segunda-feira, maio 18, 2009

PAINEL

Aécio na vitrine

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 18/05/09

Petistas envolvidos na candidatura de Dilma Rousseff resolveram não comprar pelo valor de face a informação de que os tucanos José Serra e Aécio Neves já teriam chegado a um acordo, pelo qual o segundo seria vice do primeiro em 2010. Embora saibam que Serra e Aécio acertaram uma trégua, e não descartem que ela venha a evoluir para a temida ‘chapa pura’, os petistas avaliam que o principal partido de oposição ainda está longe desse estágio de perfeita harmonia. 
Em meio à incerteza causada pelo tratamento de saúde da ministra, a notícia de um acordo no campo adversário vem a calhar para os aecistas. Ela valoriza o governador de Minas, ressuscitando a tese de que ele poderia, quem sabe, ser o candidato do campo lulista.

Medida extrema - Se nada mais surtir efeito para desidratar a CPI da Petrobras, cuja abertura no Senado o governo não conseguiu evitar, os petistas têm um plano: transformá-la numa comissão mista, ou, se isso não for possível, instalar uma CPI na Câmara paralela à do Senado.

Geracional -  Do deputado André Vargas (PT-PR), que hoje começa a coletar assinaturas para eventual CPI mista da Petrobras: ‘Se é para investigar, tem que incluir os deputados. No Senado parece que, quanto mais a idade passa...’.

Pelo cansaço - Na tentativa de fazer com que a CPI do Senado naufrague antes mesmo de ser instalada, o Planalto está decidido a mandar o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, prestar esclarecimentos em comissões regulares da Casa não apenas uma, mas três vezes.

Se lixando -  De um dirigente do PT sobre os senadores peemedebistas que, insatisfeitos com a perda de um punhado de cargos, pouco ou nada fizeram para evitar a abertura da CPI: ‘O PMDB conosco está como o Sérgio Moraes com a opinião pública’.

De vidro 1 -  Empresários que têm contratos com a Petrobras estão manifestando a senadores do PSDB e do DEM, diretamente e via intermediários, sua ‘preocupação’ com a CPI. A chiadeira ajuda a explicar as reiteradas declarações oposicionistas, pós-abertura da comissão, de que os trabalhos serão conduzidos ‘com responsabilidade’.

De vidro 2 -  Joel Rennó, presidente da Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso, tem ligação histórica com o DEM, menos empolgado do que o PSDB com a abertura da CPI.

Possuído - Em meio à crise que atinge o governo gaúcho, o chefe da Casa Civil de Yeda Crusius (PSDB), José Alberto Wenzel, conseguiu escapar na tarde de sábado para ir ao cinema. A diversão durou pouco: o celular tocou, e o secretário teve de sair no meio da sessão de ‘Anjos e Demônios’.

Dose -  DEM e PSDB avaliam que o PPS forçou a mão ao insinuar que Lula, como Collor, confiscaria a poupança. Agora, os dois partidos não sabem ao certo como tratar do tema em suas inserções na TV.

Laboratório -  O time de especialistas escalado pelo PSDB para desconstruir o discurso de realizações do governo Lula é composto pelo cientista político Eduardo Graeff, secretário-geral da Presidência sob FHC, e pelos economistas Sérgio Besserman (ex-IBGE), José Roberto Afonso (BNDES) e André Urani.

Game -  Em lobby incessante pela aprovação do projeto de emenda constitucional que amplia as vagas nas Câmaras Municipais, os suplentes de vereadores que povoam os corredores do Congresso ganharam o apelido de ‘PEC-men’, em alusão ao guloso bonequinho do jogo eletrônico.

Tiroteio

O líder do PT quer que minha tia de 81 anos, com R$ 70 mil depositados na poupança, retire o dinheiro para abrir um armarinho? 
Do deputado PAULO BORNHAUSEN (DEM-SC) sobre declaração do petista Cândido Vaccarezza (SP), segundo quem aqueles que ‘usavam a poupança para especular agora terão um estímulo a mais para aplicar em obras e investimentos produtivos’.

Babel - Não há dois deputados que forneçam a mesma explicação sobre como seria feita a lista fechada de candidatos à Câmara, especialmente em caso de coligação.

Pela boca

Maurílio Ferreira Lima (PSDB), que teve cinco mandatos na Câmara, era candidato ao Senado em 1994, na chapa liderada por Gustavo Krause (PFL) contra Miguel Arraes (PSB) em Pernambuco. Em visita a Serra Talhada, telefonou a um assessor em busca de informações para discursar no comício. Prestativo, o assessor respondeu que buscaria os dados e faria novo contato em uma hora. 
Ferreira Lima se desesperou: 
_ Como assim uma hora? Isso aqui é o fim do mundo, impossível conseguir uma ligação! 
A expressão se espalhou entre aliados e adversários. Graças ao ‘fim do mundo’, o tucano naufragou no interior do Estado e terminou em quarto lugar na disputa.

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