terça-feira, julho 07, 2009

PAINEL DA FOLHA

Férias, por favor!

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/07/09

Governo e oposição começaram a alinhavar um acordo tácito para votar ainda nesta semana a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e antecipar na prática o recesso no Senado, que só começaria no dia 18.
Os líderes dos partidos da base se reúnem hoje para afinar o discurso de blindagem de José Sarney (PMDB-AP) e, assim, ‘deixar mais confortável’ o PT, obrigado por Lula a defender a permanência do presidente da Casa. Também para a oposição as férias antecipadas viriam a calhar, já que os alvos das denúncias começam a se pulverizar e a instalação da CPI da Petrobras se mostra inviável. ‘Todo mundo quer sair de Brasília’, resume um cardeal oposicionista.

Senha - Ainda que o fiador de sua permanência seja Lula, Sarney aguardou com especial ansiedade a declaração de apoio de Dilma Rousseff, feita na sexta. O papel da ministra da Casa Civil no roteiro do ‘fica’ foi acertado na véspera, no encontro Lula-Sarney.

Aqui se paga - Expoente da ala petista que se rebela contra a imposição do apoio a Sarney, a senadora Marina Silva desfruta agora da oportunidade de dar o troco não apenas em Lula como em Dilma, que trabalhou com tenacidade para derrubá-la do Ministério do Meio Ambiente.

Tá vendo? - A oposição não tem esperança de que o endosso a Sarney abale a popularidade de Lula, mas vê possibilidade de dano a Dilma. Por isso, vai martelar a ideia de que a candidata do PT ajudou a proteger o encrencado presidente do Senado.

Tanto faz - Segundo as regras, não importa o horário de entrada do funcionário: se passar de 20h, tem direito a hora-extra. O valor pago a quem fica poucos minutos além desse horário e quem faz serão de verdade é o mesmo.

Horário de pico - As novas regras para ‘disciplinar’ horas extras têm provocado congestionamento a partir das 20h01 no setor encarregado de registrá-las, situado na garagem do Senado. É comum ver na fila servidores com roupas de ginástica, que voltam ao local de trabalho apenas para beliscar o benefício.

Bonde - Epitácio Cafeteira (PTB-MA) paga mensalmente R$ 7.000 de sua verba indenizatória a título de ‘locomoção’ a uma empresa de transporte escolar e fretamento de ônibus. O proprietário é amigo de Ivan Sarney, irmão do presidente do Senado. Ivan foi exonerado do gabinete de Cafeteira por ato secreto.

Imobiliária - Já Renan Calheiros (PMDB-AL) paga R$ 2.500 por mês ao aliado Fábio Farias, ex-administrador do porto de Maceió e secretário estadual de Educação, pelo aluguel do imóvel onde funciona seu escritório político em Alagoas. E Gilvam Borges (PMDB-AP) entrega cada centavo dos R$ 15 mil mensais de sua verba indenizatória ao dono de um edifício em Macapá onde, segundo o senador, funciona seu QG local.

Corrida maluca - A decisão da administração de Gilberto Kassab (DEM) de não divulgar os preços referenciais do novo processo de licitação da merenda escolar paulistana provocou alvoroço entre as empresas interessadas. Elas pedem acesso aos preços para ‘elaborar melhor as propostas’ e ‘entrar com eventual ação contra a licitação’, marcada para amanhã.

Memória - O Ministério Público investiga suspeita de conluio entre as empresas que participaram da licitação anterior. Elas teriam combinado os preços, com eventual apoio de funcionários públicos.

Tiroteio

Um senador que foi líder do PT e comandou o Senado confirma o mensalão e diz que o presidente Lula desrespeita as instituições. Num outro país, seria o suficiente para o governo cair.
Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA , sobre entrevista em que Tião Viana acusa Lula de nada ter feito para ‘evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso’.

As mesmas - Na fase de pesquisa, a Secretaria de Educação enviou pedido de preços para 30 empresas. Apenas as seis que hoje têm contratos responderam. Com preços muito superiores aos atuais -e aos calculados pela Fipe.

Contraponto

Está explicado

A Comissão de Infraestrutura do Senado realizou na quinta-feira passada uma audiência pública sobre a construção de um porto no Piauí. A certa altura do debate, o presidente da comissão, Fernando Collor (PTB-AL) quis chamar Heráclito Fortes (DEM-PI), mas o confundiu com Wellington Salgado (PMDB-MG).
-O Heráclito emagreceu, mas ainda não está tão esbelto quanto eu- brincou o senador peemedebista.
-Foi um ato falho- disse Heráclito, e daí explicou:
-É que o governador do Piauí se chama Wellington, e ele está em franca campanha para o Senado!

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