sábado, agosto 29, 2009

JOSÉ SIMÃO

Buemba! Achei o Belchior!

FOLHA DE SÃO PAULO - 29/08/09

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
E adorei esse grafite em Pouso Alegre: se você não está confuso, não é bem informado. Rarará! E a Xuxa quer processar o Twitter! Porque a Xaxa escreve errado e os seguidores ficam debochando. Então ela não tem de processar o Twitter. Tem de processar o Twico e o Tweco. Os neurônios delas! Rarará!
E o site sensacionalista achou a solução: "Twitter vai lançar corretor ortográfico para celebridades!". E eu vou processar a Xuxa por aquele monte de porcaria que ela anuncia!
Rarará! E eu não tenho Twitter porque sou muito paranoico. Pra ter seguidores. Ia ficar como o Tarso Cadore. Tão me seguindo, tão me seguindo, tão me seguindo!
E buemba! Eu achei o Belchior! É o Gopal da novela. Mais um bigode em apuros! Belchior sumiu e largou o carro no aeroporto. No aeroporto?!
Perdeu o medo de avião! Rarará!
E não deve ter ido muito longe: "Sou apenas um rapaz latino-americano...". Deve estar na Colômbia! Ele não volta pra não pagar o estacionamento do aeroporto. A dívida já está em R$ 18 mil!
E por que a Xuxa não processa a internet? Uma loira ligou pro UOL perguntando se a internet abria aos domingos. Rarará! E a Carla Perez um dia amanheceu com um galo na testa. Passou a noite inteira batendo a cabeça na tela do computador.
Tentando entrar na internet!
E eu pedi pra avisar o senador Suplicy que Woodstock já acabou, o Vietnã ganhou a guerra e a Janis Joplin, o Jim Morrison e o Freddie Mercury já morreram. Mas tem que dar um aviso por vez. Senão ele vai ficar muito estarrecido. Woodstock acabou! Jáááá? O Vietnã ganhou a guerra! Aahhhhhhhn?! Janis Joplin já morreu. Quaaaando? Rarará!
E essa perrenga Lina x Dilma vai ser resolvida: luta na lama. O Senado entra com a lama e elas com as barangas! Barangas na Lama. Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Uruçuí, Piauí, tem um inferninho chamado Mercado da Piriquita Usada! Mais direto impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. Hoje não tem. Motivo: aperreio, preguiça, calo seco, unha fofa, pé inchado, papoquinha e quebranto! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre mas nóis goza! Hoje só amanhã!

FERNANDO RODRIGUES

A cidadania pós-caseiro

FOLHA DE S. PAULO - 29/08/09

BRASÍLIA - Levantar o braço e apontar algo de errado é um dever do cidadão. O caseiro Francenildo Costa tomou esse rumo. Relatou em 2006 as idas e vindas do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a uma mansão na qual lobistas se refestelavam em Brasília.

A partir daí, deu tudo errado para Francenildo. Foi perseguido pelo Estado brasileiro. Teve seu sigilo bancário quebrado. Três anos se passaram. A ação movida por ele contra a Caixa Econômica Federal continua sem solução. Ao mesmo tempo, Palocci já está livre, leve e solto, absolvido pela Justiça.

Esse episódio concluído pelo Supremo Tribunal Federal anteontem tem vários ângulos. O mais saliente do ponto de vista político eleitoral é Lula ter reabilitado um de seus quadros de elite. O outro aspecto é o conservadorismo do STF ao não enxergar indícios suficientes para processar Palocci.

Mas o efeito mais relevante da decisão do STF é desestimular cidadãos interessados em participar da vida pública. Tome-se o caso do momento no mundinho político de Brasília, a reunião nebulosa e pendente de confirmação entre Dilma Rousseff e Lina Vieira. Qual a chance de um motorista, secretária ou assessor de baixo escalão se animar e contar a verdade? Se tiverem juízo, todos ficarão calados.

Essa foi a lição ministrada pelo STF a caseiros, mordomos, secretárias e motoristas de poderosos: tomem cuidado. Suas palavras não valem nada. Terão efeito nulo se desejarem relatar alguma impostura.

Todos vocês correm o risco de terem suas vidas devassadas. Na Justiça local prevalecerá a tradição lusitana, ibérica e obcecada por provas irrefutáveis e cabais para dar início a um processo.

Ontem, sexta-feira, a Praça dos Três Poderes estava vazia -apesar de outro escândalo acabar de ser sepultado. É compreensível ninguém protestar. Tornou-se arriscado exercer a cidadania nestes tempos pós-Francenildo.

PARA....HIHIHIHI

MALDADE

Duas senhoras que trabalhavam preparando cadáveres, antes do enterro, receberam um corpo para ser preparado.
Uma delas, arregala os olhos e diz:
- Você já viu um destes? - referindo-se ao tamanho do pênis do falecido.
A outra responde:
- Meu marido tem um igualzinho!
Ao que a outra ainda espantada contra-argumenta :
- Assim grande?
- Não, assim morto!!

GOSTOSA


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BRASÍLIA - DF

Fundo descarrilado

CORREIO BRAZILIENSE - 29/08/09

Originários da antiga Rede Ferroviária Federal, 20 mil ferroviários inativos e pensionistas estão no maior sufoco por causa da politicagem com o Plansfer - Plano de Saúde dos Ferroviários, operado desde 1989 pelo sistema de autogestão do Serviço Social das Estradas de Ferro, autarquia do Ministério dos Transportes. O Plano prestava atendimento com qualidade até 2005, quando uma gestão temerária consumiu suas reservas e gerou um rombo de R$ 41 milhões. Hospitais, clínicas, laboratórios e profissionais de saúde cancelaram convênios e deixaram de prestar serviços aos ferroviários, provocando uma intervenção da Agência Nacional de Saúde Suplementar, que instalou uma Direção Fiscal na operadora.

