quarta-feira, junho 03, 2009

TOSTÃO

Desisti de sonhar

JORNAL DO BRASIL - 03/06/09

A queda de Ronaldinho e a aceitação por quase todos de que ele não deve ser mais convocado foi um alívio para Dunga. Sem o jogador, o técnico pode armar a Seleção do jeito que sempre quis, mesmo quando Ronaldinho era convocado.

Dunga concluiu ainda que é melhor não chamar Ronaldinho que colocá-lo na reserva, o que concordo. Por esse e outros motivos, Felipão não levou Romário para a Copa de 2002.

O time brasileiro continua com dois volantes muito defensivos, que marcam mais atrás (Gilberto Silva e Felipe Melo), além de Elano, que defende e ataca pela direita. O objetivo principal é contra-atacar, com Robinho e Kaká, ideais para atuar dessa maneira.

As melhores atuações da Seleção foram dessa maneira, contra Argentina, Itália, Chile, Venezuela e Portugal. Mas o time também foi muito mal jogando assim, fora de casa, contra Paraguai, Equador e até contra as fracas seleções do Peru e da Colômbia. No Morumbi, o Uruguai, marcando por pressão, sufocou o Brasil. Sábado, vão tentar fazer o mesmo. Ainda bem que temos dois excelentes zagueiros e o excepcional Júlio César.

Apesar de Elano ter surpreendido com algumas ótimas atuações na Seleção, prefiro Daniel Alves. Mesmo sendo escalado de lateral no Sevilha e no Barcelona, Daniel Alves é um armador que marca e avança pela ponta e pelo meio. É o que faz Elano. Dunga já fez essa substituição na final da Copa América. Daniel Alves possui mais velocidade e mais recursos técnicos.

Como Felipe Melo e Gilberto Silva atuam pelo meio, e Elano, pela direita, falta um armador pela esquerda que defenda e ataque bem, como Anderson. Mesmo se não estivesse contundido, Anderson seria reserva. Deveria jogar Gilberto Silva ou Felipe Melo. Prefiro Felipe Melo ou Josué.

Outra opção no meio seria Kléberson ou Ramires. Dunga já disse que Ramires é meia, reserva de Kaká. Ramires não brilhou nos últimos jogos porque atuou mais à frente, no lugar de Wagner, da intermediária para o gol. Aí é mais fácil de ser marcado. Por ser extremamente veloz e precisar de muitos espaços, Ramires joga melhor quando parte do próprio campo para chegar ao ataque.

Não pedi o fim dos volantes. Apenas não vou usar mais essa palavra, que só serve para confundir. Prefiro chamá-los de armadores defensivos. Eles são mais que necessários, desde que marquem bem e tenham talento para iniciar as jogadas ofensivas.

A Seleção precisa ter opções táticas. Ela nunca marca por pressão, não forma uma dupla de típicos atacantes (Luís Fabiano e Pato ou Nilmar) nem nunca atuou com um centroavante e um atacante de cada lado, que volta também para marcar, como joga o Corinthians e muitos times europeus. Dos convocados, só Robinho tem características para ser esse atacante pelos lados.

Sábado, contra o Uruguai, a Seleção vai ser sufocada e jogar muito mal, como ocorreu várias vezes nas Eliminatórias, ou vai se defender e contra-atacar bem, como também já ocorreu várias vezes? Melhor seria se a Seleção ganhasse, dominasse a partida e desse espetáculo. Já desisti de sonhar com tudo isso.

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