terça-feira, setembro 01, 2009

AUGUSTO NUNES

Viva a Segunda Independência!

1 de setembro de 2009

Soube-se neste histórico 31 de Agosto (A maiúsculo, como convém a uma data condenada a virar feriado nacional) que o pré-sal é uma dádiva de Deus ao maior estadista de todos os tempos, escolhido pessoalmente por Ele para salvar o país onde ambos nasceram. Soube-se também que o Brasil proclamou a Segunda Independência, e que haverá dinheiro de sobra para tudo e para todos. Logo estarão nadando num oceano de reais, dólares e euros os governadores do litoral e os sem-praia, o sistema de saúde, o ensino público, a Petrobras, o turismo, a Amazônia, as estradas federais, o trem-bala, a transposição do Rio São Francisco, o esquema de combate às secas e enchentes, os companheiros de primeira hora e os recém-chegados, os generais da base alugada e os soldados rasos das tropas de choque, a navegação fluvial, a indústria automobilística, os amigos do ministro de Minas e Energia, os parentes do dono daquela diretoria que fura poço, a aviação civil, as Forças Armadas, a rede de atalhos, trilhas e picadas que ligam o Brasil aos vizinhos bolivarianos, os destacamentos militares da fronteira, a Polícia Militar e a a Polícia Civil, o progresso da Bolívia e o desenvolvimento sustentado do Paraguai, a campanha de Dilma Rousseff, os presídios federais de segurança máxima — fora o resto.

Graças às fabulosas jazidas nas profundezas do Atlântico (ainda não se sabe direito como içar o tesouro, mas com o Brasil ninguém pode, e antes da eleição a gente chega lá), as favelas se transformarão em bairros chiques, a TV Brasil ficará maior que a Globo, a gripe suína será erradicada, os parlamentares que faltam assinarão o contrato de aluguel, o novo salário mínimo subirá para 10 mil dólares mensais, a elite golpista agonizará confinada em Roraima e os pobres que restarem serão tão poucos que, expostos à visitação pública a 10 reais por visitante, logo ficarão mais ricos que os ricos desde sempre. Melhor que a outra, essa Segunda Independência.

Só não ficou muito claro o que o governo ainda está esperando para baixar a carga tributária em pelo menos meia tonelada.

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