quarta-feira, novembro 11, 2009

ARI CUNHA

Vale uma casa

CORREIO BRAZILIENSE - 11/11/09


Há poucos meses era notícia estampada nos jornais que nove instituições de ensino superior estavam prestes a perder o credenciamento emitido pelo MEC. A razão era o baixo desempenho do Índice Geral de Cursos (IGC). Numa das faculdades, declarava Maria Paula Bucci, “havia tanta irregularidade que não foi possível firmar um termo de saneamento para resolver a questão”. Outras, se não cumprissem as normas, estariam proibidas de abrir novos cursos ou aumentar o número de vagas. Das 2 mil instituições analisadas, só 21 conseguiram nota máxima. Se, por um lado, o Ministério da Educação tenta impor uma qualidade melhor no ensino, o aluno é sempre a vítima quando algo sai errado. Ao se inscrever no Fies é preciso apresentar, entre certificados e comprovantes, mais de 20 documentos. Não há relação entre o financiamento e a qualidade do ensino. Daí, se pagar o preço de uma casa por um curso que pode perder o valor, a casa não cai. O aluno continua a pagar.


A frase que não foi pronunciada

“O melhor produto do Brasil ainda é o brasileiro.”
» Câmara Cascudo e o resto do mundo.


Coronel
Antes que o presidente Hugo Chávez fale mais alguma coisa, o parlamento brasileiro precisa urgentemente aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul. É nesse ambiente que o senador Romero Jucá corre contra o tempo, tentando impedir o adiamento da votação. Isso, em pleno dia em que se celebra o Armistício de Compiègne.

Boi na linha
Difícil conseguir a informação correta pelo número 102. A qualidade do serviço caiu. Os telefonistas não conhecem Brasília. Pior é que a informação errada tem o mesmo preço da certa, raríssima.

Alvo
Nova estratégia para buscar maior financiamento no SUS. Uma caravana percorre o país e divulga a emenda Constitucional 29, que regulamenta os recursos que vão para a saúde. Parece que o público-alvo da campanha está além dos usuários do sistema.

Pessoal
Enquanto Luiza Erundina amarga a condenação de ter que devolver R$ 350 mil aos cofres da Prefeitura de São Paulo, o Enade, que levou mais de R$ 30 milhões dos cofres públicos, enuncia: Lula foi criticado pela mídia ao afirmar que a crise financeira mundial seria uma marolinha no Brasil. Agora é a imprensa internacional que lembra e confirma a previsão de Lula.

Amigos
Ainda sobre Erundina, trata-se de uma ação pública movida há 20 anos, em que um advogado não concordou com um anúncio publicado pela Prefeitura de São Paulo. Nele, a então prefeita manifestava apoio à greve geral de trabalhadores. O STF condenou. A solução foi empenhar o único apartamento de propriedade da atual deputada. Amigos organizam jantares de adesão.

Droga
Cracolândias são espalhadas por capitais de todo o país. A ação dos traficantes é rápida e eficiente. O estrago é imensurável. Os viciados agem livremente, em frente a policiais e até crianças. São capazes de matar, assaltar ou machucar qualquer pessoa, de qualquer idade. Ao que se vê, o crack é uma droga legalizada.

Absurdo
Telhas compradas pelo governo federal para ajudar as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul foram desviadas do caminho. Segundo a Band, já há um suspeito, que será interrogado. O fato abre caminho para uma logística mais responsável em momentos como este. Corrupção até na hora de prestar socorro ultrapassa o pensamento humano.

Lé com lé
Na contrariedade, a solução é diminuir o poder. O que não se entende é se a irritabilidade do governo está voltada ao TCU, que fiscaliza o emprego de verba do PAC, ou aos que têm impedido as obras por causa da corrupção.

Lá e cá
Da Noruega a São Paulo. De um lado, a senadora Marina Silva chateada porque não há compromisso do mundo em resolver o problema da poluição. Quase ao mesmo tempo, o governador Serra anuncia novas regras para o estado quanto à emissão de gases que provocam o efeito estufa. Até 2020, 20% de redução.

História de Brasília

Recado para o doutor Vasco. Estão trazendo terra, não sei de onde, e colocando no trecho entre a W3 e o Eixo Monumental, naquela variante. Vai acontecer isto: o leito de asfalto ficará abaixo do nível, e quando as chuvas caírem de vez, a pista ficará intransitável. (Publicado em 17/2/1961)

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