quarta-feira, março 18, 2009

PARA...HIHIHIHI

TRANSA DE TURCO

Salim e Samira chegam ao consultório de um terapeuta sexual.
O médico pergunta:-
O que posso fazer por vocês?
O Salim responde:-
O senior, bur vavor, bode ver nois transando?
O médico olha espantado, mas concorda.
Quando a transa termina, o médico diz:
-Não há nada de errado na maneira como vocês fazem sexo. E então,
cobra R$ 70,00 pela consulta.
Isto se repete por várias semanas!
O casal marca horário, faz sexo sem nenhum problema, paga o médico e
deixa o consultório.

Finalmente o médico resolve perguntar:

- O que vocês estão tentando descobrir?
E Salim responde:

- Nada.
A broblema é que Zamira é casada e Salim não bode ir no casa dela. Eu
também sou casado e Zamira não bode ir casa de Salim.
Na Play Love Motel, um quarto custa R$ 140,00. Na Fujiama Motel custa R$ 120,00.
Aqui nós transa por R$ 70,00, com acompanhamento médico, tem um
atestado e recibo,
Salim reembolsa R$ 42,00 bêla UNIMED e ainda tem uma restituição da IR
de R$ 19,20.

Tudo calculado, eu só gasta R$ 8,80.

COLABORAÇÃO ENVIADA POR APOLO

DIOGO MAINARDI

PODCAST
Diogo Mainardi

18 de março de 2009
  

Texto integral
Kama Sutra da Satiagraha

AE


Na última semana, analisei trechos do material encontrado no computador de Protógenes Queiroz e encaminhado à CPI dos Grampos. Um documento, em particular, tem de ser mais debatido: o relatório no qual os agentes engajados pela PF comentam, com linguagem rasteira, os boatos sobre os relacionamentos amorosos de Dilma Rousseff. Numa homenagem a Protógenes Queiroz, que sempre manifestou um interesse especial pela cultura indiana, chamei esse relatório de Kama Sutra da Satiagraha.

O Kama Sutra da Satiagraha tem como protagonistas Dilma Rousseff e outros dois nomes: o primeiro, como mencionei em minha coluna, é Valter Cardeal, diretor da Eletrobras. Em 2007, depois de ter sido nomeado presidente da empresa, ele foi grampeado pela PF e denunciado por envolvimento com o esquema de propinas da empreiteira Gautama. O segundo nome eu prefiro manter em respeitoso sigilo porque ele, Silas Rondeau - Epa! -, nunca precisou da ministra para fazer carreira, já que é visceralmente ligado ao grupo de José Sarney. O que importa, em seu caso, é o seguinte: na Operação Navalha, ele também foi acusado pela PF de envolvimento com o esquema de propinas da Gautama.

Na primeira reportagem de VEJA sobre o conteúdo do computador de Protógenes Queiroz foi reproduzida uma passagem escandalosa que, estupidamente, acabou sendo ignorada na cobertura da imprensa. Ela diz: "Para cada tonelada de álcool, é pago US$ 1,5 para o Silas. O Zeca é dono da Dilma. Na estatal, ganham Sarney, Romero Jucá, Renan e Barbalho". Interpretando: Silas só pode ser Silas Rondeau. Quem é que lhe paga um dólar e meio? Alguém já perguntou a Protógenes Queiroz? O que significa aquela frase sobre Zeca, ou Zeca Diabo, ou José Dirceu, ser dono da Dilma? Que estatal é essa que gratifica José Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiros e Jader Barbalho? Na CPI dos Grampos, Protógenes Queiroz tem de ser esmagado contra a parede até responder essas perguntas.

Quando VEJA publicou sua reportagem, Protógenes Queiroz alegou que, em seu computador, havia apenas fragmentos da Satiagraha. Mentira. Os trechos envolvendo Dilma Rousseff, Valter Cardeal, Silas Rondeau e todos os outros referem-se claramente ao setor de energia. A suspeita é que a PF tenha um aparato de espionagem que passa dados sigilosos de um inquérito para o outro, sem o menor controle da autoridade judiciária. Dessa maneira, o conteúdo de um grampo realizado para a Operação Navalha pode ser repassado clandestinamente para a Operação Boi Barrica ou para a Operação Satiagraha. Os delegados que fazem parte desse aparato tornam-se proprietários de notícias valiosas, que podem ser usadas contra quem lhes interessa. Por isso as operações da PF fazem tanto barulho, mas raramente resultam em condenações. O que interessa, no caso, é a posse da informação, e não a informação em si. O perigo é um só: que a informação se transforme em matéria-prima para achaques.

