quarta-feira, novembro 25, 2009

FERNANDO CALAZANS

O melhor e o pior

O GLOBO


Será o melhor Campeonato Brasileiro da era dos pontos corridos? Parece que sim. Nos quesitos da emoção e do interesse, sem dúvida alguma, porque interesse e emoção permanecerão até a última rodada. Qualquer campeonato, seja o Brasileiro ou o do famoso Aterro do Flamengo, envolvendo uma paixão popular com o futebol, manterá o interesse até que se saiba quem é o campeão.
E manterá a emoção, enorme emoção, se houver mais de um ou dois envolvidos na busca do título, mais de um ou dois envolvidos na luta para não ser rebaixado. Ou seja: tudo o que acontece neste campeonato, repito, neste ótimo campeonato. Eu mesmo me prendo em cada um dos (muitos) jogos que mexem com uma ponta, mexem com outra.
Como crítico, tenho que analisar também a qualidade dos times. O campeonato é bom, os times não são bons. E o resumo do que está acontecendo desde o início é este: o campeonato não é emocionante porque os times vencem; é emocionante porque os times perdem. E o equilíbrio não ocorre pelas vitórias dos times; ocorre por suas derrotas.
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Nesta última rodada, entre os seis primeiros colocados, só um venceu: o Internacional. Dois empataram: Flamengo e Cruzeiro. E, vejam só, três perderam: Palmeiras, São Paulo e Atlético Mineiro. A maior decepção foi causada por um dos que empataram, o Flamengo, justamente por fracassar no momento exato em que tinha de se impor, como já aconteceu, aliás, com todos os outros.
Negar que o campeonato mexe e remexe com a emoção dos torcedores e com o interesse dos críticos é falta de sensibilidade, é hipocrisia. Achar que os times são bons é falta de senso crítico, é falta de bom gosto no futebol.
Como ouvi alguém dizer na tevê, com toda a razão, o campeonato é uma maluquice. Uma agradável maluquice, diria eu.
O time que tem agradado, no momento, aos olhos de quem sabe das coisas é o Fluminense. Este Fluminense que briga não em cima da tabela de classificação, mas na parte de baixo. Pois é.
São 13 jogos invictos. Oito vitórias seguidas: cinco no Campeonato Brasileiro, três na Copa Sul-Americana. Mas deixemos os números de lado, porque os números são pobres na explicação do futebol — e da maioria das coisas.
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Uma querida amiga, tricolor de família e de índole, mas que mal sabe quem é a bola, até porque não vê os jogos, me disse: — Veja a que ponto tinha chegado o Fluminense. Agora, ele vence, vence, vence, vence, e nem assim consegue sair da zona de rebaixamento.
Exatamente o que ela quis dizer: imaginem o que era o Fluminense antes desta série bonita.
E, de certa forma, ela explica também as incertezas e dúvidas do futebol, porque sua interpretação foi a melhor que ouvi, incluindo a dos catedráticos.
Agora, a interpretação é minha. Além da série bonita sem derrota, e com muito mais vitórias do que empates, o Fluminense tem também o melhor jogador deste Campeonato Brasileiro: o argentino Conca.

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