terça-feira, maio 26, 2009

JANIO DE FREITAS


Al Qaeda no Brasil

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/05/09


Prisão de terrorista feita pela PF em São Paulo está sob sigilo rigoroso; só governo dos EUA tem informações


ESTÁ PRESO no Brasil, sob sigilo rigoroso, um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda.
A prisão foi feita pela Polícia Federal em São Paulo, onde o terrorista estava fixado e em operações de âmbito internacional. Não consta, porém, que desenvolvesse alguma atividade relacionada a ações de terror no Brasil.
A importância do preso se revela no grau de sua responsabilidade operacional: o setor de comunicações internacionais da Al Qaeda. Tal atividade sugere provável relação entre recentes êxitos do FBI e a prisão aparentemente anterior feita em São Paulo. Há cinco dias, o FBI prendeu por antecipação os incumbidos de vários atentados iminentes nos Estados Unidos, inclusive em Nova York.
A cautela para preservação do sigilo fez a Polícia Federal atribuir a prisão, até mesmo para efeito interno, a investigações sobre células de neonazistas. Só o governo dos Estados Unidos tem informações do ocorrido em São Paulo, mesmo porque o FBI e o grupo americano antiterrorismo têm agentes no Brasil em ação conjunta com a Polícia Federal.
A escolha de São Paulo pela Al Qaeda parece decorrer, ao menos em parte, da conjunção de neutralidade simpática do governo brasileiro ante os países islâmicos e de inexistir, aqui, obsessão (e motivos para tê-la) antiterrorista. São Paulo, por sua vez, como a máfia, a camorra e coirmãs têm demonstrado, proporciona as condições populacionais e urbanísticas para desaparecer-se no gigantismo geral. O que, já nos anos 60-70, fizera os movimentos de luta armada a escolherem para seu campo de ação preferencial.
Por menos que a atividade do agora preso tivesse a ver com o Brasil, do ponto de vista brasileiro há um aspecto grave na constatação de sua presença aqui. Só Foz do Iguaçu, por estar na chamada Tríplice Fronteira, era vagamente citada como possível local de apoiadores de movimentos islâmicos. Com a presença ativa de um integrante da Al Qaeda em São Paulo, o Brasil entra no mapa das fixações internacionais do antiterrorismo. E nisso só há inconvenientes.

Em tempo
A CIA, que previu o uso de armas nucleares pelo Iraque que não as tinha, não previu que a Coreia do Norte estava pronta para explodir uma arma nuclear.
A novidade é um presente combinado do regime tresloucado da Coreia do Norte e ainda de George Bush. Feito o acordo para os norte-coreanos sustarem seu programa nuclear, em troca de ajuda econômica, eles, para justificada surpresa, o cumpriram. George Bush e seus aliados, não. Nem quando advertidos de que o programa, então, seria retomado.
Enquanto você acredita que o Brasil não está na fila de entrada do mundo de armas nucleares, a Editora Paz e Terra lhe oferece nas livrarias um livro muito recomendável. É o pequeno "Um Mundo ou Nenhum" (a tradução do título original é "Nosso Mundo ou Nenhum", melhor), criação já antiga mas atualíssima de eminentes cientistas e pensadores com artigos para o público comum, sobre a ameaça nuclear. A meu ver, leitura indispensável para todo não alienado. Com atenção especial para o texto do velho Einstein.

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