À primeira vista, o Kama Sutra da Satiagraha é somente uma bizarrice repugnante. Mas ele pode ajudar a esclarecer como alguns agentes da PF garantiram a impunidade a um bocado de gente associada ao governo. Basta descobrir o que Protógenes Queiroz pretendia obter com aquele "dólar e meio pago para o Silas".

ARI CUNHA

Sonegação grandiosa


Correio Braziliense - 18/03/2009
 


Sempre estamos falando que o Brasil arrecada muito dinheiro sem que a aplicação siga a regra normal. Está nos chegando relatório do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Dados indicam que ano passado a sonegação somou R$ 200,29 bilhões, examinadas 9.925 empresas autuadas entre 2005 e 2008. O peso da carga tributária incentiva a sonegação. Atinge 36,5% do PIB do país. O setor com mais indícios de sonegação é o industrial. São sonegados a contribuição previdenciária, ICMS e IR. De quase 10 mil empresas verificadas, o estudo revela que há fortes indícios de sonegação em 26,84%. A estimativa é que a indústria tenha sonegado R$ 78,77 bilhões; o comércio, R$ 74,15 bilhões; o setor financeiro, R$ 8,43 bilhões; o de construção civil, R$ 3,96 bilhões e outros serviços representem sonegação da ordem de R$ 24,71 bilhões. Os principais instrumentos utilizados pelas empresas para sonegar tributos foram venda sem nota, venda com “meia nota”, duplicidade de numeração de notas fiscais e doações sem documento. Mostram os números que, se governo cobrasse menos impostos, certamente poderia obter maior arrecadação e deixar o cidadão satisfeito.


A frase que não foi pronunciada

“A pior traição é a tecnológica.”
Assessor preocupado com o relatório, após perceber que o seu micro travara.


Marola 
Governo brasileiro está no centro do furacão econômico mundial, e tem posição confortável. Não depende de empréstimos do exterior. Incrementa a Bolsa Família, as políticas habitacionais e as obras do PAC. Quem controla o sismógrafo é a professora Maria da Conceição Tavares. Difícil é conter a dívida interna. 

Parceria 
Aproveitando os moldes do Senado, a Câmara dos Deputados entende o alcance. O presidente Michel Temer está em entendimentos com Alberto Pinto Coelho, presidente do colegiado dos legislativos estaduais. Trata-se de uma parceria entre a TV Câmara e as TVs dos legislativos estaduais. 

Enchente 
Quem protesta é Clesio Salvaro, prefeito da cidade de Criciúma. Apesar dos mais de R$ 2 milhões de prejuízo com a enchente de janeiro, nenhum centavo foi liberado pelo governo federal ou estadual para o cofre do município catarinense. 

Clima 
Há tempos, o deputado André de Paula fala no Plano Nacional sobre Mudanças do Clima. Até agora, nada de discussão com objetividade sobre o assunto. Quando alguém se habilitar a conduzir o plano, já terá chegado o mês de janeiro novamente. 

Obama ausente 
Barack Obama não comparecerá à reunião de Cúpula das Américas. A explicação do presidente americano é que não deseja estar presente como o Papai Noel, mesmo porque seu estoque de brinquedos não dá para todos que desejam. 

Liberdade financeira 
Câmara Municipal de São Paulo gastou R$ 3,2 milhões em ano e meio. A despesa inclui combustível e o assunto será discutido no plenário. O próximo passo é divulgar o nome das empresas favorecidas. 

Senado 
Passar a régua deve ser providência do Senado. O falatório no país desacredita a Câmara Alta. Os vícios datam de longo tempo. Começaram pelos senadores. Os funcionários seguiram a mesma trilha. Ninguém pode falar mais. O melhor é refazer tudo, conceder direitos e deveres sem tendência partidária ou nepotista. Vai ser difícil, mas falta o primeiro passo para a caminhada. Se conseguir, outros Poderes serão atingidos.