No acordo coletivo de 2008, a Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários conseguiu negociar um auxílio mensal e individual de R$ 60,00, dos quais R$ 55,00 a serem transferidos para o Fundo, com retroatividade a 1º de maio de 2008, com objetivo de tapar o rombo. O pessoal da ativa, agora vinculado à VALEC, recebeu oauxílio e sofreu o desconto em julho passado. O mesmo procedimento deveria ter sido adotado pelo INSS junto aos ferroviários inativos e pensionistas, devido à paridade salarial existente, mas o Ministério do Planejamento não autorizou o desconto. O Fundo de Saúde dos Ferroviários agora sofre risco de liquidação extrajudicial.

Rastro

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, encontrou mais um meio para atazanar a vida do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Manda telegramas para os prefeitos que recebem auxílio federal pedindo que divulguem a ação do ministério em seus municípios. Um deles, remetido pelo assessor José Carlos Esmeraldo à prefeitura de Lauro de Freitas, avisa da liberação de R$ 3,5 milhões e pede para "comunicar lideranças locais que nosso ministro continua seu trabalho em favor da comunidade". Pousou na mesa de Wagner, que não gostou. Geddel quer lhe tomar a cadeira em 2010.

Pressão

A Corte Interamericana de Direitos Humanos convocou o Brasil para dar explicações, em setembro, sobre as violações aos direitos dos presidiários da Penitenciária de Urso Branco, em Rondônia. Desde 2002, quando 27 presos morreram durante uma rebelião, o tribunal já emitiu seis resoluções denunciando condições degradantes e suspeitas de tortura dos encarcerados.

Relação

A demora na nomeação do substituto de Marcos Villaça, ministro aposentado em abril do Tribunal de Contas da União (TCU), gera expectativa no meio político, mas sobrecarrega o auditor Augusto Sherman. Nomeado ministro-substituto durante a vacância da cadeira, Sherman agregou os processos da cota de Villaça à própria carga de trabalho. Vai ter que ralar muito enquanto o presidente Lula não bate o martelo na indicação de José Múcio Monteiro, ministro das Relações Institucionais.

NO CAFEZINHO

Agenda/ Primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI)ainda acalenta a esperança de ver o circo pegar fogo no disse me disse entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira. Segundo ele, a agenda de Lina, que sumiu no seu caminhão de mudança, deve chegar a Natal neste fim de semana.

Choveu/ O governador José Roberto Arruda, começou ontem um balanço dos estragos das chuvas antecipadas no Distrito Federal. Todas as obras vão atrasar uma semana, principalmente as de terraplanagem, porque as máquinas ficaram paradas. "Em compensação, economizamos com a manutenção dos parques, jardins e gramados, a redução da poeira e o alivio para a saúde da população que sofre com a seca, principalmente as crianças e os idosos", avalia.

Rede/ O Ministério da Educação está investindo R$ 73 milhões em softwares pedagógicos para as escolas públicas do país. A meta é oferecer acesso à internet e endereço eletrônico a 49 milhões de estudantes.

Raios/A CPI das Tarifas de Energia Elétrica da Câmara continua trovejando: quer explicações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre os preços cobrados ao consumidor brasileiro nas tarifas de energia. Na próxima quarta-feira, 2 de setembro, o atual diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, e o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tomalsquim, vão ter que se explicar.

Obrigatório/A rebelião branca dos deputados contra a retenção das emendas parlamentares, encerrada esta semana, pôs em marcha na Câmara dos Deputados a confecção de um projeto de lei que estabelece o orçamento impositivo, uma das metas de Michel Temer (PMDB-SP) na Presidência da Casa. O deputado Régis Oliveira (PSC-SP) foi encarregado de elaborar a proposta.

PANORAMA

REVISTA VEJA
Panorama

Holofote


Felipe Patury
Com reportagem de Fábio Portela e Sandra Brasil

O reforço de Abdelmassih

Antonio Cruz/ABR


Acusado por 39 mulheres de 56 estupros, o médico Roger Abdelmassih, que está em cana, pediu socorro ao ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Quer que o criminalista reforce sua defesa. A contratação de Bastos foi sugerida pelo empresário Edevaldo Alves da Silva, das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). O advogado José Luis Oliveira Lima, que responde pelo processo de Abdelmassih, aprovou a ideia e já se reuniu duas vezes com o ex-ministro para discutir possíveis estratégias. Bastos só não assumiu o caso até agora porque a família do réu tenta regatear o valor dos seus honorários, o que ele não aceita.

E o PMDB tem lá candidato?

Sergio Lima/
Folha Imagem


O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, surpreendeu os caciques do PMDB ao sugerir-lhes em um jantar na semana passada que lançassem um candidato à Presidência da República, coisa que não fazem há três eleições. "E quem seria?", perguntaram os líderes do partido. "Michel Temer", respondeu Montenegro, assombrando até o próprio, que preside a Câmara dos Deputados e participava do rega-bofe. Temer foi ao céu, mas voltou rápido. Nem cogita uma aventura desse tipo.

