CASO A CALIFÓRNIA fosse independente, e não parte dos Estados Unidos, seria a décima maior economia do mundo. Mas a situação fiscal do Estado é caótica. O governador Arnold Schwarzenegger recentemente anunciou um deficit de arrecadação de US$ 26 bilhões. O sistema político é patentemente incapaz de enfrentar a crise. Alguns comentaristas argumentam que o problema da Califórnia é o excesso de democracia. Certas medidas tributárias precisam de maioria de dois terços para aprovação no Legislativo estadual, e isso se provou virtualmente impossível de obter. A Constituição do Estado inclui uma cláusula de referendo compulsório que oferece aos cidadãos a oportunidade de votar sobre questões que requeiram mudanças na Constituição. A Califórnia é um dos apenas três Estados norte-americanos que operam com esse requerimento. Na prática, os referendos compulsórios reforçaram o poder de minorias altamente motivadas e organizadas. Seu impacto mais significativo é sobre as decisões de política tributária, e eles se tornaram sério obstáculo à formulação de uma política tributária racional. A Califórnia sofreu mais que outros Estados com a crise econômica. O desemprego é superior à média nacional. As hipotecas executadas por falta de pagamento continuam a ser problema. Mas uma das maiores consequências é o impacto sobre um dos maiores sistemas universitários públicos do país, que há muito constitui uma das joias do ensino superior norte-americano em termos de preços acessíveis e qualidade. A Universidade da Califórnia conta com 55 ganhadores do Prêmio Nobel em seu corpo docente. Mas, agora, o sistema está absorvendo sua maior queda em verbas estaduais desde a Grande Depressão e perdeu quase 20% de seu orçamento. Cada professor, funcionário administrativo e auxiliar do sistema está sujeito a licenças não remuneradas. Em Berkeley, a principal universidade californiana, o deficit anual atingiu os US$ 145 milhões, e o recrutamento de novos professores caiu de 100 para 10 ao ano. Nos dez campi do sistema em todo o Estado, a perda de verbas estaduais chegou a US$ 813 milhões. Nesta semana, o conselho universitário se reuniu no campus da Universidade da Califórnia em Los Angeles e votou aumentar em 32% as mensalidades dos alunos, o que as levará a mais de US$ 10 mil anuais, três vezes o custo do estudo uma década atrás. Os estudantes organizaram ruidosos protestos. A resposta do reitor da universidade, Mark Yudolf, não foi animadora: "Detesto dizê-lo, mas, quando não há escolha, não há escolha". |
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