quinta-feira, dezembro 03, 2009

PAINEL DA FOLHA

Primeiro-ministro

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/12/09


A transcrição das escutas do mensalão do Distrito Federal demole o discurso de José Roberto Arruda (DEM) segundo o qual o denunciante Durval Barbosa, "herança maldita" de Joaquim Roriz, ocuparia posto "meramente burocrático" em seu governo.
A portas fechadas, ele discute com o secretário não apenas pagamento de propina a deputados como distribuição de cargos ("Quem a gente tem que colocar na Saúde?"), avaliação do governo ("E as pesquisas? Estamos bem, né?"), tratativas com o Judiciário ("Você me orienta, me diz: Arruda, preciso que você faça isso") e até mesmo a organização da festa de aniversário de sua filha pela ex-mulher de Durval.


Prudente. Ao discutir com Durval Barbosa a campanha de 2010, Arruda fala da decisão de contratar o marqueteiro Duda Mendonça. "Esse cara é genial!". Diz ainda que pretende "fazer as coisas com cuidado", pois "o grande problema da reeleição é o que aconteceu como com o governador..." Hesita um instante e conclui: "É cassado depois".

Isolando... Numa operação de redução danos, os "demos" mais otimistas esperam que a chapa de Arruda esquente a ponto de o governador tomar a iniciativa de pedir seu desligamento do partido antes da reunião na próxima semana. Quanto ao vice, Paulo Octávio, só será importunado se aparecer em alguma gravação.

...o quarteirão. Arruda se queixou diretamente à cúpula do DEM pelo fato de o partido nem sequer ter discutido a situação de Paulo Octávio na reunião de anteontem.

Profissionais. Voou panetone na residência oficial do governo do DF. Arruda e "PO" por muito pouco não chegaram às vias de fato na noite de terça-feira. O vice teria acusado o governador de montar "um esquema amador".

Seletivo. Principal algoz de Arruda entre os "demos" instalados em Brasília, Demóstenes Torres (GO) não dispensa a Paulo Octávio o mesmo furor punitivo. A diferença chama a atenção no Senado.

Lotação. Manifestantes que ontem tomaram o plenário da Câmara Distrital agora planejam ocupar hotéis de "PO".

Comenda. Circulam em Brasília convites para homenagem, hoje, ao deputado Leonardo Prudente (DEM), o do dinheiro na cueca. Trata-se de diploma de Mérito de Expressão Nacional.

Frito. Em jantar na segunda-feira em Brasília, os ministros do STF Ricardo Lewandovsky e José Antonio Toffoli opinaram que a situação jurídica de Arruda é para lá de crítica.

Da hora. Líder da bancada do PT na Câmara paulistana, o vereador João Antonio levou um vaso para distribuir folhas de arruda durante a votação do novo IPTU de Gilberto Kassab (DEM).

Time. Além do jornalista Ricardo Amaral, a Casa Civil tem agora um fotógrafo para acompanhar a ministra e pré-candidata Dilma Rousseff.

Vertical 1. Estimulado pelo PMDB pró-Dilma, o deputado Francisco Rossi tenta contestar a permanência de Orestes Quércia, pró-José Serra (PSDB), no comando do Diretório de São Paulo.

Vertical 2. A eleição do PMDB paulista será no dia 13, mas a ideia poderá minguar após o nome de Michel Temer ter sido citado numa lista de políticos que supostamente receberam dinheiro da empreiteira Camargo Corrêa.

Documento. Presidido pelo ministro do Supremo Cezar Peluso, o comitê permanente da ONU sobre presos decidiu que o próximo encontro, em abril, servirá para definir os termos da primeira convenção internacional com regras mínimas a serem observadas em todos os presídios.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Lula se curva a Baltasar Gracián, prosador espanhol do século 17 segundo quem "a verdade é geralmente vista, mas raramente ouvida"."
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), ironizando o fato de o presidente ter dito, num dia, que as imagens de distribuição de propina no DF "não falam por si" e, no seguinte, que são "deploráveis".

Contraponto

Código penal


Numa escuta da Operação Caixa de Pandora, José Geraldo Maciel, então chefe da Casa Civil do DF, se queixa com Durval Barbosa do presidente da Câmara Distrital, Leonardo Prudente, também colhido no escândalo. Barbosa, "gravador-geral" do governo, concorda e acrescenta:
-Lembra da conversa no cafezinho, eu, você e o Arruda? Avisei que teria de administrá-lo, porque ele enfia a faca na garganta- diz, referindo-se a Prudente.
-Ele é muito complicado...- assente Maciel.
Ao que Durval (dezenas de processos nas costas e currículo de arromba nos governos Roriz e Arruda) conclui:
-Isso para mim é extorsão! É crime! Como nós vamos conviver com pessoas que cometem crime?

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