Além disso, a diplomacia instalada em Brasília vê Lula querendo ser o líder sempre, em toda a parte -hoje, na reunião sul-americana em Montevidéu; depois, na Conferência do Clima em Copenhague. Há um exagero, que gera ciúmes e ironias: "Por que ele não se ocupa mais em combater a corrupção no Brasil?", perguntaram-me ontem.
Uns e outros adoraram o vexame de Manaus, onde Lula esperava nove presidentes para brilhar e acabou fazendo Sarkozy atravessar o Atlântico para tomar cafezinho com um único presidente: o da Guiana Inglesa. Em alguns relatórios de embaixadas para suas chancelarias, o relato do episódio resvala para a mais pura chacota.

ANCELMO GÓIS

Ó, MEU MENGÃO...

O GLOBO - 08/12/09


No voo São Paulo-Rio da Gol, às 11h de domingo, o comandante deu boa sorte aos rubro-negros contra o Grêmio.
Herbert Vianna, a bordo, pediu para usar o sistema de som e atacou de “Ó, meu Mengão, eu gosto de você...”, acompanhado pelo coro dos passageiros.
VESTINDO A CAMISA
Em que pese o interesse da BR Distribuidora de voltar a vestir a camisa do Fla, a Ale, atual patrocinadora do clube, tentará renovar a parceria em 2010.
O empresário Marcelo Alecrim, dono da Ale, tem reunião marcada amanhã com o Fla.
COTAÇÃO
Há uma articulação para fazer o engenheiro Wagner Victer, hoje na Cedae, presidente da Light.
A elétrica, como se sabe, está em fase de troca de controle acionário.
SUPREMO É NOSSO
Domingo, torcedores do Fla festejavam na pizzaria Capricciosa do Jardim Botânico quando chegou, também vindo do Maracanã, o ministro do STF Marco Aurélio Mello, rubro-negro roxo.
A turma puxou o coro:: “Aha, uhu! O Supremo é nossooo!”
ATÉ LÁ
Acredite. Surgiu um site de torcedores do Fla... na Rússia.
Domingo, os camaradas de Moscou comemoraram o título brasileiro para valer. Confira só em www.flamengo-rus.ru.
Data querida
AVISO AOS PUXA-SACO
S Segunda agora, dia 14, Dilma Rousseff completa 62 anos.
LULA VAIADO
Sábado, na sessão de 18h40m do Cine Leblon 1, no Rio, que exibia o novo filme do espanhol Pedro Almodovar, “Abraços partidos”, quando apareceu na tela o trailer de “Lula, filho do Brasil”, de Fábio Barreto, houve uma vaia monumental.
NATAL DO PANETONE
O publicitário Armando Strozenberg acha que a venda de panetone vai bombar no Natal, por causa da divulgação da iguaria no caso do mensalão do DEM. As agências estão eufóricas com a divulgação espontânea do panetone pela “TV PF”. Praticamente, 100% das verbas do produto são neste período.
PETRODÓLARES
A vitória do Rio para os Jogos de 2016 parece ter valorizado o passe de Mike Lee, o marqueteiro da candidatura carioca.
Semana passada, o inglês foi à África do Sul, contratado como consultor da candidatura do Qatar para a Copa de 2022.
ATÉ TU, BRUTUS?
Há uma crise moral no País quando até o PMDB, mais sujo que pau de galinheiro, deixa o governo, enojado com denúncias de roubalheira de dinheiro público, como fez ontem o partido ao saltar do barco do governador Arruda no DF.
BOLA DA FORTUNA
A Fila deve encerrar o ano com cerca de 100 mil camisas do Botafogo vendidas.
O Vasco, nas duas últimas semanas da série B do Brasileiro, vendeu 40 mil camisas.

DORA KRAMER

Sociedade entra na roda

O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/12/09



Dependesse a vida só da vontade dos partidos, o tema da ética na política estaria, senão de todo fora, mas em lugar de pouco destaque na campanha eleitoral de 2010.

Alguns especialistas - cientistas e analistas políticos - também compartilham da tese de que o pluripartidarismo aplicado ao exercício da corrupção estabelece uma espécie de conta de soma zero que impede a troca de acusações nesse campo, subtrai a autoridade moral de todos os contendores e, portanto, fará com que o assunto seja necessariamente deixado de lado.

Vários líderes partidários e até integrantes do governo já se pronunciaram nesse sentido. Disseram que a ética "terá o seu lugar", mas que a campanha - "graças a Deus", é o complemento não explicitado, mas obviamente subjacente a esse raciocínio - dar-se-á em torno de assuntos mais importantes: desenvolvimento, geração de empregos, infraestrutura.