História de Brasília

O delegado Biacchi, de Brasília, determinou que, na zona de meretrício, ninguém poderia morar com filho menor. Atendendo à ordem, uma prostituta, mãe de uma criança de seis meses, levou-a para a porta da delegacia, onde a deixou aos cuidados do delegado. (Publicado em 25/1/1961)

PAINEL

Cai Marzagão


Folha de S. Paulo - 18/03/2009
 

Ronaldo Marzagão pediu demissão ontem à noite do cargo de secretário da Segurança de São Paulo, que ocupava desde o início da gestão de José Serra (PSDB). O governador aceitou o pedido, ressalvando que considera Marzagão "um exemplo de integridade, lealdade e dedicação".
Marzagão alegou "motivos estritamente pessoais". Contribuiu para sua saída, entretanto, o desgaste provocado pelas acusações de corrupção contra seu ex-secretário-adjunto Lauro Malheiros Neto. O Palácio dos Bandeirantes descarta possibilidade de envolvimento de Marzagão, mas reconhece o potencial de dano do episódio. Até o fechamento desta edição, o substituto não havia sido escolhido.

Que fase!
Diante da profusão de denúncias contra o Senado, José Sarney (PMDB-AP) desabafou ontem com o visitante Gilberto Kassab (DEM-SP): "Não sei por que agora resolveram tirar todos os esqueletos do armário...". 

Sucupira 1
De Wellington Salgado (PMDB-MG), soldado fiel de Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre o noticiário incômodo: "Todo mundo fala da gente. Mas, enquanto nós não criarmos aqui alguma lei que, se falar mentira, tem que indenizar... Tem que pagar o que vale o nome de um senador da República!". 

Sucupira 2
Mão Santa (PMDB-PI) consolou o colega cabeludo: "Há muita inveja. Mas representamos o que há de melhor neste país, virtuosos, os pais desta pátria!". 

Me dá....
O
s repasses do Tesouro ao Fundo de Participação dos Municípios, que já haviam caído 3% em janeiro, despencaram 18%, em média, na virada de fevereiro para março. Em cidades pequenas, a retração atingiu 40% nos primeiros dez dias do mês, comparados ao mesmo período de fevereiro. 

Um dinheiro aí...
A Confederação Nacional dos Municípios enviou ofício ao MEC cobrando ajuste nas transferências do Fundeb (fundo da educação básica), que foram feitas com base em coeficientes de 2008, ou seja, desconsiderando a previsão de aumento de 31% nos repasses para este ano.

Sinal verde
Antes de anunciar sua polêmica interpretação de que é possível votar matérias mesmo quando a pauta estiver trancada por medidas provisórias, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), consultou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e os ministros José Múcio, Nelson Jobim e José Antonio Toffoli. "O Supremo compra essa tese", referendou Jobim. 

Supertrunfo
Os líderes governistas apoiaram a ideia de Temer, mas há na base de Lula quem ache que ela abre uma brecha para que o presidente da Câmara possa, na prática, decidir quais MPs serão votadas. "Ele vai virar o homem mais poderoso da República", diz um petista. 

Companheiro
Em sua primeira visita a um chefe de governo como presidente eleito de El Salvador, Maurício Funes estará com Lula nesta sexta-feira. Assessorado na campanha pelo marqueteiro de Lula, João Santana, Funes virá ao país acompanhado da mulher, a brasileira Vanda Pignato. 

Visitas à Folha
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Benjamin Steinbruch, vice-presidente da Fiesp, e Ricardo Viveiros, assessor de imprensa. 

Julio Muñoz, diretor-executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa, visitou ontem a Folha. Estava com Jorge Canahuati Larach, do comitê executivo da SIP e presidente do jornal "La Prensa", de Honduras, e Sidnei Basile, vice-presidente de Relações Institucionais da Abril.

Tiroteio

"Pela geografia da cartilha tucana, muito em breve Buenos Aires será a capital do Brasil."

Do deputado RUI FALCÃO , líder do PT na Assembleia paulista, sobre livro distribuído pelo governo Serra a alunos da rede estadual; nele há um mapa da América do Sul em que falta o Equador, e as localizações do Uruguai e do Paraguai estão invertidas.

Contraponto

Força do hábito

José Carlos Espinoza, ex-segurança de Lula que na campanha eleitoral de 2006 se envolveu no caso do dossiê montado contra tucanos, distribuía sorrisos, anteontem à noite, na porta da casa noturna paulistana onde foi comemorado o aniversário de 63 anos do ex-ministro José Dirceu. De repente, teve início um empurra-empurra entre convidados que chegavam para a festa. Do meio da confusão, alguém resolveu pedir ajuda:
-Espinoza! Organiza isso aí!
Assustado, ele rebateu:
-Não tenho mais nada a ver com isso, não...