O gás de Kakay

Lula Marques/
Folha Imagem


Nomeado na semana passada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o novo secretário nacional de Petróleo e Gás, Marco Antônio Almeida, tem padrinho forte. Trata-se de seu primo, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, vulgo Kakay. Explica-se assim a influência do advogado: Lobão foi indicado para o cargo pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e Kakay trabalha não só para Sarney, como para sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney.

A empresa do trem-bala

Wilson Dias/
Folha Imagem


A empresa que construirá o trem-bala que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo será um misto de concessionária de serviços públicos e de parceria público-privada (PPP). Como concessionária, terá vinte anos para operar a linha. Como PPP, terá como sócio o governo, que aplicará 2,4 bilhões de reais na desapropriação das áreas cruzadas pelo trem e mais 1 bilhão de reais em ações da empresa. O edital será apresentado nesta semana pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Bernardo Figueiredo.

Um bilhão na Topper

Germano Luders


A Alpargatas tem planos ambiciosos de expansão. O presidente da empresa,Márcio Utsch, projeta investir 1 bilhão de reais na reconstrução da marca Topper, que pretende converter em referência esportiva na América Latina até a Copa de 2014. Com caixa alto e baixíssimo nível de endividamento, a Alpargatas negocia ainda a aquisição de duas empresas, uma nacional e outra estrangeira. Com uma, pretende agregar um novo mercado. Com a outra, melhorar sua logística de distribuição.


A nova afilhada de Lula

Sergio Lima/Folha Imagem


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva arranjou uma nova afilhada, mas o compadre continua o mesmo: o advogado Roberto Teixeira. Lula já é padrinho de batismo de Valeska, a primogênita do advogado. Agora abençoará também Larissa, a caçula, que se casará com Alessandro Quattrini no dia 19. O casório será celebrado no Recanto Valeska, sítio onde Teixeira produz os vinhos tintos Jerez Teixeira, com os quais brinda petistas estrelados e jornalistas que ele tenta amaciar. O futuro casal sugeriu presentes suficientes para mobiliar duas casas: dois fogões, três geladeiras, quatro TVs e um faqueiro de prata de 19 300 reais. Não se sabe que mimo o padrinho dará.

MERVAL PEREIRA

Brasil bem na foto

O GLOBO - 29/08/09

Nos últimos dias participei de debates sobre o futuro da economia brasileira, recebi um trabalho da Macroplan Prospectiva, Estratégia & Gestão com os cenários para o país e o mundo depois da crise, e outro, do exministro João Paulo dos Reis Veloso, apresentado no seminário do GLOBO sobre os últimos 40 anos de economia brasileira. Há uma unanimidade entre os analistas: o Brasil se saiu muito bem da crise internacional e está preparado para assumir um lugar de destaque no novo mundo que está se desenhando.

Paulo Vieira da Cunha, exdiretor do Banco Central e atualmente na Tandem Global Partners, Nova York, que fez uma palestra na reunião do Instituto Brasileiro de Siderurgia em São Paulo, prevê que as economias emergentes, “notadamente os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) e especialmente a China”, num cenário mais otimista, continuariam a alavancar o crescimento global, que voltaria a ter uma velocidade de cruzeiro de 3,5% a 4% ao ano em 20112012 — puxada pela China (8,5% a 9%) Índia (6,5% a 7%) e Brasil (4% a 4,5%).

As projeções indicam que, se em 2006 o G-7 representava aproximadamente 45% do PIB mundial, e os BRICs, 25%, em 2012, possivelmente, o G-7 some 39% e os BRICs, 30%.

Vieira da Cunha acredita que, a médio prazo, a dinâmica de crescimento dos BRICs poderá substituir a do G-7. Mas ele vê o cenário externo menos benigno, com forte redução do ritmo de expansão do comércio internacional; aumento da concorrência por mercados, especialmente em manufaturas (todos querem crescer exportando) e protecionismo.

No campo interno, Vieira da Cunha ressalta alguns problemas: investimento privado deprimido e investimento público atrasado, com forte deterioração das contas públicas; expansão do tamanho do Estado na economia e redução da taxa de crescimento do PIB potencial.

Para ele, “a redução brusca do superávit primário é em parte cíclica — mas a tendência terá que ser corrigida, depois das eleições”.

Já o economista Armando Castelar, do Ipea e do Gávea Investimentos, em palestra na Federação das Indústrias de Minas Gerais, diz que o Brasil saiu bem na foto da crise e que houve uma “surpresa positiva” com o tamanho da resposta da política econômica à crise, já havendo um “otimismo com a retomada do crescimento”.

Para isso, ajudou a percepção de que “um cenário de catástrofe no sistema financeiro se tornou improvável, dada a melhora na situação dos bancos, com mais lucros e capital, a partir de captações de mercado ou de infusões pelos governos”.

A menor deterioração no mercado de trabalho do que se projetava, a partir da queda na produção na virada do ano, deveu-se à recuperação relativamente rápida do nível de atividade da indústria, com a conclusão do processo de ajuste de estoques.

O mercado de trabalho reagiu bem, com aumento apenas marginal do desemprego e sustentação do rendimento real. Na análise de Castelar, a recessão foi “suave e breve” porque o Banco Central “soube aproveitar espaço na política monetária para baixar juros e irrigar o mercado de liquidez”.

A expansão fiscal já estava parcialmente contratada “e foi importante em alguns setores, ainda que de baixa qualidade”.

A desvalorização cambial não repercutiu na inflação, o consumo reagiu bem, apesar da queda nas concessões de crédito e “há razões para otimismo”, com duas ressalvas importantes: ajustes continuam necessários e o risco político retorna com eleições e transição política.

O ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso deu algumas indicações do que deveria ser feito para que o Brasil aproveite o ambiente pós-crise: — Usar o pré-sal para transformar a economia e o desenvolvimento do Brasil; — Usar o “Modelo Escandinavo” para construir grandes complexos industriais em torno dos principais setores integrados intensivos em recursos naturais; — Nova matriz energética para o país; — O Futuro é Agora – Projeto de desenvolvimento de modelo de carro elétrico brasileiro; — Nova etapa no desenvolvimento da bioenergia (e desenvolvimento da bioquímica); — Transformar o Brasil em terceiro centro global de tecnologias de informação e comunicações (TICs); — Nova Era – Estratégia de desenvolvimento das indústrias elétrica e eletrônica (até 2020); — Nova oportunidade para a indústria de bens de capital, aproveitando o desenvolvimento de várias oportunidades estratégicas (e a infraestrutura).

— Transformar potencial em oportunidade, biotecnologia à base da biodiversidade.

— Universalizar a inovação nas empresas brasileiras, para dotar o país de um dos principais motores do desenvolvimento moderno (“Inovação como a Estratégia da Empresa”).

— Arma Secreta do Brasil: espírito empresarial, transformar a pequena (moderna) empresa em uma das bases do desenvolvimento.

— Programa de apoio à criação de novos Clusters (Aglomerados) de inovação, parques tecnológicos.

— Desenvolvimento das “Indústrias” Criativas (cultura, artes, entretenimento).

Claudio Porto e Rodrigo Ventura, da Macroplan Prospectiva, Estratégia & Gestão, consideram que o Brasil tem “boas chances de acelerar o crescimento nos próximos trimestres”. Para eles, o país sofreu menos e sairá mais cedo da recessão por três motivos principais: a solidez do setor financeiro, que evitou uma crise bancária e a redução do crédito; a força do mercado interno, que permitiu a compensação da queda da demanda externa pela sustentação da demanda doméstica; e a estratégia do governo para enfrentamento da crise (sustentação do consumo doméstico), que tem se mostrado eficaz, pelo menos a curto prazo.

Para 2010, eles veem dois cenários. Um, de ajustes estruturais, e outro, de adaptações incrementais, que pressupõe a continuidade, com ajustes eventuais, da estratégia de travessia atualmente em curso. (Continua amanhã)

PARA....HIHIHIHI

FODA-SE

Joãozinho, muito curioso, pergunta ao vovô:
- Vô, você ainda faz sexo com a vovó?
- Sim, mas apenas oral.
Joãozinho pergunta:
- O que é sexo oral?
O avô responde:
- Eu digo "foda-se" e ela responde: "vá se foder você também"...

J. R. GUZZO

REVISTA VEJA
J.R. Guzzo

Baralho falso

"O que poderia haver de mais avançado em matéria de falsificação do que sustentar, como fazem os mestres de doutrina do PT, que são de direita todos os que discordam do governo Lula e de esquerda todos os que são a favor?"

Os professores das escolas públicas e particulares brasileiras provavelmente continuam ensinando nas salas de aula que, em política, as coisas se dividem em direita e esquerda; boa parte deles, pela lei das probabilidades, deve explicar que a direita é geralmente do mal e a esquerda é geralmente do bem. A esperança é que a maioria dos alunos não preste muita atenção às aulas em que ouve isso, ou esqueça logo o que ouviu, como esquece para que serve a bissetriz ou quem foi o regente Feijó. O problema maior não está em dizer, sem demonstrar com fatos, que esquerda é melhor que direita – como também não haveria grande perda se fosse dito o contrário. Há muito tempo esse tema virou questão de fé, e aí cada um acredita no que quer. Ruim, mesmo, é manter em circulação duas palavras que, no Brasil de hoje, perderam qualquer utilidade para diferenciar comportamentos, convicções e pessoas na vida política real. Só servem, na verdade, para fazer exatamente o oposto – uma mistura grossa na qual vai ficando cada vez mais difícil saber quem realmente é quem, e, sobretudo, quem está querendo o quê. Esse mundo de confusão, sem forma, sem substância e sem lógica, é o ambiente ideal para montar uma mesa de jogo em que são falsos o baralho, as fichas e tudo o que está em cima, embaixo ou em volta dela.

O que poderia haver de mais avançado em matéria de falsificação, por exemplo, do que sustentar, como fazem os mestres de doutrina do PT, que são de direita todos os que discordam do governo Lula e de esquerda todos os que são a favor? O resultado prático dessa maneira de separar os lados na política brasileira é a criação de um tumulto mental em modo extremo, no qual não se entende rigorosamente nada. Cada caso, aí, é mais esquisito que o outro. O governador José Serra, que foi presidente da UNE, teve de fugir da polícia no golpe militar de 1964 e ficou anos exilado, é o principal nome da oposição para disputar as eleições presidenciais de 2010 contra a candidatura do governo; é apontado pelo PT, por isso, como o grande líder da "direita" brasileira. O presidente do Senado, José Sarney, foi um dos principais servidores do regime militar, esse mesmo que queria colocar Serra no xadrez; hoje está a favor do governo Lula e é defendido até a morte pelo PT, como um herói daquilo que o partido descreve como sendo o campo progressista, popular e de "esquerda". Qual o nexo de uma coisa dessas? Pela mesma visão, o deputado Fernando Gabeira, que quando jovem fez tudo o que a esquerda mais radical podia fazer, e hoje é um opositor aberto da ladroagem no governo Lula, é excomungado como homem de "direita". Já o senador Romeu Tuma, que fez carreira durante a ditadura como delegado do Dops e andava atrás, justamente, de subversivos como Gabeira, hoje é um dos destaques da "base aliada" e se vê premiado pelo PT como participante ativo do "projeto de esquerda" neste país. A senadora Marina Silva, que até outro dia estava para ser canonizada pelo governo, tornou-se suspeita de ajudar a "aliança conservadora" no dia seguinte ao seu rompimento com o PT; é uma questão de tempo até ser enfiada sem maior cerimônia no balaio geral da "direita". O deputado Paulo Maluf, que o PT sempre tratou como uma espécie de King Kong do direitismo nacional, foi promovido, pelos serviços que fornece ao governo, a associado emérito das forças de "esquerda". Fica assim, então: Serra, Gabeira e Marina, entre dezenas de nomes semelhantes, estão na direita; Sarney, Tuma e Maluf, entre outros tantos, estão na esquerda. É nisso que veio dar, no Brasil atual, a distinção entre ideologias.