Como se fosse possível um país almejar um bom futuro sem discutir como equacionar as contas com um passado e um presente de atos dissolutos.

Qualquer um que pretenda debater os passos adiante que o Brasil precisa dar não poderá ignorar a impossibilidade de se fazer isso chafurdando em mar de lama. Ou se encara a necessidade de começar a pisar em terreno razoavelmente firme, ou não haverá futuro porque em algum momento as instituições, já abaladas pelo descrédito, vão desmoronar.

O Congresso está por um fio, o Executivo se sustenta no poder de comunicação de um homem só e o Judiciário faz o que pode, mas não pode contestar um fato: corrupto no Brasil não tem medo de ir para a cadeia.

Sobra, então, a sociedade.

Esta, quando quer alguma coisa e se empenha nela, acaba conseguindo alcançar seu objetivo.

Equivocada, atrasa processos e põe o País em rumo errado. Concentrada no bom propósito empurra a nação para o avanço.

Militares não teriam conseguido impor ao Brasil a ditadura sem o apoio da sociedade e muito provavelmente teriam ficado muito mais tempo no poder sem o engajamento da população no processo da transição democrática.

Sozinho, o Congresso derrotou a emenda das Diretas-Já. Fernando Collor selou sua derrubada quando convocou o povo a defendê-lo de verde e amarelo nas ruas e este compareceu de preto para exigir seu afastamento.

Sozinho, talvez o Congresso desse outro destino ao pedido de impeachment.

Pedido este apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil, que agora também assina um dos nove pedidos de impeachment contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Há mais semelhanças no ambiente: mobilização da juventude, CNBB discutindo o que fazer, consenso sobre a gravidade do problema e entendimento de que a desfaçatez ultrapassa em muito os limites do aceitável.

Com uma diferença: o País está mais maduro, escaldado com a repetição dos escândalos e consciente de que ninguém pode almejar a condição de querubim. Alguns acham que isso resultará em anestesia geral. Mas pode servir também como toque de reunir esforços para dizer chega.

Momento seguinte


Na quinta-feira o DEM anuncia a expulsão e acaba com a possibilidade de José Roberto Arruda concorrer em 2010 a algum mandato. Antes que Arruda acabe com o que resta do partido.

Resolvido isso, a segunda etapa será a exclusão do vice Paulo Octávio, que aparece também citado nas gravações como beneficiário do esquema de corrupção do governo do Distrito Federal, e terá o nome apresentado para exame.

Ele foi deixado de lado por ora, não porque o DEM pretenda fazer dele candidato ao governo. O partido não nutre ilusão e sabe que terá de recomeçar do zero no DF.

Paulo Octávio ficou de fora por enquanto por receio de que, se entrassem dois na roda, poderiam acabar se ajudando mutuamente.

Na avaliação do DEM, o ex-governador Joaquim Roriz, do PMDB, foi o mentor da armadilha que pegou Arruda e, como inventor do esquema herdado por ele, também acabará sendo pego de roldão.

Por esse raciocínio, os beneficiários do vendaval que assolou Brasília serão o PT ou o senador Cristovam Buarque, do PDT.

A propósito

O PMDB ainda não fez um gesto de desagrado em relação à deputada Eurides Brito, líder do governo na Câmara Legislativa, filiada ao partido e que foi filmada guardando na bolsa os maços de dinheiro recebidos de Durval Barbosa.

Outra face

Sábado, sessão de 18h40 do filme Abraços Partidos, de Pedro Almodóvar, começa o trailer do filme sobre a vida o presidente Luiz Inácio da Silva. A plateia de 640 lugares assiste comportada até o fim quando, então, ecoa estrondosa vaia.

Sinalizadora de que o filme mexe com sentimentos, mas não desperta apenas emoções benevolentes.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Ainda é cedo [para comemorar]”
GOVERNADOR PAULISTA, JOSÉ SERRA, SOBRE A LIDERANÇA NAS PESQUISAS DA SUCESSÃO DE LULA