ANCELMO GOIS

Xô, mosquito!


O Globo - 18/03/2009
 

Ainda é cedo para comemorar. Mas, até segunda, no Estado do Rio, havia 4.628 casos suspeitos de dengue notificados. 

No mesmo período de 2008, foram 57.074, ou seja, houve uma diminuição de... 91%! 

Clô e Dilma 

Clodovil, que morreu ontem depois de um AVC, entrevistou Dilma Rousseff em seu primeiro programa "Por excelência", em abril de 2007, pela TV JB. 

A ministra negou o interesse de disputar a Presidência. Clô, surpreso, disse: "Como assim? Seu perfil tem tudo a ver." A ministra pediu que não insistisse. 

Vida amorosa 

Em entrevista segunda à Rede Vida, o delegado Protógenes Queiroz negou uma acusação da revista "Veja" (a de que teria bisbilhotado a vida amorosa de Dilma Rousseff) com um argumento que, digamos, faz sentido: 

- Pelo que sei, a ministra não tem vida amorosa. 

Ah, bom! 

No mais 

Sarney, Collor, Itamar, FH e Lula têm algo em comum. Nenhum, no governo, moveu uma palha por uma reforma que evitasse a acelerada decomposição de grande parte da classe política.

Batalha da Amazônia 

Além de Cuiabá e Campo Grande, duas outras cidades disputam ferozmente uma vaga de subsede da Copa de 2014. 

Manaus e Belém brigam pelo direito de representar a Amazônia. A governadora do Pará, Ana Júlia, tem procurado políticos próximos da CBF.

Garota de Ipanema 

Solange Vieira, presidente da Anac, foi pega de surpresa ontem ao subir no púlpito do Centro de Eventos da Fecomércio, no Rio, num fórum sobre turismo e aviação. 

É que, a cada palestrante, uma música era tocada. A dela foi... "Garota de Ipanema". 

Música que segue... 

Depois de subir as escadas ao som de "Olha que coisa mais linda...", Solange se aproximou do microfone e soltou, para a descontração geral: 

- Ah, isso é sacanagem...

Dá um dinheiro aí 

Eduardo Paes, além do evento do COI em Denver, EUA, para vender a candidatura do Rio aos Jogos de 2016, vai aproveitar a viagem para dar uma passada em Washington. 

Vai ao BID e ao Banco Mundial. No primeiro, deve fechar detalhes do projeto Favela Bairro 3. No segundo, tentará um empréstimo para quitar 20% da dívida do Rio com a União.

JOSÉ NÊUMANNE

A corrupção, afinal, ampla e geral


O Estado de S. Paulo - 18/03/2009
 
As denúncias do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), primeiro em entrevista à Veja e depois em discurso na tribuna do Senado, não trouxeram novidades de monta: qualquer brasileiro medianamente informado sabe (e sempre soube) que a corrupção campeia na gestão pública brasileira. E que o partido do parlamentar está longe de ficar acima de qualquer suspeita nesse particular. No entanto, elas representam um divisor de águas na política brasileira, não pelo impacto que produziram, mas pela demonstração, na prática, de que a banalização do furto qualificado dos agentes públicos não desperta mais a ira de ninguém, nem sequer a falsa indignação dos acusados. Antes de Jarbas Vasconcelos (AJV), o gestor público acusado fazia um escarcéu, ameaçava processar o denunciante na Justiça e contava com a ineficiência e a lerdeza desta para deixar o escândalo esfriar até fenecer. Agora a acusação já nasce morta, na base de "isso não é comigo", "e daí, e daí?" ou, então, "sou, mas quem não é?"

Já vão muito longe os tempos do moralismo udenista. Consta do anedotário político o aparte do getulista conhecido pela liberalidade com que lidava com os recursos públicos em proveito próprio a um discurso do colega deputado Carlos Lacerda na Câmara: "Vossa Excelência é um ladrão da honra alheia", disse. E o tribuno rebateu na hora: "Então, fique tranquilo, pois nada tenho a roubar de Vossa Excelência." Hoje a honra não vale nem sequer como falso argumento de palanque. Pois o eleitor reelegeu com ampla margem um governo que institucionalizou a compra do apoio parlamentar no Congresso por um esquema descrito em detalhes pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no livro Nervos de Aço. Este caiu no esquecimento, assim como o escândalo do "mensalão", nele descrito, sob o falso argumento de que o autor não era também uma flor que se cheirasse. Se isso fosse verdade, a delação premiada não faria tanto sucesso lá fora e aqui mesmo, onde acaba de levar para a cadeia uma tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo. Até por escrever com conhecimento de causa, Roberto Jefferson deveria ter sido lido e levado em consideração.

