quarta-feira, agosto 19, 2009

TODA MÍDIA

A escolha

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/08/09

Ecoa a reportagem do "New York Times" com o presidente da Petrobras, ontem, sobre o plano para maior controle nacional do pré-sal. No "Financial Times", Kate Mackenzie destacou o temor americano de que, sem a "cooperação próxima" das companhias estrangeiras, a produção demore mais.
Mas para o "FT" a produção mais lenta "pode ser boa decisão estratégica" para evitar o que ocorreu no México, que "queimou seu petróleo" para atender aos EUA e hoje "caminha para o zero". O jornal remete ao analista de petróleo Gregor Macdonald, que postou ontem no site financeiro Seeking Alpha o artigo "Brasil faz a escolha mais sábia de todas".

Por outro lado, o site da "Foreign Policy" saiu a campo contra o "nacionalismo" do plano. Diz que "companhias nacionais bem geridas são exceção" e questiona os "controles anticorrupção". Cita o vínculo da estatal com Dilma Roussef, "a escolhida de Lula". Em post à noite, o próprio editor-chefe da "FP", o venezuelano Moisés Naím, falou em "maldição do petróleo" no Brasil, dizendo que o modelo de exploração de recursos naturais deveria ser o Chile.

"E O NOSSO TUPI?"
Após o "Investor's Business Daily", o "Wall Street Journal" deu longo editorial sobre o crédito oferecido pelos EUA à Petrobras, para o pré-sal. O jornal acha estranho, "odd", diante da "sede de dinheiro do Tesouro americano" e do fato de que "a Petrobras é uma das maiores corporações nas Américas". Mas sugere "olhar pelo lado bom". Como se trata de Obama investindo em exploração no mar, ele poderia fazer o mesmo nos EUA, onde a prospecção é nas costas Leste e Oeste, "que poderiam ser os nossos equivalentes do campo de Tupi".

QUINTA POTÊNCIA
Manchete do UOL, meio do dia, "Lina diz que não se sentiu pressionada por Dilma". Fim do dia, "Dilma pediu rapidez, não engavetamento, diz Lina". Na escalada do "Jornal Nacional", por outro lado, Lina "reafirma que Dilma pediu para apressar a investigação de denúncias contra o filho de José Sarney".
Ao fundo, o portal da revista "Exame" trazia ontem a manchete "O plano econômico de Dilma Rousseff". Segundo o post, o programa prevê "o aumento do Estado" em três áreas, energia, mineração e telecomunicações, com Eletrobrás, Vale e Telebrás. Já haveria até slogan, "Brasil, Quinta Potência Mundial".

POR TODO LADO
Em sua coluna em mais de cem jornais, ontem, Lula saudou o anúncio pela Vale da "criação de um polo siderúrgico" no Pará. "A iniciativa privada tem que acompanhar essa nova visão de desenvolvimento." Segundo o UOL, ele estreia hoje o Blog do Planalto, "para os jovens"

DE IC PARA BIC
Do "WSJ" à "Business Week", os sites de economia destacaram que a IBM "aposta na inovação brasileira" e iniciou "missão para ampliar suas parcerias no Brasil, em resposta ao crescente mercado de tecnologia da informação do país". A inovação nos emergentes antes se restringia ao "IC", Índia e China, mas agora virou "BIC".

MOTORES NOVOS
No "Washington Post", o colunista Robert J. Samuelson escreveu ontem que os americanos "gastadores" não vão mais comprar como antes, atuando como "motores" globais. E avalia como boas as perspectivas de consumo de chineses, indianos e brasileiros. Suas economias estariam deixando para trás a dependência exportadora.

O RETORNO
Em série iniciada ontem, com longas reportagens, o "FT" acompanha o efeito da crise econômica sobre comunidades de imigrantes em todo o mundo, que estariam retornando aos países de origem. Nos primeiros relatos, a redução do número de mexicanos que se mudam para os EUA. Agora, até voltam. E as remessas de dinheiro diminuíram.
Também na série, já postada em página multimídia, a volta de brasileiros de Osaka, no Japão.

O PRÍNCIPE DAS TREVAS
Morreu Robert Novak, célebre colunista engajado dos EUA. Nas páginas iniciais de "NYT", "WP" e Politico, foi descrito criticamente como "prince of darkness", por suas ligações com o poder. "Criticar morto recente é rude, mas..." escreveu o colunista de mídia Jon Friedman.

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