Quando se toma, de caso pensado, o caminho da mentira para fazer política, qualquer coisa pode acontecer. Está acontecendo neste momento na Receita Federal, onde a demissão da secretária Lina Vieira e de dois de seus assessores diretos, seguida pela entrega de sessenta cargos de chefia por seus ocupantes, virou uma briga de arquibancada como fazia muito tempo não se via numa repartição do serviço público. Lina e sua equipe, no evangelho segundo o PT, seriam esquerda pura: diziam dar prioridade à fiscalização sobre "grandes empresas" e tinham a seu lado o sindicato da categoria. Mas a secretária se estranhou com o governo em geral e com a ministra Dilma Rousseff em particular; acabou posta para fora, foi chamada de "essa secretária" pelo presidente da República e já está a caminho de entrar na lista negra dos que colaboram "objetivamente" com a estratégia direitista de Serra, Gabeira, Marina etc.

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
Por que sumiu logo o Belchior?
Ele não tem dinheiro no banco nem parentes importantes, como nossos senadores
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Tanta gente para sumir sem deixar vestígio – o Brasil agradeceria. E vai sumir logo o Belchior, apenas um latino-americano do Ceará sem parentes importantes. Não fez mal a ninguém, só a quem passou cheques sem fundos. Podia sumir a trinca Sarney, Renan e Collor. Podia sumir o ex-Mercadante com seus arroubos varridos para baixo do bigode. Podia sumir Suplicy com sua cartolina vermelha de efeito retardado. Mas o único que não tem dinheiro no banco é Belchior.

A melhor síntese do Senado em sua atual composição está numa charge assinada por Chico Caruso, que lembra o humorista Chico Anysio: “Só tem tantã, só tem tantã!”. Do ex-mercadante de ilusões ao ex-marido de Marta Suplicy, a performance recente dos dois senadores petistas era dispensável. Poderiam ter sumido antes. O Conselho de Ética do Senado sumiu.

Esperava-se mais dos dois senadores. Um pela macheza: “Minha renúncia é irrevogável”. Foi só o presidente Lula lembrar que Mercadante “já tem mais de 50 anos e sabe o que deve fazer”, e revogaram-se as intenções em contrário. E Suplicy, pela discrição quando a arquibancada se engalfinhava pela renúncia de Sarney. Na disputa do gesto varonil mais constrangedor, Mercadante e Suplicy empataram. Temi pela saúde dos dois – as olheiras de um incharam ainda mais. No outro, preocupou a fala periclitante de alguém alheio ao “tempo real” e ao apito final de jogo.

Ninguém some como Belchior. Pena. Até os fantasmas políticos, como Renan Calheiros e Fernando Collor, voltaram com muito dinheiro no banco e amigos importantes. O único fantasma que ronda hoje o Planalto usa colar, anel, brinco, flor na lapela e é uma leoa bonita de 61 anos, Lina Vieira.

Já desistimos de entender o que gravam e arquivam as câmeras de segurança do Planalto. Mas o governo garante que não há registro da visita de Lina à ministra Dilma Rousseff em dezembro. Ou Lina é uma mitômana – e não parece – ou Dilma realmente pediu à ex-secretária da Receita Federal favores de que se arrepende e não quer lembrar. O encontro era tão sigiloso que evaporou. Aliás, o governo sumiu com a Dilma também. Por um tempo.

Ele não tem dinheiro no banco nem parentes
importantes, como nossos senadores

Dezenas de funcionários do Fisco também sumiram, em solidariedade à ex-chefe Lina e contra a ingerência do Planalto. Além de ser uma atitude inédita tanta gente junta largar um bom emprego, essa demissão em massa é um bom lembrete. Quando alguém quer realmente sair, renunciar, desaparecer, não avisa antes. Não se diz “vou”. E sim “fui”.

Daqui a pouco vão sumir com o Mantega, derretido aos poucos por Lula. O presidente não está contente com o ministro da Fazenda e sua maneira peculiar de acentuar crises. Quem cai em desgraça hoje com “o cara” tende a desaparecer.

Um que andava quase tão sumido quanto Belchior era o tucano José Serra. O governador de São Paulo decidiu há tempo não aparecer em manchete de jornal. Driblou com o silêncio as provocações do mineiro carioca Aécio Neves, emudeceu durante a saga do Senado, não opinou sobre Marina Silva, ignorou Ciro Gomes. Só acompanha as pesquisas para a sucessão presidencial em 2010. Agora, já quer aparecer: está gastando R$ 680 mil por mês com 2,3 milhões de boletins que começam a ser distribuídos na casa de moradores de 52 cidades de São Paulo. Nos boletins, faz propaganda de sua gestão.