Pior é que se foi também o tempo em que o falso moralismo da esquerda interessada no que restava de decoro no inconsciente coletivo do eleitorado nacional pelo menos forçava os governantes a tomarem um mínimo de cuidado na manipulação do orçamento. Caiu no buraco negro da insensibilidade moral generalizada a lição dada pelo juiz da 17.ª Vara Federal de Brasília, Moacir Ramos, na sentença em que inocentou a cúpula do setor de telecomunicações do governo tucano anterior da "corrupção grossa" na privatização das telefônicas de que foi acusada há 11 anos por líderes do PT e da CUT. O magistrado inocentou o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, o ex-presidente do BNDES André Lara Rezende, o ex-diretor do mesmo banco José Pio Borges e o ex-presidente da Anatel Renato Guerreiro - afastados do governo pelo chefe de então, Fernando Henrique Cardoso. O juiz também perguntou, referindo-se aos acusadores Aloizio Mercadante, Vicente Paulo da Silva, Ricardo Berzoini e João Vaccari Neto, do PT e da CUT: "Se havia preocupação com a apuração dos fatos, por que esses nobres políticos não interferiram junto ao governo atual para que fosse feita a investigação das sérias denúncias que apontaram na representação que fizeram ao Ministério Público?" Não consta que algum deles tenha respondido.

Talvez seja exagerado sentir saudades daquele tempo em que um presidente da República demitia auxiliares de confiança, não por havê-la perdido, mas apenas para ser fiel ao velho preceito da Roma antiga segundo o qual o gestor do patrimônio coletivo deve ser tratado com o mesmo rigor que César dispensou à própria mulher: "Não basta ser honesto, é preciso parecer honesto." Mas é útil e lícito lamentar que o falso moralista de ontem se tenha transformado, como parte do PT se transformou, em usuário comodista da lerdeza do Judiciário, a pretexto de recorrer, de forma desavergonhada, ao conceito também romano do benefício da dúvida para o acusado por algum delito.

Exemplar nesse sentido é o apoio que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem insinuado ao deputado Antonio Palocci (PT-SP) na campanha de 2010 para o governo do maior Estado da Federação. Premido a demiti-lo do Ministério da Fazenda por este ter sido acusado de alguns crimes, entre os quais a quebra do sigilo bancário de um caseiro que o havia visto frequentando uma luxuosa casa suspeita, o chefe do governo conta com a magnanimidade do Supremo Tribunal Federal para lançá-lo ao segundo posto de maior poder na República. Foi isso, pelo menos, que ficou claro na declaração a respeito dada por outra pretendente ao posto, a ex-prefeita da capital Marta Suplicy. Com o mesmo pragmatismo com que se livrou de seu czar econômico, pondo no lugar dele um companheiro muito menos capaz, Lula agora vê nele o nome ideal para governar o Estado de São Paulo.

De volta a nosso divisor de águas, Jarbas Vasconcelos, a explicação para tudo isso aí pode estar na conclusão com a qual ele resumiu sua recente contribuição à constatação da amoralidade generalizada vivida no Brasil. "A impunidade estimula a corrupção", disse o senador, para quem a falta de punição gera mais e novas irregularidades. "Se o governador, o senador e o deputado são corruptos e nada acontece, as pessoas logo pensam que também podem fazer corrupção." E quem não gosta de uma corrupçãozinha? Parece que chegamos à realização da profecia de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta: "Ou nos locupletemos todos ou restaure-se a moralidade." 

Como não há restauração de moralidade à vista, nem prevista, tudo indica que chegamos, afinal, à democratização da corrupção que agora agora virou ampla e geral, embora ainda restrita.

ILIMAR FRANCO

Um novo rito

Panorama Político 

O Globo - 18/03/2009
 

A mudança na votação das medidas provisórias anunciadas ontem pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), tem o apoio do governo Lula. Ela foi avalizada numa reunião, anteontem à noite, pelos ministros Nelson Jobim, Tarso Genro e José Múcio. A nova regra dificulta a ação da oposição, pois limita a obstrução, mas devolve ao Legislativo uma parte do controle de sua pauta e de sua agenda. Novas alterações serão propostas. 

