sábado, agosto 08, 2009

LÚCIA HIPPOLÍTO

A agonia moral do PMDB

O PMDB nunca foi um partido simples, para amadores. Há tempos venho afirmando que a lógica do partido é coisa para profissionais. Mas o PMDB é também o partido da federação, que compreendeu perfeitamente a importância da política regional.
Partido de índole democrática, que acredita no voto. No partido, quem tem voto tem voz. Esta federação de líderes regionais não fala uma linguagem única nem possui discurso afinado para apresentar candidato à presidência da República.
Aliás, o PMDB nunca precisou da presidência para participar do poder. A estratégia do partido tem sido outra: eleger o maior número de vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, governadores e prefeitos.
Com esta formidável máquina, a aliança com o PMDB interessa a qualquer governo. Por isso, uma das máximas da política brasileira é: ninguém governa o Brasil sem o PMDB. Mas nos últimos tempos estamos assistindo à desintegração moral daquele que foi o partido da resistência à ditadura.
Hoje o partido é controlado por uma gente a quem o dr. Ulysses Guimarães negaria cumprimento.
O maior partido do país está sendo utilizado por um grupelho como instrumento de chantagem, intimidação, truculência, ocupação da máquina pública, rapina de recursos públicos.
Convencido de que, sem o PMDB, a ministra Dilma não chega ao segundo turno das eleições de 2010 - e se vencer não conseguirá governar -, o presidente Lula tornou-se ao mesmo tempo refém e carrasco do partido.
Abriu as portas do governo aos atuais líderes(?) do PMDB. Esquartejou a máquina pública, entregou nomeações, emendas, cargos. Mas, em compensação, está destruindo o PMDB. Vai ver, é isso mesmo que ele quer. Nunca se sabe.
As cenas a que assistimos nos últimos dias no Senado da República foram das mais tristes de que se tem notícia. Com toda a certeza, nunca antes na história deste país o Senado viveu dias tão degradantes. Já houve até tiro no plenário.
Mas nunca houve nada tão baixo, tão horrivelmente vulgar. Senadores sem voto, ex-presidente transtornado, chefete de província, todos reunidos na defesa do velho coronel maranhense. Das práticas clientelistas, fisiológicas, violentas.
Arrastando o PMDB e o Senado da República na lama.Hoje o PMDB tem um dono, que usa e abusa da força do partido: o senador Renan Calheiros.
Chega a ser ensurdecedor o silêncio do presidente nacional do partido, o deputado Michel Temer. Será que a ambição desmedida de ser o vice na chapa de Dilma Rousseff justifica a destruição do legado do dr. Ulysses?
É muito triste assistir à agonia moral do PMDB.

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