domingo, novembro 08, 2009

PAINEL DA FOLHA

Turno e returno

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/11/09

Depois de passar em branco na Câmara, onde não conseguiram emplacar suas reivindicações nos quatro projetos do pré-sal que vão ao plenário nesta semana, lobistas das grandes empresas privadas de petróleo já se articulam pelos corredores do Senado.
No "tapete azul", os representantes apostam no poder de fogo da oposição, cuja bancada possui mais musculatura do que a de deputados, e na simpatia de alguns governistas ligados ao setor, como o petista Delcídio Amaral (MS). Além disso, as petrolíferas privadas esperam também que o governo atue entre os senadores com uma margem de negociação bem maior que a permitida até agora.


Prioridade. Entre outros pontos, o lobby petrolífero tenta derrubar a regra que estabelece a Petrobras como operadora única dos novos campos e a que dá poder de veto à Petro-Sal, a estatal que gerenciará a exploração.

Última instância. Depois de jogar a toalha na CPI da Petrobras, advogados do PSDB entregam nesta semana à cúpula do partido dez representações direcionadas ao Ministério Público, com pedidos de investigação na estatal.

Bandeiras. Documento do PT com as posições que serão levadas à Conferência Nacional de Comunicação, em dezembro, cobra o "combate aos monopólios" do sistema atual e classifica o marco regulatório como "anacrônico, autoritário, fragmentado e que privilegia grupos comerciais".

Blogosfera. No texto, os petistas demonstram especial preocupação com o "novo cenário tecnológico" que, avaliam, "dentro de poucos anos superará o antigo modelo".

Régua. Fala ainda em criar "instâncias regulatórias" e de um modelo que "garanta mecanismos efetivos de sanção aos meios de comunicação".

Corda... De Carlos Minc (Meio Ambiente), diante da sinalização do governo de não apresentar compromisso de redução de emissão de gases-estufa antes da conferência do clima em Copenhague: "Para a maioria das propostas, vamos ter um número."

...esticada Relator do projeto do Código Florestal, Aldo Rebelo (PC do B-SP) desabafa sobre a briga entre ruralistas e verdes: "Essa ideia de proibir boi na Amazônia está chegando a tal ponto que vão querer acabar com o Garantido e o Caprichoso em Parintins".

Inquilinos 1. Os partidos políticos que ocupam salas no Congresso pagam à Câmara pela cessão dos espaços 30% a menos do que o valor exigido no Senado. A Câmara informou ao TCU que estipulou R$ 25,60 pelo metro quadrado, incluindo luz, água, limpeza, segurança e conservação. Na "Casa Alta", custa R$ 36,43.

Inquilinos 2. DEM, PMDB, PP, PSDB e institutos e fundações ligados a eles ocupam áreas do Congresso. A maior delas cabe ao Diretório Nacional do DEM, com 211 metros quadrados.

Fiador. No auge da crise no Senado, um dos senadores assediados pelo grupo de José Sarney (PMDB-AP) para reforçar a resistência aos processos contra o peemedebista foi Expedito Júnior (PSDB-RO), que permaneceu na Casa até quinta-feira à revelia do Supremo Tribunal Federal.

Para depois. O projeto de reforma do plenário do Senado não sairá da gaveta neste ano. O primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), agora tenta viabilizar o início das obras durante o recesso de julho de 2010.

Tesourada. O PT prepara proposta para acabar com as emendas de comissões, que sofrerão cortes no Orçamento de 2010. O argumento é que a execução delas é baixa.

Calendário. Uma ala do PMDB reclama da ideia de reunir seus governadores com Lula, conforme ficou combinado depois de selado o acordo de gaveta com o PT para as eleições do ano que vem. As queixas são de que o encontro, se feito agora, poderia expor muitas divergências locais e desgastar a relação.

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

Tiroteio

"Pelo menos dessa vez a gente espera que seja o PT quem esteja pagando."
Do senador DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO), comparando o encontro de prefeitos do PT com Dilma Rousseff, neste final de semana, a outro com 5.000 prefeitos em Brasília, em fevereiro, questionado pela oposição na Justiça Eleitoral.

Contraponto

Mania de grandeza

Na reunião que precedeu a ida da comitiva presidencial para vistoriar as obras da transposição do São Francisco, o ministro Alfredo Nascimento (Transportes) apresentou gráficos sobre estradas construídas e reformadas na região.
Nascimento fez uma longa exposição e recebeu elogios. Até que, no final, Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), cujo ministério toca a transposição, não resistiu em cutucar:
- Você pode falar o que quiser, mas a única obra que todo mundo vai ver da Lua é a minha!

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