Serão impostos limites temáticos 

Na reunião, estimulada pelo presidente Lula, também se chegou à conclusão de que, se o assunto fosse parar no STF, seriam grandes as possibilidades de que a interpretação de Temer saísse vencedora. Além dos ministros, participaram da conversa o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o advogado-geral da União, José Antônio Toffoli. Ficou acertado que em seguida será apresentada proposta, defendida por Sarney (PMDB-AP), limitando a edição de MPs a casos de calamidade e a matérias de finanças e economia. Ao Executivo seria devolvida a prerrogativa de promover mudanças administrativas por decreto. 

Não podemos ficar vendo o governo fazer campanha e ficar parados. Seria política de suicídio" - Roberto Freire, presidente do PPS 

QUASE UNANIMIDADE. Os tucanos não apenas desistiram de filiar Paulo Souto (DEM) no PSDB como também não querem que ele dispute o governo da Bahia. Os serristas querem que o candidato da oposição na Bahia seja o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). O peemedebista virou uma espécie de coqueluche entre os políticos. O governador Jaques Wagner (PT) quer que ele seja seu candidato ao Senado, e o presidente Lula já andou citando seu nome para ser vice da ministra Dilma Rousseff. 

PAC 

Nos últimos seis meses aumentaram em 10% as ações judiciais contra obras do PAC. Elas foram de 931 para 1.026, de acordo com a AGU. A maioria delas se refere a desapropriações, e a obra campeão é a da BR-101, na região Sul.

Armistício 

Durante jantar anteontem, em Recife, os governadores José Serra e Aécio Neves acertaram que vão segurar seus aliados com rédeas curtas. Os tucanos querem evitar o acirramento do confronto e viabilizar a unidade para 2010. 

Fundo de Cultura terá mais recursos 

O governo colocará em consulta pública, na segunda-feira, sua proposta para alterar a Lei Rouanet. Os ministros Juca Ferreira (Cultura) e Paulo Bernardo (Planejamento) ainda não fecharam o valor, mas haverá aumento de recursos do Fundo Nacional de Cultura, que atualmente são de R$280 milhões anuais. Serão criados três fundos setoriais, além do de Audiovisual: 1. Memória e Patrimônio; 2. Cidadania e Diversidade Cultural; e, 3. Artes (teatro, dança, circo, música e artes visuais). 

O drama da terceira idade 

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos coordena a implantação de um Disque Denúncia para coibir maus-tratos contra pessoas idosas. Esse tipo de violência tem aumentado. Segundo o Ministério da Saúde, entre agosto de 2006 e julho de 2007, 65% das denúncias recebidas foram feitas por idosos. A violência psicológica foi a ocorrência mais relatada (55%), seguida da violência física (27%) e do abandono (22%). Destas, 86% foram configuradas como violência doméstica. 

O PRESIDENTE da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), nomeou Tasso Jereissati (PSDB-CE) para relatar o projeto que trata da adesão da Venezuela ao Mercosul. Há enorme pressão empresarial pela aprovação. 

PAPARAZZI: Uma senhora que se identificou como esposa de um outro paciente estava oferendo uma foto do deputado Clodovil na UTI por R$2,5 mil. 

O TOQUE do celular do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é "Sorria, sorria", de Evaldo Braga. 

DORA KRAMER

Um brinde ao constrangimento


O Estado de São Paulo - 18/03/09

O senador Heráclito Fortes, primeiro-secretário do Senado, deu o mote. Excelente, aliás. Segundo ele, se for divulgada a forma como a cota mensal de passagens aéreas dos senadores é usada, será um constrangimento geral, “não escapa nem jornalista”.

Não é o caso de cobrar do senador os nomes dos jornalistas que viajam a expensas do Senado a fim de conferir credibilidade às palavras de parlamentar experiente, sagaz e bem informado. A insinuação basta para justificar a abertura do escaninho obscuro de modo a esclarecer a que se refere o senador Heráclito quando fala em “constrangimento geral”.

A julgar pela quantidade de irregularidades que têm vindo à tona em ritmo quase diário, até que um choque de “constrangimento geral” faria um bem danado não só ao Congresso, mas à República como um todo.