Não se sabe se Belchior reaparecerá logo. Num hotel em São Paulo, o cantor morou quase dois meses, até 30 de setembro, e deixou dois cheques sem fundos de R$ 12.260,44. Um Mercedes está no aeroporto em Congonhas, com dívidas acumuladas de estacionamento. Outro carro foi abandonado na rua. Não pagou mais a pensão da ex-mulher. Surgiu num show em Brasília com Tom Zé em março. Uma foto mostra o artista ou um sósia no Uruguai em junho.

Dá vontade de sumir quando se lê o noticiário político. Mas Belchior deve ter outros motivos para o exílio de si mesmo. Dizem que ele é marqueteiro, mas quem não é no Congresso? Dizem também que está numa praia. Belchior tem bigodão de senador, mas falta-lhe dinheiro. Faltam também parentes importantes no país do nepotismo.

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INFORME JB

A volta dos bingos no país

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 29/08/09

SEMANA QUE VEM será analisado o mérito da questão, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, do projeto de lei que legaliza os bingos no país. A Associação Brasileira dos Bingos (Abrabin) acredita que não terá obstáculos em plenário. Baseia-se em três pilares: receita, empregos e fator social. Estima-se que o setor renderá até 7 bilhões para os cofres da União; vai gerar 250 mil empregos diretos e indiretos e terá repasses para três áreas.

Dos 17% destinados à Receita, 1% será para a Cultura, 1% para o Esporte e os outros 15% para o Ministério da Saúde. Nesta parte, o texto prevê que o dinheiro seja destinado a tratamento de viciados em jogos. As casas de bingos também vão fazer um cadastro nacional de jogadores viciados, espera-se, denunciados pelas próprias famílias ou reconhecidos dentro do estabelecimento. Eles serão proibidos de jogar.

Zé, um brasileiro Como o Senado tenta retomar a vida, no esforço da pauta, a coluna foi atrás de alguém na Casa Alta que personificasse o trabalho sério. Entre suplentes (um terço ) e senadores enrolados com a Justiça – quase metade – encontrou o Zezinho, garçom há 27 anos.

Deu água

Zezinho foi aquele garçom citado por Heráclito Fortes para dar um suco de maracujá ao irritado Eduardo Suplicy. “Só sirvo água”, diz Zezinho, que prefere não se expor. E nega que tenha entrado no Senado por ato secreto. Foi por mérito, frisa.

Só férias

Advogados têm reclamado muito: o Senado vem deixando de votar, desde o ano passado, o projeto de lei que dá férias à categoria de 20 de dezembro a 20 de janeiro. O relator é Aloizio Mercadante.

Lembrete

O assunto, segundo a classe, é irrevogável.

Acordem

A coisa anda tão feia e os senadores, tão perdidos, que todos ali esqueceram que Expedito Junior foi cassado pelo TSE. Falta a Mesa Diretora destituílo do cargo.

Serristas

O “twitteiro” José Serra, governador paulista, diz que a internet será imprescindível nas campanhas eleitorais. Sabe o que diz. Em uma semana seus seguidores no microblog passaram de 56 mil para 79 mil.

De mal

Não vai bem a relação entre o deputado federal Severiano (PDT-BA) e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O parlamentar recusou a Secretaria de Ciência de Jaques Wagner e anunciou saída da base do governo.

De mal 2

Lupi foi à Bahia e reforçou que o PDT está com o governador petista. Severiano, há 16 anos no comando do PDT baiano, deve deixar o cargo.

Geddel paquera A debandada, por ora, é pequena.

Só três deputados estaduais estão com Severiano – que pode ser o vice de Geddel Vieira (PMDB) na disputa pelo governo ano que vem.

Debandada

Em tempo, metade dos ministros de Lula vai sair dos cargos para se candidatar a algo.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

O gosto azedo da mesmice

"A asnice representada pelas ideias feitas é a ‘verdadeira imoralidade’, disse Flaubert.
E acrescentou: ‘O diabo é só isso’. Se Flaubert
está certo – e ele está –, o Brasil é o inferno.
O verdadeiro inferno"

Ali Kamel é o Flaubert do lulismo. Flaubert? Gustave Flaubert? Ele mesmo. No Dicionário das Ideias Feitas, publicado postumamente como um adendo ao seu último romance, Bouvard e Pécuchet, Flaubert reuniu, em ordem alfabética, os lugares-comuns mais idiotas difundidos na Terceira República francesa. Ali Kamel, no Dicionário Lula, cumpriu uma tarefa semelhante. Com o rigor e com a imparcialidade de um dicionarista, ele sistematizou o pensamento de Lula, destrinchando os lugares-comuns por meio dos quais ele se comunica.

O bronco retratado e ridicularizado por Flaubert no Dicionário das Ideias Feitas orgulha-se de papagaiar platitudes sobre praticamente todos os assuntos, da pobreza à dor de dente, da imprensa à gramática. Lula é igual. Sobre a pobreza: "Somente quem passou fome sabe o que é a fome". Sobre a dor de dente: "Somente quem já teve dor de dente sabe o que é uma dor de dente". Sobre a imprensa: "Só tem notícia negativa". Sobre a gramática: "Daqui a pouco vou falaren passant. Para quem tomou posse falando ‘menas laranja’, está chique demais".

