sábado, outubro 03, 2009

RUY CASTRO

Cidade feliz


FOLHA DE SÃO PAULO - 03/10/09


Há tempos, escrevi num livro que, assim como os londrinos são bons em táxi, guarda-chuva, pigarro, cachorro e consciência de classe, e os parisienses, em baguete, boina, livro usado, cigarro sem filtro e bidê, o carioca sempre se orgulhou de seu know-how em botequim, sandália de dedo, frescobol, caldinho de feijão e botar apelido nos outros. Pois logo poderá somar outro item a seu currículo: organizar grandes competições esportivas.

O Rio receberá os Jogos Mundiais Militares em 2011, a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014 (abrigará, entre outros, o jogo final, além de ser sede da seleção, da Fifa e do centro de imprensa) e, agora, a Olimpíada e a Para-Olimpíada em 2016. Ou seja, há espaço na agenda para 2012 e 2015. E, até que se acenda a chama olímpica, ainda teremos sete Carnavais e outros tantos verões e Réveillons.

Estamos numa maré boa. Nos últimos meses, o Rio ganhou o título de 'cidade mais feliz do mundo' (segundo pesquisa de um instituto americano com 10 mil pessoas em 20 países), foi considerado (pelos entendidos) o 'melhor destino gay do mundo' e se tornou a primeira cidade da América do Sul a merecer uma edição do Guia Verde Michelin, com 20 lugares agraciados com a cotação máxima de três estrelas e 40 com duas.

Junte a isso a boa colocação do Rio como polo nacional do audiovisual e de pesquisa acadêmica nas áreas de saúde, biologia, biotecnologia, petróleo, astronomia e humanas em geral – e, acrescento eu, da baixa gastronomia, conceito criado aqui e irradiado para as demais potências – para entender como, depois de tanto apanhar, nossa autoestima tem melhorado muito.

Mas, como diria o carioca Noel Rosa, o Rio não quer abafar ninguém. Só quer mostrar que faz Olimpíada tão bem.

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