VÍDEOS OFUSCARAM ACUSAÇÕES À FAMÍLIA LULA
A Operação Caixa de Pandora e seus vídeos devastadores ofuscaram duas graves acusações envolvendo familiares do presidente Lula. Quatro dias antes, o jornal Folha de S. Paulo havia revelado a “farra” de Lulinha e quinze amigos em avião da FAB. A Operação também foi realizada na véspera da denúncia da revista Veja sobre os negócios nebulosos de um lobista com Marcelo Sato, marido de Lurian, filha do presidente.
OPERAÇÃO INFLUENZA
Veja revelou que o genro de Lula foi flagrado pela PF negociando o recebimento de grana do lobista João Quimio Nojiri, sob investigação.
EM ESPERA
O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) ainda aguarda resposta aos três pedidos de informação sobre a farra de Lulinha com avião da FAB.
DIVERGÊNCIAS
Azedou o relacionamento entre o governador José Roberto Arruda e seu vice, Paulo Octávio, ambos do DEM. Mal se cumprimentam.
GESTÃO DA CRISE
Arruda passa todo o tempo reunido com o seu “gabinete de crise”. Nem mesmo recebe ex-auxiliares que o procuram para entregar os cargos.
EM UM MÊS, GOVERNO TORRA R$ 12 MI COM CARTÕES
O governo Lula torrou quase R$ 12 milhões no mês de novembro com cartões corporativos. Ou seja, em média foram gastos R$ 400 mil por dia. Em 2009, a Presidência e o Ministério da Justiça são responsáveis por quase metade das despesas com cartões corporativos: R$ 25,8 milhões, dos quais mais de R$ 21 milhões são considerados “sigilosos”, com a desculpa de “garantir a segurança da sociedade e do Estado”.
AUMENTO
As despesas com cartões corporativos do governo Lula em 2009 já ultrapassaram em R$ 3 milhões os R$ 55 milhões gastos em 2008.
ACHADOS E PERDIDOS
Antes, nossos dentistas não serviam. Agora, a Universidade de Aveiro (Portugal) procura reitor brasileiro, em anúncio num jornalão paulista.
REJEITADA
A rejeição da petista Dilma Rousseff sofreu variação de 40 para 41%, segundo o Ibope. É a maior entre os principais candidatos a presidente.
LOTT DE SUTIÃ
O fraco desempenho de Dilma Rousseff (PT) para presidente, atestado ontem na pesquisa CNI/Ibope, fez um ministro aposentado de tribunal superior, ex-parlamentar, chamar a ministra de “Marechal Lott de sutiã”.
PRODUÇÃO EM SÉRIE
O ex-policial Marcos Toledo, que aparece em vídeo de Durval Barbosa retirando grana da bolsa, também teria uma coleção de DVDs. Ele era cotado para a suplência de Augusto Carvalho (PPS), no Senado.
DIFERENÇAS
A imagem de políticos do DF recebendo dinheiro fez José Sarney lembrar que a candidatura da filha Roseana a presidente foi destruída apenas pela foto do dinheiro que depois a Justiça atestou não ser dela.
ACUSAÇÕES FRÁGEIS
O próprio Ministério Público desqualificou a maioria das acusações contra o governador de Roraima, Anchieta Júnior, cuja cassação deve ser julgada pelo TSE, quinta. E as que restam são frágeis, por isso o ex-ministro Fernando Neves, um dos advogados, crê em absolvição.
CARAVANA ROLIDEI
Deve ser um programa especial sobre as estradas brasileiras: um funcionário da Empresa Brasil de Comunicação, a da TV do Lula que ninguém vê, gastou sozinho R$ 77 mil em gasolina este ano.
SEM DECORO
Ciro Gomes contou em Cuiabá, há dias, o comentário que ouviu de um deputado, no início do seu namoro com a atriz Patrícia Pillar, enquanto os dois assistiam a uma novela: “Que mulher gostosa!”. Ao perceber a gafe, o deputado pediu desculpas “pela falta de decoro”.
OS FILHOS DO BRASIL
O site da União Nacional dos Estudantes está mais atrasado que reajuste de aposentado acima do piso: comemora os 30 anos da anistia e lembra os “três meses sob golpe de Estado” em Honduras.
TEMPOS PERIGOSOS
O vice-governador catarinense Leonel Pavan (PSDB) acha que “é fogo amigo” do governador Luiz Henrique (PMDB): a PF interceptou-o, há dias, no avião do governo, obrigando-o a duas horas de depoimento sobre suposta venda irregular de combustíveis, sob segredo de justiça.

PODER SEM PUDOR
O DONO DA VOZ
– Preciso que venha à minha residência, urgente, clama Jânio Quadros ao então assessor Nelson Valente.
Quer um artigo de apoio à sua filha, Dirce “Tutu” Quadros.
Nelson escreve e liga de volta. O presidente atende e deixa no viva-voz:
– É o dr. Jânio??
– No momento ele não se encontra. Ligue mais tarde.
– Mas sua voz é inconfudível, dr. Jânio!, responde o assessor.
Sem perda de tempo nem de bom humor, o presidente dispara:
– Por favor, não insista senão vou acabar acreditando.
E desligou.