sexta-feira, maio 08, 2009

PAINEL

Mais seletiva

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/05/09

Na segunda-feira, nove dias depois de anunciado o tratamento de saúde de Dilma Rousseff contra um câncer linfático, uma espécie de conselho informal de sua candidatura reuniu-se no Planalto. Estavam presentes, além da ministra, o marqueteiro João Santana, o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel.
Ali se decidiu que a agenda de Dilma será, a partir de agora, mais seletiva. A prioridade para inaugurações do PAC está mantida. Eventos internos do PT terão menos espaço, assim como cerimônias palacianas de baixo potencial midiático. Encontros menores -com empresários, sindicalistas e outros segmentos expressivos da sociedade- continuam bem-vindos.




Mãos amarradas. Avaliou-se na reunião que não há risco de a oposição se aproveitar do refluxo na agenda de Dilma para ganhar espaço, seja pela delicadeza da negociação entre os tucanos José Serra e Aécio Neves, seja porque o movimento poderia ser visto como exploração da doença da pré-candidata petista. 

Calendário 1. Embora o PAC seja prioridade, não está prevista, por ora, a ida de Dilma ao balanço regional do programa, no próximo dia 14 em Salvador. Já a inauguração de obras no complexo do Alemão, dia 29 no Rio, deve ter a presença da ministra. 

Calendário 2. Tucanos esperavam reunir Aécio e Serra, pela primeira vez depois de selado o armistício entre os dois pré-candidatos, na segunda-feira em João Pessoa (PB). Serra, porém, avisou que ficará em São Paulo para participar de seminário da revista "Exame". Dilma, que seria a estrela do evento, cancelou sua participação. 

W.O. serial. Gente que não vai é o que mais se vê na lista de membros do Diretório Nacional petista, que hoje supostamente analisaria o pedido de reintegração do tesoureiro do mensalão, Delúbio Soares. Do senador Aloizio Mercadante ao ex-ministro Humberto Costa, passando pelo secretário de Habitação do Rio, Jorge Bittar, todos alegam ter outros compromissos. A tendência é que o assunto seja retirado da pauta da reunião. 

Troco. Presidente da Comissão Mista de Orçamento, Almeida Lima (PMDB-SE) mandou avisar que indicará, para redigir o relatório setorial sobre a Infraero, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que tem um irmão e uma cunhada na lista de degolados da estatal.

Vapt... Anunciada na terça, a renúncia de Eros Grau à sua cadeira no TSE contraria resolução de 1972 que disciplina a atuação de membros dos tribunais eleitorais. Segundo o texto, eles "servirão obrigatoriamente por dois anos, e, facultativamente, por mais um biênio". Eros tomou posse no TSE em maio de 2008. 

...vupt. A resolução só prevê saída antes de transcorrido o primeiro biênio se "o tribunal eleitoral a que pertencer o juiz" encontrar "justa causa para a dispensa". Eros, no entanto, alegou apenas que o trabalho no Supremo o "absorve". Causa, portanto, invocável por todo ministro do Supremo com assento no TSE. 

Enviado. Licenciado do TSE até o próximo dia 18, o ministro do Supremo Joaquim Barbosa viajou ontem para representar o tribunal num evento com presidentes de TREs realizado em Vitória. Teve diárias e passagem pagas pelo tribunal. O TSE considera que a licença não o impede de participar de programações da Justiça Eleitoral. 

Ondas. De tanto marcar posição contra o ingresso da Venezuela no Mercosul, o senador Fernando Collor (PTB-AL) foi convidado a dar uma entrevista à RCR, emissora de rádio de Caracas pertencente ao mesmo grupo da televisão cuja concessão o presidente Hugo Chávez cassou.

Tiroteio

"É uma declaração absurda do relator. Mas pior do que o destempero ao revelar sua opinião foi antecipar o julgamento." 

De MOREIRA MENDES (PPS-RO) sobre Sérgio Moraes (PTB-RS), que, ao defender o arquivamento do processo contra Edmar Moreira, o deputado do castelo, disse estar se "lixando para a opinião pública". 

Contraponto

Espelho meu

O tucano Álvaro Dias circulava de mesa em mesa no restaurante do Senado, dias atrás, apresentando aos colegas Maurício Requião. A certa altura do giro, a dupla parou diante do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra. Seguiram-se comentários elogiosos sobre a aparência de Maurício e sua semelhança física com o irmão Roberto Requião (PMDB), governador do Paraná. Conhecedor da vaidade do correligionário, Guerra tratou de emendar:
-E nós temos Álvaro, o senador mais charmoso!
Dias sorriu, mas imediatamente lançou um olhar para o volumoso topete de Maurício e perguntou:
-Mas ele tem mais cabelo, não?

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