quarta-feira, dezembro 09, 2009

PAINEL DA FOLHA

Fogo cruzado

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/12/09


Chama a atenção de petistas envolvidos na preparação da campanha de Dilma Rousseff a reação nervosa da cúpula do PMDB ao vídeo em que Alcyr Collaço lista cardeais do partido, Michel Temer à frente, como supostos beneficiários do propinoduto no DF.
Conhecido pelo temperamento sereno, o presidente da Câmara subiu o tom ao rebater a acusação, falando até em "abandonar a vida pública". Ontem, à revelia dos conselhos de Temer, que temia amplificar o assunto, o líder da bancada, Henrique Eduardo Alves, subiu à tribuna para se explicar. "Há um silêncio preocupado", resume um expoente do PT. O debate sobre a vaga de vice de Dilma, antes destinada a Temer quase que por consenso, voltou a esquentar.


Sumiu. Apontado por Collaço como ponte do PMDB com o mensalão candango, o deputado Tadeu Filippelli, presidente da sigla no DF, ficou na moita enquanto Temer, Henrique Alves e Eduardo Cunha detonavam o homem do dinheiro na cueca.

Tenho dito. De Arruda, há três meses: "Posso dizer que o acordo que fiz com o PMDB foi transparente e aberto, e que esse acordo foi feito com a direção nacional e local do partido e está sendo muito bom para Brasília".

Estilos. Quem conheceu por dentro os governos Joaquim Roriz (ex-PMDB, atual PSC) e Arruda aponta uma diferença na administração do propinoduto: na versão "demo", o esquema passou a contar com um número maior de operadores, atuando com mais autonomia -desde que respeitada a partilha combinada.

Relax. Quando governador, Roriz tinha o costume de ir à sauna todos os dias ao final do expediente. Arruda era sua companhia mais frequente.

Carona. O PT enviou representação ao Ministério Público do Distrito Federal acusando o governo de ter bancado os ônibus que levaram manifestantes pró-Arruda à Câmara Legislativa. Os petistas também reclamam que o grupo era formado por servidores que ocupam cargos de natureza especial, ou seja, foram indicados por políticos.

Gold. Peritos da Polícia Federal responsáveis pelos documentos apreendidos no Arrudagate têm se dedicado a analisar gastos dos cartões corporativos portados por servidores do GDF. Há faturas para lá de polpudas de despesas feitas por auxiliares do governador, especialmente em viagens ao exterior.

Central 1. Às voltas com a profusão de nomes de parlamentares listados em planilhas da Operação Castelo de Areia, que investiga suposto pagamento de propina pela Camargo Corrêa, os diretórios nacionais de PSDB e DEM foram beneficiados com gordas doações da empreiteira na eleição do ano passado.

Cofre 2. Os tucanos receberam R$ 3,4 mi da construtora, e os "demos", R$ 2,6 mi. Esse dinheiro posteriormente irrigou as campanhas de candidatos dos dois partidos.

Fake total. Em Pernambuco, camelôs aproveitam a fama do conterrâneo presidente para vender a R$ 2 um suposto DVD pirata de "Lula, o Filho do Brasil". Ocorre que o disco dentro da caixinha nada tem do filme. Traz apenas trechos de desenhos animados e cenas sem continuidade.

Memória. Ao ser reeleito em Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), agora candidato ao governo gaúcho, prometeu que cumpriria o mandato até o final. Foi exatamente o que fez seu futuro adversário Tarso Genro (PT) em 2002.

Visita à Folha. Antonio Ferreira Pinto, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Teresa Cristina Miranda, coordenadora de Comunicação.
com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

Nem se gastar R$ 100 milhões em publicidade Kassab conseguirá apagar da memória do paulistano o aumento do IPTU e das tarifas de ônibus, o caos da chuva e o escândalo do DEM.
Do deputado CARLOS ZARATTINI (PT-SP), sobre o fato de a prefeitura pretender destinar parte do dinheiro obtido com o aumento do IPTU no ano que vem para turbinar os gastos com propaganda.

Contraponto

Não é paneton
e!

André Vargas (PT-PR) chegava ao trabalho, ontem, quando o celular tocou. Do outro lado da linha, um jornalista iniciou a conversa perguntando, logo depois dos cumprimentos, onde estava o deputado.
-Acabei de pisar na Câmara e estou indo direto ver um negócio de uma comissão- informou o petista.
Tão logo pronunciou a resposta, Vargas se deu conta de que, em meio ao farto noticiário sobre o propinoduto de Brasília, sua palavras podiam dar margem a confusão. E achou por bem explicar tudo nos mínimos detalhes:
-Você entendeu a que comissão eu me referi, não? Vou resolver um problema numa comissão da Câmara, viu?

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