domingo, dezembro 13, 2009

EMÍLIO ODEBRECHT

O desafio da expatriação

FOLHA DE SÃO PAULO - 13/12/09


NO BRASIL , hoje, trabalhar no exterior é uma perspectiva atraente para muita gente. Comparando com os Estados Unidos e com países da Europa, que exportam profissionais há mais de um século, aqui essa é uma possibilidade muito recente.
Não me refiro a pessoas que emigram para tentar uma vida melhor fora do país. Trato aqui de quem, integrado a uma empresa que opera internacionalmente, tem a oportunidade de se transferir para o exterior.
Esse movimento é um dos frutos do processo de globalização, que incrementou a expatriação de trabalhadores dos mais diversos níveis.
Grandes obras de engenharia são espaços privilegiados para observá-lo. Conheço algumas em que convivem pessoas de dezenas de nacionalidades, falando mais de 20 línguas diferentes. É uma experiência singular e enriquecedora para quem a vive.
Mas é desafiadora também. E o principal desafio do indivíduo deve ser sair sem ter o projeto de voltar. Trabalhar no exterior pode significar um grande salto de desenvolvimento para si e para toda a sua família. Por isso, não deve ir com a mala, mas ir de mudança.
Entretanto, a decisão pela permanência onde quer que se vá depende da sensação de segurança que a empresa que expatria consegue transmitir e da percepção das oportunidades que a mudança proporciona.
Entre as oportunidades está a do crescimento profissional acelerado pelo enfrentamento de ambientes mais complexos, nos aspectos culturais e no campo dos negócios. Paradoxalmente, essa circunstância pode apressar o retorno dos que se capacitaram, para que compartilhem no país de origem as novas competências adquiridas lá fora.
A mobilidade e o domínio de línguas estrangeiras são, cada vez mais, pré-requisitos indispensáveis em empresas de vários setores econômicos, e essa condição deve se estender a toda a família do expatriado. Nesse sentido, é fundamental que o momento da decisão de mudar seja marcado pela predisposição dos familiares de se adaptarem à nova realidade, visando minimizar os efeitos dos inevitáveis ajustes e gasto desnecessário de energia -porque, se haverá perdas, os ganhos podem ser compensadores também para os acompanhantes.
Esposa, marido e/ou filhos têm a chance de estudar e de conviver em ambientes de rica diversidade cultural, aprendem a falar outros idiomas, a valorizar o novo e a conviver com hábitos que desconheciam e adquirem capacidade de se integrar e modo de pensar que ultrapassa fronteiras -qualidades hoje altamente valorizadas em todos os campos da atividade humana.

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