domingo, dezembro 06, 2009

FERNANDO CALAZANS

Fim das incertezas

O GLOBO - 06/12/09


O único motivo da certeza de que teremos hoje o campeão brasileiro de 2009 é que chegamos à última rodada do campeonato. Não fosse isso, aposto como continuaríamos com tudo indefinido, como esteve até agora, com quatro ou cinco aspirantes ao título, outros tantos lutando para fugir do rebaixamento, num campeonato que, pelo menos no segundo turno, manteve crescente interesse.
Todos os candidatos ao título – todos! – deixaram fugir suas melhores oportunidades: o Palmeiras, o São Paulo, o Inter, o Atlético Mineiro e mesmo o Goiás, que teve sua chance de chegar ao primeiro lugar e, no dia exato, refugou. O verbo mais empregado pela crítica, durante a competição, foi “tropeçar”. E o substantivo, naturalmente, foi “tropeço”.
Mas o que eu quero dizer é que o Flamengo – o último a alcançar o topo – pode ser o único a quebrar a escrita daqueles que se recusaram a ser campeões. É bem verdade que já titubeou no chocho empatezinho de 0 a 0 com o Goiás, no mesmíssimo Maracanã que hoje será palco do derradeiro jogo, com o Grêmio. Um golzinho só naquele domingo – e o Flamengo já estaria de posse do título.
Bem, hoje tem a segunda chance – que será também a última. O Flamengo dependerá muito, como (quase) sempre, de seu artilheiro Adriano, se estiver mesmo recuperado da queimadura no pé, segundo ele causada por uma lâmpada no jardim de sua casa. Adriano, como vocês sabem, é o rei dos imprevistos, quase sempre os mais tolos. Ninguém definiu melhor o acontecimento da queimadura, assim como definiu toda a vida do próprio Adriano, do que o nosso Ary Cunha, o grande entrevistador, em seu texto no GLOBO: “Nem tudo são flores no jardim do Imperador.”
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Mesmo perdendo o título da Copa Sul-Americana, o Fluminense – este sim! – tem sustentado nos últimos meses a fama de grande clube, de time consistente, tem mostrado a virtude da regularidade, o dom da perseverança, do sacrifício, do estoicismo.
A única decepção do Fluminense, vejam só, foi causada pelo seu capitão, pelo seu artilheiro, pelo seu jogador mais festejado. Uma pessoa com um grau de inteligência mediano não faria o que Fred fez para ser expulso no jogo com a LDU, acabando com as pretensões de seus companheiros, de seu técnico, de seu clube – e de sua torcida.
Pedir desculpas depois é muito pouco. É inútil. Em sua passagem pelo Fluminense, além dos inúmeros gols, alguns muito bonitos, e da competência como artilheiro, Fred tem mostrado, com atitudes extravagantes, o seu lado de vaidade, de nervosinho, de rapaz mimado, que gosta de chamar a atenção para si.
Bem, não há dia melhor para se reabilitar diante da torcida e de todo mundo do que hoje, fazendo gol no Coritiba, se for capaz.
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Decisão no Maracanã, decisão no Couto Pereira, decisão no Engenhão, onde o Botafogo enfrenta aquele que, na teoria, é o mais complicado dos adversários, o Palmeiras, outro dos que brigam simplesmente pelo título. Briga com o Flamengo, briga com o Inter, briga com o São Paulo.
Ao Botafogo tem faltado, mesmo no seu Engenhão, o que está sobrando para a dupla Fla-Flu – que é o calor da torcida. E é disso, mais do que tudo, que ele vai precisar logo mais, se quiser permanecer na Primeira Divisão.
Se a torcida alvinegra não encher hoje o Engenhão, como se espera, nem ela poderá reclamar de seu time e de seus jogadores. Nem ela.

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