Se por uma questão de corporativismo não apetece a suas excelências provocar embaraços em seus pares, que se inicie o espetáculo pela apresentação dos jornalistas aludidos na irônica manifestação do senador a quem, como primeiro-secretário da Casa, cabe a guarda da chave desse cofre.

Não é necessário chegar ao ponto proposto por ele no auge de sua irritação com a exposição das malfeitorias. “Fechar o Congresso” seria medida extrema não fosse apenas uma força de expressão. Variação radical da queixa do presidente do Senado, José Sarney, sobre a transformação da Casa no “boi de piranha” da temporada.

É a repetição da batida tese segundo a qual a melhor estratégia de defesa é o ataque. Ineficaz no caso, pois o Parlamento deixou-se desmoralizar a ponto de perder credibilidade até para recorrer ao velho truque da ameaça velada a fim de estimular o recuo do oponente.

Se deputados e senadores começarem a se defender dizendo que críticas excessivas ao Congresso representam um risco à democracia e só interessam aos saudosos do regime autoritário, flertarão com o ridículo.

Nada melhor para governos autocráticos e governantes com veleidades a unanimidade que um Legislativo moralmente fragilizado, tal como se mostra o Parlamento brasileiro: incapaz de reagir, a não ser com novas demonstrações de que está mesmo gravemente enfermo.

Vítima da doença senil do anacronismo. Os sinais são evidentes e fornecidos a mancheias, todos os dias, pelos próprios congressistas. Ou algo mais obsoleto que a defesa feita semana passada pelo presidente do Senado do uso de seguranças da Casa para vigiar suas propriedades no Maranhão?

Talvez só a defesa da filha do senador, a senadora Roseana Sarney, do uso da residência oficial do Senado para hospedar amigos maranhenses transportados, segundo consta, de São Luís a Brasília com passagens aéreas da cota parlamentar.

“Só uns dois dormiram lá, os parentes! É a residência do meu pai”, argumentou Roseana, patrimonialista que só. A casa não é do pai. Está cedida a ele em função do cargo ocupado para uso público, no qual não se inclui a hospedagem de parentes e amigos

Trata-se de um imóvel funcional, como aquele indevidamente cedido ao ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi, que por dez anos nele instalou os filhos. É dependência pertencente ao patrimônio da administração federal, de uso limitado, se não por determinação legal expressa, certamente por ação de bom senso e espírito público presumidos.

Para distribuir gentilezas, a família Sarney dispõe de duas ótimas residências no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Isso, sem contar a rede hoteleira da capital, cujos preços estão ao alcance das posses do clã. Essa confusão entre público e privado está na raiz da impossibilidade da entrada da política brasileira na era da modernidade. Com esse nó atado, não haverá reforma política que se preze, porque continuará prevalecendo a cultura do privilégio como direito adquirido dos eleitos.

Pode não ter sido essa a intenção do senador Heráclito Fortes, que, no entanto, acabou dando uma excelente ideia de campanha com palavra de ordem já escrita na bandeira.

Ao constrangimento, pois!

Almanaque

Nunca antes neste país, uma campanha presidencial começou com tanta antecedência. Nas outras quatro, a 19 meses a eleição, não se pensava no assunto. Em março de 1988, o Brasil estava em plena Constituinte; em março de 1993, Itamar Franco praticamente começava a governar depois do impeachment de Fernando Collor; em março de 2001, nem havia ocorrido ainda o apagão do governo FHC; em março de 2005, Roberto Jefferson acabava de denunciar o mensalão.

Posto avançado

O PSDB não tem planos de filiação para o senador Jarbas Vasconcelos. Do ponto de vista tucano, Jarbas funciona melhor como dissidente no PMDB. E não divide espaço em Pernambuco com o presidente do partido, Sérgio Guerra.

QUARTA NOS JORNAIS

Globo: Gasolina no Brasil é até 33% mais cara

 

Folha: Chuva alaga SP, para trens e causa recorde de trânsito

 

Estadão: Congresso vai limitar poder das MPs

 

JB: Beltrame expõe crise na polícia

 

Correio: Faxina no Senado degola 131 figurões

 

Valor: Novo pacote busca reduzir spreads e assegurar crédito

 

Gazeta Mercantil: Crise de credibilidade ronda setor imobiliário

 

Estado de Minas: TRT tira parentes da faxina e põe no alto escalão

 

Jornal do Commercio: Acidente destrói mais uma família