Na última semana, fazendo propaganda do ProUni, Lula repetiu a blague sobre o fato de falar "menas laranja". A blague sobre o fato de falar en passant também já foi repetida outras vezes nestes sete anos. Quantas vezes? Uma? Duas? Nada disso. De acordo com Ali Kamel, em seu prefácio, foram catorze vezes no período pesquisado para compor o Dicionário Lula. O repertório presidencial é minguado. E Lula repisa enfadonhamente os mesmos episódios, os mesmos comentários, as mesmas tiradas, conferindo um gosto azedo a esse fim de mandato – o gosto azedo de um governo que já caducou.

Há um aspecto desolador na obra de Ali Kamel: em 669 páginas de discursos e pronunciamentos, Lula mostra-se incapaz de articular uma única ideia minimamente elaborada sobre o Brasil e os brasileiros. Ao analisar o país, ele sempre recorre às imagens mais ordinárias com as quais somos caracterizados. "Deus fez duas coisas com o Brasil: deu uma natureza de beleza incomparável e um povo maravilhoso, ordeiro e generoso." Ou: "A beleza do Brasil está na nossa mistura, que produziu este povo de múltipla cor, alegre". As banalidades proferidas por Lula refletem os métodos primários e grosseiros empregados por ele para conduzir o governo. Pior ainda: elas refletem a mesquinhez de seu projeto político.

A asnice representada pelas ideias feitas é a "verdadeira imoralidade", disse Flaubert. E acrescentou: "O diabo é só isso". Se Flaubert está certo – e ele está –, o Brasil é o inferno. O verdadeiro inferno.

COISAS DA POLÍTICA

Fim de caso

Villas-Bôas Corrêa

JORNAL DO BRASIL - 29/08/09

COM A LÍNGUA SECA, de olho no calendário que encurta os prazos para o início da campanha eleitoral, com os descontos das festas de fim de ano, Natal, Ano-Novo e as férias escolares, a crise da roubalheira no Senado chega ao fim, com vencidos e, sem vencedores, embrulhados no pacote de erros, despistes e denúncias cruzadas. Parece, mas não é, uma tentativa de suicídio coletivo, para enterrar o Congresso e recomeçar o espetáculo com o mesmo elenco dos salvados do incêndio e a renovação pelo voto que, por enquanto, só faz a careta da repugnância ao pior desempenho do Legislativo em todos os tempos, excluídos os 21 anos da ditadura que foram de farsa explícita.

No festival de mentiras, um espaço para a patuscada de circo mambembe do bate-boca entre a ministra candidata Dilma Rousseff, com o governo mobilizado para estancar a cascata de demissões na Receita Federal e a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, que, depois da estreia com desempenho de profissional no depoimento para os senadores, escorregou na casca de banana do sumiço da sua agenda nas duas horas de voo do Rio a Natal, e dela nunca mais se teve notícia.

Dilma sustenta que não se encontrou com a ex-secretária da agenda perdida e que jamais pediu que fosse “agilizado” o papelório com as investigações sobre empresas da família do presidente do Senado, José Sarney, um aliado que no rolar da lambança rachou a bancada do PT, com arranhões no senador Aloizio Mercadante (SP), que assomou à tribuna para anunciar a renúncia irrevogável à liderança da bancada e, convocado ao gabinete de Lula, repreendido como aluno desobediente, deu marcha a ré, com o penoso discurso em que deu o dito pelo não dito.

O governo, não satisfeito com as gafes em série, voltou à carga para tentar explicar por que o sistema de segurança do Palácio do Planalto apaga o registro da entrada e saída dos carros no prazo de 30 dias. E entrou em outra alhada. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), com um documento do Gabinete Institucional (GSI), passou a borracha nas informações anteriores sobre o registro das placas de carros das autoridades e das respectivas datas. E revelou o segredo até aqui guardado a sete chaves: que a ex-secretária Lina fora liberada – não disse por quem – do cadastro e credenciamento, uma prerrogativa reservada a outras autoridades.

Se Lina Vieira da agenda perdida soubesse da sua cotação no Planalto, teria convidado a ministra Dilma a comparecer ao seu gabinete para ser atendida no seu pedido de transparente ingenuidade. Mas o senador Romero Jucá também não foi feliz no seu desmentido. Pois, se a sua última versão é a palavra oficial, ela expõe que o sistema de segurança, que custou a bagatela de mais de R$ 4 milhões em 2004, é uma inutilidade. As gravações digitais com 8 gigabytes são mantidas por 30 dias. Mas o banco de dados sobre circulação de carros ou pessoas tem capacidade para seis meses e, após o prazo, é transferido para um arquivo permanente. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) deu o arremate definitivo: “É uma mentira puxando a outra e deixando um grande buraco”.

E convém enterrar o blablablá no grande buraco. E aproveitar a oportunidade para desafogar as mágoas com as vitórias pelo apertado escore de 5 votos a 4 da decisão do Supremo Tribunal Federal livrando o deputado Antonio Palocci (PT-SP) da acusação de ter quebrado ilegalmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que atendia aos múltiplos usos da notória República de Ribeirão Preto composta por antigos auxiliares do então todo-poderoso ministro da Fazenda.

Sobrou para o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que confirmou ter ordenado a funcionários da CEF a retirada dos extratos bancários de Francenildo e repassou o mimo para o então ministro da Fazenda. O turumbamba custou a demissão de Antonio Palocci, com cadeira cativa do primeiro escalão do PT.

