domingo, julho 19, 2009

ELIANE CANTANHÊDE

Que se dane o(a) sucessor(a)


Folha de S. Paulo - 19/07/2009
BRASÍLIA - O Congresso está paralisado de pânico com a crise, os escândalos, a irritação da opinião pública, mas as bombas-relógio para o futuro governo continuam andando, sinuosamente.
Num levantamento feito pelo tucano Eduardo Graeff, da órbita de FHC e de Serra, dois desses projetos são na área da Previdência:
1) A emenda do senador Paulo Paim (PT-RS), estendendo o reajuste do salário mínimo a todos os benefícios, aumenta as despesas em 48,7%, de R$ 201,4 bi em 2008 para R$ 299,6 bi em 2011, quando assume o sucessor de Lula. O déficit pula R$ 3,8 bi de 2009 a 2011.
2) Projeto para atualizar aposentadorias e pensões com base no número de salários mínimos na data da concessão cria gastos adicionais de R$ 5,89 bi por mês, ou de R$ 76,6 bi por ano (com o 13º).
Três outros são sob medida para categorias específicas:
1) A "PEC dos delegados de polícia" concede à categoria a mesma remuneração dos membros do Ministério Público. Como são cerca de 14 mil delegados no país, isso pode virar um balão inflável que vai estourar no bolso do contribuinte.
2) O que transforma a remuneração da Polícia Militar do DF em base para policiais militares dos Estados, para os integrantes do Corpo de Bombeiros e para os inativos.
3) O que restabelece o adicional por tempo de serviço como componente da remuneração da magistratura e do Ministério Público, com efeitos retroativos e extensão da vantagem para inativos e pensionistas. E as outras carreiras de Estado também não vão querer?
A arrecadação continua caindo pelo sexto mês consecutivo, enquanto a expectativa é que os aumentos de vagas e de remuneração em várias faixas do funcionalismo vão explodir em R$ 16 bi a mais só no primeiro ano do futuro governo.
Isso não é brincadeira. Dilma, Serra e Aécio certamente querem ser Lula ontem, mas duvido que Lula queira ser um deles amanhã.

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