sexta-feira, outubro 23, 2009

ARI CUNHA

Pré-sal só ano que vem

CORREIO BRAZILIENSE - 23/10/09


Há no Congresso relatório com levantamento geral sobre o pré-sal. Já poderia ter sido votado, mas aos poucos o governo vai protelando a apresentação ao plenário da Câmara e do Senado. Os estados desejam participação nos resultados. O governo tem outro pensamento. O dinheiro arrecadado com o pré-sal deve ser dividido entre as empresas estrangeiras que participarão nas despesas e nos lucros como sócias. É muito alta a quantia para começar a exploração. O Brasil não tem dinheiro para tanto. Entende, como melhor, verba separada para o setor. A presença de sócios é necessidade, para que o Brasil não arque com todas as custas sozinho. Como a oposição não reclama, o propósito é que o assunto fique para o próximo ano.


A frase que não foi pronunciada

“Na política, o que foi veneno pode virar remédio.”

» Pensamento para as alianças de 2010.


Igualdade

» Forma-se na consciência pública que a situação dos tóxicos não deve excluir ninguém. O traficante, quando flagrado, é preso. Com bons advogados, logo consegue libertação. O usuário da cocaína sustenta os traficantes, não tem advogado para isso. Fica como responsável por tudo. Quando os dois forem emparelhados, a sociedade vai entender como a culpa é de ambas as partes.

Crime

» Até hoje não se conhece o resultado da investigação sobre o assassinato do ministro Villela, esposa e empregada, no apartamento da 113 sul. Todas as esperanças estavam no envolvimento dos profissionais. Até hoje persistem o sigilo e a falta de coragem da polícia para contar a verdade, que deve saber.

Manga verde

» Mangueiras estão sobrecarregadas de manguitas ainda verdes. Os meninos que fazem entregas ou passam pelo Eixo Monumental e algumas superquadras jogam pedras e paus. As mangas verdosas são consumidas com voracidade. Fazem o papel de uma refeição. Com sal, a garotada se satisfaz e está pronta para nova marca no trabalho, sem fome.

Mutreta

» Autoridades também são criativas. Hoje é raro ver carros oficiais estacionados em supermercados ou em escolas de balé. O que se faz é ocupar o motorista do serviço público para dirigir o carro da família.

Ônibus parados

» Pelos pontos de estacionamento, o povo vai vendo dezenas de ônibus parados esperando o rush para serem postos em circulação. Não é bem aceita a iniciativa por parte dos passageiros. Quando um ônibus viaja lotado, facilmente haverá quebra na viagem. Passageiros descem e ficam à espera do próximo. Quase sempre lotado. Não é bom o transporte público em Brasília.

Posição

» Uma pessoa que deseja ver a mata jamais deve ficar embaixo de uma árvore. Ali vê apenas uma. Essa poderá ser sugestão aos que lutam pela manutenção das selvas. De longe ou do alto, tanto poderá ver descampado como mata virgem. Quem vê a Amazônia fica triste com a destruição e a sequência de criadores de gado.

Voz

» Comissão de Assuntos Sociais do Senado criou um Programa Nacional de Saúde Vocal para os professores da rede pública. Em parecer, o senador Papaléo Paes concordou que o professor que tiver lesão diagnosticada nas cordas vocais poderá ter a carga horária reduzida.

Dor

» De braços cruzados, o mundo faz ouvidos moucos aos frequentes apelos do povo da Etiópia. A fome atinge 6,2 milhões de pessoas.

Escrita

» Uma pena a publicação no Diário Oficial não ter tratado também da letra dos profissionais da saúde. A partir de 2011, as bulas virão com letras maiores e textos acessíveis aos leigos. Mas, para chegar ao medicamento correto, é preciso ter sorte com a letra do médico.

História de Brasília

Hoje é sábado, dia de ver chapa-branca só até o meio-dia. Pode dirigir tranquilo. (Publicado em 11/2/1961)

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