Ao ex-presidente da CEF não faltarão advogados para provar que ele apenas atendeu ao pedido do chefe e para servir um amigo. Para o caseiro Francenildo, o castigo da sua ingenuidade. Sobrevive de bicos em obras, como ajudante de pedreiro, e agora trabalha para uma firma de limpeza em pedras de jardins. Não se faz de vítima nem renunciou à esperança de encontrar um trabalho permanente para melhorar de vida. E certamente será muito procurado pela oposição no próximo ano.

O samba-canção de 1959 da saudosa e extraordinária compositora e cantora Dolores Duran termina com o conselho perfeito para acabar com a crise da roubalheira do Senado: Eu desconfio/ E Deus permita que eu esteja errada/ Mas eu estou desconfiada/ Que o nosso o caso/ Está na hora de acabar.

PAINEL DA FOLHA

Pré-Cabral

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 29/08/09

Ainda que os insatisfeitos sejam muitos, a preocupação de Lula às vésperas do lançamento do marco regulatório do pré-sal tem nome e sobrenome: Sérgio Cabral (PMDB). Por um misto de fatores econômicos (nenhum outro Estado perderá tanto quanto o Rio) e políticos (sua reeleição está longe de assegurada), o governador se mostra mais radical do que colegas de outros Estados produtores de petróleo na rejeição à mudança no sistema de pagamento de royalties.
Não fosse por Cabral, Lula estava decidido a deixar o Congresso definir a questão dos royalties. Agora, hesita. Tem repetido que ele é um aliado fiel, importante para o projeto presidencial de Dilma Rousseff, e que não gostaria de fazer nada prejudicial à sua reeleição.

No Alvorada - Pelo menos um ministro (Edison Lobão, de Minas e Energia) estará presente no encontro que Lula terá amanhã à noite com Cabral, Paulo Hartung (PMDB-ES) e José Serra (PSDB-SP) para tratar do pré-sal. A expectativa dos governadores é que também Dilma Rousseff (Casa Civil) apareça.

Potência - Franklin Martins (Comunicação Social) comandou anteontem a apresentação, para Lula e ministros, do vídeo-exaltação que será exibido no lançamento do marco regulatório. O mote é que a descoberta ‘abre as portas do Brasil do futuro’.

Marcha à ré - O evento de segunda-feira incluiria apresentação da peça publicitária da Petrobras. Mas, na reunião preparatória, chegou-se à conclusão de que soaria como favorecimento à estatal.

Cerimonial - Cada ministério foi instado a encaminhar para a Presidência uma lista dos vips de suas respectivas áreas. Dessas relações saíram os 3 mil convites, que incluem políticos, empresários, cientistas, representantes de movimentos sociais, celebridades e quem mais chegar.

Até tu? - De ministro do STF sobre o voto de Ellen Gracie rejeitando a abertura de ação penal contra Antonio Palocci no caso do caseiro: ‘Logo nossa dama de ferro, sempre tão dura em questões penais?’.

Ops! - Aloizio Mercadante (PT-SP) afirma ter recebido de Romero Jucá (PMDB-RR), na semana passada, informação sobre as datas nas quais, segundo o GSI, Lina Vieira esteve no Palácio do Planalto. Jucá diz que Mercadante se enganou e que ele só teve acesso a esses dados anteontem, quando fez o pronunciamento no plenário do Senado.

Trindade - Wellington Salgado (PMDB-MG) vai instalar no gabinete um quadro que trará sua imagem junto à de outros dois cabeludos: Jesus Cristo e Tiradentes. Não é pouco modesto, senador? ‘Sou eu com meus ídolos’.

Refrão - Slogan preparado pelo PV para a festa de filiação de Marina Silva, amanhã em SP: ‘Está na hora de o Brasil se sustentar de outro jeito’.

Ir... - O PV deve perder mais um deputado estadual em São Paulo. Depois de Major Olímpio, que negocia com o PDT, será a vez de Vanessa Damo (destino: PMDB ou PSC).

...e vir - O PDT marcou para 7 de Setembro a filiação de Protógenes Queiroz. O evento será em SP, no largo São Francisco. O delegado pretende disputar vaga no Senado.

Apelo - A Ordem dos Advogados do Brasil trava batalha com o TRE de São Paulo, único do país que se recusou a emprestar urnas eletrônicas para a eleição da entidade, em novembro. O TSE, havia autorizado o empréstimo.

Tiroteio

O Estado já está financiando a pré-campanha do governador à Presidência. Imagine, se fosse a Dilma, o escândalo que o PSDB iria fazer.
Do deputado estadual SIMÃO PEDRO (PT), sobre o boletim mensal que o governo de José Serra começou a distribuir de casa.

Contraponto

Corra que a Lina vem aí

Uma repórter que trabalha em Brasília telefonou dias atrás para um senador do PMDB. Como já havia conversado muitas vezes com ele, foi informal na introdução:
- Oi, senador, aqui é a Lina, tudo bem?
- Lina? É a Lina? - gaguejou o senador do outro lado, expressando um misto de estranhamento e susto.
- Sim, senador -, respondeu a jornalista, ainda sem atinar para o motivo de tamanho espanto.
- Como vai a senhora? - devolveu o senador, desta vez sem gaguejar e em tom bastante formal.
A ficha finalmente caiu, e a moça explicou:
- Não é a Lina da Receita, é a Lina do Portal Terra...
- Você quer me matar de susto? - suspirou ele, aliviado.